Entrevista a Valéria Sinésio
A estudante Valéria Sinésio me enviou umas perguntas para um
trabalho acadêmico sobre jornalismo on line. Segue abaixo o batepapo feito, naturalmente, via on line:
1. Qual a sua impressão em relação ao jornalismo on-line?
- Ainda uma impressão incipiente. Temos bons sites, a nível local e
nacional. Mas acho que a coisa toda está começando ainda. Me
parece um jornalismo pautado na urgência, no factual. Para crescer,
vai precisar aprofundar mais o conteúdo do que publica, penso.
2. Como você avalia a diferença de leads e do conteúdo
publicado no jornal impresso e no on-line sobre o mesmo
assunto?
- No jornal impresso, o lead é o tradicional. No on line, ele é mais
resumido, se limitando ao fato, hora e local onde está ocorrendo
determinado fato.
3. Ao se informar sobre determinada notícia no jornalismo online, você acredita que o leitor buscará mais detalhes no
impresso?
- Por enquanto sim. Por aquilo que falei acima, pela falta de
profundidade nos textos on line. É como aquela história do futebol.
O cara assiste aos jogos na TV mas corre pra bancas comprar o
jornal com informações sobre o seu time no dia seguinte. Na
televisão, a informação é muito superficial.
4. Ainda de acordo com a questão anterior, qual dos dois
leitores você diria que foi mais bem servido?
- Por enquanto, o impresso, sem dúvida. Tem mais conteúdo.
5. Além da instantaneidade, qual a principal vantagem do online?
- A facilidade de acesso a baixos custos. Jornal impresso está caro,
para o leitor comum adquirir todo dia.
6. Faça um breve relato do que o jornalismo impresso
representa para você.
- O jornalismo impresso ainda é a maior caixa de ressonância dos
fatos do dia a dia. Para mim, representa um vício. Não consigo
passar um dia sem ler ao menos um jornal impresso.
7. Qual a principal vantagem do jornal impresso?
- A principal vantagem é a capacidade de aprofundar o noticiário
divulgado, de não ser apenas reprodutor da notícia, mas, também,
analista do material publicado, nos dando subsídio para refletir
sobre os fatos lidos. Diria que o jornalismo impresso é formador de
opinião e de que o jornalismo on line é informador apenas,
guardadas as devidas exceções, é claro..
8. Você acredita que o jornalismo on-line pode causar a morte
do impresso?
- Jamais. Seria a mesma coisa que acreditar que o DVD ou vídeocassete acabaria com o cinema ou com a televisão. Ou a televisão
acabaria com o rádio.
9. Considerando a revolução do jornalismo on-line, quais os
caminhos que o jornal impresso deve buscar a fim de se
reerguer ou pelo menos “sobreviver”?
- Confesso que ainda não vejo essa revolução de que você fala.
Mas os caminhos do jornal impresso no futuro são os de sempre.
Continuar trabalhando na análise dos fatos, sem arrogância,
primando pelo conteúdo da informação. Além disso, o jornal
impresso precisa diversificar seu conteúdo, valorizando mais outras
áreas que não a política, economia e policial. O leitor quer também
ler cultura, televisão, esportes e outras coisas mais leves.
10. Qual o maior desafio do jornal impresso atualmente?
- Manter o leitor informado, continuar formando opinião sem se
arvorar à tola pretensão de ser o quarto poder.
11. Como manter leitores e assinantes diante da facilidade e
baixo custo do jornalismo on-line?
- Mantendo qualidade no produto que se divulga. Bons textos, bons
jornalistas, bons colaboradores. A qualidade é primordial em tudo,
para se manter leitores e/ou clientes.
12. Uma pesquisa mostrou que leitores prestam mais atenção à
versão on-line que à versão impressa. Você concorda com tal
afirmação? Por quê?
- Não concordo. Bote uma primeira página de um jornal aberto
numa banca de revista e uma versão on line na mesma banca de
revista. Duvido que alguém deixe de olhar para a versão impressa
para se deter numa página de computador.
13. Por fim escolha um dos dois e apresente sua defesa.
- Prefiro não escolher. Acho que são duas formas de jornalismo que
se complementam, assim como o rádio e a tv.
(Entrevista concedida em outubro de 2007)
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