XXIII Encontro Nac. de Eng. de Produção - Ouro Preto, MG, Brasil, 21 a 24 de out de 2003 Ferramentas para Gestão e Medição de Desempenho: Uma Avaliação Segundo as Necessidades de uma MRO Marco Aurélio Moroni (UFRGS) [email protected] Peter B. Hansen (UFRGS) [email protected] Resumo A busca por um sistema de manutenção que busque maximizar a eficiência operacional das empresas aéreas tem sido a tônica de diversas empresas prestadoras de serviços de manutenção. Empresas deste setor, identificadas como MROs (Maintenance Repair and Overhaul designa empresas prestadoras de serviços de manutenção aeronáutica), em geral tem sua origem em fabricantes de aeronaves e componentes através de serviços de pós-venda, empresas criadas especificamente para esta atividade ou empresas aéreas que passaram a utilizar seus parques de manutenção para prestação deste tipo de serviço à outras empresas aéreas. Em busca de um modelo de gestão/avaliação de desempenho que mais se adequasse às necessidades de uma MRO recentemente criada, uma pesquisa exploratória foi realizada com a finalidade de identificar os pontos fortes de algumas ferramentas. O resultado da análise de tais ferramentas proporcionou a criação de um conjunto de requisitos que pudessem ser utilizados no desenvolvimento de um modelo para a MRO em análise. Estão tabulados neste artigo os resultados desta pesquisa, assim como os requisitos selecionados para direcionamento na construção de um futuro modelo de gestão e avaliação de desempenho. Palavras Chave: Aeronáutica, MRO, Gestão e Avaliação de Desempenho 1. Introdução A forte competitividade que atualmente o mercado de transporte aéreo vem experimentando está obrigando as empresas do setor a reavaliarem suas estratégias, estabelecendo foco bem definido em relação aos seus clientes, passando de uma visão orientada a produto para uma visão orientada a serviços. Até início da década de 90, a visão tradicional das empresas de transporte aéreo estava direcionada a disponibilizar aos seus passageiros, aeronaves com inovações tecnológicas associadas aos equipamentos de vôo e suporte. Atualmente a qualidade associada a estes equipamentos é premissa e, em alguns casos, considerada como commodity. As atenções voltam-se então para as expectativas dos clientes, onde novos pacotes de serviços são oferecidos, como programas de fidelidade, serviços interligados com hotéis, locação de veículos e outros. Seguindo essa tendência, as empresas têm concentrado esforços em suas atividades fim reestruturando seus departamentos de suporte como manutenção, segurança patrimonial e serviços de bordo. Em alguns casos, departamentos inteiros são terceirizados a empresas independentes. Em outros, são transformados em unidades de negócios com a finalidade de prestar algum tipo de serviço. Particularmente, os departamentos de manutenção têm sido considerados não mais como uma necessidade técnica, mas como uma oportunidade de negócios capaz de oferecer serviços a diversas empresas do setor, contribuindo com o faturamento da empresa aérea (operadora). ENEGEP 2003 ABEPRO 1 XXIII Encontro Nac. de Eng. de Produção - Ouro Preto, MG, Brasil, 21 a 24 de out de 2003 O setor de prestação de serviços na indústria aeronáutica movimentou aproximadamente US$ 95 bilhões em 2000 ao redor do mundo. Destes, 52% estão relacionados a serviços de manutenção, reparos e modificações. Projeções indicam um mercado potencial que deverá movimentar aproximadamente US$ 3 trilhões em nível mundial neste setor até 2020 (Aircraft Technology, 2001; FELDMAN, 2001). No Brasil, apesar de singelo, o setor de transporte aéreo tem apresentado crescimento, como pode ser observado na Tabela 1 através do índice de horas voadas. Este índice está diretamente relacionado com a necessidade de serviços de manutenção a serem oferecidos pelas empresas que atuam neste segmento. O plano de manutenção das aeronaves, em sua forma geral, está concebido levando-se em conta horas de operação. Horas Voadas Quilômetros Voados Assentos Quilômetros Oferecidos Toneladas Quilômetros Oferecidos Passageiros Transportados 2001 951.564 581.827.882 78.408.820 2000 910.263 564.979.499 74.750.887 1999 569.779 396.069.119 65.121.933 10.934.025.706 10.509.356.456 9.916.855.917 36.001.448 33.989.176 20.687.939 Fonte: Anuário do Transporte Aéreo - Vol I - Dados Estatísticos 1999 a 2001. Tabela 1- Tráfego Aéreo Doméstico e Internacional Basicamente, uma MRO possui processos definidos segundo os tipos de serviços que ela está capacitada a executar. Estes serviços podem ser de hangar, oficinas (componentes isolados), pista (atendimento em aeroportos) ou de engenharia e modificações (HESSBURG, 2001). O próximo tópico apresenta uma identificação simplificada destes serviços para elucidar como estes processos são conduzidos. 