UNIJUÍ - UNIVERSIDADE REGIONAL DO NOROESTE DO ESTADO DO RIO
GRANDE DO SUL
DEAg – DEPARTAMENTO DE ESTUDOS AGRÁRIOS
CURSO DE AGRONOMIA
A DENSIDADE DE SEMEADURA E O FRACIONAMENTO DE
NITROGÊNIO EM AVEIA BRANCA PARA ALTA EXPECTATIVA DE
PRODUTIVIDADE E QUALIDADE INDUSTRIAL DE GRÃOS
FERNANDO BILIBIO PINTO
Ijuí - RS
Julho – 2014
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FERNANDO BILIBIO PINTO
A DENSIDADE DE SEMEADURA E O FRACIONAMENTO DE
NITROGÊNIO EM AVEIA BRANCA PARA ALTA EXPECTATIVA DE
PRODUTIVIDADE E QUALIDADE INDUSTRIAL DE GRÃOS
Trabalho de Conclusão de curso apresentado
ao Curso de Agronomia - Departamento de
Estudos Agrários da Universidade Regional do
Noroeste do Estado do Rio Grande do Sul –
UNIJUÍ, como requisito parcial para a
obtenção do título de Engenheiro Agrônomo.
Orientador: Prof. Dr. José Antonio Gonzalez da Silva
Ijuí - RS
Julho - 2014
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TERMO DE APROVAÇÃO
FERNANDO BILIBIO PINTO
A DENSIDADE DE SEMEADURA E O FRACIONAMENTO DE
NITROGÊNIO EM AVEIA BRANCA PARA ALTA EXPECTATIVA DE
PRODUTIVIDADE E QUALIDADE INDUSTRIAL DE GRÃOS
Trabalho de Conclusão do Curso de Graduação em Agronomia da Universidade Regional do
Noroeste do Estado do Rio Grande do Sul, defendido perante a banca abaixo subscrita.
Ijuí, Julho de 2014.
Prof. Dr. José Antonio Gonzalez da Silva
DEAg/UNIJUÍ - Orientador
Engº. Agr. Msc. Juliano Furhmann Wagner
CCGL/TEC– Avaliador
3
DEDICATÓRIA
Dedico este trabalho aos meus pais João e
Avany e aos meus irmãos Lucimara, Luciana e
Moacir, assim como a minha namorada
Daniela por todo o apoio recebido, também
aos amigos e colegas que auxiliaram na
realização do mesmo. Dedico também, a meus
tios Clovis e Neli pelo grande apoio que me foi
dado, e ainda ao meu professor e orientador
José
Antonio
Gonzalez
ensinamentos passados.
da
Silva
pelos
4
AGRADECIMENTOS
Agradeço primeiramente a Deus por ter me guiado neste longo período de estudo,
pela saúde, pela coragem e força nos momentos difíceis.
Aos meus pais, João Carlos Pinto e Avany Bilibio Pinto, pela educação que me foi
dada, pelo amor incondicional, carinho, compreensão, e inúmeros momentos felizes e
principalmente pela clareza e objetividade dos conselhos, que me fizeram ser um homem
honesto e capaz de tomar decisões sérias. Ainda, agradeço pelo esforço sobre-humano que
realizaram durante o desenrolar do curso, onde as dificuldades foram inúmeras, mas com
pulso firme foram contornadas e possibilitaram a realização de mais um sonho.
Aos meus tios Clovis e Neli Cesca e minhas primas Keli, Karine e Kasue Cesca, pelo
apoio incondicional que recebi para a realização deste sonho, que com certeza sem a ajuda de
vocês seria bem mais difícil conseguir realiza-lo, se hoje estou me formando é porque vocês
me incentivaram e me deram todo o apoio necessário para eu persistir mesmo nos momentos
mais difíceis da faculdade, sendo assim deixo aqui o meu sincero muito obrigado.
Ao meu irmão Moacir, por não medir esforços em me substituir nos afazeres da
granja, quando eu não poderia estar presente devido aos meus compromissos na faculdade,
além do conhecimento passado ao longo do curso, e pelo apoio nas minhas decisões.
As minhas irmãs Lucimara e Luciana pelo estímulo que foi me dado em estudar, por
todo o apoio e ajuda nos momentos de dificuldade e incertezas, e pelas inúmeras conversas
para as escolhas que fiz ao longo do curso deixo aqui a minha gratidão.
A minha namorada Daniela pelo amor, carinho e compreensão nos momentos em que
mais precisei. Agradeço você por sempre encher meu coração de felicidade me dando forças e
estando sempre do meu lado em todos os momentos, pelo respeito e preocupação, comigo e
com todas as pessoas que fazem parte de nossas vidas. Com certeza serás para sempre a
minha linda e viveremos juntos até o fim de nossas vidas.
Aos meus cunhados Laerti e Marcos pela dedicação em me passar conhecimentos,
pelas conversas e pelo incentivo para sempre buscar mais conhecimento, a fim de me tornar
um profissional responsável.
Ao professor José Antônio Gonzalez da Silva pela oportunidade no grupo de
pesquisa, pela paciência nos momentos de escrita do trabalho de conclusão e acadêmicos, pela
dedicação em atender e esclarecer as minhas dúvidas. Sempre terei uma enorme consideração
pelo professor por todas as oportunidades e feitos durante a minha vida acadêmica e no grupo
de pesquisa. Tenho como exemplo na minha vida profissional.
5
Agradeço aos amigos e bolsistas do grupo de pesquisa por terem me ajudado na
condução deste trabalho a campo e em laboratório, bem como, na ajuda mútua durante o curso
de graduação, pela parceria e companheirismo, cito: Micheli Brasil Olegário, Irani Massafra,
Mariele Müller, Gustavo Mazurkievicz, Constantino J. G. Neto, Patrícia C. H. Goergen,
Ricardo B. Winch e Dionatan Krysczun.
Ao IRDeR/DEAg/UNIJUÍ que possibilitaram o desenvolvimento deste estudo,
através da disponibilização de toda a estrutura necessária. Pela oportunidade que o aluno tem
de realizar seus estudos a campo, o que contribui para a formação profissional.
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A DENSIDADE DE SEMEADURA E O FRACIONAMENTO DE
NITROGÊNIO EM AVEIA BRANCA PARA ALTA EXPECTATIVA DE
PRODUTIVIDADE E QUALIDADE INDUSTRIAL DE GRÃOS
Fernando Bilibio Pinto
Orientador: José Antônio Gonzalez da Silva
RESUMO
A aveia branca (Avena sativa L.) apresenta um grande número de possibilidades de uso, o que
configura ao produtor rural uma importante cultura para uso na estação fria do ano, ocupando
porção significativa das terras disponíveis para cultivo no inverno. Aliado a isto apresenta
grande potencial de produção de grãos, com considerável rendimento por unidade de área e
elevado valor industrial, sendo considerado um alimento funcional por sua quantidade de
fibras solúveis (β–glucanas) e também altos teores de proteína. O rendimento industrial dos
grãos é de fundamental importância para a comercialização da aveia, sendo que grãos bem
formados, grandes, pesados e uniformes são os desejados pela indústria que beneficia a aveia.
Buscando maximizar a produção e qualidade dos grãos torna–se necessário ajustar os
genótipos as distintas técnicas de manejo empregadas nas propriedades, podendo ser citada os
sistemas de cultivo disponíveis com diferentes culturas antecessoras e a adubação de
cobertura, buscando a maior eficiência do aproveitamento dos nutrientes pela planta. O
manejo da densidade de plantas é uma das práticas culturais mais importantes para determinar
o rendimento de grãos, pois o estande afeta a arquitetura das plantas, altera o crescimento e o
desenvolvimento, e influencia na produção e partição de fotoassimilados. Daí a necessidade
de estabelecer critérios relacionados ao arranjo espacial de plantas (espaçamento entre linhas
e de plantas dentro da linha) e suas influências nos caracteres agronômicos e industriais. Com
base nisto, o objetivo do presente trabalho foi de buscar uma proposta inovadora de
recomendação da densidade de cultivo e uso do nitrogênio na cultura da aveia branca
buscando maior eficiência no aproveitamento dos estímulos ambientais na elaboração do
rendimento e qualidade industrial de grãos. O experimento foi conduzido em condições de
campo, no Instituto Regional de Desenvolvimento Rural (IRDeR), localizado no Município
de Augusto Pestana – RS, durante ano agrícola de 2013. O experimento ficou disposto na
forma de blocos casualizados com quatro repetições de arranjo fatorial simples (3 x 2), para
densidades de semeadura (300, 500 e 700 sementes m²) e o modo de aplicação de nitrogênio
em cobertura (dose cheia no estádio V4 e fracionada nos estádio V4 e R1 ), com 70 e 30%
deste particionamento, respectivamente, na expectativa de rendimento de 4 t ha-1. O estudo foi
realizado em dois sistemas de cultivo (soja/aveia; milho/aveia). O fracionamento de
nitrogênio quando realizado no sistema soja/aveia tende a aumentar os valores dos caracteres
rendimento de grãos e massa de mil grãos para a cultivar URS Taura e a massa do hectolitro
para a URS Tarimba. O mesmo não ocorreu quando o fracionamento foi realizado no sistema
milho/aveia, inclusive, com redução de expressão da massa de mil grãos e numero de grãos
maiores que dois milímetros para a cultivar URS Taura e índice de descasque e rendimento
industrial de grãos na URS Tarimba. A máxima produtividade de grãos entre os genótipos de
aveia branca de estatura e ciclo mais reduzido indicam que uma densidade de semeadura
7
ajustada em 470 sementes m-2 é a mais indicada. Na análise considerando um melhor
desempenho no processamento, a máxima expressão do rendimento industrial foi obtida com
500 sementes m-2. Os resultados obtidos comprovam da necessidade de alteração de
recomendação de densidade de semeadura sobre o padrão precoce e de menor estatura em
aveia branca para incremento sobre os caracteres de produção e da qualidade industrial.
Palavras-chave: Avena sativa L.; caracteres agronômicos, sistemas de cultivo, ecofisiologia.
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LISTA DE FIGURA
Figura 1: Dados de precipitação e temperatura máxima do ano de 2013 em Augusto PestanaRS. IRDeR/DEAg/UNIJUÍ, 2014. ........................................................................................ 40
Figura 2: Delineamento Experimental em sistema de cultivo soja/aveia
(IRDeR/DEAg/UNIJUI, 2014. ............................................................................................. 50
Figura 3. Delineamento Experimental em sistema de cultivo milho/aveia
(IRDeR/DEAg/UNIJUI, 2014. ............................................................................................. 51
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LISTA DE TABELAS
Tabela 1. Indicação técnica de adubação nitrogenada indicada para a produção de três
toneladas de grãos por hectare de aveia branca nos estados do Rio Grande do Sul e Santa
Catarina(1). ........................................................................................................................... 19
Tabela 2: Resumo da analise de variância para os caracteres de interesse agronômico e
industrial da aveia branca com o uso do fracionamento de nitrogênio e diferentes densidades
de semeadura em dois sistemas de cultivo. IRDeR/DEAg/UNIJUI,2014. ............................. 30
Tabela 3: Teste de comparação de médias para os caracteres de interesse agronômicos e
industriais sob o uso do fracionamento de nitrogênio em aveia branca em distintos sistemas de
cultivo. IRDeR/DEAg/UNIJUÍ, 2014. .................................................................................. 33
Tabela 4: Resumo da análise de variância de equação de regressão e seus parâmetros para os
caracteres agronômicos e industriais em aveia branca com os valores médios gerais de
produção e interpolação dos pontos médios das densidades propostas. IRDeR/DEAg/UNIJUÍ,
2014..................................................................................................................................... 35
Tabela 5: Resumo da análise de variância de equação de regressão e seus parâmetros para a
densidade de semeadura ideal em aveia branca com os valores estimados do rendimento de
grãos (RG) e rendimento de grãos industrial (RGI) em distindos sistemas de cultivo.
