POR RICRRDO RRRP á mais de dez anos, antes do boom mun- É gerada uma carga de responsabilidades e criada uma necessidade sobrenatural, muitas vezes desnecessária, de superacão o . tempo todo I dial de corrida e de atividades outdoor, uma multinacional farmacêutica trouxe para palestrar em nosso país Kenneth H. Cooper, o inventor do teste de esforço que ficou famoso como "Teste de Cooper". Tive a oportunidade de acompanhá-lo, tanto na palestra como no evento prático, uma grande e rápida - mas coloca rápida nisso - caminhada no Parque do Ibirapuera. Entre os assuntos abordados, um foi sobre o fato de ele não defender mais as atividades intensas. Isso porque quando foi criado o processo de avaliação. Cooperfazia parte de u m grupo de amigos que participava de maratonas de maneira competitiva e, ao longo de suas vidas, todos, com exceção de uma minoria. apresentaram sequelas em sua saúde, ocasionadas, dentro do seu ponto de vista, pelo abalo gerado pela alternância de seu sistema imunológico. Não quero levantar polêmicas, até porque, usando como exemplo a maneira como conduzo minha vida pessoal e profissional, seria uma hipocrisia concordar com todas as suas afirmativas, até porque a forma da realização dos treinos no passado tinha como base a alta quantidade e intensidade sem recuperação e sem os instrumentos que temos hoje. desde a parte fisiológica, nutricional, tecnológica e até motivacional. Em um tempo no qual o mundo por alguns instantes está sendo obrigado a parar para restabelecervalores importantes, acho que cabe aqui uma reflexão sobre como podemos tirar proveito e crescer com estas lições no esporte como um todo. Tudo que até ontem serviu de exemplo para a criação do "ideal" humano também interferiu na relação do homem com o esporte. Ser u m vencedor, ganhar a qualquer preço, desconsiderar coisas importantes como o outro, a sua própria saúde, a ética o respeito para com as pessoas,a administração de vaidades e egos, a criação de imagens e celebridades instantâneas. o discurso igual e preparado, a manipulação de resultados, a política acima dos interesses dos atletas. a falta de transparência das entidades, o monopólio e perpetuação de alguns no poder, tudo isso foi a carado qw)rim& até agora. A palavra supwja e~tá~ukrapassada há muito tempo - hoje é a palavr$?aega q u ~ e s t áem alta. Megaman no pro-yama infantil que seu filho assiste, o megaprojetode u m estadia de futebol, uma megafesta: uma megaprova, um megadesafio. No esporte, a patavra está banalizada também. ~s.~rovas.$&edurance, sejam elas de bike, cwrida, triâtahb ou aventura, todas elas possuem um "P" de eu posso, e as pessoas acabam consegujndo&fato, mas queimando etapas preciosas, que colocam até suas vidas em risco por uma necessidade urgente, seja um sentimento de inclusão, reafirmação ou status. O problema é quando esse megasentimento é transferido para o lado humano, em que por mais que os nossos antepassados tenham construido suas histórias com a demonstração que o impossível não existe, é gerada uma carga de responsabilidades e criada uma necessidade sobrenatural, muitas vezes desnecessária, de superação o tempo todo. seja baseado em números, estatísticas, em que tudo passa a ter de ser quantificado. formatado, comparado. Se não houvesse as comparações, já pensou? Parte das nossas vidas, de maneira geral, nós passamos fazendo contas para pagar nossas responsabilidades ou realizar nossos investimentos. A outra parte, nós estamos sendo comparados ou nos comparando aos outros. Por este motivo, muitas vezes deixamos de estimular e desenvolver duas qualidades essencialmente positivas e naturalmente presentes em cada ser humano. Que bom seria se pudéssemos levar a conclusão de vida de Cooper para encontrar u m caminho intermediário entre atividade física, realização pessoal e saúde e aprender com essa repentina freada mundial quais são as verctadeiras ferramentas que devem ser valorizadas Ricardo Arap é professor de educação física com especializagão em treinamento esportivo e diretor técnico da Race Consultoria Esportiva