2. Tipos de Serviços e Processos Os serviços prestados por uma MRO estão relacionados com os processos que ela está capacitada a executar. Cada rotina de manutenção deve ser devidamente homologada e possuir as devidas certificações junto as autoridades aeronáuticas para que possa ser executada. (Fonte: Flint, 2002) Figura 1: Distribuição da manutenção por tipo de serviços A MRO pesquisada está capacitada a executar serviços como manutenção em motores, componentes, revisão de aviões, modificações e atendimento de manutenção de linha. Estes serviços são prestados por diversas empresas no mercado mundial, através de fabricantes por ENEGEP 2003 ABEPRO 2 XXIII Encontro Nac. de Eng. de Produção - Ouro Preto, MG, Brasil, 21 a 24 de out de 2003 serviços de pós-venda, MROs independentes, ou empresas aéreas através de seus parques de manutenção, a Figura 1 acima, apresenta uma distribuição de tais serviços, segundo Flint (2002). Os próximos itens descrevem sucintamente os serviços executados pela MRO pesquisada. 2.1. Manutenção de Célula (Casco) Este tipo de serviço é normalmente realizado em hangares e compreende manutenção estrutural, em áreas de fuselagem, superfícies de comando, compartimentos e áreas afins. Normalmente este tipo de serviço está associado à revisão de componentes e sistemas, e obedecem um plano de manutenção definido pelo fabricante da aeronave. Uma vez removidos da aeronave, estes devem ser encaminhados às oficinas para que possam ser verificados e reparados se necessário. 2.2. Manutenção de Componentes e Sistemas Os serviços de manutenção de componentes são executados em oficinas especializadas com equipamentos e infra-estrutura específica para cada tipo de sistema. Os procedimentos de manutenção destas unidades seguem os manuais fornecidos pelos fabricantes e práticas estabelecidas pelo departamento de engenharia. As oficinas projetadas para executar trabalhos em tais componentes possuem ferramentas especiais, bancos de testes específicos e pessoal treinado na revisão ou reparo de cada componente. 2.3. Revisão de Motores Os serviços de manutenção de motores são particularmente semelhantes aos serviços realizados em outros componentes da aeronave. Entretanto, são tratados em separado pelas MROs por representarem um mercado à parte e com alguns aspectos técnicos específicos, principalmente no que tange às questões legais e de processos. 2.4. Manutenção de Linha A manutenção de linha consiste no atendimento das aeronaves durante sua operação, isto é, nos pontos de parada em aeroportos, em diárias ou pernoites nas bases de manutenção. Este tipo de serviço é executado por um grupo de pessoas com experiência na solução de problemas e é limitado no escopo, ou seja, durante a detecção de falhas existe um conjunto limitado de ações que podem ser adotadas com a aeronave em operação, pois esta, normalmente encontra-se no aeroporto aguardando embarque de passageiros, e o tempo e a infra-estrutura são limitados. Caso sejam detectados problemas maiores será recomendada a substituição da aeronave naquele vôo e a mesma deverá ser atendida em hangar com os recursos necessários. 2.5. Modificações e Conversões As modificações podem ser solicitadas pelos clientes e podem ser efetuadas em várias áreas da aeronave, dependendo de sua finalidade. Em geral, estão divididas em dois grupos, modificações de melhoria técnica e de configurações. No primeiro caso, as modificações são em geral sugeridas pelos fabricantes e visam melhoria de confiabilidade dos sistemas. O segundo caso, compreende modificações que alteram a configuração original da aeronave, como por exemplo, a instalação de uma porta de carga em uma aeronave que originalmente havia sido desenhada para transporte de passageiros. 