IRDeR/DEAg/UNIJUI, 2014. .............................................................................................. 37
10
SUMÁRIO
INTRODUÇÃO .................................................................................................................. 11
1. REVISÃO DE LITERATURA ...................................................................................... 13
1.1. IMPORTÂNCIA ECONÔMICA DA AVEIA BRANCA .......................................... 13
1.2. IMPORTÂNCIA NUTRICIONAL DA AVEIA BRANCA ....................................... 13
1.3. QUALIDADE INDUSTRIAL DA AVEIA BRANCA ............................................... 15
1.4. ESTÁDIOS FENOLÓGICOS DA AVEIA BRANCA ............................................... 17
1.5. ESTÁDIOS DE DESENVOLVIMENTO VEGETATIVO......................................... 17
1.5.1 ESTÁDIOS DE DESENVOLVIMENTO REPRODUTIVO .................................... 18
1.6. ADUBAÇÃO NITROGENADA ............................................................................... 18
1.7. ÉPOCA E FRACIONAMENTO DO NITROGÊNIO ................................................ 19
1.8. SISTEMAS DE SUCESSÃO DE CULTURAS ......................................................... 21
1.9. DENSIDADE DE SEMEADURA ............................................................................. 22
2. MATERIAL E MÉTODOS ........................................................................................... 25
2.1. LOCAL ..................................................................................................................... 25
2.2. CLIMA ..................................................................................................................... 25
2.3. SOLO ........................................................................................................................ 25
2.4. HISTÓRICO DA ÁREA ........................................................................................... 26
2.5. ANÁLISE DO SOLO E DE SEMENTES.................................................................. 26
2.6. DELINEAMENTO EXPERIMENTAL E TRATAMENTOS ................................... 26
2.7. CARACTERÍSTICAS DAS CULTIVARES ............................................................. 27
2.8. VARIÁVEIS ESTUDADAS ..................................................................................... 28
2.9. ANÁLISE ESTATÍSTICA ........................................................................................ 29
3. RESULTADOS E DISCUSSÃO .................................................................................... 30
CONCLUSÃO .................................................................................................................... 41
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS .............................................................................. 42
11
INTRODUÇÃO
O aumento do cultivo da aveia branca (Avena sativa L.) nos últimos anos procede
dos inúmeros benefícios que está espécie oferece ao sistema de produção, configurando ao
produtor rural uma importante cultura para uso na estação fria do ano, ocupando porção
significativa das terras disponíveis para cultivo no inverno. Ao ser implantado, esta espécie
proporciona ao sistema de manejo da unidade de produção, significativo benefício ás
condições físico-químicas do solo. Aliado a isto apresenta grande potencial de produção de
grãos, com considerável rendimento por unidade de área e elevado valor industrial, sendo
considerado um alimento funcional por sua quantidade de fibras solúveis (β–glucanas) e
também altos teores de proteína.
A qualidade da aveia é especificada em função do destino que se dá ao grão, sendo
que as indústrias de alimentos para consumo humano apresentam limites de pureza e de
tolerância sobre os componentes que acompanham o grão. Assim, o rendimento industrial dos
grãos é de fundamental importância para a comercialização da aveia, sendo que grãos bem
formados, grandes, pesados e uniformes são os desejados pela indústria que realiza o
beneficiamento.
Buscando maximizar a produção e qualidade dos grãos, torna–se necessário ajustar
os genótipos às distintas técnicas de manejo empregadas nas propriedades, podendo ser citada
os sistemas de cultivo disponíveis com diferentes culturas antecessoras e a adubação de
cobertura, buscando a maior eficiência do aproveitamento dos nutrientes pela planta. O
nitrogênio (N) é um macronutriente essencial ao desenvolvimento vegetal e se coloca como
aquele requerido em maiores quantidades. Faz parte das principais proteínas estruturais e
enzimáticas, aminoácidos e ácidos nucléicos que compõe os tecidos. Inclusive, está
intimamente associado aos processos fisiológicos mais importantes no ciclo de vida das
12
plantas, como a fotossíntese, que depende diretamente de proteínas biológicas dos
fotossistemas como a enzima rubisco, responsável pela assimilação de CO2.
Dentre os fatores do ambiente que afetam o rendimento de grãos, está a captação da
radiação solar fotossinteticamente ativa e a competição por água e nutrientes, condição que é
potencializada pela manipulação do arranjo de plantas e das características genéticas de cada
cultivar. O manejo da densidade de plantas é uma das práticas culturais mais importantes para
determinar o rendimento de grãos, pois o estande afeta a arquitetura das plantas, altera o
crescimento e o desenvolvimento e influencia na produção e partição de fotoassimilados. Daí
a necessidade de estabelecer critérios relacionados ao arranjo espacial de plantas
(espaçamento entre linhas e de plantas dentro da linha) e suas influências nos caracteres
agronômicos.
O objetivo do presente trabalho foi de buscar uma proposta inovadora de
recomendação da densidade de cultivo e uso do nitrogênio na cultura da aveia buscando maior
eficiência no aproveitamento dos estímulos ambientais na elaboração do rendimento e
qualidade industrial de grãos.
13
1. REVISÃO DE LITERATURA
1.1. IMPORTÂNCIA ECONÔMICA DA AVEIA BRANCA
A aveia branca apresenta um grande número de possibilidades de uso, o que
configura ao produtor rural uma importante cultura para uso na estação fria do ano, ocupando
porção significativa das terras disponíveis para cultivo no inverno. É utilizada principalmente,
no Centro-Sul do Brasil, para a produção de forragem, grãos e como cobertura verde (FLOSS
et al., 2007) e, também, por produzir uma ótima qualidade de palha, que proporciona boa
cobertura do solo (HARTWIG et al., 2007). Esta espécie apresenta grande potencial de
produção de grãos, com consideráveis rendimentos por unidade de área e elevado valor
industrial, sendo considerado um alimento funcional por sua quantidade de fibras solúveis (β–
glucanas) e também por seus altos teores de proteína (DE FRANCISCO, 2002). Existem
associações significativas entre o conteúdo de β‑glucana e a produtividade e o rendimento
industrial de grãos, para as distintas cultivares de aveia (CRESTANI et al. 2010).
Esta espécie pode ser utilizada como forrageira anual, a qual apresenta um
desenvolvimento uniforme e bom perfilhamento. Segundo Kichel et al., (2000), apresenta
excelente valor nutritivo, podendo atingir até 26% de proteína bruta no início do pastejo, além
de ser uma planta atóxica aos animais em qualquer estádio vegetativo. Ainda os mesmos
autores afirmam que sua produtividade varia de 10 t a 30 t de massa verde há-1, com 2 t ha-1 a
6 t há-1 de matéria seca, tendo grande importância para pecuária em geral, sendo utilizada
como pastagens hibernais aos animais, além de ser uma excelente alternativa para a produção
de feno e ensilagem de ótima qualidade e alto valor nutricional.
A produção brasileira de grãos de aveia na safra de 2013 teve uma produção 397,9
mil toneladas de grãos, com uma área semeada de 170,1 mil hectares, onde somente o estado
do Rio Grande do Sul produziu 274,9 mil toneladas, com uma área semeada de 102,5 mil
hectares e uma produção média de 2.682 quilogramas por hectare, tornando-se assim o estado
com maior produção deste cereal. Ainda, pode-se observar um aumento de 10,2% e 9,3% na
área e produção de grãos, cultivada na safra 2013 em relação à safra de 2012,
respectivamente, mostrando assim, uma crescente aceitação de cultivo deste cereal
(CONAB,2014).
1.2. IMPORTÂNCIA NUTRICIONAL DA AVEIA BRANCA
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A aveia tem recebido grande atenção por parte de médicos, nutricionistas,
consumidores e entidades reguladoras devido às suas características nutricionais, e
principalmente devido ao seu teor e qualidade das fibras alimentares (GUTKOSKI et al.,
2007). Uma dieta restrita em lipídios pode diminuir as concentrações de colesterol sérico de 5
a 10%, mas, o uso de alimentos ricos em fibra solúvel, como farelo de aveia e produtos de
feijão, pode produzir uma diminuição de 20 a 30% (SILVA et al., 2003). As b-glucanas, são
moléculas lineares compostas de ligações glicosídicas b-1,3 e b-1,4 que são componentes das
fibras solúveis presentes em grande quantidade na aveia. A cariopse de aveia contém entre
3,91 e 6,82% de b-glucanas e o farelo entre 5,81 e 8,89%. Além disto estes componentes têm
importante ação na redução do colesterol sanguíneo em indivíduos com hipercolesterolêmia
(SÁ et al., 2000).
Na alimentação humana esse cereal é consumido na forma de barras de cereais,
flocos de aveia, farinhas, biscoitos, entre outros, sendo que de acordo com estudos, as
propriedades nutricionais da aveia se referem a proteínas de qualidade e as fibras solúveis
(DE FRANCISCO, 2002). Os componentes mais importantes da fibra alimentar são as betaglucanas, localizadas nas paredes celulares dos grãos com maior concentração na subcamada
de aleurona, na camada de aleurona e no endosperma amiláceo adjacente ao embrião
(GUTKOSKI, et al., 2007). Essas fibras formam soluções viscosas e pseudoplásticas,
promovendo o aumento da viscosidade do bolo fecal e retardando a absorção de nutrientes,
podendo reduzir o pico glicêmico, e consequentemente diminuir a quantidade de LDL
colesterol no plasma sanguíneo (MIRA et al., 2009).
O consumo de farinha e farelo de aveia afeta de maneira benéfica a saúde humana
devido à elevada concentração de fibras, situada em torno de 11% (PETERSON et al., 1992)
podendo alcançar valores de até 13,86%, verificados em cultivares da região Sul do Brasil
(GUTKOSKI et al., 1999). A fibra alimentar pode ser classificada em solúvel e insolúvel em
água. A fibra alimentar solúvel da aveia é composta por pectinas, b-glucanas, mucilagens,
algumas hemiceluloses e amido resistente. Os principais componentes das fibras insolúveis
são a celulose e as hemiceluloses (WALKER et al., 1993).
Na aveia, a fibra alimentar encontra-se principalmente nos tecidos externos do grão,
com funções estruturais e de proteção. Estes tecidos contêm acima de 70% do total da fibra
alimentar,
enquanto o
endosperma
apresenta quantidades
relativamente pequenas
(MONTEIRO, 2005). Segundo Bitencourt (2007), o efeito benéfico das β-glucanas e fibras
em geral no organismo são propostos pelo fato dessas não serem digeridas pelas enzimas e,
portanto absorvidas. Fibras capazes de reduzir os teores de LDL (Lipoproteínas de Baixa
15
Densidade) na corrente sanguínea. Quando essas fibras chegam ao intestino irão interferir na
absorção de vários nutrientes pela viscosidade adquirida, promovendo retardo do
esvaziamento gástrico (JORGE & MONTEIRO, 2005). Isso ocorre com a diminuição da
absorção da glicose, assim, pessoas portadoras de diabetes, no consumo de fibra alimentar
possuem o benefício de diminuir a necessidade de insulina devido ao controle de glicose no
sangue, reduzindo as crises hipoglicêmicas (DAL MOLIN, 2011).
