UNIVERSIDADE ESTÁCIO DE SÁ Maycom Maia de Mello Interconsulta: ao encontro do sujeito, de encontro ao discurso Consultation-liaison: to meet the subject, against the speech ÂNGELA MOREIRA UTCHITEL CRP: 05/1653 Orientadora ROSANE DE ALBUQUERQUE COSTA CRP: 05/19123 Supervisora de Estágio Nova Friburgo Dezembro de 2012 1 Interconsulta: ao encontro do sujeito, de encontro ao discurso Consultation-liaison: to meet the subject, against the speech Maycom Maia de Mello* Resumo Em face das novas diretrizes de gestão em saúde, as organizações hospitalares enfrentam o desafio de converter o discurso em prol da humanização dos cuidados em práticas efetivas que transcendam a mera reformulação estética de seus ambientes. Tendo em vista que as equipes de enfermagem estão sujeitas a um alto grau de cobranças e expectativas por estarem diretamente implicadas na relação cuidador-paciente, apostamos na interconsulta hospitalar como ferramenta de suporte psicológico capaz de promover, junto a tais profissionais, outra esfera da humanização preconizada, não enquanto racionalização e normatização de afetos, mas enquanto valorização das singularidades de cada sujeito em meio a discursos institucionalizados. Palavras-chave: Interconsulta; Humanização; Escuta Psicanalítica; Retificação Subjetiva. Abstract In light of the new guideline son health management, hospital organizations face the challenge of converting the speech to wards the humanization of care in effective practices that transcend the mere aesthetic redesign of their environments. Considering that the nursing staff are subject to a high degree of collection and expectations because they are directly involved inpatient-caregiver relationship, bet on consultation-liaison hospital as psychological support tool capable of promoting, together with such professionals, other sphere the humanization advocated, not as rationalization and standardization of affection, but while valuing the uniqueness of each individual in the midst of institutionalized discourses. Keywords: Consultation-liaison; Humanization; Psychoanalytical listening; Subjective rectification. *Aluno do 10º Período do Curso de Psicologia da Universidade Estácio de Sá, campus Nova Friburgo. 2 Introdução Hegemônico na institucionalização de saberes e normatização de práticas relacionadas à saúde dos últimos séculos, o discurso médico (FOUCAULT, 1979), configurado por um olhar tecnicista sobre o adoecer e cuidado humano (SOUZA, 2010), parecia fadado a calar toda singularidade manifestada por pacientes em situações de emergência/internação nos ambientes hospitalares, principalmente em face às intervenções técnicas demandadas por atendimentos de urgência (SOBANIA, 1993). Não obstante, as sociedades contemporâneas foram atravessadas por uma série de descobertas científicas e conquistas sociais que instituíram uma nova concepção de saúde (BATISTELLA, 2008) no mote dos paradigmas funcionais (VIOLIN, 2012) aplicados à compreensão e gestão das relações humanas. Sob tal égide, os discursos em prol da “humanização” dos cuidados ganharam força e se fizeram inscrever dentro e fora das instituições de saúde, abrindo espaço para a construção de novos saberes e práticas (PEREIRA e BARROS, 2009), sustentados cada vez mais pela premissa de universalidade, integralidade e interdisciplinaridade devotadas aos atendimentos (PAIM e SILVA, 2010). No entanto, a despeito dos investimentos administrativos, estruturais e tecnológicos promovidos pelas instituições hospitalares, na esperança de ofertar a seus usuários, ambientes e rotinas de cuidado mais “acolhedores”, a literatura contemporânea (CAMPOS, 2005; MESQUITA, 2010) vem apontando falhas no processo de humanização preconizado, principalmente no que se refere à incipiente oferta de suporte para as equipes de saúde que, submetidas a uma interação dialética entre quem acolhe e quem é acolhido, são afetadas, direta ou indiretamente, pelo adoecimento de seus pacientes. Durante nosso estágio em uma instituição hospitalar da rede privada do município de Nova Friburgo/RJ, pudemos constatar tal realidade, principalmente através de depoimentos dos profissionais das equipes de enfermagem que, através de referências afetivas e psicológicas, denunciavam algumas das condições adversas de trabalho a que estavam submetidos e que interferiam diretamente na qualidade dos atendimentos por eles prestados. Através da identificação deste nicho, qual seja o da oferta de uma escuta diferenciada pelo viés psicanalítico, capaz de fazer circular discursos e de garantir aos profissionais de saúde a possibilidade de se reconhecerem humanos enquanto sujeitos, é 3 que defenderemos neste artigo a relevância da figura e do saber do psicólogo dentro das instituições, como instrumento capaz de operacionalizar programas de humanização distintos daqueles já abarcados pelo discurso médico e suas normatizações. O hospital enquanto agente potencializador de sofrimento psíquico e de adoecimentos psicossomáticos Edificado ao longo da História por diferentes olhares que lhe conferiram maior ou menor destaque entre os pilares de cooptação das sociedades humanas (LISBOA, 2002), o hospital ainda carrega o estigma de privilegiar