Lição 4 17 de Outubro a 23 de Outubro Censura e Castigo Sábado à tarde LEITURA PARA O ESTUDO DA SEMANA: Jeremias 17:5-10; 17:1-4; 11:18-23; João 3:19; Jeremias 12:1-6; 14:1-16. VERSO ÁUREO: “Sara-me, Senhor, e sararei; salva-me, e serei salvo; porque tu és o meu louvor.” Jeremias 17:14. “O QUE FOI, ISSO É O QUE HÁ DE SER; e o que se fez, isso se tornará a fazer: de modo que nada há novo debaixo do sol.” Eclesiastes 1:9. Nada de novo debaixo do Sol? Isto é particularmente verdade quando se trata da vida e da obra dos profetas de Deus, que, muitas vezes, foram chamados a divulgar palavras de advertência e de repreensão a destinatários que tinham a obrigação de ter atitudes corretas. Embora procurando ser fiéis ao seu chamado, os profetas, na grande maioria, enfrentaram ardorosa oposição, e até punição, muitas vezes da parte de dirigentes espirituais, daqueles que deviam ter sido os primeiros a dar-lhes atenção. Não admira que Jesus tenha dito: “Ai de vós, escribas e fariseus, hipócritas! pois edificais os sepulcros dos profetas e adornais os monumentos dos justos, e dizeis: Se existíssemos no tempo dos nossos pais, nunca nos associaríamos com eles para derramar o sangue dos profetas.” Mateus 23:29 e 30. Vamos começar esta semana a estudar as provações de Jeremias, cujo ministério parece ter consistido de nada mais do que censura e castigo: ele, fazendo ouvir a censura; os dirigentes, aplicando-lhe castigos. Ano Bíblico: Marcos 10-12. SOP: Evangelismo (Livro), Firmar o Interesse (Capítulo), (279) Comentário Há nesta geração muitos que estão a trilhar o mesmo caminho que os incrédulos judeus. Testemunharam as manifestações do poder de Deus; o Espírito Santo falou-lhes ao coração; agarram-se, porém, à sua incredulidade e resistência. Deus envia-lhes advertências e repreensões, mas não estão dispostos a confessar os seus erros, e rejeitam a Sua mensagem e o Seu mensageiro. Os próprios meios que Ele emprega para a sua restauração, tornam-se para eles pedras de tropeço. O Israel apóstata detestava os profetas de Deus, porque por intermédio deles se revelavam os seus pecados ocultos. Acab considerava Elias como seu inimigo, porque o profeta era fiel em repreender os pecados secretos do rei. Assim hoje o servo de Cristo, o reprovador do pecado, enfrenta desdém e repulsas. A verdade bíblica, a religião de Cristo, luta contra uma forte corrente de impureza moral. O preconceito é mesmo mais forte no coração dos homens agora do que nos dias de Cristo. Cristo não preencheu as expectativas dos homens; a Sua vida era uma repreensão aos seus pecados, e rejeitaramn’O. Assim hoje a verdade da Palavra de Deus não se harmoniza com as práticas dos homens e as suas inclinações naturais e milhares rejeitam a sua luz. Os homens, instigados por Satanás, lançam dúvidas sobre a Palavra de Deus e procuram exercer o seu juízo independente. Preferem as trevas à luz, mas fazem-no com perigo para as suas almas. Os que distorciam as palavras de Cristo encontravam cada vez mais motivo para distorcer, até que se desviaram da Verdade e da Vida. O mesmo se passa agora. Deus não Se propõe remover toda a objeção que o coração carnal possa trazer contra a Sua verdade. Para os que recusam os preciosos raios de luz que haviam de iluminar as trevas, os mistérios da Palavra de Deus permanecerão para sempre como tal. Para eles a verdade está oculta. Caminham cegamente e ignoram a perdição que se encontra perante eles. – O Desejado de Todas as Nações, pp. 497 e 498 (Ed. P. SerVir). Temos de realizar a obra de moldar o caráter segundo o modelo divino. Todos os hábitos maus têm de ser renunciados. Os impuros têm de tornar-se puros de coração; o egoísta tem de abandonar o seu egoísmo; o orgulhoso, livrar-se do orgulho; o presumido, vencer a confiança em si mesmo, e reconhecer que ele não é nada sem Cristo. Cada um de nós será duramente tentado; a nossa fé será provada ao máximo. … Temos de estar ancorados em Cristo, enraizados e firmados na fé. Satanás atua através dos seus agentes. Seleciona aqueles que não têm estado a beber das águas vivas, e que têm o coração sedento de alguma coisa nova e estranha, estando sempre dispostos a beber de qualquer fonte que se lhes apresente. Serão ouvidas vozes que dirão: “Eis, aqui está Cristo!” ou: “Ei-l’O ali!” (Marcos 13:21) mas não devemos crer neles. Temos uma inequívoca evidência para distinguir a voz do Verdadeiro Pastor, e Ele convida-nos a segui-l’O. Diz: “Tenho guardado os mandamentos de meu Pai.” João 15:10. Ele guia as Suas ovelhas no caminho da humilde obediência à lei de Deus, mas nunca as anima a transgredir essa lei. ... Ninguém precisa de ser enganado. A lei de Deus é tão sagrada como o Seu trono, e por ela será julgado cada homem que vem ao mundo. Não existe outra norma para testar o caráter. – Para Conhecê-l’O (Meditações Matinais, 1965), p. 297. Os Dois Caminhos Domingo, 18 de Outubro. Desde os primeiros capítulos de Génesis até aos últimos de Apocalipse, a Bíblia apresenta-nos unicamente duas opções quanto à maneira de viver: ou seguimos o Senhor com todo o nosso coração e toda a nossa alma, ou não O seguimos. Como Jesus disse, em palavras que muitos acham perturbadoras: “Quem não é comigo é contra mim: e, quem comigo não ajunta, espalha.” Lucas 11:23. Esta é uma declaração claramente inequívoca sobre realidades espirituais superiores àquilo que parece a olho nu ou àquilo que o senso comum parece dizer-nos. Trata-se do tema do Grande Conflito no seu nível mais fundamental. E, no entanto, em certo sentido, Jesus não está a dizer nada de novo ou de radical. As coisas sempre foram assim. Leia Jeremias 17:5-10. Que princípios espirituais cruciais encontramos neste texto, sobretudo