1.3. QUALIDADE INDUSTRIAL DA AVEIA BRANCA
Para o desenvolvimento de novos produtos de aveia, a principal preocupação está em
obter um grão adequado ao consumo humano. É necessário combinar os processos
tecnológicos que induzem a modificações físico-químicas, funcionais e nutricionais a fim de
que se obtenham produtos adequados às exigências do mercado consumidor (BARATA et al.,
2001). A qualidade industrial de grãos em aveia depende de vários fatores, que podem estar
relacionados a aspectos químicos ou físicos do grão (BOTHONA et al., 1999). Neste sentido,
GATTO, 2005 afirma que a baixa qualidade física dos grãos muitas vezes resulta em baixo
rendimento e, consequentemente, afeta a qualidade nutricional e industrial.
A qualidade da aveia é especificada em função do destino que se dá ao grão, sendo
que as indústrias de alimentos para consumo humano apresentam limites de pureza e
tolerância sobre os componentes que acompanham o grão (COMISSÃO...,2014;). Na
alimentação humana, o cereal tem sido empregado para a produção de alimentos infantis,
cereais matinais (quentes ou frios), granolas, barras de cereais, produtos forneados ou assados
(pães, biscoitos, bolos, etc.), componentes adicionais para engrossar sopas, molhos e para
aumentar o volume de produtos cárneos (De Mori; Fontaneli; Santos, 2012). Assim, o
rendimento industrial dos grãos é de fundamental importância para a comercialização da
aveia. Grãos bem formados, grandes, pesados e uniformes são os desejados pela indústria que
beneficia a aveia (ALVES e KIST, 2010).
As indústrias de alimentos para o consumo humano, com o objetivo de manter altos
padrões de qualidade, apresentam maior exigência quanto à qualidade para aquisição de
grãos, como: não ter mais que 2% de aveia-preta, PH (peso do hectolitro) igual ou superior a
50 kg.hL-1, máximo de 3% de grãos manchados ou escuros, grãos com espessura maior que 2
mm, baixos níveis de acidez e ter alto rendimento industrial (BRASIL, 1975,
COMISSÃO...,2014). Através da exigência destes parâmetros, se têm a qualidade industrial
em aveia branca. Segundo GATTO (2005) o peso do hectolitro (PH- kg.Hl-1), de maneira
16
indireta dá uma ideia da quantidade de reservas que possui o grão. Ainda, consiste em um
parâmetro utilizado para determinar a qualidade do grão de aveia, tem relação com o
rendimento industrial sendo mais direcionado ao rendimento da extração da farinha.
O índice de descasque (ID%) ou percentagem de cariopse, consiste no percentual de
grãos descascados em relação aos inteiros. Tem por objetivo determinar o rendimento
industrial, ou seja, o valor corrigido da aveia. Já o rendimento industrial (RI) representa a
quantidade de produto obtida por meio do índice de descasque (percentagem de cariopse) e a
percentagem de grãos maiores de 2 mm, representando o índice Avenacor (FLOSS et al.,
2002). Segundo Crestani et al. (2010) demonstram que o maior rendimento de grãos e
Avenacor são acompanhados pelo maior conteúdo de ß-glucanas no grão. Isto pode estar
relacionado ao fato da fração ß-glucana constituir um carboidrato estrutural componente de
parede celular, logo, o número e tamanho das células determinarão a massa de grãos,
interferindo fortemente com o rendimento de grãos e o Avenacor.
A classificação dos grãos de aveia é feita em peneira oblonga de malha com orifícios
com espessura de 2 mm de largura, sendo os de espessura inferior a 2 mm eliminados,
garantindo uma uniformidade (GATTO, 2005). A classificação dos grãos é feita eliminandose aqueles com espessura inferior a 2 mm. No Brasil, a Comissão... (2014), sugere dois níveis
de classificação: tipo 1 com no mínimo 75% dos grãos com espessura > que 2 mm; tipo 2 e
tipo 3 com menos de 75% dos grãos com espessura > que 2 mm. É importante que os grãos
apresentem espessura mais uniforme possível uma vez que o processo de descasque da aveia é
realizado por impacto.
Pesquisas em aveia revelam que de modo geral, as alterações que permitam
incrementar o pH automaticamente favorecem o aumento do %CAR. Portanto, como esses
caracteres têm associação direta com o RG e entre si de forma positiva, qualquer incremento
nestas variáveis poderá proporcionar o aumento do RG e no RGI da mesma forma. Neste
sentido krüger et al., (2010) afirmam que uma vez realizadas alterações no ambiente, pode se
esperar aumento ou redução no desempenho final, tanto nos aspectos de produção de campo
como industrial.
O processamento industrial de aveia branca, para consumo, está baseado em
procedimentos físicos como, por exemplo, a limpeza, classificação, descasque, laminação,
onde a morfologia é a característica mais influente no processamento e rendimento final (DE
FRANCISCO et al., 2002). Para a definição de qualidade física do grão em aveia, os
principais critérios têm sido peso do hectolitro, porcentagem de cariopse ou porcentagem de
17
casca, proporção de grãos primários, secundários e terciários, proporção entre grãos grandes
(moáveis) e pequenos (não moáveis) e peso do grão (Cabral et al., 2002).
1.4. ESTÁDIOS FENOLÓGICOS DA AVEIA BRANCA
Para a realização de manejos de cultivo visando um rendimento satisfatório da
cultura é importante conhecer os estádios de evolução vegetativos e reprodutivos, sabendo
assim o momento de intervir na planta com adubações (ANTONOW, 2010).
Na aveia, várias escalas têm sido usadas, no entanto, o referido trabalho esta baseado
seguindo a proposta de Counce et al., (2000) mostrada abaixo, utilizado para trigo e outras
culturas.
1.5. ESTÁDIOS DE DESENVOLVIMENTO VEGETATIVO
 V1 – Colar formado na 1ª folha do colmo principal
 V2 – Colar formado na 2ª folha do colmo principal
 V3 – Colar formado na 3ª folha do colmo principal
 V4 – Colar formado na 4ª folha do colmo principal
 V5 – Colar formado na 5ª folha do colmo principal
 V6 – Colar formado na 6ª folha do colmo principal
 V7 – Colar formado na 7ª folha do colmo principal
 V8 – Colar formado na 8ª folha do colmo principal
 V9 (VF-4) –. Colar formado na 9ª folha do colmo principal, faltando 4 folhas para o
surgimento da folha bandeira
 V10 – (VF-3) – Colar formado na 10ª folha do colmo principal, faltando 3 folhas para
o surgimento da folha bandeira.
 V11 – (VF-2) - Colar formado na 11ª folha do colmo principal, faltando 2 folhas para
o surgimento da folha bandeira.
 V12 – (VF-1) - Colar formado na 12ª folha do colmo principal, faltando 1 folha para o
surgimento da folha bandeira.
 V13 – (VF) – Colar formado na folha bandeira.
18
1.5.1 ESTÁDIOS DE DESENVOLVIMENTO REPRODUTIVO
 R0 – Iniciação da panícula
 R1 – Diferenciação da panícula
 R2 – Formação do colar na folha bandeira
 R3 – Inserção da panícula
 R4 – Antese
 R5 – Elongação do grão
 R6 – Expansão do grão
 R7 – Maturidade de um grão da panícula
 R8 – Maturidade completa da panícula
1.6. ADUBAÇÃO NITROGENADA
Considerado um dos mais importantes elementos para os organismos vivos, o
nitrogênio age na formação de ácidos nucléicos (DNA e RNA), na formação de enzimas,
aminoácidos e proteínas. Atuante no processo de fotossíntese, também mantém ação sobre a
clorofila e tem efeito na diferenciação de tecidos e na emissão de estruturas vegetativas e
reprodutivas, como gemas floríferas, frutíferas, afilhos e folhas. É absorvido pelas raízes na
forma de nitrato e amônio (MALAVOUTA; MORAES, 2007).
Um fator decisivo na qualidade e produtividade das pastagens e grãos é a adubação,
principalmente a nitrogenada, pois segundo Fernandes e Rossiello (1986), as gramíneas
tropicais, têm alta capacidade fotossintética, usam água eficientemente, e respondem ao
nitrogênio com altas taxas de crescimento (MOTA, 2008). Há um grande interesse no
desenvolvimento de cultivares de aveia e práticas de manejo das culturas que respondam a
uma habilidade de utilização de nitrogênio para que possa aumentar a produtividade de grãos
com o uso mais eficiente deste nutriente (SCHUCH, 1999). Conforme Zagonel et al. (2002), a
utilização de elevadas doses de nitrogênio é fator positivo para o aumento da produtividade do
trigo, porém, pode resultar no acamamento da cultura, o que interfere negativamente na
produção e na qualidade dos grãos. Alguns sintomas da falta desse nutriente se observam
visualmente como a clorose generalizada (amareladas). Em situações onde as restrições são
mais severas as folhas tornam-se amarelas por completo, e ficam marrons quando morrem e
algumas plantas exibem coloração púrpura devido à acumulação de antocianinas (BISSANI,
2004). O aumento no aproveitamento da adubação nitrogenada pode ser obtido por vários
19
meios, dentre eles destaca-se a utilização de doses e épocas adequadas, a aplicação de modo
correto, usando a fonte mais apropriada às condições do solo e água, a rotação de culturas, o
uso de inibidores de uréase e da nitrificação (MALAVOLTA, 2006). A eficiência de uso do N
pode ser aumentada com a adoção de práticas de manejo apropriadas, como o uso de dose
adequada e aplicação na época apropriada (FAGERIA et al., 2007).A falta ou insuficiência
deste componente pode causar a morte prematura de folhas, facilmente reconhecidas pela
coloração marrom (BISSANI, 2008), além de retardar o crescimento da planta (MOTA,
2008).
Para tanto, é necessário estabelecer os estádios fenológicos da cultura, em que a
aplicação de N propicie as melhores interações (WAMSER e MUNDSTOCK, 2007;) e evite
as perdas para o ambiente.
Segundo Almeida et al. (2002) e Valério et al., (2009), a adubação nitrogenada é
importante para a emissão, desenvolvimento e sobrevivência dos afilhos sendo que estes tem
grande participação no rendimento. A recomendação para a aplicação de N em cobertura tem
relação com o processo de afilhamento, afetando a emissão e a sobrevivência de afilhos
(MUNDSTOCK e BREDEMEIER, 2001). A alta disponibilidade de N, no início do
desenvolvimento, pode estimular a maior emissão dessas estruturas (LONGNECKER et al.,
1993), enquanto que a aplicação de N, antes da expansão dos entrenós, incrementa a
sobrevivência dos afilhos já emitidos. A época de aplicação do nitrogênio em cobertura
também influência na produção e manutenção de afilhos, bem como, na maturação das
plantas.