2.6. Serviços de Engenharia Aeronáutica Os serviços de engenharia envolvem projetos e instalações de sistemas, configurações de cabine de passageiros e homologações de serviços nas autoridades aeronáuticas. A elaboração e preparação da documentação necessária para um serviço de manutenção deve ser ENEGEP 2003 ABEPRO 3 XXIII Encontro Nac. de Eng. de Produção - Ouro Preto, MG, Brasil, 21 a 24 de out de 2003 acompanhada por um corpo técnico com experiência neste tipo de atividade e familiarizado com a legislação aplicável. A instalação de um sistema de GPS (Sistema de posicionamento global) ou TCAS (Sistema de controle de tráfego), por exemplo, exige um detalhamento técnico da condição da aeronave e das peculiaridades da mesma. Em seguida, um projeto para a instalação do sistema deve ser elaborado, bem como vários outros aspectos relacionados com a segurança e interferência desta modificação em outros sistemas. Este é um serviço de grande possibilidade de proposição de valor aos clientes pois trabalha em soluções customizadas em geral desenhadas para cada cliente específico. 3. A Necessidade de um Sistema de Gestão e Avaliação de Desempenho Como descrito até aqui, as MROs possuem uma gama de serviços que depende do mercado que pretende atingir. No caso deste artigo, a MRO pesquisada surgiu a partir de uma empresa aérea, e como tal possui uma ampla gama de serviços possíveis. Esta MRO será identificada neste artigo como “Aeroman – Serviços de Manutenção Aeronáutica”. Como se pode observar na descrição da Aeroman, existe uma tendência à uma lógica de processos associada ao gerenciamento do capital humano intelectual (STEWART, 1998). Estas características foram exploradas durante a pesquisa realizada na Aeroman. Os itens a seguir apresentam alguns resultados da pesquisa realizada nesta empresa, finalizando com os critérios elaborados a partir da avaliação realizada com os modelos de avaliação de desempenho existentes. 4. Ferramentas de Gestão e Avaliação de Desempenho Com a finalidade de buscar subsídios para a determinação de qual sistema de gestão e avaliação de desempenho é mais adequado às necessidades da empresa em estudo, este artigo selecionou cinco autores e suas propostas. Estes autores têm proposições diferentes em suas metodologias, indo desde medições e mapeamento de processos em diversos níveis da organização até desempenho empresarial corporativo. São eles: - Modelo de Harrington; Modelo de Rummler e Brache; Modelo de Sink&Tuttle; Modelo Quantum Performance de Hronec; Balanced Scorecard de Kaplan & Norton. Alguns autores propõem modelos bem definidos de sistemas unicamente de avaliação, enquanto outros têm um enfoque mais direcionado à melhoria de desempenho propõem atuação com grande concentração nos processos empresariais. 4.1. O Modelo de Harrington Dos autores investigados, Harrington (1993), possui um enfoque direcionado a melhoria de desempenho de processos e, para tanto, considera diversas ferramentas como fluxogramas análise de valor agregado e outras. A medição de desempenho, está relacionada em grande parte a melhoria de tempos e movimentos e outros aspectos, como custos envolvidos na otimização do desempenho dos processos. 4.2. O Modelo de Rummler e Brache Rummler & Brache (1994) apresentam um ponto de vista semelhante ao apresentado por Harrington. Entretanto, consideram a organização sob uma ótica mais genérica, incluindo relacionamentos internos e externos através de seus mapas de relacionamentos. Além destes mapas, estes autores também lançam mão de fluxogramas para descrição de processos e ENEGEP 2003 ABEPRO 4 XXIII Encontro Nac. de Eng. de Produção - Ouro Preto, MG, Brasil, 21 a 24 de out de 2003 indicam metodologias para melhoria de processos nos diversos níveis das organizações (nível do negócio, nível de processos e nível do trabalho executor). 