à luz do grande conflito entre Cristo e Satanás? O contexto imediato destas palavras reflete provavelmente os namoricos políticos de Judá, e o Senhor desejava que eles compreendessem que a sua única ajuda encontrava-se em Deus, não nas potências políticas ou militares, um ponto que, mais tarde, compreenderam, mas só depois de já ser demasiado tarde. Embora o Senhor possa usar, e de facto use, outras pessoas para nos ajudarem, no final de tudo devemos depositar sempre a nossa confiança unicamente n’Ele. Nunca poderemos saber com toda a certeza quais os motivos dos outros; pelo contrário, podemos saber sempre quais são as intenções de Deus para connosco. Com boas razões, Jeremias 17:9 lança-nos um aviso acerca da aparência enganosa do coração humano. O texto hebraico diz que o coração é mais enganoso do que “todas as coisas”. Os terríveis efeitos físicos do pecado, maus como possam ser, não são tão maus quanto os efeitos morais e espirituais. O problema é que, devido ao facto de o nosso coração ser já tão enganoso, não conseguimos saber exatamente até que ponto ele é realmente mau. Jeremias iria ver em breve, por si mesmo, como podem ser muito más as intenções humanas. Como é que podemos aprender a confiar no Senhor mais do que o fizemos no passado? Quais são algumas maneiras de podermos avançar pela fé, neste momento, e fazer aquilo que é correto aos olhos do Senhor? Ano Bíblico: Marcos 13 e 14. Comentário À semelhança dos Judeus nos dias de Cristo, muitos hoje ouvem e creem, mas não estão dispostos a subir à plataforma da obediência e aceitar a verdade como é em Jesus. Receiam perder vantagens mundanas. A sua mente concorda com a verdade, mas obedecer significa erguer a cruz da abnegação e do sacrifício, e deixar de confiar no homem e fazer da carne o seu braço; e afastam-se da cruz. Poderiam sentar-se aos pés de Jesus, aprendendo diariamente com Aquele cujo conhecimento correto é vida eterna, mas não estão dispostos. Todo aquele que é salvo deve renunciar aos seus próprios planos, aos seus projetos ambiciosos, que significam glorificação pessoal, e seguir aonde Cristo conduz. O entendimento precisa de ser submetido a Cristo, a fim de que o limpe, refine e purifique. Isso será sempre feito quando se dá o devido acolhimento aos ensinos do Senhor Jesus. É difícil para o próprio eu morrer diariamente, mesmo que a maravilhosa história da graça de Deus seja apresentada com a profusão do Seu amor, o qual Ele desdobra à necessidade da alma. – Este Dia com Deus (Meditações Matinais, 1980), p. 61. Nenhum homem pode por si mesmo entender os seus erros. “Enganoso é o coração, mais do que todas as coisas, e perverso; quem o conhecerá?” Jeremias 17:9. Os lábios podem exprimir uma pobreza de espírito que o coração não reconhece. Ao passo que fala a Deus de pobreza de espírito, o coração pode ensoberbecer-se com a presunção da sua humildade superior e exaltada justiça. Só se pode obter verdadeiro conhecimento do próprio eu de uma forma. Precisamos de olhar a Cristo. É o desconhecimento d’Ele que dá aos homens uma ideia tão elevada da sua própria justiça. Ao contemplarmos a Sua pureza e excelência, veremos a nossa fraqueza, pobreza e defeitos, como realmente são. Ver-nos-emos perdidos e sem esperança, vestidos com o manto da justiça própria, como qualquer pecador. Veremos que se afinal formos salvos, não será pela nossa própria bondade, mas pela graça infinita de Deus. – Parábolas de Jesus, p. 159. Por nós mesmos não podemos obter nem praticar a religião de Cristo, pois o nosso coração é enganoso acima de todas as coisas; mas Jesus... mostrou-nos como podemos ser purificados do pecado. “Minha graça te basta” (II Coríntios 12:9), Ele diz. ... Olhando para Jesus, autor e consumador da nossa fé, captaremos a luz do Seu rosto, refletiremos a Sua imagem, e cresceremos até à estatura plena de homens e mulheres em Cristo Jesus. A nossa religião será atrativa, porque possuirá a fragrância da justiça de Cristo. Seremos felizes; pois a nossa comida e bebida espiritual serão para nós justiça, paz e alegria. – Maravilhosa Graça (Meditações Matinais, 1974), p. 249. O Pecado de Judá Segunda, 19 de Outubro. Não há dúvida, a tarefa de Jeremias não ia ser fácil. Talvez haja algumas pessoas que possam ter um prazer perverso em apontar os pecados dos outros, mas a maior parte acharia isso um trabalho sem atrativo, sobretudo devido às reações que as suas palavras provocariam. Embora algumas pessoas, quando ouvem palavras de censura, possam arrepender-se e transformar-se, normalmente não é esse o caso, sobretudo quando a censura é muito direta e proferida em termos fortes. E, na verdade, tal como ocorria com todos os profetas, as palavras de Jeremias eram exatamente assim: diretas e fortes! Leia Jeremias 17:1-4. Quais foram algumas das advertências que Jeremias transmitiu às pessoas? A imagem do pecado gravado no coração é particularmente poderosa. Ela põe a descoberto a profundidade da corrupção. A ideia não é que o pecado esteja simplesmente escrito ali, como se o tivesse sido com uma caneta, mas tem que ver com algo entalhado, gravado com um instrumento. Isto ainda se torna mais forte quando nos lembramos das palavras do Senhor dirigidas aos antepassados de Judá: “Quando deres ouvidos à voz do Senhor, teu Deus, guardando os seus mandamentos e os seus estatutos, escritos neste livro da lei, quanto te converteres ao Senhor, teu Deus, com todo o teu coração e com toda a tua alma.” Deuteronómio 30:10. (Compare com Sal. 40:8; Jer. 31:33.) Era do fundo do coração que as pessoas deviam amar Deus e obedecer à Sua Lei; agora, em vez disso, o seu pecado – a violação da Lei (I João 3:4) – está gravado no seu coração. “Que