1.7. ÉPOCA E FRACIONAMENTO DO NITROGÊNIO
A aplicação da adubação nitrogenada em cobertura na cultura da aveia, nos Estados
do Rio Grande do Sul e Santa Catarina, é indicada no período de início do afilhamento
(quarta-folha visível). A dose indicada varia conforme o teor de matéria orgânica do solo, o
precedente cultural, e a expectativa de rendimento de grãos pelo produtor, a qual sofre
interações de vários fatores de produção e condições climáticas, nesse caso, deve-se
considerar a disponibilidade de água no solo, temperatura do ar e do solo, época de semeadura
e estatura da planta para uma maior eficiência da adubação (COMISSÃO...,2014). Na tabela
abaixo encontram-se as indicações técnicas de adubação nitrogenada (kg ha-1) para o estado
do Rio Grande do Sul e Santa Catarina para uma expectativa de rendimento de três toneladas
20
de produção de grãos. Ressalta-se que dos valores que constam na (Tabela 1), 10 a 20 kg ha -1
devem ser aplicados em semeadura. Em cultivo de grãos, o restante da dose deve ser aplicado
em cobertura, no inicio do afilhamento (quarta folha visível), e em cultivos de aveia
forrageira, a dose de N em cobertura deve ser parcelada no inicio do afilhamento e após cada
utilização da pastagem. Em solos com teor de matéria orgânica maior que 5,0%, a adubação
de semeadura não é indicada (CQFS-RS/SC, 2004).
Tabela 1. Indicação técnica de adubação nitrogenada para a produção de três toneladas de
grãos por hectare de aveia branca nos estados do Rio Grande do Sul e Santa Catarina(1).
Matéria Orgânica do solo
(%)
≤ 2,5
2,6 - 5,0
˃ 5,0
Cultura Precedente
Leguminosa (soja)
Gramínea (milho)
Aveia Branca (N kg ha-1)
60
90
50
70
≤ 40
≤ 50
(1)
Para expectativa de rendimento maior do que 3,0 t ha-1, acrescentar, aos valores de, 20 Kg de N ha-1 após o
cultivo de leguminosa e 30 Kg de N ha-1 após o cultivo de gramínea, por tonelada adicional de grãos a ser
produzida.
Fonte: Comissão Brasileira de Pesquisa de Aveia Fundação ABC (2014).
Várias pesquisas sobre aveia branca têm em seu método, a aplicação de nitrogênio no
início do afilhamento da planta, ou entre a emergência da terceira e quarta folha (MATIELLO
et al., 1997, KOLCHINSKI e SCHUCH, 2002, , CABRAL et al., 2002). Segundo estudo
realizado por Viera et al. (2009) analisando diferentes épocas de aplicação de nitrogênio, a
aveia pela sua ampla capacidade de afilhamento, mesmo em doses reduzidas de nitrogênio e
precedente cultural restritivo para este nutriente apresentou adequadas produções, mantendo
estável o seu rendimento de grãos. Bredemier e Mundstock (2001), estudando períodos de
desenvolvimento e os componentes de produtividade de duas cultivares de trigo, pela
suplementação de nitrogênio em cobertura, concluíram que o tratamento com nitrogênio
aplicado mais tardiamente (estádio de desenvolvimento fenológico 17 - emissão da sétima
folha) estimulou a sobrevivência de maior números de colmos, sendo que em estádios de
desenvolvimento posteriores, a disponibilidade de nitrogênio apresenta efeitos positivos na
qualidade de grãos.
Em milho, Duete et al. (2009), verificaram que os maiores valores de produtividade
de grãos foram obtidos para a dose 135 kg ha-1 de N, porém parcelada em três aplicações.
Silva et al (2012), estudando três épocas de aplicação de N parceladamente e quatro doses de
N em dois sistemas de cultivo na cultura do trigo constatou que independente do sistema de
21
cultivo, foi detectado que as maiores produtividades foram obtidas na ausência de
fracionamento do nitrogênio. Em estudos com milho Cancellier et al. (2011), encontraram
efeito favorável no parcelamento da adubação, comparativamente à aplicação total em
semeadura e/ou cobertura. A época correta de aplicação do nitrogênio é fundamental para
incrementar o rendimento de grãos, pois aplicações muito precoces ou muito tardias podem
ser pouco aproveitadas pelas plantas (SILVA et al., 2005).
1.8. SISTEMAS DE SUCESSÃO DE CULTURAS
A sucessão cultural consiste em suceder espécies vegetais, no correr do tempo, em
uma mesma área agrícola. As espécies escolhidas devem ter propósitos comerciais e de
manutenção ou recuperação do meio ambiente. Na região noroeste do estado do Rio Grande
do Sul, para culturas de inverno normalmente têm-se dois tipos de precedente cultural: milho
e soja (ANTONOW, 2010). Em função do tipo de resíduo remanescente do precedente
cultural se tem dinâmicas diferentes de decomposição, e em especial devido a sua relação
C/N, além de outros fatores (HEAL et al., 1997). Essas diferentes dinâmicas de nitrogênio no
solo interferem no desenvolvimento das plantas principalmente se esta for da família das
poaceas.
A fonte principal de nitrogênio para as plantas é o solo, e neste o nitrogênio está
ligado à matéria orgânica, a qual é considerada um componente-chave para o ecossistema
terrestre, pois a sua qualidade tem efetiva variação sobre os processos do sistema (SÁ et al.,
2007). O resultado do rendimento de grãos de aveia branca sofre influência de vários fatores,
inclusive do sistema de sucessão ou precedente cultural.
A cultura da soja (Glycine max (L.) Merr), pertencente à família das fabáceas,
possuem fixação de N biológica, ou seja, fixam N atmosférico através da simbiose com
bactérias que se alocam nas raízes, aumentando o teor de proteína nos tecidos e assim
reduzindo a relação C/N o que facilita a liberação de N para as culturas posteriores. Assim,
principalmente no sistema de plantio direto a relação C/N dos resíduos culturais permanecem
no solo, tendo a soja uma relação C/N baixa (SILVA et al., 2006). Já na cultura em resíduo de
milho, o mesmo possui uma substância de difícil degradação chamada lignina, ocorrendo
assim uma alta relação C/N, o que tende a reduzir a disponibilidade de nitrogênio (CERETTA
et al., 2002). Em trabalho conduzido por Martins (2009) verificou-se que a cultura da aveia
sob palhada de milho não tende a acamar como sob a palhada de soja. Neste sentido quando o
22
cultivo precedente á aveia for o milho, deve-se aplicar maior quantidade de N em semeadura.
Isso é indicado para suprir as necessidades dos microorganismos decompositores de resíduos
culturais deste ou de outro cereal que apresente elevada relação carbono/nitrogênio
(COMISSÃO, 2014).
1.9. DENSIDADE DE SEMEADURA
A população de plantas é um dos fatores que se destacam em afetar a produtividade,
pois influi diretamente nos componentes de produção. A quantidade de sementes
recomendada é de 200 a 300 sementes viáveis m-2. Na semeadura tardia e regiões mais
quentes, deve ser utilizada a densidade maior, pois é menor o afilhamento, e para semeadura a
lanço, utilizar 20% a mais de semente. Na produção forrageira e cobertura de solo, utilizar
350-400 sementes viáveis m2 para uma cobertura rápida do solo e produção precoce de
forragem (Comissão..., 2014;).
A identificação do número ideal de indivíduos por unidade de área, bem como qual
densidade é mais estável e responsiva a melhoria da qualidade do ambiente, pode determinar
o máximo rendimento de grãos, com o balanço ideal dos componentes do rendimento, sem o
risco de ter excesso ou falta de plantas (MUNDSTOCK, 1999; VALÉRIO et al., 2008). Sendo
assim, o efeito da competição entre plantas, é determinante na produção de afilhos, com
implicações diretas no rendimento de grãos e seus componentes (OZTURK et al., 2006).
Neste contexto Almeida et al., (2000) consideram que o contínuo melhoramento genético da
cultura da aveia tem modificado, significativamente, a arquitetura de planta através de
redução na estatura e na área foliar, entre outras características. Isto é particularmente
importante para o cultivo de aveia, onde programas de melhoramento genético têm colocado
grande esforço no desenvolvimento de cultivares mais produtivas, capazes de explorar melhor
o ambiente disponível (THOMÉ et al., 2001).
Essas mudanças podem alterar a resposta das cultivares à população de plantas e,
portanto, serem necessárias recomendações particulares para cada grupo de cultivar
(FONTANIVA , 2011). Mundstock, Galli (1994) salientam que a competição de plantas de
aveia tem efeitos diretos sobre o crescimento e desenvolvimento e pode afetar o potencial de
rendimento da cultura. A população de plantas, em função de alguns fatores (potencial
genético, radiação solar, disponibilidade de água e nutrientes, incidência de pragas, doenças e
plantas daninhas), pode implicar no desempenho da cultura da aveia destinada para a
produção de grãos (ABREU, 2001).
23
Os efeitos de ambiente e de manejo sobre a expressão da capacidade de afilhamento
têm sido estudados em diversos trabalhos, e a densidade de semeadura foi identificada como
uma das técnicas culturais que mais influenciam o rendimento de grãos e seus componentes
(OZTURK et al., 2006; SPARKES et al., 2006). A maximização do rendimento de grãos em
relação à densidade de semeadura está fortemente relacionada ao potencial do genótipo em
produzir afilhos férteis, o que também influencia, de forma direta, o número de espigas em
trigo produzidas por unidade de área (OZTURK et al., 2006).
Em trabalho realizado com aveia branca Fontaniva, (2011) afirma que valores de
densidade de semeadura ao redor de 550 sementes m2 promovem efeitos pronunciados na
expressão máxima de rendimento biológico e de grãos. Mesmo que, sobre o rendimento de
palha a densidade ideal se mostre bastante inferior, a mais elevada sugerida recai em
contribuição simultânea de elevada palhada no processo de reposição de nutrientes e da
energia direcionada a produção de panículas com maior qualidade provenientes da planta-mãe
ou daquelas que produziu poucos afílhos. Portanto, colaborando a densidade proposta para
cultivares de ciclo curto e de elevado potencial de produção de grãos sugere um índice de
colheita ao redor de 50 a 54%. Almeida et al. (2003) reportaram que a densidade de cultivo de
50 a 500 plantas m-2 em cultivares de aveia obsoletas de ciclo médio a tardio avaliadas na
década de 90, mostraram pouca contribuição no rendimento de grãos, porém, com maior
direcionamento de fotoassimilados ao colmo principal. Em trigo, Zagonel et al. (2002),
constataram que altas densidades de plantas evidenciaram fator positivo no aumento da
produtividade. Para a aveia UPF 18 (ciclo tardio) o acréscimo na população de plantas
determinou na maior produção de biomassa total (ABREU et al., 2006).
O uso de uma densidade adequada permite que uma espécie se desenvolva mais
rapidamente e cubra o solo de maneira mais eficiente, ocasionando menor interferência com
as plantas daninhas (KARAM, 2010). Aliado a isto, a rápida cobertura do solo pelo ajuste do
dossel pode favorecer um melhor aproveitamento de luz e nutrientes, (FLECK et al., 2009;
KRÜGER et al., 2011).
A variação do grau de competição entre plantas de aveia provoca uma adaptação
morfológica devido à ocorrência de maior ou menor disponibilidade de espaço entre as
mesmas, com variável oferta de luz, água e nutrientes por planta (GALLI, MUNDSTOCK,
1996). Nas maiores populações de plantas de aveia branca a competição intraespecífica se
acentua (ABREU et al., 2001; 2002; 2003) reduzindo o perfilhamento e a biomassa por
planta. Isso indica que os aumentos lineares observados na biomassa por área devem-se ao
aumento no número de plantas.