o cuidado pós-adoecimento, relegando os debates sobre promoção/prevenção em saúde aos programas desenvolvidos para além dos muros institucionais. Em tese, tal prerrogativa pode ser explicada pela alta complexidade das demandas, tanto estruturais quanto funcionais, impostas à gestão das organizações hospitalares, implicando uma maior otimização dos trabalhos, sobretudo no que tange aos aspectos materiais e às condições psicológicas de permanência do paciente no hospital (MESQUITA, 2010). Consequentemente, cada vez mais seus funcionários são submetidos a rígidos programas de preparação e capacitação, objetivando não apenas ofertar melhor qualidade nos atendimentos prestados, como também garantir a eficácia dos procedimentos envolvendo segurança no trabalho. Percebe-se, no entanto, que tais prerrogativas institucionais impõem um alto preço a ser pago por seus funcionários, com consequências diretas sobre a qualidade dos serviços por eles prestados: “estudo recente a respeito da saúde dos trabalhadores de enfermagem de uma fundação hospitalar do Estado de Minas Gerais, revelou que aquela força de trabalho vem sendo consumida por problemas de saúde de caráter físico e psíquico, destacando-se as lesões por esforços repetitivos, a depressão, a angústia, o estresse, dentre outras. As condições inadequadas de trabalho são também determinantes na qualidade do atendimento prestado pelo pessoal de enfermagem.” (ELIAS e NAVARRO, 2006, pp. 519/520) Feito este breve mapeamento, passemos, então, à identificação de alguns dos fatores que conferem ao ambiente hospitalar o paradoxal status de potencializador de 4 adoecimentos psicossomáticos, em especial nas equipes de enfermagem, bem como a elencar algumas das consequências de tais adoecimentos sobre a qualidade dos serviços prestados por tais equipes. O primeiro fator a ser destacado remete à cultura de cada empresa e à concepção da mesma sobre trabalho e produtividade. Não é difícil perceber que a cultura hospitalar estabelece sistemas hierárquicos de gestão nos quais o saber é valorizado unilateralmente, através da figura do médico, e das equipes de saúde são esperados comportamentos objetivos e impessoais no trato de suas funções, isolando-as na realização de tarefas específicas, afastadas de quaisquer características pessoais e vivenciais (RODRIGUES e GASPARINE, 1992). Tais autores nos lembram, ainda, que “as relações de trabalho mecanizadas e burocratizadas tornam-se agentes estressantes porque atentam contra as necessidades individuais de satisfação e realização” (p. 103), e que relações fragmentadas e competitivas produzem uma “experiência subjetiva de alienação, que se caracteriza pela sensação de falta de poder, insatisfação e frustração” (p. 96) “Os médicos não valorizam nosso trabalho. Eu sou técnico há 12 anos, sei como realizar vários procedimentos, às vezes melhor do que esses médicos novatos. Tá vendo esse monte de pinos no meu pé? Então, eu bati boca com o médico, mostrei para ele que o procedimento feito estava errado. Pergunta se ele quis me ouvir? Não adianta, eles não valorizam nossas opiniões, eles não nos enxergam.” (Depoimento de técnico de enfermagem do hospital onde realizamos o estágio, internado após sofrer fratura na perna em função de acidente doméstico) O segundo fator a ser destacado se refere aos conflitos psíquicos e afetivos enfrentados pelos profissionais da saúde no que tange à idealização da prática profissional (envolta numa aura de abnegação, obediência e dedicação) e à realidade imposta pelo mercado de trabalho (submetida à noção de gênero e hierarquia), remetendo a uma suposta desvalorização da figura do cuidador, em especial das enfermeiras: “É secular a responsabilidade das mulheres pelo cuidado à saúde, de bruxas a doutoras, de religiosas a enfermeiras. Os guetos profissionais geram situações específicas no processo de trabalho de enfermagem, onde a desvalorização, o desprestígio e o próprio processo de negação da dor são transformados em devotamento e abnegação.” (ELIAS e NAVARRO, 2006, p.520) 5 Outro depoimento colhido durante nosso estágio, desta vez o de uma enfermeira, parece corroborar a literatura pesquisada: “Você, como psicólogo, deveria ensinar aquele paciente a pedir ‘por favor’. Viu a maneira como ele me tratou? Sequer um ‘obrigado’! [...] É por isso que prefiro trabalhar no hospital público. Lá as pessoas são mais humildes, respeitam e reconhecem nosso trabalho. Não te tratam como se fosse um empregado” Um terceiro aspecto precisa ainda ser ressaltado: o histórico de vida do profissional. Rodrigues e Gasparine (1992) destacam que a literatura contemporânea descreve o indivíduo como ser histórico, envolto numa relação sistêmica entre mente, corpo e ambiente. Dessa forma, torna-se necessário compreender o processo de adoecimento não como um evento casual e sim como algo integrado à biografia de cada um: “O indivíduo, no decorrer do seu desenvolvimento, constrói e estrutura formas de ser e reagir aos diferentes estímulos aos quais pode ser submetido no sentido de manter a homeostase do sistema humano.” (RODRIGUES E GASPARINE, 1992, p. 97) Se tais fatores – discrepância entre idealização/realidade profissional, condições