ninguém que declare ser depositário da Lei de Deus se lisonjeie com o pensamento de que a deferência que demonstrarem externamente para com os mandamentos de Deus impedirá que a justiça divina venha sobre eles. Que ninguém se recuse a ser reprovado pela prática do mal, nem acuse os servos de Deus de serem demasiado zelosos em procurar limpar o campo de más obras. Um Deus que odeia o pecado apela aos que se declaram guardadores da Sua Lei para que se afastem de toda a iniquidade.” – Ellen G. White, Profetas e Reis, p. 277, ed. P. SerVir. Pecado gravado no coração? É um pensamento assustador, não é? O que indica essa imagem sobre a profundidade e a intensidade do trabalho necessário para purificar o nosso coração? Qual é a única maneira de se conseguir isso? Ano Bíblico: Marcos 15 e 16. Comentário Difícil é aos que se sentem seguros nas suas realizações, e que se acham ricos em conhecimento espiritual, receber a mensagem que declara se estão enganados e necessitados de todas as graças espirituais. O coração não santificado é “enganoso... mais do que todas as coisas, e perverso”. Jeremias 17:9. Vi que muitos se lisonjeiam por serem bons cristãos, e que não têm um raio de luz de Cristo. Não têm por si mesmos uma viva experiência na vida religiosa. Precisam de uma profunda e completa obra de humilhação pessoal diante de Deus, antes de experimentarem a sua verdadeira necessidade de diligente e perseverante esforço para obter as preciosas graças do Espírito. Deus guia o Seu povo passo a passo avante. A vida cristã é uma batalha contínua, uma marcha. Não há descanso dessa luta. É por meio de constante, incessante esforço, que mantemos a vitória sobre as tentações de Satanás. Estamos, como um povo, triunfando na clareza e força da verdade. Somos plenamente apoiados nos nossos pontos de fé por uma avassaladora quantidade de claros testemunhos escriturísticos. Contudo, carecemos muito da humildade, paciência, fé, amor e abnegação, vigilância e espírito de sacrifício bíblicos. Precisamos de cultivar a santidade da Bíblia. O pecado domina entre o povo de Deus. A positiva mensagem de repreensão aos laodiceanos não é acatada. Muitos apegam-se às suas dúvidas e aos seus pecados acariciados, enquanto estão num engano tão grande que dizem e sentem que não necessitam de nada. Pensam que não é necessário o testemunho do Espírito de Deus em reprovação, ou que não se refere a eles. Esses estão na maior necessidade da graça de Deus e de discernimento espiritual, para que descubram a sua deficiência no conhecimento espiritual. Faltam-lhes quase todos os requisitos necessários ao aperfeiçoamento do caráter cristão. Não têm conhecimento prático da verdade bíblica, que leva à humildade de vida e à conformidade da sua vontade com a vontade de Cristo. Não estão a viver em obediência a todas as reivindicações divinas. – Testemunhos Para a Igreja, vol. 3, p. 253. Quando Jesus fala do novo coração, quer dizer a mente, a vida, todo o ser. Ter uma mudança de coração é retirar do mundo as afeições, e fixá-las em Cristo. Ter um coração novo é possuir uma nova mente, novos propósitos, motivos novos. Qual é o sinal de um novo coração? – uma vida transformada. Morre-se diariamente, de hora a hora para o egoísmo e o orgulho. Então se manifestará o espírito de bondade, não por acessos e impulsos, mas continuamente. Haverá uma decidida mudança na atitude, no comportamento, nas palavras e ações para com todos com quem tiverem qualquer ligação. Não lhes aumentarão as fraquezas, não os apresentarão sob aspeto desfavorável. Trabalharão segundo a maneira de Cristo. … Em vez de expor e publicar aos outros as faltas de alguém, farão os mais pacientes esforços para curar e ligar. ... Um homem de espírito áspero é destituído de fineza, é vulgar; não é espiritual; não tem um coração de carne, mas um coração tão insensível como a pedra. O seu único recurso é cair sobre a Rocha e despedaçar-se. O Senhor colocará todos esses num crisol, e prová-los-á pelo fogo, como se prova o ouro. Quando Ele puder ver refletida neles a Sua imagem, tirá-los-á. ... A religião de Cristo tem de se apoderar de todo o ser, e comunicar força e poder a todas as nossas faculdades, renovando, purificando, refinando. Ela manifesta-se sem ostentação, sem palavras altissonantes, porém numa vida reta e abnegada. Só o poder de Deus pode transformar um coração de pedra num coração de carne. – Filhos e Filhas de Deus (Meditações Matinais, 1956), p. 100. O Aviso a Jeremias Terça, 20 de Outubro. “E a condenação é esta: Que a luz veio ao mundo, e os homens amaram mais as trevas do que a luz, porque as suas obras eram más.” João 3:19. A triste história de Jeremias é que a oposição com que ele se confrontou veio precisamente dos mesmos que, por intermédio dele, o Senhor estava a tentar salvar. O Senhor queria poupar esses indivíduos ao desastre que seguramente iria chegar. O problema, porém, é que as pessoas frequentemente não querem ouvir aquilo que precisam de ouvir, porque isso cerceia os seus desejos pecaminosos e corruptos. Leia Jeremias 11:18-23. Que situação é aqui descrita? O que é que alguma desta imagística nos faz lembrar? Embora, no antigo Israel, aqueles que profetizassem falsamente em nome do Senhor pudessem ter de enfrentar a morte, neste caso não havia qualquer indicação de que os homens de Anatot pensassem que Jeremias estava a falar falsamente. Parece, sim, que eles simplesmente queriam silenciá-lo. Não queriam ouvir o que ele tinha para dizer. Embora o texto não mencione a forma como planeavam matá-lo, alguns estudiosos têm pensado que poderiam estar a pensar em o envenenar. Como já vimos, Anatot era a cidade natal de Jeremias, e a sua população estava a