24
Em trigo considerável aumento de produtividade de grãos foi obtido com o emprego
de 500 a 600 sementes m-2 (SILVEIRA et al., 2010). Neste sentido em trabalho realizado com
aveia branca Silva et al., (2012) afirma que valores de densidade de semeadura ao redor de
550 sementes m-2 promove efeitos pronunciados na expressão máxima de rendimento
biológico e de grãos.
Em girassol a densidade de plantio recomendada varia em torno de 40.000 a 45.000
plantas há-1 (RECOMENDAÇÕES TÉCNICAS PARA O CULTIVO DO GIRASSOL, 2009).
Porém estudos realizados sobre o uso de maiores densidades entram em contradição com a
recomendação. Segundo Silva et al. (2002) estudando cultivares de girassol de ciclo mais
curto e porte mais baixo obteve como resposta uma elevação no rendimento de grãos de
acordo com o aumento da densidade, tendo um aumento de 12% optando por uma densidade
de 50.000 plantas/ha. Já referente à qualidade do óleo do grão de girassol teve um aumento no
rendimento de 29% com o aumento da densidade para 70.000 plantas/ha.
Desta forma, o ajuste da densidade ideal nas condições de cultivo pode determinar
alterações do platô de rendimento de grãos. Resposta também observada em outras culturas
como soja, milho e trigo (LIMA et al., 2008; STRIEDER et al., 2008; SILVEIRA et al.
2010).
25
2. MATERIAL E MÉTODOS
2.1. LOCAL
O experimento foi conduzido em condições de campo, no Instituto Regional de
Desenvolvimento Rural (IRDeR), localizado no Município de Augusto Pestana – RS, durante
ano agrícola de 2013. O IRDeR está situado a 280 26’ 30” de latitude sul e 540 00’ 58” de
longitude oeste no Meridiano de Greenwich e apresenta altitude de aproximadamente 400
metros.
2.2. CLIMA
O clima da região segundo a classificação de Köppen é cfa, ou seja, um clima
subtropical úmido, com verão quente sem estiagem típica e prolongada. Os meses de janeiro e
fevereiro são os meses mais quentes do ano, com temperatura superior a 22 0C, enquanto que
em junho e julho são os meses mais frios do ano, com temperatura inferior a 3 0 C. As
observações meteorológicas registradas na estação experimental do IRDeR, registram
precipitações pluviométricas de aproximadamente 1600 mm ano -1, com tendência de maiores
precipitações na estação do outono-inverno. Os dados agrometeorológicos foram obtidos pela
Estação Total Automática instalada a 200 metros da implantação do experimento ou Estação
Meteorológica do município mais próximo, na obtenção de dados como:
Tmax – Temperatura máxima (ºC ).
PP – Precipitação pluviométrica (mm).
Os dados agrometeorológicos são necessários para entender o comportamento
e a resposta da planta em relação ao ambiente onde a mesma é cultivada.
2.3. SOLO
O solo da área experimental é classificado como Latossolo Vermelho Típico,
originário do basalto da formação da Serra Geral, caracteriza-se por apresentar perfil profundo
de coloração vermelha escura, textura argilosa com predominância de argilominerais 1:1 e
óxi-hidróxidos de ferro e alumínio.
26
2.4. HISTÓRICO DA ÁREA
Na área experimental situada no IRDeR, o sistema de semeadura direta na palha vem
sendo adotada a 15 anos. A referida área apresenta como características gerais uma boa
estrutura e drenagem, tendo como cultura antecedente ao plantio da aveia parte coberta com
restos culturais de soja e a outra parte coberta com a palhada de milho.
2.5. ANÁLISE DO SOLO E DE SEMENTES
Por volta de dez dias antes da semeadura, foi realizada análise de solo nas condições
de estudo envolvendo área com resíduo de milho e soja como cobertura residual. A coleta da
amostra de solo foi procedida com coleta de sub-amostras numa profundidade de 0 - 10 cm.
Estas sub-amostras foram retiradas com ajuda de um trado holandês e obtidas através de
caminhamento em zig-zag na área experimental, identificando as seguintes características
químicas do local: pH = 6,2; P = 33,9 mg dm-3 ; K =200 mg dm-3 MO = 3,4%; Al= 0 cmolc
dm-3 ; Ca = 6,5 cmolc dm-3 e Mg = 2,5 cmolc dm-3. A análise de sementes foi realizada com o
objetivo de verificar as condições de germinação, vigor e sanidade do lote de sementes
utilizado no experimento, onde os valores de germinação e vigor deram 85% e 90%,
respectivamente. Sendo assim colocou-se um acréscimo de 15% em cada densidade para
compensar a diferença de germinação e vigor.
2.6. DELINEAMENTO EXPERIMENTAL E TRATAMENTOS
O experimento ficou disposto na forma de blocos casualizados com quatro repetições
de arranjo fatorial simples (3 x 2), para densidades de semeadura (300, 500 e 700 sementes
m²) e o modo de aplicação de nitrogênio em cobertura (dose cheia no estádio V 4 e fracionada
nos estádio V4 e R1 ), com 70 e 30% deste particionamento, respectivamente, na expectativa
de rendimento de 4 t ha-1.
O ajuste de plantas por metro linear no experimento para as distintas densidades em
m-2 foi de: 300 (69 sementes m-1), 500 (115 sementes m-1) e 700 (161 sementes m-1), com um
espaçamento entre linhas de 0,20 m. Os estudos foram conduzidos em dois sistemas de
cultivo, envolvendo a cobertura de solo com resíduo vegetal de elevada e reduzida relação
Carbono/Nitrogênio, no sistema de sucessão milho/aveia e soja/aveia, respectivamente. A
27
semeadura foi realizada no mês junho dentro da indicação técnica da cultura, com semeadoraadubadora em que cada parcela foi constituída de 5 linhas de 5 m de comprimento e
espaçamento entre linhas de 0,20 m, correspondendo a uma unidade experimental de 5 m2.
A dose de adubação nitrogenada fornecida na base e nas diferentes épocas em
cobertura foi definida respeitando as indicações técnicas da cultura da aveia pelo tipo de
precedente cultural, teor de matéria orgânica do solo e da expectativa de rendimento,
considerada de 4 t ha-1. Portanto nos sistemas soja/aveia e milho/aveia foi direcionada uma
dose integral na ausência de parcelamento de 70 e 100 kg ha -1 de N, respectivamente. Na
condição com fracionamento foram direcionados estes valores em seus respectivos sistemas
na proporção 70% no estádio V4 e 30% no estádio R1, respectivamente. O controle de insetos
e moléstias foi realizado de acordo com o nível de dano de cada espécie, através de
pulverizações de moléculas químicas de efeito significativo. Já o controle de plantas invasoras
foi realizado de acordo com a necessidade, mediante aplicação de herbicida e/ou capina
manual.
A colheita dos experimentos para a estimativa do rendimento de grãos em cada
sistema de cultivo ocorreu de forma manual, realizando o corte das três linhas centrais de cada
parcela, que após foram trilhadas em colheitadeira estacionária e direcionadas ao laboratório
para correção da umidade de grãos e pesagem para estimativa da produtividade, convertida
para a unidade de um hectare e demais avaliações estatísticas.
2.7. CARACTERÍSTICAS DAS CULTIVARES
 URS-Taura
 Obtentor: UFRGS (Universidade Federal do Rio Grande do Sul)
 Classe comercial: Branca indústria
 Região de adaptação: Região Sul e SP
 Estatura: Baixa
 Ciclo: Precoce/médio
 Fertilidade do Solo: Média/Alta
 Nitrogênio de cobertura: 80 a 100 kg ha-1
 Densidade de semeadura: 400 sementes m-2
 PMS (Peso de mil sementes g-1): 29
 Floração (dias): 79
 Maturação (dias): 116
28
 Ferrugem da Folha: Resistente
 Ferrugem do Colmo: Suscetível
 URS-Tarimba
 Obtentor: UFRGS (Universidade Federal do Rio Grande do Sul)
 Classe comercial: Branca indústria
 Região de adaptação: Região Sul e SP
 Estatura: Alta
 Ciclo: Precoce/médio
 Fertilidade do Solo: Média/Alta
 Nitrogênio de cobertura: 60 a 70 kg ha-1
 Densidade de semeadura: 300 sementes m-2
 PMS (Peso de mil sementes g-1): 29,3
 Floração (dias): 78
 Maturação (dias): 115
 Ferrugem da Folha: Moderadamente Resistente
 Ferrugem do Colmo: Moderadamente Resistente
2.8. VARIÁVEIS ESTUDADAS
Foram analisados, tanto a campo como em laboratório, os seguintes caracteres que
compõem o rendimento da cultura:
– Rendimento de grãos (RG (kg ha-1)): para estimativa do rendimento de grãos foi
utilizada a massa de grãos provenientes da colheita das três linhas centrais de cada parcela
visando coibir o efeito de borda e posteriormente se fez a correção para hectare.
– Massa de mil grãos (MMG(g)): para avaliação da massa de mil grãos contou-se
250 grãos, após isso foi realizado a pesagem em balança de precisão, e posteriormente se fez a
correção proporcionalmente para mil grãos.
– Massa do hectolitro (MH(kg hl-¹)): para estimativa da massa do hectolitro foi
utilizada a massa de grãos proveniente da colheita de cada parcela.
– Percentagem de grãos maiores que dois mm (% Grãos > 2 mm(n)): a percentagem
de grãos maiores de dois mm, é mensurada com o auxilio de peneira com malha de dois
milímetros, onde são peneirados cem grãos, aqueles que permaneceram acima da peneira
corresponderam aos grãos maiores que dois mm. Posteriormente, é feito a razão entre o peso
dos grãos que permaneceram na peneira e o peso total e multiplicado por cem.
29
– Índice de descasque (ID(10-4g)): foi determinada a partir da obtenção dos grãos
maiores que 2 mm onde foram contados cinquenta grãos dos que ficaram acima da peneira e
posteriormente foram pesados e descascados (cariopses) e novamente pesados, a razão entre a
massa dos grãos sem casca e dos grãos inteiros multiplicado por cem determinou este
componente.
- Rendimento de grãos industrial (RGI (kg ha-1)): é o produto da percentagem de
cariopse com a percentagem de grãos maiores que dois milímetros e o rendimento de grãos
total, (%CAR x % Grãos > 2 mm x RG).
2.9. ANÁLISE ESTATÍSTICA
Os dados foram submetidos à análise de variância (ANOVA) para detecção da
presença ou ausência de interação entre os fatores. Com base nestas informações procedeu-se
o teste de comparação de médias por SCOTT & KNOTT (1974) em nível de 5% de
probabilidade de erro com a ajuda do software GENES (CRUZ, 2001). Após foram obtidas
equações de regressão de grau um com interpolação para obtenção de pontos a fim de definir
equações de grau dois na proposição de encontro da densidade ideal.