desfavoráveis de trabalho, sentimento de desvalorização, aliados à história pessoal de cada um – nos ajudam a entender um pouco mais porque o hospital se configura como um ambiente potencializador de sofrimento psíquico e adoecimento psicossomático em suas equipes de trabalho, é preciso então analisar como os mesmos incidem no comportamento dos profissionais da saúde. Elias e Navarro (2006), citando Pitta (1991) em seu livro “Hospital: dor e morte como ofício”, advertem que o alto índice de acidentes de trabalho e requerimento de licenças médicas por parte dos profissionais de saúde ratificam que a relação de manifestações somáticas e sofrimento psíquico é evidente, pois revelam a dificuldade daqueles profissionais em elaborar, na esfera do pensamento, angústias e problemas vivenciados em suas rotinas. Dessa forma, não é de se estranhar que desenvolvam estratégias defensivas muito próprias, que afetam direta e indiretamente a qualidade dos atendimentos prestados aos pacientes. 6 Além disso, há o desgaste em função do lugar ocupado por tais profissionais no que se refere à manutenção do controle e disciplina sobre o corpo e o bem-estar do outro, o que implica na distorcida noção de que qualquer falha no desempenho de tal papel pode ser interpretada como vergonhosa, tornando-se o ocultamento de seus adoecimentos psíquicos uma modalidade de defesa: “O doente, antes de sê-lo, é e se sente um ser produtivo, integrante de uma força de trabalho, através da qual se movem as máquinas [...] se assentam valores que o cercam e o fazem aparentemente estável. Adoecer nesta sociedade é [...] deixar de produzir e, portanto, de ser; é vergonhoso; logo, deve ser ocultado e excluído, até porque dificulta que outros, familiares e amigos, também produzam. [...] O impedimento de poder sentir e expressar este sofrimento na ocorrência de doenças [...] obriga aos doentes sofrerem às escondidas [...]. No caso dos que trabalham com doentes o recalcamento do desgosto cria mecanismos que dificultam uma sublimação compensatória absolutamente necessária aos que têm como ofício o lidar cotidiano com dores, perdas, sofrimento e morte [...]” (PITTA, 1991, pp. 37,38) A autora destaca, ainda, a fragmentação e a redução do tempo de contato do enfermeiro com o doente, a padronização do olhar sobre o mesmo (“todos são iguais”), a ritualização dos procedimentos como forma de evitar tomada de decisões e planejamentos individuais de trabalho (com a consequente redução do peso da responsabilidade por adotar tais procedimentos) e, ainda, a negação e distanciamento de sentimentos e angústias vivenciadas, como alguns dos mais comuns mecanismos de defesa apresentados pelos trabalhadores de instituições de saúde. Em face de tal conjuntura, as organizações hospitalares têm aberto espaço para a implementação de programas que preconizam intervenções sobre as condições e o ambiente de trabalho de seus funcionários, na expectativa de que a diminuição das tensões laborais possa reverberar na qualidade dos serviços prestados a seus clientes. Entra em cena o discurso em prol da “humanização dos cuidados”. Sobre a “humanização” do cuidado Herança do modelo biomédico e tecnicista que embasou a medicina desde o século XVIII, a dinâmica de atendimentos prestados por profissionais da saúde ainda se fundamenta na compreensão do sofrimento humano a partir de sua estrutura orgânica, 7 priorizando a cura através do tratamento farmacológico, concedendo pouco espaço para a investigação de fatores subjetivos que atravessam a história e o adoecimento do paciente (FEIJÓ, 2006). Dessa forma, os atendimentos prestados enfatizam a observação e evolução da doença, restando às equipes de cuidadores administrar o processo de controle sobre o corpo e o bem-estar do enfermo. Gradativamente, no entanto, uma reformulação do saber em relação ao conceito de saúde vem sendo instaurada (FEIJÓ, 2006), através da qual a influência de fatores biológicos, emocionais, sociais, espirituais e ecológicos ganha relevância no processo de compreensão do adoecimento e de seu significado para o doente. Assim, sob a expectativa de ofertar atendimentos mais “humanizados” a seus usuários, e pressionadas pelos novos paradigmas de gestão de políticas públicas, em especial o HumanizaSUS, lançado em 2003, as instituições de saúde engendraram programas de atendimento e cuidado que, em tese, consideram as necessidades dos pacientes de maneira integrada, abarcando os aspectos biopsicossociais do adoecer. Por humanização, compreende-se um conjunto de ações que visam produzir cuidados em saúde, conciliando a melhor tecnologia disponível com promoção de acolhimento, respeito ético e cultural do paciente, bem como espaços de trabalho favoráveis ao bom exercício técnico por seus funcionários (GOULART e CHIARI, 2010). Tal discurso evidencia como são depositadas grandes expectativas sobre as equipes de enfermagem no que se refere à implementação dos programas de humanização preconizados. Consequentemente, ofertar uma assistência humanizada implica não apenas na melhoria das condições de trabalho, como também em investimentos em educação das equipes, visando promover reflexões acerca dos valores e princípios que