rejeitar a sua mensagem, ao ponto até de estar disposta a matá-lo. Isto, porém, era apenas o começo de uma rejeição muito mais ampla que envolveria todos os membros da sua própria nação, à exceção de um “remanescente”. Naturalmente toda esta imagística, incluindo o “cordeiro que levam à matança”, evoca o sacrifício de Jesus. Em certo sentido, Jeremias prefigurou Cristo, não como um tipo (como eram os sacrifícios animais), mas no sentido em que ele, tal como Jesus, enfrentou forte oposição por parte daqueles mesmos que estava a tentar ajudar. Esta situação na vida de Jeremias relembra definitivamente também aquilo por que Jesus passou no início do Seu ministério (Lucas 4:14-30). Quando foi a última vez que ouvimos qualquer coisa que sabíamos ser correta, mas que simplesmente não queríamos ouvir? Qual foi a reação inicial que tivemos? Em situações como esta, por que razão devemos aprender a aceitar a nossa cruz? Ano Bíblico: Lucas 1 e 2. Comentário Porém, em vez de reconhecer o seu pecado, Caim continuou a queixar-se da injustiça de Deus, e a alimentar inveja e ódio para com Abel. Censurou rancorosamente o seu irmão, e procurou arrastá-lo para uma discussão sobre a maneira de Deus lidar com eles. Com mansidão, se bem que destemida e firmemente, Abel defendeu a justiça e a bondade de Deus. Mostrou a Caim o seu erro, e procurou convencê-lo de que ele é que estava errado. Salientou a compaixão de Deus ao poupar a vida dos seus pais, quando os poderia ter punido com morte instantânea, e insistiu em que Deus os amava, ou então não teria dado o Seu Filho, inocente e santo, para sofrer a pena em que eles tinham incorrido. Tudo isto fez com que a ira de Caim crescesse ainda mais. A razão e a consciência diziam-lhe que Abel tinha razão. Mas estava enraivecido, pelo facto daquele que estava acostumado a aceitar os seus conselhos pretendesse agora discordar dele, e de não conseguir ganhar apoio para a sua rebeldia. No furor do seu ódio, matou o irmão. Caim odiou e matou o irmão, não porque Abel tivesse cometido qualquer falta, mas “porque as suas ações eram más, ao passo que as do seu irmão eram boas”. I João 3:12. Assim, em todos os tempos, os ímpios têm odiado os que são melhores do que eles. A vida de Abel, de obediência e inabalável fé, era para Caim uma reprovação perpétua. “Os que fazem o mal detestam a luz e fogem dela, para que as suas más obras não sejam descobertas.” João 3:20. Quanto mais brilhante for a luz celestial que é refletida pelo caráter dos fiéis servos de Deus, tanto mais claramente se revelam os pecados dos ímpios, e mais decididos serão os seus esforços para destruir os que perturbam a sua paz. – Patriarcas e Profetas, p. 54 (Ed. P. SerVir). O povo de Deus, nestes últimos dias, não deve preferir as trevas à luz. Devem buscar a luz, esperar luz. ... A luz continuará a brilhar em raios mais e mais brilhantes, revelando cada vez mais distintamente a verdade tal como é em Jesus, para que corações e carateres humanos possam aperfeiçoar-se, e ser repelida a treva moral, que Satanás procura trazer sobre o povo de Deus. ... Ao nos aproximarmos do fim do tempo, haverá necessidade de um discernimento mais profundo e mais claro, de um mais firme conhecimento da Palavra de Deus, duma experiência viva, e da santidade de coração e de vida que temos de possuir para O servir. – Para Conhecê-l’O (Meditações Matinais, 1965), p. 344. Um Lamento Quarta, 21 de Outubro. Nos primeiros capítulos de Jeremias, o Senhor advertira o Seu servo de que o seu trabalho como profeta não ia ser fácil. Na altura em que foi chamado, foi dito a Jeremias que os príncipes, os reis, os sacerdotes e o povo de Judá “pelejarão contra ti” (Jer. 1:19). Embora lhe fosse dito que o Senhor o ajudaria e que os seus opositores “não prevalecerão contra ti” (Jer. 1:19), não há dúvida de que o aviso de que a maior parte do seu próprio povo iria lutar contra ele não foi uma boa notícia. Contudo, Jeremias nem sequer sabia ainda metade de como a situação viria a ser, e, quando chegaram as provações, ele, compreensivelmente, sentiu-se irado e magoado. Embora Jeremias estivesse a falar da sua própria situação, com que questão universal estava o profeta a debater-se, conforme Jeremias 12:1-4? Qual foi a atitude do profeta para com aqueles que o maltratavam? O que é que isto nos diz acerca da humanidade até dos mais fiéis servos de Deus? Jeremias 12:1 está repleto de termos legais do Velho Testamento: as palavras hebraicas para “justo”, “entrar num pleito” e “juízos” surgem todas em situações legais. O profeta, tão incomodado com o que estava a enfrentar, apresenta um “pleito” (ver Deut. 25:1) contra o Senhor. A sua queixa é, naturalmente, vulgar: por que motivo o mal parece prosperar enquanto ele, Jeremias, procurando apenas fazer a vontade de Deus, enfrenta tais provações? Também aqui se demonstra a humanidade de Jeremias. Ele deseja que aqueles que lhe têm feito mal sejam castigados. Nesta passagem, Jeremias não está a falar como teólogo; ele fala como um ser humano carecido da graça, que, como Job e muitos outros entre o fiel povo de Deus, não compreende a razão por que estas coisas estavam a acontecer-lhe. Por que razão devia Jeremias, um servo de Deus, chamado a declarar a verdade de Deus a uma população rebelde, estar sujeito às conspirações traiçoeiras dos da sua própria aldeia? Jeremias confiava no Senhor, mas, certamente, não compreendia a razão por que as coisas estavam a acontecer daquela maneira. Como é que se aprende a confiar no Senhor, apesar de todas as coisas que acontecem, as quais simplesmente não parecem fazer qualquer sentido? Ano Bíblico: Lucas 3-5. Comentário Deus tem sempre homens a quem Ele confia a Sua