30
3. RESULTADOS E DISCUSSÃO
Na tabela 2 do resumo da analise de variância no sistema soja/aveia para a cultivar
URS Taura, percebe-se que o fracionamento de nitrogênio (N) foi significativo em alterar os
caracteres rendimento de grãos (RG) e massa de mil grãos (MMG), inclusive com valores
elevados de quadrado médio, mostrando maior alteração destes caracteres quando realizado o
fracionamento do nitrogênio nesta cultivar. Tal fato reporta Barbosa Filho et al. (2004, 2005),
que afirmam que aplicar N duas ou três vezes na cultura do feijão resulta em um rendimento
de grãos significativamente maior do que aplicá-lo apenas uma vez. Além disto, Sangoi et
al.(2007), na cultura do trigo verificaram que o parcelamento da adubação nitrogenada
implica em maior recuperação do nutriente pela planta e maior produtividade quando
comparados com uma única aplicação. Já para a fonte de variação densidades os caracteres
que sofreram alteração quando realizado manejo da mesma foram o índice de descasque (ID)
e o rendimento de grãos industrial (RGI), reportando que esta variável possui maior influencia
sobre os componentes de produção ligados a indústria. Ressalta-se ainda que para a cultivar
Taura, neste sistema não houve interação entre as duas variáveis testadas. Abreu & Schuch;
Maia (2002) constataram redução no índice de colheita com o aumento na população de
plantas, enquanto Schuch et al. (2000a) observaram acréscimo no índice de colheita em
populações mais elevadas de aveia.
Analisando a cultivar URS Tarimba no sistema soja/aveia (Tabela 2), apenas o
caráter massa do hectolitro (MH), mostrou diferença estatística quando realizado
fracionamento de N. Além disto, destaca-se que a fonte de variação densidades, foi
significativo em alterar os caracteres RG, ID e RGI, alertando para a existência de uma
densidade ideal para maximizar a expressão destes caracteres. Almeida et al. (2011)
estudando o efeito da aplicação de N no florescimento em trigo, afirmam que os tratamentos
que receberam aplicações de N por ocasião do florescimento apresentaram resultados
superiores de MH em relação aos tratamentos que não receberam a adubação de N neste
estádio, porém em relação ao rendimento de grãos, não houve diferença significativa com a
aplicação de N no florescimento. Já Sangoi et al. (2007) não encontraram efeito significativo
da época de aplicação de nitrogênio em cobertura sobre o teor de proteína nos grãos de trigo.
Em trigo, Zagonel et al. (2002), reportaram que altas densidades de plantas favoreceram no
aumento da produtividade de grãos.
31
Tabela 2: Resumo da analise de variância para os caracteres de interesse agronômico e
industriais da aveia branca com o uso do fracionamento de nitrogênio e
diferentes densidades de semeadura em dois sistemas de cultivo.
IRDeR/DEAg/UNIJUI,2014.
Fonte de Variação
GL
RG
(Kg ha-1)
Bloco
Fracionamento (FN)
Densidade (D)
FN X D
Erro
Total
Média Geral
CV (%)
3
1
2
2
15
23
45190
375250*
5043
85501
36007
Bloco
Fracionamento (FN)
Densidade (D)
FN X D
Erro
Total
Média Geral
CV (%)
3
1
2
2
15
23
Fonte de Variação
GL
RG
(kg ha-1)
Bloco
Fracionamento (FN)
Densidade (D)
FN X D
Erro
Total
Média Geral
CV (%)
3
1
2
2
15
23
19014
42672
252772*
160265
27025
Bloco
Fracionamento (FN)
Densidade (D)
FN X D
Erro
Total
Média Geral
CV (%)
3
1
2
2
15
23
Quadrado Médio sistema soja/aveia
MH
MMG
NG>2mm
ID
(kg hl-¹)
(g)
(n)
(10-4g)
URS Taura
0,15278
0,78
6,93
1,4
2,04
22,77*
7,04
0,4
0,29
3,34
98,79
38,8*
2,04
1,26
33,79
6,1
0,85
0,41
4,59
2,1
3942
4,81
54,54
1,69
11981
199837
232679*
16959
35176
1,93
26,04*
7,54
0,04
0,39
4002
4,68
31,30
71,2
2,06
3,01
URS Tarimba
1,88
50,15
0,015
63,37
5,25
131,16
0,00049
45,5
0,61
13,85
53,70
1,34
6139
147580
209106*
1871
29557
0,61111
0,66667
0,4167
0,54167
0,27778
4053
4,24
53,58
0,98
14421
73151
197212*
20358
4745
0,75
1,91
2102
3,27
3,4
0,2
1,9*
55
6,3
19699
7597
134341*
27268
8586
53,95
31,58
68,95
0,73
1,16
2,49
5,39
3,42
Quadrado Médio sistema milho/aveia
MH
MMG
NG>2mm
ID
(kghl-¹)
(g)
(n)
(10-4g)
URS Taura
1,48
0,40
1,44
2,7
*
*
0,37
9,27
160,16
8,2
2,66
0,31
33,04
10,8
1,50
1,5
9,04
3
0,51
0,54
7,77
3
4202
3,91
RGI
(kg ha-1)
2005
4,61
RGI
(kg ha-1)
2238
25545
169585*
33100
11337
34,56
77,83
2,13
3,58
URS Tarimba
5,22
5,94
1,39
4,16
1,73
80,37
1,14
0,54
0,30
3,51
0,70
2,44
2315
4,59
1,2
37,5*
21,1
7,1
1,5
4718
113162*
183617*
9085
10992
34,08
1,63
0,73
1,64
2242
4,67
75,25
2,49
*Significativo a 5% de probabilidade; GL= Grau de Liberdade; CV= Coeficiente de Variação; RG= Rendimento de Grãos;
MH= Massa do hectolitro; MMG= Massa de mil grãos; NG>2mm= Numero de grãos maiores que 2mm; CAR= Percentual
de cariopse; RGI= Rendimento de grãos industrial.
No sistema milho/aveia (Tabela 2) condição de alta relação C/N, para a cultivar
Taura o fracionamento do N foi significativo em alterar os valores dos caracteres MMG e
32
numero de grãos maiores que dois milímetros (NG>2mm), mostrando que estas variáveis
sofrem maior alteração quando realizado o fracionamento de N ao invés da aplicação total em
uma única época. Neste sentido, Bredemeier e Mundstock (2001) verificaram que os melhores
resultados na produtividade de trigo têm sido normalmente obtidos com aplicações
combinadas de N na semeadura, no início do afilhamento e na fase de alongamento dos
entrenós. Entretanto, estes autores comentam que em outras situações, não ocorrem diferenças
entre a aplicação de única dose na semeadura ou de doses fracionadas, em quaisquer estádios
de desenvolvimento da planta. Além disto, a fonte de variação densidade mostrou-se
significativo em alterar os valores de RG e RGI, propondo a existência de uma densidade
ideal de semeadura para esta cultivar atingir a magnitude expressa destes caracteres neste
sistema de cultivo. Segundo Pereira et al. (2013), em estudos com a cultura do milho
comprovaram que densidades de semeadura influencia diretamente na produtividade de grãos,
obtendo, inclusive, uma maior produtividade com densidades superiores a recomendadas.
Para a cultivar Tarimba (Tabela 2) neste sistema, observa-se que o fracionamento de
N foi significativo apenas em alterar os valores de ID e RGI. Observa-se de forma geral que o
fracionamento de nitrogênio pode alterar os valores dos caracteres ligados a indústria,
principalmente sobre os sistema milho/aveia. Porem Ayoub et al. (1994) constataram que o
parcelamento da dose de N afeta a quantidade de proteínas, mas não a qualidade dos grãos de
trigo. Marchetti et al. (2001) avaliando o efeito da adubação nitrogenada, verificaram que a
adição de N aumentou o rendimento de massa seca e o número de espigas em duas cultivares
de trigo. Ressalta-se ainda que a fonte de variação densidade foi significativo para a alteração
das variáveis RG e RGI, neste sistema de cultivo. A. Höfs et al.(2004) estudando a densidade
de semeadura em arroz, afirma que a variação na densidade de semeadura não afetou a
uniformidade de maturação, o rendimento de grãos inteiros e a massa de mil grãos.
Na tabela 3 do teste de médias para o fracionamento de N alterou significativamente
as médias de RG no sistema soja/aveia, para a cultivar Taura, , inclusive com média de
produção atingindo a expectativa de produção proposta no inicio do trabalho, sendo portanto,
indicado para esta cultivar a realização do fracionamento neste sistema quando se pretende
atingir médias elevadas de produção. Em contrapartida Sangoi et al. (2008) verificaram que a
aplicação precoce do N em trigo estimulou uma maior produção de grãos por área do que com
aplicações mais tardias, o que contribuiu para os maiores valores de RG obtidos nestas
épocas. Ainda Sangoi et al. (2007) observaram, na cultura do trigo, que a aplicação precoce
do nitrogênio em cobertura estimulou o afilhamento que contribuiu no RG, sendo que quando
33
o N foi aplicado no estádio 3,5 estas estruturas contribuíram com 37,1% do rendimento final e
com a aplicação do N no emborrachamento, este percentual caiu para 26,5%.
Na cultivar Tarimba (Tabela 3), o único caráter que alterou as médias quando
realizado fracionamento foi a MH, sendo que os demais caracteres avaliados não sofrem
alteração nas médias de produção quando aplicado todo o N de uma única vez ou parcelado.
Sabe-se que quanto maior o valor da MH, maior a aceitação e valorização de mercado do
produto (MAZZUCO et al., 2002), no caso do trigo, mas também influência na
comercialização da aveia, mesmo que o principal fator requerido pela indústria seja grãos
maiores que 2mm (UBESSI et al. 2013). Neste sentido Bredemeier e Mundstock (2001)
observaram em trigo que aplicações tardias de N (emborrachamento) resultaram em menores
rendimentos de grãos, mas, propiciou melhor formação dos grãos, o que se refletiu na sua
massa. Ainda Kolchinski & Schuch (2003a) em estudo com aveia também observaram que a
disponibilização da adubação nitrogenada em diferentes épocas não afetou a massa
hectolítrica, que manteve valores constantes.
Tabela 3: Teste de comparação de médias para os caracteres de interesse agronômicos e
industriais sob o uso do fracionamento de nitrogênio em aveia branca em
distintos sistemas de cultivo. IRDer/DEAg/UNIJUÍ, 2014.
RG
Genótipo
Fracionamento
-1
(kg ha )
MH
MMG
NG>2mm
ID
RGI
(kg hl-¹)
(g)
(n)
(%)
(kg ha-1)
Sistema soja/aveia
URS Taura
URS Tarimba
URS Taura
URS Tarimba
V4/0
3817 b
54 a
30,32 b
71 a
74 a
2047 a
V4/E
4067 a
54 a
32,27 a
70 a
75 a
2157 a
52 b
V4/0
4093 a
31,55 a
67 a
73 a
2023 a
V4/E
3911 a
55 a
31,60 a
Sistema milho/aveia
70 a
72 a
1988 a
V4/0
4160 a
53 a
35,18 a
80 a
70 a
2348 a
V4/E
4245 a
53 a
33,94 b
75 b
71 a
2282 a
V4/0
4132 a
53 a
33,84 a
74 a
74 a
2310 a
V4/E
3975 a
53 a
34,32 a
75 a
72 b
2173 b
Médias seguidas pela mesma letra na coluna não diferem entre si na probabilidade de 5% de erro pelo teste de Scott e knott.
RG= Rendimento de grãos; MH= Massa do hectolitro; MMG= Massa de mil grãos; NG>2mm= Grãos maiores que 2 mm;
CAR= Percentual de cariopse; RGI= Rendimento de grãos industrial.