4.3. O Modelo de Sink e Tuttle O modelo de Sink & Tuttle (1993) possui forte enfoque em processos. Entretanto, traz uma ligação entre questões estratégicas e operacionais através de um modelo de melhoria contínua (HRONEC, 1993) e reavaliação estratégica. Este é um modelo que apresenta uma estruturação mais abrangente e procura direcionar a criação dos indicadores às necessidades estratégicas. 4.4. O Modelo de Hronec Hronec (1993), apresenta o modelo por ele denominado de Quantum Performance. Este é um modelo que busca criar valor e melhoria do desempenho empresarial através de várias etapas tendo como ponto de partida a estratégia da empresa e como sustentação elementos como: comunicação, programas de reconhecimento, treinamento e benchmarking. Dependendo da necessidade de cada etapa, este autor lança mão de diversas ferramentas como fluxogramas, diagramas de causa e efeito e o próprio mapa de relacionamentos já definido por Rummler & Brache (1994). 4.5. O Balanced Scorecard Kaplan e Norton (1992, 1996a, 1996b, 2001) apresentam seu modelo destinado a traduzir elementos estratégicos em ações específicas, avaliadas em um quadro balanceado de indicadores (Balanced Scorecard). Este modelo avalia as empresas sob quatro perspectivas (financeira, clientes, processos e aprendizado), possuindo forte enfoque estratégico e criando mecanismos de mapeamento e desdobramentos da estratégia para as diversas unidades de negócios da corporação. Seu desdobramento para uma lógica de processos, porém, não é detalhada. 5. Análise das Ferramentas As ferramentas (modelos acima) foram avaliadas segundo um conjunto de critérios, desenvolvidos com base em uma revisão bibliográfica das ferramentas e de entrevistas conduzidas junto a administração da empresa. As entrevistas foram realizadas seguindo um roteiro elaborado através de um questionário composto por três seções, onde os entrevistados foram convidados a pontuar diversos quesitos relacionados com sistemas de medição de desempenho e gestão empresarial sob diversas perspectivas. Na primeira seção, buscou-se identificar a opinião geral da administração da Aeroman sobre sistemas de indicadores de desempenho; na segunda seção, buscou-se identificar qual a situação atual das medições de desempenho na empresa; e na terceira seção, buscou-se identificar qual o grau de importância dado a aspectos relacionados com gestão estratégica e de processos na empresa. Para a comparação entre as ferramentas e as necessidades da empresa, um grupo multifuncional foi constituído. A este grupo foi delegada a função de estudar as ferramentas pesquisadas e propor possibilidades de sua aplicabilidade na organização. 5.1. Método de Análise A determinação do grau de relação de cada ferramenta com os diversos critérios de seleção foi estabelecido através da utilização de diversas matrizes de relação atribuindo-se pontos para cada par critério-ferramenta. O padrão adotado foi uma escala quadrática com pesos 1, 3 e 9 com significados diferentes dependendo da matriz em análise. Esta escala foi adotada para ENEGEP 2003 ABEPRO 5 XXIII Encontro Nac. de Eng. de Produção - Ouro Preto, MG, Brasil, 21 a 24 de out de 2003 facilitar o estabelecimento da pontuação pelos integrantes do grupo, uma vez o grupo não detinha conhecimento profundo das ferramentas. A pontuação resultante foi sumarizada em uma tabela e apresentada graficamente de modo a facilitar a visualização de como cada ferramenta atende os diversos critérios adotados. Para nivelamento do grupo, em uma reunião preparatória, o pesquisador apresentou as metodologias propostas pelos autores, procurando identificar as características mais fortes de cada modelo. 5.2. Critérios de Análise Além dos quesitos relacionados à pesquisa conduzida anteriormente com a administração, o grupo adotou alguns critérios de seleção adicionais considerados importantes para análise comparativa entre as ferramentas (abrangência, enfoque e metodologia). Assim, seis foram os critérios adotados, sendo os três primeiros sugeridos pelo grupo e baseados na experiência até aqui adquirida pelo pesquisador, e os outros três baseados na pesquisa realizada junto à administração da empresa em estudo, como segue: - Abrangência: Verificar se o nível de cobertura das ferramentas atinge todos os níveis da organização, negócios, processos e trabalho/executor como definidos por Rummler & Brache (1994) ou tem focos específicos em áreas operacionais ou estratégicas; Enfoque: Verificar se existe um ramo de atividades mais adequado para a utilização de determinadas ferramentas (serviços ou manufatura); Metodologia: Comparar como as ferramentas são implementadas, e qual a disponibilidade de recursos, conhecimento, e se existem bons exemplos e estudos de caso onde as metodologias foram testadas; Importância de Sistemas de Indicadores (primeira seção do questionário): Comparar o nível de cobertura dada pelas ferramentas aos quesitos relacionados com sistemas de indicadores de desempenho; Situação Atual dos Indicadores de Desempenho (segunda seção do questionário): Comparar o nível de cobertura dada pelas ferramentas aos quesitos relacionados a situação atual do sistema de indicadores da empresa pesquisada; Demandas de Gestão Estratégica e Operacional (terceira seção do questionário): Comparar o nível de cobertura dada pelas ferramentas a aspectos de gestão estratégica e operacional considerados importantes pelos entrevistados durante a pesquisa. 6. Resultados Após as avaliações terem sido concluídas, uma sumarização dos resultados foi elaborada, com o objetivo de buscar as características mais importantes em relação as necessidades da empresa e quais melhor se alinharam com as dimensões utilizadas para comparação entre as ferramentas. A pontuação obtida durante a análise das ferramentas foi sumarizada e incluída na Tabela 2. Nesta tabela, a pontuação obtida foi normalizada segundo a quantidade de quesitos de cada dimensão analisada. Por exemplo a dimensão abrangência obteve 15 pontos no modelo de Sink & Tuttle e foi analisada sob três quesitos. Assim sua pontuação proporcional é 5. A pontuação proporcional foi utilizada para o cálculo dos pesos percentuais de cada critério analisado. Os resultados foram apresentados na linha “peso %”. De posse destes dados, o pesquisador em conjunto com o mesmo grupo utilizado na avaliação comparativa das ferramentas buscou estabelecer requisitos para o novo modelo de gestão/avaliação de desempenho. ENEGEP 2003 ABEPRO 6 XXIII Encontro Nac. de Eng. de Produção - Ouro Preto, MG, Brasil, 21 a 24 de out de 2003 Os dados apresentados na Tabela 2, não visam definir a utilização de uma única ferramenta, mas sim determinar como estas podem ser utilizadas de forma complementar para a criação de um modelo genérico de gestão/avaliação de desempenho para a empresa em estudo. Sink & Tuttle Quantum Performance (Hronec) Harrington Rummler & Brache Balanced Scorecards (Kaplan & Norton) Quesitos Pontuação Pontuação proporcional Peso % Pontuação Pontuação proporcional Peso % Pontuação Pontuação proporcional Peso % Pontuação Pontuação proporcional Peso % Pontuação Pontuação proporcional Peso % Critérios adicionais considerados Entrevistas realizadas com a importantes pelo grupo administração da empresa multifuncional Abrangência Enfoque Metodologia Sistemas de Situação do Gestão Indicadores Sistema Estratégica/ (1ª seção) Atual Operacional (2ª seção) (3ª seção) 3 2 2 19 7 16 15 4 4 43 25 63 5.00 2.00 2.00 2.26 3.57 4.20 26.3% 13 4.33 10.5% 4 2.00 10.5% 4 2.00 11.9% 59 3.11 18.8% 26 3.71 22.1% 59 3.93 22.7% 19 6.33 10.5% 6 3.00 10.5% 12 6.00 16.3% 43 2.26 19.5% 13 1.86 20.6% 59 3.93 27.1% 15 5.00 12.8% 6 3.00 25.7% 12 6.00 9.7% 45 2.37 7.9% 11 1.57 16.8% 53 3.53 23.3% 13 4.33 14.0% 12 6.00 27.9% 12 6.00 11.0% 103 5.42 7.3% 39 5.57 16.5% 65 4.33 13.7% 19.0% 19.0% 17.1% 17.6% 13.7% Tabela 2: Resumo da pontuação das ferramentas avaliadas Para uma melhor visualização dos dados apresentados na Tabela 2, um gráfico em forma de radar foi elaborado e apresentado na Figura 2. Neste gráfico pode-se observar de forma mais clara como as ferramentas analisadas se distribuem em cada critério. A primeira seção do questionário indicou a necessidade de um sistema de avaliação de desempenho que pudesse considerar tanto aspectos tangíveis como intangíveis. Para esta finalidade, os modelos Balanced Scorecard (Kaplan, Norton; 1992, 1996a, 1996b, 2001) e Quantum Performance (Hronec, 1993) apresentaram a melhor pontuação. A segunda seção buscou informações a respeito da situação atual do sistema de avaliação de desempenho