mensagem. O Seu Espírito toca-lhes o coração e levaos a falar. Movidos por santo zelo e com o poderoso impulso divino neles, saem a cumprir o seu dever sem calcular friamente as consequências de falar ao povo a palavra que o Senhor lhes deu. Mas o servo de Deus rapidamente se dá conta de que teve de arriscar algo. Dá por si e a sua mensagem a serem alvos de crítica. Os seus modos, a sua vida, os seus bens, tudo é inspecionado e comentado. A mensagem que traz é severamente criticada e rejeitada da maneira mais intolerante e profana, como só os homens no seu finito juízo são capazes de fazer. Tem essa mensagem feito a obra que Deus designou que executasse? Não, ela falhou marcadamente porque o coração dos ouvintes não estava santificado. Se a face do pastor não for resoluta, se ele não possui fé inabalável e coragem, se o seu coração não está fortalecido pela constante comunhão com Deus, ele começará a moldar o seu testemunho para agradar os corações e ouvidos não consagrados daqueles a quem se dirige. Esforçando-se para evitar as críticas às quais está exposto, separa-se de Deus e perde o senso do favor divino e o seu testemunho torna-se insípido e sem vida. Ele acaba por perceber que a sua coragem e fé desapareceram, e os seus trabalhos tornaram-se ineficazes. O mundo está cheio de indivíduos aduladores e dissimulados, que cederam ao desejo de agradar. Mas os homens fiéis, que não buscam os próprios interesses, os que amam tanto os seus irmãos, a ponto de sofrer pelo pecado deles, esses são realmente poucos. – Review and Herald, 7 de abril de 1885. Nunca nenhum dos apóstolos e profetas alegou estar isento de pecado. Homens que viveram mais achegados a Deus, homens que sacrificariam primeiro a vida em vez de cometer conscientemente uma ação injusta, homens que Deus honrou com luz e poder divinos, confessaram a pecaminosidade da sua natureza. Nunca confiaram na carne, nunca pretenderam ser justos em si mesmos, mas confiaram inteiramente na justiça de Cristo. O mesmo será com todos os que contemplam a Cristo. – Parábolas de Jesus, p. 160. O Senhor “não demora a cumprir o que prometeu” (II Pedro 3:9, BBN). Ele não Se esquece dos Seus filhos, nem os negligencia, mas permite que os ímpios revelem o seu verdadeiro caráter, para que ninguém que deseje fazer a Sua vontade possa ser iludido com relação a eles. Igualmente, os justos são postos na fornalha da aflição para que eles próprios possam ser purificados, para que o seu exemplo possa convencer outros da realidade da fé e piedade, e também para que a sua conduta coerente possa condenar os ímpios e incrédulos. Deus permite que os ímpios prosperem e revelem inimizade para com Ele, para que, quando encherem a medida da sua iniquidade, todos vejam, na sua completa destruição, a justiça e misericórdia divinas. Aproxima-se o dia da Sua vingança, no qual todos os que transgrediram a Sua lei e oprimiram o povo de Deus receberão a justa recompensa das suas ações, em que todo o ato de crueldade e injustiça, para com os fiéis, será punido como se tivesse sido feito ao próprio Cristo. – O Grande Conflito, pp. 41 e 42 (Ed. P. SerVir). Cada navio que singra no mar da vida necessita de ter o divino Piloto a bordo. Quando, porém, se levantam vendavais e as tempestades ameaçam, muitas pessoas desprezam a orientação do Piloto, confiam o seu barco nas mãos de homens falíveis, ou procuram conduzi-los por si mesmos. Geralmente segue-se o desastre ou o naufrágio, e o Piloto é acusado, como culpado, pelo facto deles estarem em águas tão perigosas. Não se entreguem à guarda de homens, mas digam: “O Senhor é o meu ajudador.” Procurarei o Seu conselho. – Fundamentos da Educação Cristã, p. 348. Uma Situação Desesperada Quinta, 22 de Outubro. Leia Jeremias 14:1-10. Que situação é aqui descrita? A seca atingiu toda a Terra; todas as cidades, vilas e aldeias estavam a passar mal. Os pobres e os ricos sofriam conjuntamente: nem sequer a vida selvagem conseguira suportar a falta de água. Os aristocratas esperavam os seus servos às portas da cidade, na esperança de que encontrassem água, mas as fontes tinham secado. Não havia água, e, sem água, não era possível a vida continuar. A miséria das pessoas aumentava dia a dia. Vestiam roupas de luto e caminhavam cabisbaixas. Então, de repente, ajoelharamse e gritaram uma prece desesperada. Numa altura de catástrofe natural como esta, era habitual fazer-se uma visita ao templo em Jerusalém (Joel 1:13 e 14; 2:15-17), jejuar e levar ofertas especiais a Deus. Jeremias observou a ansiedade do povo, mas sabia bem que este não estava a procurar Deus, apenas procurava água. Isto entristeceu ainda mais o profeta. Jeremias também estava em oração, não pedindo água, mas suplicando a misericórdia e a presença de Deus. Jeremias compreendia de igual modo que isto era somente o princípio das provações que aí vinham. Deus via o coração das pessoas e sabia que, se acabasse com a seca, então desapareceria também o arrependimento. As pessoas faziam de tudo para tentar alterar as circunstâncias, incluindo ir até Jerusalém, orar, jejuar, vestir-se de saco e fazer ofertas, mas esqueciam-se de algo: a verdadeira conversão, o verdadeiro arrependimento. Esperavam apenas que fossem removidos os resultados do problema, não o problema em si – o seu pecado e a sua desobediência. Leia Jeremias 14:11-16. Como entendemos isto? “Não rogues por este povo para bem”, disse Deus a Jeremias, embora anteriormente Jeremias tivesse apresentado um exemplo grandioso de oração intercessora: “Posto que as nossas maldades testifiquem contra nós, ó Senhor, opera tu, por amor do teu nome” (Jer. 14:7). Apesar de nos ser dito “orai sem cessar” (I Tes. 5:17), neste caso, o