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Domingo, 9 de agosto de 2015
Especial
Casal de Mogi viaja de bicicleta
e percorre três países da Ásia
Misturar aventura, cultura e ainda promover intercâmbio cultural: um tour de convívência e intensidade
Renata Cristina José
De bicicletas, carregando barracas, alimentos e
em contato com a natureza,
paisagens, cores e cheiros,
o casal mogiano Andreza
Teixeira, e seu marido Ernesto Stock, ambos de 37
anos, percorreu três países da Ásia, durante um
mês e meio, conheceu costumes, gostos, comidas e
afazeres de comunidades
de minorias étnicas e tribos da Tailândia, Vietnã e
Laos, países da península
da Indochina, no sudeste asiático. Esta aventura
aconteceu durante a viagem de três meses, entre
janeiro e abril deste ano.
O objetivo era partir de
Sapa, no Vietnã, atravessar
o Laos e terminar a pedalada em Chiang Mai, Tailândia, vendo manifestações
artísticas características
das comunidades tradicionais da região. Na viagem, conheceram a produção artesanal, tecidos,
teares, confecção de seda,
tingimentos naturais, arte
infantil e cerâmica.
Com tanta facilidade de
viajar pelo mundo com comodidade, Stock, que é cineasta e fotógrafo, contou
o que levou ele a mulher
a fazer metade da viagem
de bike. “Temos uma história, já fizemos outras viagens pedalando, no Brasil e
fora, e optamos por ela novamente. Ela permite uma
interação mais intensa, mais
próximo de tudo, o corpo o
tempo todo recebendo tudo
daquele ambiente novo, o
cheiro, o vento, a paisagem,
além da interação com os
seus moradores”.
Ele disse que nos vários
dias de bicicleta visitaram
cerca de 15 minorias étnicas, na região montanhosa por onde passaram, com
50 comunidades diferentes.
“Quando os moradores nos
viam, nos convidavam para
entrar, ofereciam o que comer e beber”, contou.
O casal conheceu a produção de cerâmica, tintas
e seda, com povos como,
Red Dao, Hmong, Akha e
Black Yao , que vivem de
maneira totalmente sustentável. “Assim como os
índios brasileiros, esses
povos vivem em profunda harmonia com o meio
ambiente e produzem tintas, utensílios domésticos
e ferramentas, com matéria prima extraída direto
da natureza, sem intermediários. Tudo o que vimos
eles fazerem de perto. Uma
menina de 15 anos, que é
a idade em que se casam,
produz à mão a seda para
os seus vestidos, desde a
criação do bicho-da-seda
até o acabamento”
Metade da viagem
o casal de
mogianos fez
de bicicleta
Sobre as dificuldades da
viagem, Stock apontou apenas obstáculos de adaptação com a alimentação e
comunicação. “Nada que
um pouco de criatividade não resolva. O melhor
é perceber como temos
tantas certezas sobre nossa vida, costumes e elas
podem não fazer nenhum
sentido, assim como a cultura e a filosofia ocidental.
Perceber que tudo pode ser
totalmente diferente. Outras formas de se entender o
mundo. Desconstruir nossas certezas”, avaliou.
divulgação
Ernesto e Andreza de bicicleta na fronteira entre o Vietnã e o Laos
Ernesto Stock
A educadora de artes Andreza com as mulheres Red Dao no Vietnã; viagem proporcionou muito contato humano e troca de experiências
Viagem selou intercâmbio cultural
Conhecer novas culturas, paisagens e se divertir,
geralmente é o que procuram aqueles que embarcam em grandes viagens.
Mas Andreza Teixeira e
o marido Ernesto Stock
fizeram mais: partiram
para a Ásia em busca
de expressões artísticas
e encontraram, em Siem
Reap, no Camboja, uma
escola de artes que desafiava as condições da região. Lá iniciaram um intercâmbio cultural com
alunos de artes mogianos,
e crianças cambojanas.
O casal, que se preparou por um semestre
para realizar sua aventura de três meses pelo
oriente, visitou diversos
países da Ásia, incluindo
o Vietnã e a Tailândia, e
encontrou, no noroeste
do Camboja, na pequena Siem Reap, a possibilidade de realizar um
sonho: intermediar o
contato de crianças de
culturas diferentes, por
meio de desenhos e pinturas. “Criei essa ideia há
dez anos, quando fiquei
por um mês em uma ilha
Viagem sechou intercâmbio entre crianças de Mogi e asiáticas
no sul da Bahia. Lá, percebi como as crianças tinham
percepções diferentes das
nossas, a partir das paisagens e culturas com a qual
viviam”, contou Andreza.
A partir daí, ela, que é educadora de artes e possui um
ateliê em Mogi das Cruzes,
resolveu incluir este objetivo em sua viagem ao Camboja. Naquele país, a escola
de artes Small Art, aceitou o
convite. O estabelecimento
atende gratuitamente cerca de 300 crianças de 5 a 18
anos, sob o comando da professora japonesa Tomoko
Kasahara, 65. E as primeiras pinturas para as crian-
ças brasileiras foram feitas
e entregues nas mãos do casal, com o seguinte acordo:
que seriam enviados em
breve, por correspondência,
os desenhos e pinturas dos
alunos mogianos.
“A proposta é fazer com
que as crianças compreendam a cultura de cada um,
e isso fica mais fácil quando é um diálogo de criança
para criança”, contou Andreza, que dá aulas para alunos
de 3 a 15 anos. “Trouxemos
as pinturas para meus alunos e é muito interessante como tudo é novo para
eles. Da arquitetura às vestimentas, dos animais às co-
res, tudo representa um
universo novo”, compara.
Agora os estudantes daqui estão prontos para se
corresponderem com os
cambojanos, após terminarem todas as pinturas
que serão enviadas. “O
desenho é totalmente
livre e eles desenharam
todo tipo de coisas que
estão inseridas na nossa cultura, como personagens de videogames,
temas de mangás, e várias outras”.
Para continuar trazendo cultura a seus alunos,
o mesmo intercâmbio foi
estabelecido com uma
professora de aquarela na Malásia, Lisa Lee
e uma Ong de Bangkok,
na Tailândia. “Iniciamos
o projeto com os alunos
do Camboja, por que a
Tomoko fala inglês e tivemos melhor acesso,
mas o intercâmbio cultural com os cambojanos termina neste mês
de agosto, e iniciaremos
com alunos da Malásia e
depois da Tailândia”, concluiu. (RCJ)
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