No sistema milho/aveia (Tabela 3), a cultivar Taura apresentou um decréscimo nas
médias do MMG e NG>2mm, quando realizado fracionamento de N, sendo portanto para esta
cultivar indicado a aplicação de N todo no momento proposto pela indicação da cultura, que é
34
na quarta folha completamente expandida, quando manejada neste sistema de cultivo. Os
demais caracteres avaliados não sofreram alteração quando aplicado o N todo de uma única
vez ou parceladamente, mantendo-se assim estável a produção. Neste sentido avaliando RB e
RG em cevada durante 2 anos, Poletto (2004) constatou sobre resteva de milho, acréscimo no
nestas variáveis à medida que se incrementou N na semeadura e no afilhamento, entretanto,
no ano de 2002, o fracionamento da adubação não promoveu este efeito, supondo nesta
condição que o ano teve grande influencia.
Para a cultivar Tarimba (Tabela 3), os caracteres ID e RGI, sofreram decréscimos
significativos nas médias de produção quando aplicado o N parceladamente, sendo indicado
para esta cultivar neste sistema de cultivo, a realização da aplicação de N em uma única vez,
quando se tem a finalidade de produção voltada principalmente para a indústria. Em
contrapartida Kolchinski & Schuch (2003a) em estudo com aveia branca relata que, o
incremento na dosagem de adubação nitrogenada não afeta o rendimento industrial e a
qualidade fisiológica das sementes. Filho et al.(2010), observaram que a aplicação da
adubação nitrogenada totalmente por ocasião da semeadura é viável, assim como o
fracionamento da aplicação tradicional em semeadura e cobertura, para a cultura do trigo
irrigado.
Na tabela 4, na análise das densidades de semeadura para a cultivar Taura observa-se
que as densidades 300, 500 e 700 sementes m-2 mostraram diferenças significativas em alterar
os caracteres ID e RGI alertando para uma densidade ideal para máxima expressão destes
caracteres no sistema soja/aveia, porém, os demais caracteres não sofreram alteração quando
modificado as densidades de semeadura. A diferença sobre a variável ID foi identificada no
ponto da menor densidade de semeadura onde obteve a menor média de produção, porém nas
demais densidades este caráter se manteve estável. Já para a variável RGI a diferença foi
reportada sobre a densidade de 500 sementes m-2 onde a maior media de produção foi obtida.
Na cultivar Tarimba que possui maior potencial de afilhamento neste sistema de baixa relação
C/N, as densidades de semeadura mostraram-se significativas em alterar os caracteres RG, ID
e RGI, sendo que para o RG a maior média de produção foi atingida com a menor densidade
de semeadura, porém para os caracteres ID e RGI a maior média de produção foi atingida com
a maior densidade de semeadura, sugerindo que para a produção voltada para a indústria os
valores de densidades tendem a serem maiores. Abreu et al. (2006), observaram que nas
maiores populações de plantas de aveia branca a forte competição intraespecífica reduziu o
afilhamento e a biomassa total por planta. Por outro lado, dependendo da densidade
populacional, o grau de competição entre plantas de aveia provocou uma adaptação
35
morfológica que melhorou o aproveitamento de luz, água e nutrientes, com benefícios na
expressão da matéria seca total (SCHUCH et al., 2000a).
Tabela 4: Resumo da análise de variância de equação de regressão e seus parâmetros
para os caracteres agronômicos e industriais em aveia branca com os valores
médios gerais de produção e interpolação dos pontos médios das densidades
propostas. IRDer/DEAg/UNIJUÍ, 2014.
Variável
Equação
R2
y=a±bx
Densidades (s m-2)
300
500
Interpolação (s m-2)
700
Sistema soja/aveia
URS Taura
y=a±b400
y=a±b600
3949
3933
RG (kg ha-1)
3983-0,08281x
0,63
3947 A
3964 A
3914 A
MH (kg hl-¹)
54-0,00062x
0,22
54 A
54 A
54 A
53
53
MMG (g)
33-0,00319x
0,97
32 A
31 A
31 A
32
31
NGM (n)
70+0,00156x
0,49
68 A
75 A
68 A
70
70
0,70+0,00009x
0,77
72 B
76 A
76 A
73
75
1968+0,26687x
0,61
1963 B
2272 A
2070 B
2074
2128
4080
3924
ID (%)
-1
RGI (kg ha )
URS Tarimba
-1
RG (kg ha )
4393-0,78125x
0,83
4198 A
3923 B
3885 B
MH (kg hl-¹)
53+0,00125x
0,62
54 A
52 A
54 A
53
53
MMG (g)
32,14-0,00111x
0,58
32 A
30 A
32 A
31
31
NGM (n)
60+0,01687x
0,69
66 A
66 A
73 A
66
70
0,69+0,00007x
0,89
71 B
71 B
74 A
71
73
1838+0,33468x
0,56
2003 B
1877 B
2136 A
1971
2038
y=a±b400
y=a±b600
4146
4258
ID (%)
-1
RGI (kg ha )
Sistema milho/aveia
URS Taura
RG (kg ha-1)
3922+0,56093x
0,59
4011 B
4362 A
4235 A
MH (kg hl-¹)
53+0,00000x
0,45
53 A
54 A
53 A
53
53
MMG (g)
34,10+0,00092x
0,85
34 A
34 A
35 A
34
34
NGM (n)
72+0,00968x
0,9
76 A
77 A
80 A
75
77
0,68+0,00004x
0,58
71 A
71 A
72 A
69
70
1959+0,71187x
0,95
2155 B
2350 A
2440 A
2243
2386
4086
4019
ID (%)
-1
RGI (kg ha )
URS Tarimba
-1
RG (kg ha )
4221-0,33562x
0,47
4035 B
4223 A
3901 B
MH (kg hl-¹)
53+0,00031x
0,74
53 A
53 A
53 A
53
53
MMG (g)
34,63-0,00110x
0,42
34 A
34 A
33 A
34
33
NGM (n)
76-0,00218x
0,31
73 A
78 A
73 A
75
74
ID (%)
0,69+0,00007x
0,78
72 A
72 A
75 A
71
73
RGI (kg ha-1)
2266-0,04812x
0,63
2164 B
2416 A
2145 B
2246
2237
Médias seguidas pela mesma letra na linha não diferem entre si na probabilidade de 5% de erro pelo teste de Scott e knott.
RG= Rendimento de grãos; MH= Massa do hectolitro; MMG= Massa de mil grãos; NG>2mm= Grãos maiores que 2 mm;
CAR= Percentual de cariopse; RGI= Rendimento de grãos industrial.
36
No sistema milho/aveia (Tabela 4) para a cultivar Taura que possui tendência a
reduzido potencial de afilhamento, as densidades de semeadura 300, 500 e 700 foram
significativas em alterar os caracteres RG e RGI, sendo que para estas duas variáveis as
menores médias de produção foram atingidas com a menor densidade de semeadura, porem os
demais caracteres avaliados não sofreram alteração quando alterada a densidade de
semeadura. Neste contexto, Valério, et al. (2008) reforçam da necessidade de ajuste da
interação genótipo versus densidade de cultivo, principalmente, em genótipos de reduzido
potencial de afilhamento, e Silveira et al. (2010) também afirmam que o aumento da
densidade de semeadura em cultivares modernas de trigo, principalmente as de menor
expressão do afilhamento indicaram incremento na produtividade de grãos.
Para a cultivar Tarimba neste sistema de cultivo (Tabela 4) as densidades foram
significativas em alterar os caracteres RG e RGI, sendo que para ambos os caracteres tanto a
maior quanto a menor densidade obtiveram médias de produção menores, ficando proposto
que a densidade ideal gira em torno da média destas duas densidades. Porem para os demais
caracteres avaliados não houve diferença significativa entre as densidades de semeadura. De
acordo com Ozturk et al. (2006) o efeito da competição entre plantas em trigo altera a
produção de afilhos, com implicações diretas no rendimento de grãos e seus componentes.
Ressalta-se ainda que na tabela 4 foi realizado a interpolação das densidades 400 e 600
sementes m-2 devido a necessidade da existência de no mínimo quatro pontos para a utilização
de equação quadrática na busca da densidade ideal de semeadura para os devidos caracteres,
observando-se valores de produção elevados também nestas densidades de cultivo, inclusive
atingindo a expectativa de rendimento proposta no estudo.
Na tabela 5 da analise de variância da equação de regressão para os parâmetros na
busca da densidade ideal para os caracteres RG e RGI, observa-se que no sistema soja/aveia
para cultivar Taura evidenciou-se comportamento quadrático, gerando assim uma equação na
qual a densidade ideal para maximizar o caráter RG foi encontrada com 430 sementes m-2
com um rendimento de grãos estimado em 3956 kg ha -1 atingindo praticamente a expectativa
de rendimento proposta no inicio do estudo de 4 t há-1. Porem para a máxima expressão do
caráter RGI a densidade ideal encontrada foi de 540 sementes m-2, com uma expectativa de
produção de 2173 kg ha-1, alertando que nesta condição de cultivo para esta cultivar existe a
necessidade da densidade de semeadura superior a proposta pela indicação técnica para a
máxima expressão dos caracteres avaliados. Silva et al. (2012) propõe que a máxima
produtividade de grãos entre os genótipos de aveia branca de estatura e ciclo mais reduzido
37
indicam, de modo geral, uma densidade de semeadura ajustada em 550 sementes m-2, superior
àquela recomendada pela indicação técnica da espécie.
Tabela 5: Resumo da análise de variância de equação de regressão e seus parâmetros
para a densidade de semeadura ideal em aveia branca com os valores
estimados do rendimento de grãos (RG) e rendimento de grãos industrial
(RGI) em distintos sistemas de cultivo. IRDeR/DEAg/UNIJUI, 2014.
Variável
Fonte de
Variação
QMy
R²
Equação
Parâmetro
(a±bx±cx2)
2
-b/2c
yE
(s m )
(kg ha-1)
¯
¯
¯
*
430
3956
ns
¯
¯
*
540
2173
(bix) (cx )
2
Sistema soja/aveia
URS Taura
L
5494
ns
RG
0,51
*
Q
4044
L
54298*
0,85 3844+0,5180x-0,0006x
RGI
Q
¯
167107
*
0,41
0,72
2
1943+0,2605x
1055+4,1232x-0,0038x
2
URS Tarimba
*
0,86
4392-0,7810x
*
¯
¯
Q
57876
ns
0,71
¯
¯
¯
¯
L
78375*
0,49
1831+0,3130x
*
¯
470
¯
1878
¯
4321
L
427968
RG
RGI
Q
205371
*
0,91
2816-3,9691x+0,0042x
2
*
Sistema milho/aveia
URS Taura
251552
*
Q
230414
*
0,90
2878+5,0964x-0,0045x
*
¯
560
L
437932*
0,83
1912+0,7398x
*
¯
¯
0,77
¯
¯
¯
¯
*
¯
¯
*
470
4163
¯
*
¯
500
¯
2330
RG
490
4146
RGI
500
2127
L
RG
RGI
Q
3679
ns
0,65
3922+0,5607x
ns
2
URS Tarimba
L
90048*
RG
Q
261902
L
1540ns
RGI
Q
Densidade média geral
222411
*
0,59
0,87
0,47
*
4220-0,3355x
3108+4,5002x-0,0048x
¯
0,78 1224+4,4123x-0,0044x2
2
QMy=quadrados médios das variáveis; R2= coeficiente de determinação; P(bix)= parâmetro que mede a significância da reta;
s m-2= sementes por metro quadrado; L= equação linear; Q= equação quadrática; RG= rendimento de grãos; RGI=
rendimento de grãos industrial; yE= valores estimados de produção.