da empresa. Nesta análise as melhores pontuações foram novamente obtidas pelos modelos de Sink e Tuttle (1993) e Quantum Performance (Hronec, 1993). Na terceira seção, foram obtidos dados referentes ao sistema de gestão em uso e ao serem comparados com as ferramentas produziram maior pontuação no modelo de Sink & Tuttle (1993) e Quantum Performance (Hronec, 1993). Os outros critérios, abrangência, enfoque e metodologia obtiveram as melhores pontuações nos modelos de Harrington (1993), Balanced Scorecard (Kaplan, Norton; 1992) e Rummler & Brache (1994) respectivamente. Dentro dos critérios adotados, pode-se observar que existem “vocações” específicas para cada ferramenta, i. e., na proposição de um modelo que atenda as demandas da organização, ferramentas de diferentes autores podem ser utilizadas de forma complementar. ENEGEP 2003 ABEPRO 7 XXIII Encontro Nac. de Eng. de Produção - Ouro Preto, MG, Brasil, 21 a 24 de out de 2003 Os dados indicaram que, aparentemente, nenhuma das ferramentas é isoladamente suficiente para as necessidades da empresa. Atividades como plano estratégico indicadores e desdobramento de processos são elementos contemplados em ferramentas distintas, além de possuírem metodologias de implementação particulares. Figura 2: Distribuição aplicabilidade das ferramentas pesquisadas Baseado nas informações obtidas através da análise conduzida, o grupo elaborou um conjunto de requisitos, lançando mão das diversas características de cada ferramenta, para a composição de um modelo conceitual de gestão e avaliação de desempenho que mais se adeque as necessidades da MRO pesquisada: 1. A avaliação de desempenho deverá ser conduzida através de um sistema de indicadores que suporte tanto aspectos financeiros como não financeiros. Neste caso o Balanced Scorecard (Kaplan e Norton, 1992) parece apresentar melhores características. 2. O sistema de indicadores deve dar o melhor suporte possível para as deficiências encontradas no sistema de medição de desempenho atualmente em uso pela empresa. Neste caso, o modelo de Hronec (1993) parece dar melhor suporte. 3. O modelo deverá proporcionar boa cobertura em aspectos de gestão operacional e estratégica (elementos como missão visão, valores). Neste quesito, o modelo de Sink e Tuttle (1993) parece contribuir de forma aceitável. 4. O modelo deverá ser abrangente e atingir tanto aspectos relacionados com o nível de negócios como de gestão de processos e atividades. Neste quesito, o modelo de Sink e Tuttle (1993) assim como o modelo de Harrington (1993) parecem apresentar melhor cobertura. 5. O modelo deverá suportar da melhor maneira possível tanto a dimensão serviços como manufatura. Neste critério o modelo Balanced Scorecard (Kaplan e Norton, 1992) parece produzir os melhores resultados. 6. O modelo a ser desenvolvido deverá dar suporte a gestão por processos e identificar as operações sob uma ótica sistematizada. 7. A metodologia de implementação deverá ser clara e possuir literatura de implementações disponíveis para consulta. Neste critério, os modelos de Rummler e Brache (1994) e Harrington (1993) parecem apresentar os melhores resultados. 8. O modelo deverá propor um meio de priorização de quais processos devem ser medidos, e em que pontos da organização os mesmos devem ser controlados. ENEGEP 2003 ABEPRO 8 XXIII Encontro Nac. de Eng. de Produção - Ouro Preto, MG, Brasil, 21 a 24 de out de 2003 9. O modelo deverá proporcionar boa ligação para desenvolvimento de melhorias contínuas e de inovação através de avaliações estratégicas constantes. 10. O modelo deverá ser abrangente e proporcionar boa ligação entre aspectos estratégicos e operacionais. Através da utilização dos dados colhidos nesta pesquisa e dos requisitos estabelecidos pelo grupo, partiu-se então para a elaboração de um modelo que através da utilização de diversas ferramentas pudesse ser considerado mais adequado para a empresa em questão. O grupo considerou a análise pertinente, e baseado no conhecimento adquirido, considerou viáveis os requisitos estabelecidos para a elaboração de um modelo de gestão e avaliação para a empresa MRO em análise. 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