Atentados terroristas em três países matam dezenas de pessoas Atentados terroristas realizados em três países de três continentes diferentes deixaram dezenas de mortos nesta sexta-feira (26). França, Tunísia e Kuwait foram alvos de terroristas, sendo que no Kuwait o ataque foi reivindicado pelo Estado Islâmico. Na França, pelo menos uma pessoa invadiu de carro uma usina de gás em uma área industrial perto de Lyon, causando uma explosão. Duas pessoas ficaram feridas, e um corpo decapitado foi encontrado no local. Três pessoas suspeitas de envolvimento foram presas. Na Tunísia, pelo menos 28 pessoas morreram no ataque a um hotel na cidade de Sousse. Tiros foram ouvidos no local, e o atirador teria morrido. No Kuwait, pelo menos 25 pessoas morreram e mais de 200 ficaram feridas após uma explosão em uma mesquita xiita durante as orações de sexta-feira. O ataque foi reivindicado pelo Estado Islâmico. Ainda não há informações sobre qualquer relação entre os casos. Veja a seguir como foram os ataques. FRANÇA O atentado na França foi classificado como terrorista pelo presidente francês, François Hollande. "É de natureza terrorista, já que foi encontrado um cadáver decapitado com inscrições" no local do crime. "A intenção era, sem dúvida, causar uma explosão. Foi um ataque terrorista", declarou Hollande, que aumentou o alerta de segurança no local do ataque para o mais alto existente. Investigadores e policiais trabalham em uma usina de gás onde pelo menos duas pessoas ficaram feridas após um atentado em Saint-Quentin-Fallavier, na França. A cabeça de um homem decapitado, com inscrições em árabe, foi encontrada próxima ao local (Foto: Emmanuel Foudrot/Reuters) O presidente explicou que o ataque foi lançado por meio de "um veículo conduzido por uma pessoa, talvez acompanhada de outra, e que a grande velocidade, e com cilindros de gás, se lançou sobre este centro, considerado sensível". "Não há dúvidas quanto à intenção, que é provocar uma explosão", acrescentou. Três pessoas foram detidas – entre elas o principal suspeito do crime, identificado como Yassim Salhi, de 35 anos e original de Saint-Priest, na periferia de Lyon, segundo o governo francês. De acordo com o Ministro do Interior francês, Bernard Cazeneuve, o preso foi acompanhado pelas autoridades entre 2006 e 2008 por supostas atividades radicais, mas a partir desta data deixou de ser visto como uma ameaça. Nesse tempo, o suspeito teve vínculo com movimentos salafistas (grupos ultraconservadores), mas "não foi identificado que participasse de atividades de caráter terrorista", disse. Vista geral da usina de gás da Air Products em Saint-Quentin-Fallavier, perto de Lyon, na França, onde pelo menos duas pessoas ficaram feridas após um atentado (Foto: Jean-Philippe Ksiazek/AFP) Uma segunda pessoa foi detida horas depois. "Um veículo foi visto dando voltas suspeitas nos arredores do complexo, o número da placa foi investigado e seu proprietário identificado. Ele foi detido na localidade de Saint-Quentin-Fallavier", afirmou uma fonte ligada ao caso. A esposa do suposto autor do ataque foi a terceira pessoa detida, segundo uma fonte judicial. O homem decapitado no ataque à fábrica de gás seria o empregador do suposto autor do atentado, de acordo com uma fonte próxima ao caso. O veículo com o qual o suposto terrorista atacou a fábrica era autorizado para entrar na empresa, por isso, não levantou suspeitas, informou o prefeito de Isère, Jean-Paul Bonnetain. Em declarações a um grupo de jornalistas, o prefeito explicou que o veículo "não precisou entrar de surpresa" na fábrica, já que contava com a permissão necessária para fazê-lo nesta instalação classificada de "baixo risco industrial". Fora da usina atacada foi encontrada uma bandeira com inscrições em árabe, disseram as autoridades. Elas ainda são analisadas. TUNÍSIA Na Tunísia, o ataque ocorreu em um hotel em Sousse. Uma fonte de segurança disse que o corpo do atirador, armado com um fuzil Kalashnikov, estava no local onde a polícia o matou. Não se sabe se havia outro atirador. Segundo o Ministério do Interior, ao menos 28 pessoas morreram – a maioria turistas. A polícia restringiu o acesso ao hotel Imperial Marhaba. Ao menos seis pessoas ficaram feridas. Os hóspedes eram em sua maioria britânicos e da Europa central, indicou o estabelecimento sem precisar a nacionalidade das vítimas. No momento do ataque "havia 565 clientes no hotel. Os clientes são majoritariamente do Reino Unido e da Europa central", indicou o grupo em um comunicado. Segundo uma autoridade tunisiana, uma irlandesa também estaria entre os mortos. Sousse é um dos mais conhecidos balneários do norte da África, atraindo turistas da Europa e de países vizinhos. A Tunísia tem estado sob forte alerta de segurança desde março, quando militantes em aliança com o grupo Estado Islâmico atacaram o museu do Bardo, em Tunis, matando um grupo de 20 turistas estrangeiros em um dos piores ataques do tipo no país africano. Corpos de turistas mortos a tiros por um atirador perto de um hotel à beira-mar em Sousse, na Tunísia. Pelo menos 27 pessoas, incluindo turistas estrangeiros, morreram quando pelo menos um atirador abriu fogo no local (Foto: Amine Ben Aziza/Reuters) Corpo de turista é coberto após ataquem em praia de Sousse, na Tunísia, nesta sexta (26) (Foto: Amine Ben Aziza/Reuters) ESTADO ISLÂMICO O que está por trás do grupo radical KUWAIT O ataque no Kuwait foi direcionado a uma mesquita xiita, no momento da tradicional oração das sextas-feiras, que atrai muitos fiéis. A explosão aconteceu na mesquita de Al Imam al Sadeq da cidade de Kuwait. O grupo jihadista sunita Estado Islâmico reivindicou este atentado, assim como outros que já ocorreram em mesquitas xiitas na Arábia Saudita e no Iêmen. No final de maio, o emir do Kuwait pediu aos países muçulmanos que intensifiquem a luta contra o extremismo, durante uma conferência pan-islâmica dedicada a coordenar os esforços contra os grupos jihadistas. Explosão em mesquita xiita Al-Imam al-Sadeq deixou dezenas de mortos. Estado Islâmico reivindicou autoria do ataque (Foto: AP) Mesquita no Kuwait atacada nesta sexta (26) (Foto: Amine Ben Aziza/Reuters) Nota do Brasil Em nota, o Ministério das Relações Exteriores do Brasil disse que o governo brasileiro “deplora o incremento dos atentados terroristas que continuam a ceifar vidas inocentes em diferentes partes do mundo”. “Trata-se de atos criminosos, perpetrados por extremistas em nome de ideias incompatíveis com as regras mais elementares de convívio e respeito aos direitos humanos. A intolerância religiosa e o recurso à violência indiscriminada, praticados sob qualquer pretexto, merecem o mais veemente repúdio da sociedade e do Governo brasileiro.”