norteiam a prática, bem como sobre as dificuldades enfrentadas pelas mesmas em relação às demandas impostas pelas rotinas dos atendimentos e pelas políticas de gestão institucionais. Além disso, implica na não “verticalização” da produção do conhecimento que, em outras palavras, pode ser entendido como a valorização da fala tanto dos profissionais de saúde como dos pacientes no que se refere às rotinas de cuidado a serem administradas. No entanto, constata-se que, em geral, as organizações hospitalares têm dedicado especial atenção à “humanização” dos componentes físicos de suas estruturas/ambientes (tais como disposição do quarto, conforto, cor utilizada na pintura), pouco indagando sobre asdinâmicas das relações humanas propriamente ditas: 8 “Em virtude de a humanização hospitalar sustentar-se em atitudes técnicas, devido à própria formação acadêmica e o seu exercício profissional, a equipe de enfermagem tempromovido uma humanização que está fundamentada na disciplina e não na formação de atitudes que garantam uma relação humanizada.” (FEIJÓ, 2006, p. 19) Segundo a autora, os entraves para o estabelecimento de uma relação humanizada entre paciente-cuidador são alicerçados antes mesmo do término da formação acadêmica desses profissionais: “A formação [dos enfermeiros] visa uma intervenção que possibilita exclusivamente a cura da patologia orgânica. Isto dificulta a realização de um atendimento em que atitudes e comportamentos contribuam com a minimização das ansiedades e angústias geradas no paciente pelo processo de hospitalização e adoecimento. Assim, quando surge algum questionamento ou reação mais intensa por parte do paciente ou dos familiares, a equipe entra em contato com a sua própria subjetividade, e diante da dificuldade e da inexistência de suporte para trabalhar estas questões, utiliza como recurso o seu distanciamento da figura humana do paciente.” (FEIJÓ, 2006, p. 19) Ou seja, nota-se que o discurso em prol da humanização nos atendimentos vem sendo forjado muito mais à luz de fatores “estéticos” que permeiam a relação clienteempresa, do que com base na qualidade das relações entabuladas entre o profissional e o doente sob seus cuidados. Campos (2005) entende que os profissionais de saúde transitam por situações extremas, nas quais são obrigados a “conviver com emoções, sentimentos e conflitos intensos nos pacientes, nos familiares e nos próprios profissionais” (p. 36). Deles, são exigidas intervenções que, muitas vezes, extrapolam os limites do possível, expondo a fragilidade e o sentimento de impotência diante de adoecimentos que remetem “ao inexorável que é a morte” (p. 36). Assim, como forma de suportar a ambivalência de sentimentos despertados pelas técnicas de tratamento empregadas, simbolicamente limítrofes entre zelar pela saúde do corpo do paciente e conduzir procedimentos que podem causar dor e sofrimento, os profissionais da área de saúde recorrem a mecanismos de defesa inconscientes na esperança de restabelecerem o equilíbrio psíquico afetado: 9 “Para suportar as angústias geradas por essa ambivalência, a saída encontrada, muitas vezes, refere-se ao uso do racionalismo e do não envolvimento. O estresse, provocado pela convivência com os temas vida e morte, promove o exercício exagerado de suas defesas a ponto de alienarem-se de si, de seus próprios sentimentos. Esta maneira encontrada para melhor administrar suas angústias e ansiedades, provocou e ainda provoca o distanciamento da equipe da saúde em relação ao paciente.” (FEIJÓ, 2006, p. 14) Em resposta ao desamparo psíquico enfrentado por tais profissionais, Campos (2005), com base num referencial winnicottiano, em particular no conceito de holding, propõe a criação de espaços de reflexão nos quais as equipes consigam compreender seus próprios limites e aflições, e que sejam estimuladas a estabelecer vínculos interpessoais acolhedores e empáticos, através dos quais o suporte na relação cuidar/ser cuidado pode ser exercido por cada profissional junto a seus pares. A despeito da relevância de tal proposta, constatamos, através das falas que nos foram endereçadas durante o estágio, que o suporte demandado pelos profissionais atendidos almejava também a algo da ordem do singular, para além de um “entendimento compartilhado” pelos pares. Dessa forma, como veremos a seguir, julgamos que, ao ofertar uma escuta pautada pelo “não prévio saber”, promovemos o resgate de uma outra esfera da humanização almejada, não no que ela carrega de racionalizações e idealizações de afetos, mas no que revela e valoriza singularidades de cada sujeito em meio aos discursos institucionalizados. Interconsulta e escuta psicanalítica Variável quanto à delimitação de seus objetivos e sua definição teórica, a interconsulta pode ser descrita como “ações desempenhadas pelos profissionais de saúde mental junto a outros profissionais no hospital geral” (CARVALHO e LUSTOSA, 2008, p. 35) e tem sido o meio mais comum empregado no suporte às equipes de saúde hospitalares. Visa retificar padrões de assistência que enfatizam a técnica em detrimento da relação cuidador-paciente, e promover, tanto no âmbito institucional quanto no individual, a análise de tal relação. Dentre