Senhor, que conhece todas as coisas desde o princípio até ao fim, revelou a Jeremias até que ponto este povo se encontrava corrupto e caído. É claro que Deus conhece o coração das pessoas, e Deus sabe o futuro; nós não. Daí que a admoestação do Novo Testamento para orarmos, mesmo pelos nossos inimigos, não perde aqui nenhuma da sua força. Ano Bíblico: Lucas 6-8. Comentário O terrível estado da nossa nação [Estados Unidos] clama por uma profunda humildade por parte do povo de Deus. A importantíssima pergunta que deveria agora ocupar a mente de cada um é: “Estou preparado para o dia do Senhor? Posso suportar a penosa prova que está diante de mim?” Vi que Deus está a purificar e a provar o Seu povo. Ele refiná-los-á como ouro, até que a escória seja consumida e a Sua imagem seja refletida neles. Muitos não têm o espírito de renúncia própria e aquela disposição para suportar dificuldades e sofrer por causa da verdade, como Deus requer. A sua vontade não foi subjugada e eles não se consagraram plenamente ao Senhor, não procurando outro prazer maior do que fazer a Sua vontade. Os pastores e as pessoas têm falta de espiritualidade e da verdadeira piedade. Tudo o que puder ser sacudido, sê-lo-á. O povo de Deus será levado às mais difíceis situações e todos precisam de ser estabelecidos, arraigados e solidificados na verdade, ou os seus pés certamente resvalarão. Quando Deus conforta e alimenta o espírito com a Sua inspiradora presença, eles podem suportar dificuldades, embora o caminho possa ser escuro e espinhoso. Pois a escuridão em breve passará e a verdadeira luz brilhará para sempre. Foram apontados os textos de Isaías 58; 59:1-15 e Jeremias 14:10-12, como uma descrição do presente estado da nossa nação. O povo deste país abandonou Deus e esqueceu-se d’Ele. Escolheram outros deuses e seguiram os seus caminhos corrompidos, até que o Senhor os deixou. Os habitantes da Terra transgrediram a Lei de Deus e violaram o Seu concerto eterno. – Testemunhos Para a Igreja, vol. 1, p. 355. Cristo recomendou ao Seu povo que orasse sem cessar. Isto não quer dizer que estejamos sempre de joelhos; mas que a oração deve ser como a respiração da alma. As nossas silenciosas petições, seja onde for que estejamos, devem estar a ascender a Deus, e Jesus, o nosso Advogado, intercede por nós, erguendo com o incenso da Sua justiça os nossos pedidos ao Pai. O Senhor Jesus ama o Seu povo, e quando eles põem n’Ele a confiança, d’Ele dependendo inteiramente, fortalece-os. Viverá por meio deles, dando-lhes a inspiração do Seu Espírito santificador, comunicando ao coração uma transfusão vital de Si mesmo. Ele opera por meio das suas faculdades, e faz com que Lhe prefiram a vontade e o representar o Seu caráter. – Para Conhecê-l’O (Meditações Matinais, 1965), p. 74. Sexta, 23 de Outubro. ESTUDO ADICIONAL: Jeremias debatia-se com uma questão com que todos nós nos debatemos também: como é que pode perceber-se a razão de ser do pecado? No entanto, talvez seja esse mesmo o problema – tentar perceber o sentido daquilo que não faz sentido algum. A este respeito, Ellen G. White escreveu: “É impossível explicar a origem do pecado de maneira a apresentar a razão da sua existência. ... O pecado é um intruso, para o qual não se pode dar nenhuma razão. É misterioso, inexplicável. Desculpá-lo corresponde a defendê-lo. Se fosse possível encontrar desculpa, ou apresentar uma razão para a sua existência, deixaria de ser pecado.” – Ellen G. White, O Grande Conflito, p. 411, ed. P. SerVir. Substitua-se a palavra pecado por mal e a afirmação aplica-se perfeitamente: É impossível explicar a origem do mal de maneira a apresentar a razão da sua existência. ... O mal é um intruso, para o qual não se pode dar nenhuma razão. É misterioso, inexplicável. Desculpá-lo corresponde a defendê-lo. Se fosse possível encontrar desculpa, ou apresentar uma razão para a sua existência, deixaria de ser mal. Quando acontece a tragédia, ouvimos as pessoas dizerem, ou nós próprios pensamos: Não compreendo isto. Não faz sentido. Pois bem, há uma boa razão para não compreendermos: é incompreensível. Se pudéssemos compreender, faria sentido, se coubesse nalgum plano lógico e racional, então não seria esse mal; não seria essa tragédia, porque teria servido um propósito racional. É essencial que nos lembremos de que o mal, tal como o pecado, não pode, na maior parte das vezes, ser explicado. O que temos de facto, no entanto, é a realidade da Cruz, que nos mostra o amor e a bondade de Deus, apesar do mal inexplicável causado pelo pecado. PERGUNTAS PARA REFLEXÃO: Pense um pouco mais nesta ideia de que o mal e o sofrimento não fazem sentido, de que não possuem racionalidade nem uma explicação capaz. Por que razão é melhor que seja assim? Pense nisto. Uma tragédia horrível acontece: talvez uma criança morra com uma doença terrível, depois de anos de sofrimento. Queremos realmente acreditar que existe uma razão boa e racional para tal circunstância? Não será melhor atribuir isso às consequências terríveis e más resultantes de se viver num mundo caído? Analisem isto na Unidade. Ano Bíblico: Lucas 9-11. Comentários de EGW: Leitura Adicional Para Conhecê-l’O (Meditações Matinais, 1965), p. 236. Moderador Textos-Chave: Jeremias 17:1-10; 11:18-23; 12:1-6. Com o Estudo desta Lição, o Membro da Unidade de Ação Vai: Aprender: A compreender a gravidade do pecado e a sua difusão no coração humano, bem como as suas consequências na sociedade e no ambiente. Sentir: Apreço pela luta de Jeremias com a sua própria mensagem profética e a persistente resistência e retribuição que experimentou. Fazer: Decidir abominar o mal em todas as suas manifestações e confiar no Senhor para que possa