38
Para a cultivar Tarimba (Tabela 5) que possui tendência a maior potencial de
afilhamento, neste sistema de cultivo o caráter RG mostrou comportamento linear não sendo
possível encontrar a densidade ideal para maximizar a expressão deste caráter. Já para o
caráter RGI houve comportamento quadrático sendo encontrada a densidade de semeadura
ideal de 470 sementes m-2 com um rendimento estimado de 1878 kg ha-1 de produção. Em
resíduo de liberação de N residual mais lento, a cultivar Taura também evidenciou a máxima
produção de grãos (RG) com densidades superiores a densidade proposta pela indicação
técnica, sendo encontrada nesta condição de cultivo a densidade ideal inclusive com valores
mais elevados do que no sistema soja/aveia, ficando em torno de 560 sementes m-2 com uma
estimativa de produção de 4321 kg ha-1. Já para o caráter RGI não foi possível encontrar a
densidade ideal devido ao comportamento da equação ser linear, não sendo assim possível
também realizar a expectativa de produção. Na condição de alta relação C/N, caracterizado
pela reduzida taxa de liberação de N-residual, considera-se que o sistema de cultivo é um
fator determinante na definição da densidade ajustada de semeadura, pois, parece direcionar a
necessidade de maior quantidade de sementes (ROMITTI et al. 2014). Neste sentido Abreu et
al.(2005) comprovaram que o acréscimo da população de plantas de aveia branca de 100 para
400 sementes m-2 aumentou o rendimento de grãos da cultivar UPF 18 e resultou em uma
maior produção de biomassa.
Para a cultivar Tarimba (Tabela 5) nesta condição de cultivo obteve-se
comportamento quadrático para ambas as variáveis, sendo encontrada para esta cultivar a
densidade ideal para a máxima expressão do RG em torno de 470 sementes m-2, com uma
estimativa de produção de 4163 kg ha -1. Além disto para o caráter RGI a densidade ideal
encontrada foi de 500 sementes m-2 com uma estimativa de produção de 2330 kg ha-1. A
máxima exploração do potencial genético de uma cultivar está relacionada ao melhor
aproveitamento dos estímulos ambientais, sugerindo que o ajuste da densidade de semeadura
se traduz numa eficiente alternativa em promover a produtividade vegetal (DARWINKEL,
1978; KRÜGER et al., 2011). Neste sentido em trigo considerável aumento de produtividade
de grãos foi obtido com o emprego de 500 a 600 sementes m2 (SILVEIRA et al., 2010).
De modo geral na tabela 5 independente da cultivar e do sistema de cultivo a
densidade ideal geral encontrada para a variável RG foi de 490 sementes m2 com uma
expectativa de produção de 4146 kg ha-1, porém para a variável RGI que da a estimativa da
qualidade ideal dos grãos destinados para a indústria, a densidade ideal geral foi de 500
sementes m-2 com uma expectativa de rendimento de 2127 kg ha -1, propondo que quando se
tem o intuíto de produção voltada tanto para a indústria quanto para a produção de grãos, os
39
valores de densidade de semeadura tendem a ser bem maiores dos que a indicação técnica
sugere para a máxima expressão do potencial produtivo de ambas as cultivares. Desta forma
as equações de grau 2 buscando a máxima produtividade de grãos permitiram estimativas
superiores a 3 t ha-1, inclusive com a média geral superando a expectativa de rendimento do
inicio do trabalho. Neste sentido em trabalho realizado com aveia branca Silva et al., (2012)
afirma que valores de densidade de semeadura ao redor de 550 sementes m-2 promove efeitos
pronunciados na expressão máxima de rendimento biológico e de grãos. Além disto, Romitti
et al. (2014) estudando duas cultivares de aveia branca de biótipo reduzido e ciclo
médio/precoce, em dois ambientes de cultivo e três anos de estudo, observou que a densidade
ideal de cultivo para maximizar o rendimento de grãos mostrou valores superiores a 500
sementes m-2. Desta forma, o ajuste da densidade ideal nas condições de cultivo pode
determinar alterações do platô de rendimento de grãos. Resposta também observada em outras
culturas como soja, milho e trigo (LIMA et al., 2008; STRIEDER et al., 2008; SILVEIRA et
al. 2010). Ressalta-se ainda que no sistema de alta relação C/N, a necessidade de sementes
por unidade de área se fez maior principalmente para a cultivar Taura, provavelmente por esta
possuir menor potencial de afilhamento (tendência a unicolmo), principalmente numa
condição mais restritiva de liberação de N-residual. Ou seja, uma maior densidade de
sementes pode direcionar maiores reservas a planta mãe em decorrência da necessidade de
maior uniformidade e manutenção de afilhos férteis. Ressaltam-se, os possíveis benefícios ao
sistema de semeadura direta, incrementando a cobertura de palha sobre o solo para posterior
aproveitamento dos nutrientes à cultura subsequente pelo resíduo vegetal em decomposição
(SILVA et al. 2012). Neste sentido Braz et al. (2006), em relação ao precedente cultural,
relatam que as maiores produtividades do trigo foram obtidas quando as culturas antecedentes
foram leguminosas . Ainda neste contexto, Valério et al. (2008), já vinham relatando que
genótipos de trigo precoces e com reduzido potencial de afilhamento são mais dependentes de
correto ajuste da densidade de semeadura, sugerindo em valores mais elevados na
recomendação para alavancar a produtividade de grãos. Tal afirmativa, em partes parece
consistente, pois, quando em cultivo no precedente milho/aveia a cultivar URS Taura, de
reduzido afilhamento, mostrou a necessidade de maior densidade de sementes para
incrementar o RG (SILVA et al., 2012).
Vale destacar ainda que o ano de 2013 teve grande influencia sobre o resultado do
trabalho, visto que as condições foram bastante favoráveis à cultura da aveia branca. A
temperatura máxima permaneceu dentro da temperatura ideal para o desenvolvimento e a
40
precipitação ocorreu de forma normal com chuvas bem distribuídas durante todo o ciclo,
como observado na figura 1.
2013
R1
DC
100
90
80
70
60
50
40
30
20
10
0
Precipitação (mm)
40
35
30
25
20
15
10
5
0
V4
1
6
11
16
21
26
31
36
41
46
51
56
61
66
71
76
81
86
91
96
101
106
111
116
121
126
131
136
Temperatura (ºC)
DS
Junho
Ciclo da cultura (dias)
Precipitação (mm)
Novembro
Temperatura Máxima Diária (ºC)
Figura 1: Dados de precipitação pluviométrica e temperatura máxima no ano de 2013 em Augusto
Pestana- RS. IRDeR/DEAg/UNIJUÍ, 2014. DS- Data de Semeadura; V4- aplicação de nitrogênio em
cobertura; R1- aplicação de nitrogênio com parcelamento; DC- Data de colheita.
Fonte: Estação Meteorológica do Instituto Regional de Desenvolvimento Rural (IRDeR).
Destaca-se que nos estádios de emborrachamento e enchimento de grãos, entorno de
56 e 63 dias respectivamente, (Figura 1) a temperatura estava dentro da condição ideal para a
cultura, sendo que por volta dos 103 dias foram aqueles que apresentaram maior temperatura
máxima diária. Neste sentido Castro et al. (2012) afirma que ocorre a paralisação da formação
dos grãos quando as plantas são submetidas a temperaturas de 32 °C ou mais, por dois ou
mais dias, aliadas a baixa umidade do ar e como consequência ocorre o rápido
amadurecimento dos grãos e aumento da esterilidade. Tendo em vista as épocas de aplicação
em V4 e R1, observa-se que na figura 1 que as mesmas foram realizadas em momentos
considerados adequados, ou seja, combinando a fenologia da planta e as condições de
umidade do solo e a ocorrência de precipitação na sequencia.
41
CONCLUSÃO
O fracionamento de nitrogênio quando realizado no sistema soja/aveia tende a
aumentar os valores dos caracteres rendimento de grãos e massa de mil grãos para a cultivar
URS Taura e a massa do hectolitro para a URS Tarimba. O mesmo não ocorreu quando o
fracionamento foi realizado no sistema milho/aveia, inclusive, com redução de expressão da
massa de mil grãos e número de grãos maiores que dois milímetros para a cultivar URS Taura
e índice de descasque e rendimento industrial de grãos na URS Tarimba.
A máxima produtividade de grãos entre os genótipos de aveia branca de estatura e
ciclo mais reduzido indicam que uma densidade de semeadura ajustada em 470 sementes m -2
é a mais indicada. Na análise considerando um melhor desempenho no processamento, a
máxima expressão do rendimento industrial foi obtida com 500 sementes m-2. Os resultados
obtidos comprovam da necessidade de alteração de recomendação de densidade de semeadura
sobre o padrão precoce e de menor estatura em aveia branca para incremento sobre os
caracteres de produção e da qualidade industrial.
No sistema de alta relação C/N, a necessidade de sementes por unidade de área se fez
maior principalmente para a cultivar URS Taura, provavelmente por esta possuir menor
potencial de afilhamento (tendência unicolmo), principalmente numa condição mais restritiva
de liberação de N-residual. Ou seja, uma maior densidade de sementes pode direcionar
maiores reservas a planta mãe em decorrência da necessidade de maior uniformidade e
manutenção de afilhos férteis.
42
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50
ÂPENDICE A- CROQUI DA DO EXPERIMENTO
EXPERIMENTO BILIBIO- SOJA
DENSIDADES DE SEMEADURA- 300, 500 e 700
ÉPOCAS DE APLICAÇÃO DE N - V4/0, V4/E
TARIMBA
V4/0
500
300
TAURA
V4/E
700
500
700
V4/0
300
500
700
TAURA
V4/E
500
300
500
300
700
300
700
500
300
300
700
500
700
500
300
Cana
700
IV
700
500
300
700
III
700
VA/E
500
300
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500
II
TARIMBA
V4/0
300
300
V4/0
V4/0
TAURA
V4/E
700
TAURA
V4/E
500
500
V4/E
TARIMBA
V4/0
300
TARIMBA
V4/0
700
V4/E
500
V4/E
300
700
500
V4/0
300
Estrada
Figura 2. Delineamento Experimental em sistema de cultivo soja/aveia (IRDeR/DEAg/UNIJUI, 2014.
700
500
300
Porteira
I
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EXPERIMENTO BILIBIO - MILHO
DENSIDADE DE SEMEADURA- 300, 500 e 700
ÉPOCAS DE APLICAÇÃO DE N: V4/0; V4/E
TAURA
V4/E
700
500
TARIMBA
V4/0
300
700
500
V4/E
300
700
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TARIMBA
V4/0
700
300
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300
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300
300
500
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300
500
Porteira
300
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300
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700
V4/E
300
500
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300
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TAURA
V4/E
700
300
V4/E
V4/0
TARIMBA
V4/0
500
TARIMBA
V4/0
300
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V4/0
TAURA
V4/E
300
TAURA
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V4/0
500
V4/0
700
300
500
V4/E
700
Estrada
Figura 3. Delineamento Experimental em sistema de cultivo soja/aveia (IRDeR/DEAg/UNIJUI, 2014.
300
500
700
Cana
I
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