as intervenções possíveis, destacam-se: a) a solicitação das equipes para que o interconsultor avalie, formule hipóteses e recomendações sobre algum paciente; e b) o atendimento direto e individualizado ao funcionário, quando este requisita 10 (CARVALHO e LUSTOSA, 2008). Constata-se que, em geral, as demandas por interconsulta envolvem situações nas quais comportamentos e reclamações de pacientes perturbam a ordem das enfermarias, ou desestabilizam a capacidade decisória, o equilíbrio emocional e a habilidade das equipes de saúde em conduzir algum tratamento (CARVALHO e LUSTOSA, 2008). Devido à própria estrutura e dinâmica das rotinas hospitalares, é comum que a interconsulta “individualizada” aconteça nos corredores do próprio hospital, nos breves intervalos entre atendimentos que possibilitam aos médicos e/ou às equipes identificar, no psicólogo plantonista, o profissional capaz de lhes ofertar suporte em momentos de angústia. Importante lembrar que, a partir do momento em que endereça ao psicólogo um chamado, uma solicitação, configura-se uma demanda por análise, e o requisitante abandona seu lugar de “profissional” e passa agora à condição de “paciente”. Sob tal circunstância, os psicólogos que trabalham em instituições hospitalares se vêem obrigados a repensar sua prática, referenciada à psicologia clínica, no intuito de dar resposta a demandas que fogem aos limites de tempo e espaço preconizados pelos atendimentos tradicionais, onde a psicoterapia ainda é tida como única via possível para atenção psicológica, e longos processos terapêuticos são sinônimos de tratamentos eficazes (PALMIERI e CURY, 2007). Dessa forma, apoiam-se na valorização do conceito de emergência emocional, na qual a relação de tempo e espaço é vivenciada por cada indivíduo numa dimensão significativa muito própria, para respaldar a construção de novos saberes, mais ajustados a tais ambientes. Palmieri e Cury (2007), em pesquisa realizada com seis funcionários de um hospital geral da rede privada de São Paulo, defendem que cabe ao paciente delimitar qual é a sua emergência existencial e, ao plantonista, cabe acolher e compreender este momento no qual o indivíduo quer refletir com alguém sobre alguma questão que o inquieta, seja ela de que ordem for: “Nos plantões psicológicos prioriza-se a compreensão do cliente em sua dimensão total como pessoa, considerando-o na sua expressão tanto de sentimentos e emoções como de comportamentos e atitudes, com o objetivo de ajudá-lo a significar, refletir e encontrar novos caminhos diante do que está vivenciando no momento em que procura pelo atendimento psicológico. Compreende-se que o atendimento foi terapêutico quando o cliente pode sentir-se livre para expressar-se ou recolher-se, para que ele possa ao longo deste processo reconhecer os conteúdos emocionais que está vivenciando e reconfigurar sua problemática, transformando seu sofrimento ou 11 dificuldade numa reflexão em relação a novas possibilidades do viver a partir deste encontro.” (PALMIERI e CURY, 2007, p. 477) Brunetti (2010), referenciando-se a Freud e Lacan, nos explica que, quando um indivíduo procura o analista, não o faz como sujeito, mas como alguém que quer ser um paciente, “nisto contrastando totalmente com a prática psiquiátrica, onde, em geral, o paciente pode ser designado como tal pela família, pelo médico ou pela sociedade, onde o outro é que lhe diz para se tratar” (p. 04). Dessa forma, num primeiro momento, o que o paciente faz é endereçar uma demanda ao analista com base numa auto-avaliação dos próprios sintomas. Na qualidade de candidato a analisante, o paciente identifica na figura do analista o Outro “que sabe sobre mim e que pode dar respostas às interrogações sobre minha existência” (p. 12) Convocado a este lugar de “suposto saber”, caberá ao analista permitir que o paciente expresse livremente não apenas o que pode dizer (garantindo, a priori, um alívio semelhante a uma confissão), mas também tudo aquilo que lhe venha à mente, mesmo que lhe pareça algo sem importância, absurdo ou desagradável (BRUNETTI, 2010). À medida que for sendo capaz de relatar pensamentos, ideias e lembranças sem a interferência de uma autocrítica, seus dizeres estarão sujeitos à influência do inconsciente e, a partir de então, o analista, valorizando o saber incluso em tais dizeres, poderá convidar o sujeito que se queixa a transformar o sintoma, tido inicialmente como um problema a ser eliminado, em um enigma a ser decifrado. Aceito tal convite, gradativamente o analista introduzirá um processo de localização do paciente em seu lugar no real até que, em dado momento, o mesmo será levado a se questionar quanto à própria participação na desordem do mundo do qual se queixa (BRUNETTI, 2010). Em outras palavras, o paciente deverá ser capaz de se implicar no próprio discurso, caracterizando-se, assim, uma retificação subjetiva. Prossegue o autor, lembrando que a avaliação clínica para a condução de uma análise “deve ser buscada no registro simbólico onde são articuladas as questões fundamentais do sujeito” (p. 10), e não com base num guia moral da consciência: “Lacan no texto ‘Direção de cura e os princípios de seu poder’ deixa claro que ‘o