estar bem ligado a Ele. Esboço da Aprendizagem: I. Aprender: Impiedade Entalhada. A. “Enganoso é o coração, mais do que todas as coisas” (Jer. 17:9). Isto não será uma opinião sobre a natureza humana demasiado exagerada, e demasiado negativa? Porquê? B. Se o pecado é assim tão difícil de limpar do coração, como é que pode encontrar-se esperança de salvação e uma saída do pecado? II. Sentir: Lutas Pessoais. A. Como reagimos quando pessoas que nos são próximas nos dececionam ou, pior ainda, nos rejeitam e nos enganam por causa da nossa fidelidade a Deus? B. Como reagiu Deus quando Jeremias expressou o seu desânimo espiritual? Por que motivo devemos levar a Deus as nossas lutas da fé? III. Fazer: Estar Ligados a Deus. A. O que é que a imagem da “árvore plantada junto às águas” significa, em termos práticos, na nossa experiência cristã? B. Devemos insistir nas nossas orações intercessoras pelos outros, mesmo quando estes persistem nos seus maus caminhos? Explique a sua resposta. Sumário: O pecado apega-se e impregna todos os aspetos da existência humana. Jeremias passou por essa experiência de forma drástica, quando a sua própria vida foi ameaçada por causa da mensagem que pregava. Ele expressou a Deus as suas lutas de fé, mas Deus concedeu-lhe uma nova perspetiva: podes competir com cavalos! CICLO DA APRENDIZAGEM 1º PASSO – MOTIVAR! Realce da Escritura: Jeremias 17:1-10. Conceito-Chave para Crescimento Espiritual: A natureza terrível do pecado na nossa vida é uma séria realidade, e qualquer esforço humano para nos libertarmos do pecado está condenado ao fracasso. O pecado apega-se a nós. Dá a impressão de ser impossível livrarmo-nos dele. Unicamente a pessoa que deposita a sua confiança no Senhor será capaz de viver a experiência da vitória sobre o pecado. Só para o Dinamizador: O livro de Jeremias encontra-se cheio de imagens, o que torna a sua mensagem muito mais vívida e muito mais relacionável com os seus leitores do que o que se consegue através de meras palavras abstratas. O adágio de que uma imagem vale mil palavras continua válido. Desde ramos de amendoeira até potes a ferver vindos do Norte, passando por “tábuas do coração”, Jeremias pinta um quadro multidimensional. O uso de imagens nas Escrituras ajuda-nos a compreender realidades ignoradas (como Deus e a Sua esfera divina) por meio de realidades conhecidas que fazem a ligação à nossa vida. Contudo, como leitores modernos, temos de ter em consideração a distância, no tempo e no espaço, entre Jeremias e nós, o que requer de nós que primeiramente estudemos estas imagens no seu contexto histórico e cultural no interior do Velho Testamento. A arte antiga de gravar inscrições em pedras semipreciosas, as quais, naquela altura, serviam de sinetes pessoais ou oficiais, ou em tabletes de pedra para conservação de registos, constitui a base para a imagística e ilustra a penetração do pecado ao gravar-se profundamente no nosso coração. Os membros devem compreender que é impossível apagar o pecado da nossa vida, pelo menos por intermédio da força humana. Debate Introdutório: A arte da tatuagem é tão antiga como a própria Bíblia. Levítico 19:28 pronuncia-se contra isso no contexto da proibição da automutilação. Calcula-se que dez milhões de pessoas nos Estados Unidos têm, pelo menos, uma tatuagem gravada no corpo. Para muitos indivíduos começa como uma forma de libertar a auto-expressão, para decorar o respetivo corpo com uma imagem que faça algum tipo de afirmação. Desde confissões de amor gravadas no peito até dragões ameaçadores nas costas, as tatuagens surgem em todos os desenhos imagináveis e são gravadas em todas as partes concebíveis do corpo. Todas elas têm, porém, uma coisa em comum: são extremamente difíceis de apagar e de anular, e muitas pessoas – cerca de cinquenta por cento, para se ser mais preciso – que se fizeram tatuar, mais tarde arrependem-se e lamentam-no. Remover uma tatuagem é difícil, doloroso, bem como dispendioso, e pode envolver tratamentos por abrasão, ácido ou laser, todos eles envolvendo riscos específicos e provocando efeitos secundários. Enquanto as tatuagens são visíveis no exterior, o nosso pecado, na maior parte das vezes, não o é. No entanto, está pelo menos tão profundamente gravado como uma tatuagem; talvez mais profundamente, dado que a tatuagem fica ao nível da pele, enquanto o pecado se grava no coração. Por que razão, porém, não deve esta realidade desencorajar-nos na nossa luta contra o pecado? 2º PASSO – ANALISAR! Só para o Dinamizador: Jeremias sentiu na sua própria vida os resultados trágicos da perversidade do pecado, quando os seus concidadãos de Anatot conjuraram contra ele (Jeremias 11). Isso abalou-o tão severamente que ele pôs em dúvida o seu próprio ministério (Jeremias 12). Embora não tivesse parte na impiedade prevalecente, ele teve de sentir, como os demais, os resultados do pecado durante uma prolongada seca naquele território. No entanto, nas trevas do pecado e na resistência com que se deparava em cada esquina, houve pequenos raios de esperança que brilham através do texto bíblico que vamos estudar esta semana. COMENTÁRIO BÍBLICO Jeremias, como profeta das lamentações, surge poderosamente no estudo desta lição. Até que ponto lidou ele, sem se tornar rancoroso, com o pecado que o rodeava e o afetava? I. A Conspiração de Anatot (Recapitule com a Unidade de Ação Jeremias 11:18-23; Neemias 7:27.) Anatot, a cerca de cinco quilómetros a nordeste de Jerusalém, era a cidade natal de Jeremias, e foi aí que ele, provavelmente, passou por uma das piores experiências, quando os seus conterrâneos se voltaram contra ele para o matar. As versões da Bíblia LXX (Septuaginta) e Vulgata traduzem o versículo 19 como “vamos pôr madeira no seu pão”, o que tem levado à sugestão de que os homens de Anatot pretendiam envenenar o profeta. Deus revelou esse plano assassino a Jeremias e pronunciou uma mensagem de julgamento contra os habitantes da vila, a qual culmina no versículo 23: “E não haverá deles um resto [ou remanescente].” Como castigo justo, estavam condenados a ser completamente destruídos no Exílio, em Babilónia. No entanto, há um interessante post scriptum nesta história: Em Neemias 7:27, há 128 “homens de Anatot” enumerados entre os que regressaram do Exílio. Estão incluídos entre o remanescente que escolheu deixar para trás o conforto de Babilónia e regressar a Jerusalém para reconstruir o templo e a cidade. Pense Nisto: Qual é a nossa reação quando pessoas que nos são das mais próximas se voltam contra nós por causa do nosso relacionamento com Cristo? II. Competir com Cavalos (Recapitule com a Unidade de Ação Jeremias 12:1-6.) Jeremias 11-20 contém as seis “confissões de Jeremias”, as quais assumem a forma de lamentações e expressam os seus conflitos pessoais com as mensagens que tinha o dever de apresentar. Por vezes, as lamentações tornavam-se queixumes, quando ele enfrentava a oposição da parte do mal. Contudo, ele voltava-se, nas suas lamentações, para onde todos nós devemos levar as nossas queixas – para Deus. A atual confissão, no capítulo 12, segue o modelo do Salmo 73, colocando a eterna pergunta: “Porque prosperam os caminhos dos ímpios?” O grito que ele dirige a Deus (note-se que Deus prefere os nossos gritos ao silêncio da indiferença) é respondido pelo Todo-Poderoso, com uma terna ironia, na forma de duas perguntas retóricas (Jer. 12:5), as quais apontam para a realidade de que coisas piores estavam ainda para surgir no percurso de Jeremias. Não obstante, ambas as imagens subentendem uma promessa de que Deus capacitaria Jeremias para competir com cavalos e ultrapassar as situações complexas que se assemelhavam a uma selva – como as matas do vale do Jordão. Pense Nisto: Por que motivo é apropriado achegarmo-nos a Deus com as nossas próprias lutas espirituais, dúvidas ou até com as nossas queixas? III. Seca Espiritual (Recapitule com a Unidade de Ação Jeremias 14:1-16.) Judá estava a sofrer uma grande seca. O plural usado no texto original, “secas”, pode referir-se à intensidade ou à ocorrência repetida desta catástrofe natural. Toda a gente andava desesperadamente à procura de água. A calamidade tornou-se para as pessoas num grande igualador social. As cisternas tinham finalmente secado (comparar com Jer. 2:13). Ao longo desta passagem, há continuamente uma ligação entre o desastre natural e a sua dimensão espiritual. Agora, repentinamente, as pessoas voltam-se para Deus (vv. 7-9), mas as suas súplicas são acusações ríspidas (Porque serias … como valoroso que não pode livrar?”, v. 9), e apelam à Sua obrigação de as salvar. Só que Deus não Se deixa obrigar. Ele até proibiu Jeremias de interceder em oração por aquele povo contumaz (v. 11), porque todo o sistema religioso estava pervertido por aparências exteriores (v. 12) e por falsos profetas (vv. 13-15). O povo tinha chegado a um ponto sem retorno, e Deus iria derramar “sobre eles a sua maldade” (v. 16). O mal retorna sempre ao seu originador. Pense Nisto: Deus proibiu Jeremias de orar pelo seu povo. Não devemos nós continuar a interceder em favor de outras pessoas, mesmo que elas mantenham o seu comportamento pecaminoso contra Deus? Explique a sua resposta. Que razão levou Deus a reagir de maneira tão drástica nesta situação? 3º PASSO – PRATICAR! Só para o Dinamizador: Há alguns tópicos difíceis na lição desta semana: Jeremias ameaçado pelo seu próprio povo e a sofrer por pecados que ele próprio não tinha cometido; Deus a recusar-Se a continuar a ouvir Judá, pedindo até que Jeremias deixasse de orar por aquelas pessoas. No entanto, Deus ainda tinha uma mensagem para Judá. Jeremias transmitiu-a fielmente ao povo, até ao ponto de ter acompanhado para o Egito os últimos Judeus, que não tinham sido deportados para Babilónia, contra a sua própria opinião, mais correta, tendo aí terminado o seu ministério e a sua vida. Ele tinha verdadeiramente aprendido a competir com cavalos. Perguntas para Reflexão/Aplicação: Medite sobre as “confissões de Jeremias” (Jeremias 11-20) e pergunte como é que Jeremias conseguia trabalhar no meio das suas lutas e lamentações, e, ainda assim, continuar a ser um mensageiro fiel do Senhor, mesmo até ao fim? A história dos homens de Anatot é um monumento à graça. Em que outros exemplos consegue pensar (na Bíblia, e fora dela) nos quais Deus salvou pessoas que estavam condenadas à destruição? 4º PASSO – APLICAR! Só para o Dinamizador: Deus deseja que nos desenvolvamos no nosso relacionamento com Ele. Ele também queria que Jeremias se desenvolvesse; daí a imagem dos cavalos a correrem. O desenvolvimento implica igualmente exercitarmos (e treinarmos) a nossa fé em Cristo. Como Unidade de Ação, concentrem-se no aspeto de exercitarmos a fé. Atividades da Unidade de Ação/Individuais: Pense numa atividade para esta semana, a qual poderá aumentar a vossa resistência. Uma sugestão poderia ser praticar algum exercício físico, aumentando-lhe a intensidade ao longo da semana (por exemplo, começar com uma caminhada rápida, durante 10 minutos, e ir aumentando até aos 30 minutos, durante cinco dias). Na Unidade, dediquem alguns momentos no início da próxima lição da Escola Sabatina para darem oportunidade aos membros de falarem da sua experiência individual com as atividades do exercício físico durante a semana. Analisem o modo como isto se pode aplicar à nossa experiência de crescimento espiritual.