analista seguramente dirige a cura... mas não deve dirigir o paciente’. [...] O que ele visa com estas afirmações é mostrar quando, por uma impotência em sustentar uma 12 práxis, a psicanálise é rebaixada a um exercício de poder, como é na história do homem comum.” (BRUNETTI, 2010, p. 01) Tal advertência é fundamental para compreendermos o lugar ocupado pelo analista: o sujeito (paciente) forma uma imagem de seu Eu através da imagem do outro, do semelhante, numa relação especular, em espelho. Na medida em que acredita que sua verdade é conhecida antecipadamente pelo analista, o paciente tende a esperar do Outro respostas para suas angústias. Se o analista fornece tais respostas, tampona a angústia, impedindo que o inconsciente se manifeste. Dar “voz” ao inconsciente é abrir espaço para a investigação analítica que poderá culminar numa mudança de registro simbólico, numa retificação. Quando se cala, o analista estimula o sujeito a formular questões sobre o próprio sintoma. Assim, a cada novo questionamento, novos enigmas são postos em tela para serem decifrados. Ao optarmos por este lugar simbólico do “suposto saber que ainda não sabe” promovemos uma escuta afeita à desconstrução de discursos que alienam e distanciam o sujeito de seus desejos e que lhe remetem a um mal-estar psíquico, que no caso de profissionais de instituições de saúde, é reforçado por um ambiente no qual se valoriza primordialmente a eficiência em detrimento da eficácia. Antes de continuarmos, julgamos pertinente elencar algumas frases proferidas por membros das equipes de enfermagem que nos procuraram durante o estágio, caracterizando o que chamamos de interconsulta individual, que servirão para ilustrar nossa análise sobre a demanda de suporte psicológico requerida, bem como sobre a logística de nossas intervenções à luz de um referencial psicanalítico. Corredores do hospital: de encontro ao discurso, ao encontro do sujeito Depoimento A: “Tenho muita dificuldade para atender pacientes embriagados, sabe. Sei que a ciência diz que é uma doença, que o alcoolista precisa de atenção, mas não consigo atendê-los bem. Tive problemas com um parente que era assim. Ele chegava em casa bêbado, fazia um monte de m..., e depois dizia que era por causa da bebida; ficava pedindo desculpas. Nunca acreditei naquilo, para mim era sem-vergonhice mesmo. Por isso, quando vejo um paciente em condições similares eu fico com 13 muita raiva. Daí fico tensa e procuro me policiar, senão acabo prestando um mal atendimento.” Depoimento B: “Queria te perguntar uma coisa, me diga se isso é normal: eu tenho medo de atender crianças. Não sei explicar [...] Bem, agora que você perguntou, lembro que um dia, quando eu era criança, estava na feira com meu pai e havia um anão numa barraquinha de doces. De repente, do nada, ele começou a me xingar, dizendo que ia me bater. Fiquei com tanto medo. Meu pai viu, mas não me defendeu. Daquele dia em diante eu passei a ter muito medo de anões. E de uns tempos pra cá, toda vez que entra uma criança no hospital eu me recolho e evito atende-la. Fico com medo, medo da criança vir pra cima de mim, de me bater, de começar a gritar, sei lá. Isso é normal? Como faço para me curar disso?” Depoimento C: “Não entendo, há pacientes que chegam aqui, aparentemente calmos, e os exames preliminares indicam que a pessoa está passando muito mal. E, no entanto, há outros que chegam com uma unha encravada e gritam como se estivessem morrendo, reclamando, querendo passar na frente de todo mundo. Nessas horas eu é que fico com raiva e sinto vontade de gritar de volta.” Depoimento D: “O hospital tá com essa mania agora de ‘humanização’, ficam cobrando isso da gente, mas os médicos mesmo não participam dos treinamentos. Já vi médico aqui deixando paciente esperar por duas horas na fila, pois quando o exame não demonstra alguma alteração no corpo, eles dizem que é frescura. Aí acontece isso: o paciente se irrita, berra, fala que vai cancelar o plano, e nós é que temos de lidar com essa frustração toda.” Depoimento E: “Você bem que podia intervir junto daquela senhora ali. Um absurdo! Ela deve pensar que está em casa! Hoje de manhã ficou um tempão ao telefone, falando alto demais. Isso não pode acontecer, a pessoa precisa entender que isso aqui é uma instituição, que existem regras, que não se pode fazer o que bem entende. Isso me incomoda demais. Igual paciente que de madrugada fica apertando a campainha toda hora, você vai, e ele diz que não era nada, que apertou por engano. Que absurdo, não percebe que temos vários quartos para atender? [...] Mas, ainda bem 14 que vou me livrar disso por um tempo. Não, não vou pedir demissão, é que estou grávida!” Depoimento F: “Ué, quer dizer que vocês podem atender a gente também? Pensei que só pudessem atender aos pacientes. Então que bom que existe essa opção agora. Mas nem sei se quero começar a te falar dos meus problemas. Corre o risco de você sair daqui tão impressionado com as desgraças da minha vida que vai acabar precisando de um psicólogo também.” Inicialmente alocados no hospital para realizarmos atendimentos em alguns setores (neo-natal, CTI, enfermarias e pronto-atendimento), no intuito de ofertarmos suporte psicológico a pacientes e seus familiares, promovendo, dessa forma, a humanização preconizada pelas novas políticas de gestão em instituições de saúde, fomos advertidos quanto à possibilidade de também atendermos aos profissionais do hospital, em toda sua esfera hierárquica, caracterizando o procedimento que a literatura descreve como interconsulta. A primeira coisa que nos chamou a atenção foi o fato de os membros das equipes de enfermagem, exceções salvaguardadas, se mostrarem reticentes quanto à viabilidade de intervenção psicológica durante os plantões em meio às rotinas de cada setor. Em geral, parecíamos ser notados como uma força de trabalho cuja principal ferramenta de intervenção, a escuta, conferia à nossa presença não mais que o status de “alguém à disposição de pacientes que desejassem bater um papinho”. Conquistar-lhes a confiança foi um processo longo e, para tanto, foi essencial acolher as falas de tais profissionais, por mais fortuitas que elas pudessem soar. Dessa forma, gradativamente despertamos entre eles a consciência de que o “saber escutar” dos psicólogos meandra pela heterogenia de saberes, e não se presta a ortodoxias de pensamento que pautam a valorização das ações humanas em função de sua adaptabilidade normativa. Demarcado este lugar, notamos que as falas dos enfermeiros eram, via de regra, carregadas de um mal-estar relacionado ao ambiente de trabalho ou a circunstâncias específicas remetidas a determinados pacientes. Curiosamente, no primeiro cenário, seus discursos caracterizavam-se pela expectativa de encontrar no psicólogo alguém capaz de ministrar cura para sintomas identificados como “males a serem extirpados”, 15 na medida em que atrapalhavam o bom desempenho técnico de suas funções. Já em relação às queixas envolvendo pacientes, as esperanças repousavam sobre a ilusão de que o psicólogo fosse capaz de “ajustar” o paciente às regras de boa conduta coerentes a um ambiente hospitalar. Seja como for, tais situações caracterizam parte do que previamente chamamos de mal-estar psíquico, visto que, diante de conjunturas adversas, o sujeito se vê às voltas com sentimentos de desorientação, diretamente atrelados à ausência de respostas normativas para experiências contingenciais. Nesse sentido, ampararmo-nos numa escuta de viés psicanalítico foi fundamental para a promoção de mudanças na forma de os enfermeiros responderem a situações conflituosas, pois ao não instituirmos respostas, mas sim devolvermos perguntas, inserimos aqueles sujeitos num registro simbólico diferenciado, onde a investigação dos próprios sintomas tornou-se o mote para a elaboração de suas angústias e validação de condutas. Além disso, ao promover retificações subjetivas, devolvemos ao sujeito a chance de se (re)descobrir em meio a tantas normatizações e, consequentemente, a resgatar parte da autonomia crítica necessária ao bom desempenho de suas funções laborais. Notamos, também, que o manejo de tais intervenções a partir de um referencial psicanalítico coaduna intrinsicamente com a premissa de humanização demandada pelas instituições de saúde, na medida em que, ao ofertarmos uma escuta qualificada, permitimos que os funcionários ganhem voz, verbalizem suas inquietações e se reconheçam enquanto sujeitos, passíveis de falhas em meio a tantos procedimentos técnicos e impessoais. E, ainda, promove-se a quebra de discursos institucionalizados que valorizam apenas a eficiência técnica e que vão de encontro à valorização das singularidades dos funcionários, de suas esferas “humanas”, por assim dizer. Considerações finais Ao longo do texto procuramos evidenciar que os ambientes hospitalares, regidos por dinâmicas de gestão muito próprias, são agentes potencializadores de sofrimento psíquico e adoecimentos psicossomáticos em seus funcionários, em especial nas equipes de enfermagem. 16 Atravessados por um discurso médico tecnicista que institui saberes e normatizações referentes à eficiência no cuidar, as equipes de saúde se vêem imersas em ambientes de trabalho com rígidas regras de conduta que não permitem falhas, principalmente por envolverem situações limítrofes que podem implicar na vida e morte de pacientes. Sob tal cenário, na esperança de administrarem angústias e inquietações relativas à sua eficiência enquanto profissionais, as equipes de cuidadores se valem de defesas psíquicas muito próprias, que em geral declinam de qualquer contato com a própria subjetividade, e acabam por desencadear conflitos nas relações estabelecidas com seus pacientes. Ao promover interconsultas, na qual a escuta referencia-se à práxis psicanalítica, julgamos ter encontrado um viés de intervenção nos ambientes hospitalares capaz de dar conta de demandas específicas de tais ambientes, atravessadas por emergências emocionais que exigem ações mais dinâmicas e pontuais. Ao acolhermos a fala do profissional em estado de sofrimento psíquico sem lhe entregar respostas prontas para suas questões, promovemos um resgate simbólico do sujeito em demanda, impelindo-o a implicar-se no discurso próprio, para além dos discursos institucionais. Se tal retificação subjetiva não é capaz de, por si só, caracterizar uma análise nos moldes clínicos tradicionais, ainda assim, implica num trabalho de elaboração que pode auxiliar os profissionais atendidos a encontrarem, em si mesmos, respostas para suas questões e, consequentemente, lhes permitir reencontrar a autonomia crítica necessária ao bom desemprenho de suas atividades. Na esfera institucional, promove-se ainda o conceito de humanização preconizado pelas novas diretrizes de gestão em saúde, pois garante que o profissional se reconheça humano, não enquanto indivíduo normatizado que precisa atuar de maneira “cordata e gentil”, mas enquanto sujeito atravessado por dúvidas, inseguranças e passível de falhas. Finalmente, é importante ressaltar que o psicólogo deve manter-se advertido quanto ao papel que exerce na instituição, tomando o cuidado para não reduzir sua 17 pratica a um exercício de poder, pois isso, por si só, implicaria numa cooptação de seu saber a favor do modelo tecnicista de gestão que impera em tais organizações. Não obstante, vale ressaltar que em nenhum momento nossas argumentações buscaram por em xeque ou fazer frente às práticas e/ou saber médicos relacionados aos atendimentos clínicos e intervenções de cunho orgânico. Objetivamos, neste trabalho, discutir possibilidades de atendimentos complementares para demandas diferenciadas e contingenciais que, em geral, não são abarcadas por uma perspectiva cientificista de saúde e bem-estar. 18 Referências Bibliográficas BATISTELLA, Carlos. O território e o processo saúde-doença. In: Coleção Educação Profissional e Docência em Saúde: a formação e o trabalho do agente comunitário de saúde. Organizado por Angélica Ferreira Fonseca e Ana Maria D’Andrea Corbo. Rio de Janeiro: EPSJV/Fiocruz, 2007. BRUNETTI, Antônio Roberto. Entrevistas preliminares. 2010. Disponível em: http://www.letra-psicanalise.com/index.php?option=com_content&view=article&id. Acesso em: 14/11/2012 CAMPOS, Eugenio Paes. Quem cuida do cuidador – Uma proposta para os profissionais de saúde. Petrópolis: Vozes, 2005. CARVALHO, Marcele Regine; LUSTOSA, Maria Alice. Interconsulta psicológica. 2008. Disponível em: http://pepsic.bvsalud.org/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S1516-085820080001. Acesso em: 14/11/2012 ELIAS, Marisa Aparecida; NAVARRO, Vera Lúcia. A relação entre o trabalho, a saúde e as condições de vida: negatividade e positividade no trabalho das profissionais de enfermagem de um hospital escola. Rev. Latino-Am. Enfermagem [online]. 2006, vol.14, n.4, pp. 517-525. Disponível em: http://www.scielo.br/pdf/rlae/v14n4/v14n4a08.pdf. Acesso em: 12/10/2012. FEIJÓ, Gabriela. A psicologia e o processo de humanização no hospital diante da relação enfermeiro-paciente. 2006. Disponível em: http://inf.unisul.br/~psicologia/wpcontent/uploads/2008/07/GabrielaFeijo.pdf. Acesso: 10/09/2012. GOULART, Bárbara Niegia Garcia de; CHIARI, Brasília Maria apud VERSIANI, Clara de Cássia et al. Humanização da assistência de enfermagem nos serviços de urgência e emergência hospitalar: um desafio. 2012. Disponível em:http://www.efdeportes.com/efd170/humanizacao-da-assistencia-deenfermagem.htm. Acesso: 14/10/2012. FOUCAULT, Michel. Microfísica do poder. 24ªed. Organização, Introdução e Revisão Técnica de Roberto Machado. Rio de Janeiro: Edições Graal, 1979. LISBOA, Teresinha Covas. Breve história dos hospitais. 2002. Disponível em: http://www.prosaude.org.br/noticias/jun2002/pgs/encarte.htmAcesso em: 12/10/2012. MESQUITA, Michely Lordano. As potencialidades e deficiências dos processos de humanização. Disponível em: www.unioeste.br/campi/cascavel/ccsa/IVSeminario/.../15.pdf. Acesso em 27/10/2012. 19 PAIM, Jairnilson Silva; SILVA, Lígia Maria Vieira. Universalidade, integralidade, equidade e SUS. Disponível em: http://periodicos.ses.sp.bvs.br/scielo.php?script=sci. Acesso em: 16/10/2012. PALMIERI, Tatiana Hoffmann; CURY, Vera Engler. Plantão psicológico em Hospital Geral: um estudo fenomenológico. 2007. Disponível em: http://www.scielo.br/scielo.php?pid=S0102-79722007000300015&script=sci_arttext Acesso: 13/11/2012 PEREIRA, Eduardo Henrique Passos; BARROS, Regina Duarte Benevides. Humanização. In: Dicionário da educação profissional em saúde. Disponível em: http://www.epsjv.fiocruz.br/dicionario/verbetes/hum.html. Acesso em: 16/10/2012. PITTA, Ana Maria Fernandes. Hospital: dor e morte como ofício. São Paulo (SP): Editora Hucitec; 1991. RODRIGUES, Avelino Luiz; GASPARINI, Ana Cristina Limongi França. Uma perspectiva psicossocial em psicossomática: via estresse e trabalho. In MELLO FILHO et al. Psicossomática hoje. Porto Alegre: Artes Médicas, 1992. SOUZA, Leonardo Barros. O sujeito (a)sujeitado: reflexões sobre o discurso médico a partir de um olhar psicanalítico. Disponível em: http://www.labiopsi.com.br/evento/images/stories/anais/Leonardo_Barros.pdf. Acesso em: 23/10/2012. SOBANIA, Luiz Carlos. A ética na emergência. Desafios Éticos. Edição do Conselho Federal de Medicina, Brasília, 1993. VIOLIN, Jordão. Paradigmas Funcionais e Paradigmas Críticos: condições para o desenvolvimento de uma ciência crítica. Disponível em: http://www.academia.edu/221832/Paradigmas_Funcionais_e_Paradigmas_Criticos_con dicoes_para_o_desenvolvimento_de_uma_ciencia_critica. Acesso em 23/10/2012. 20