VITORINO NEMESIO
OBRAS COMPLETAS
Vol. Ill
Caderno de Caligraphia
e outros poemas a Marga
Edição de Luiz Fagundes Duarte
IMPRENSA NACIONAL-CASA DA MOEDA
LISBOA
2003
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Segundo é voz, tens um apartamento secreto
Acalmei do poema das cinco da madrugada
Faço horas para o Aeroporto,
Já n o Aeroporto.
Outro poema de espera,
OUTRO [Um par abraça-se e tinge]
SÁTIRA [Da Rua da Amargura, hoje da Angústia,]
Pelos trilhos de mim caminho ardente
Alta Costura. Angústia imoderada
Dorme a meu lado quietinha
Noite em branco a pontos negros
O PUNHAL [Um punhal de cristal no retrato da morta,]
Hipnótico amargo, vem!
MORS-AMOR, Morse-amor teleguiado,
Teu só sossego aqui contigo ausente
O «Bléchnum Brasiliense»,
TELEPOEMA [Faltei à fala nocturna]
Tira a máscara. Escreve
Business woman és, e isso me custa
A CARTOMANTE [Com «pensamentos d e corpo»]
A CARTOMANTE (II) [Oh! No q u e a gente se mete!]
Só hoje ouvi o sino dos Anjos, Marga!
Neste tórrido Agosto, onde? a Marga de Maio?
PEDRA DE CANTO [Ainda terás alento e pedra de canto,]
Vem, Macaca de Fogo,
Tímido te espero
Fui sozinho aos Mosteiros,
2." Caderno de Caligraphia. Offereçido à menina Margarida Victória
pelo seu menor criado e bem querido Victorino Nemésio
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Oh Ilha de Sã Miguel I E do Senhor Santo Cristo,
Feliz o cristal dos padres
Margarida azul-celeste,
Margarida, flor de Março
OUTROS POEMAS A MARGA
Romances da Filha de Ayres Corrêa
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A filha de Ayres Corrêa I (Ripipi, orgasmo de anjo,
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Já não há vizinhos na minha rua,
A filha de Aires Corrêa I Não tem sono à meia-noite.
OUTRO [À uma hora da manhã,]
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O céu da Vila da Praia
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A filha de Ayres Corrêa, I Alma da Vila da Praia,
[ Rascunhos para mais Romances da Filha de Ayres Corrêa ]
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A filha de Ayres Correia I Nasceu em mil e quinhentos
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Quando os carros do Saldanha,
A SANTINHA [Lá em qualquer vila alçada]
Se à fama da vera história
A filha de Aires Correia I Imponderável, ciranda.
[ À Ilha de São Miguel ]
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O h Serra d e Água d e Pau,
O h Ilha d e São Miguel, I Verde e m bagacina escura,
Casas d e Porto Formoso,
O h Ilha d e São Miguel, I Como à Terceira te quero:
O h Ilha d e São Miguel, I Nunca tinha reparado:
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CORISCO DE ILHA [Corisco d e ilha,]
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Oh
Oh
do
Oh
Oh
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Ilha d e São Miguel, I Alta d o Pico da Vara,
Ilha d e Sã Miguel, I Q u e eu n ã o d e v o rimar sempre c o m Ponta
Amei,
Ilha d e Sã Miguel, I Nasces d e lava e água,
Ilha d e Sã Miguel, cotada n o s livros d o s ingleses
[ Poemas Soltos ]
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Com tojo a arder n o s taludes
MARGARIDA VAI À FONTE... [Olha lá! Tu q u a n d o vens?]
Até n o carro te canto,
Q u a n d o n o breve esquife, a c h u m b o e m o g n o ,
B. N. U. [Ando n o s cheques, chiques, choques,]
Aníbal guarda a Victória d e Cartago
O p o e m a e m q u e te busco é a minha rede,
Faz-me u m a falta negra
Margarida ausente
Com padres na Fajã, bibelots n o salão,
Eu sou amigo d o Conde
Os anos são d e Margarida:
Pensei u m p o e m a Morse
Nevrítico, reumático, esmoreço
Margarida e Natália falam-me d e Lisboa, d e urgência
Os c o n c u n h a d i n h o s d e Valladolid
Marga, teu busto tufa,
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Já não escreverei romances
Ainda que de cera, Marga, fosses,
Num joelho cromático de papá
As camélias guardam segredo,
Fui hoje à Caixa, Marga, receber
Agora é D. Dinis director de programas
A nossa intimidade a três ou quatro é constrangida.
Vieste com a pele de lince:
Gostava de sentir-te a hora do assaz, e como.
Consolação não há, Margarida,
Fogos postos do adeus, ameaça de corpos separados
[I] Estendo-te, Marga, as palavras pascais,
II Marga, na Ilha o Padre não tilinta
Venham os nomes tíbios,
Usa a minha dor com regra
Doente é o que lhe dói
Eu não quero adormecer,
Marga não é a cicatriz na cara
-Seja a terra da Terceira
A BODA [Lá vai o lacaio na ponta da unha,]
Tenho uma saudade tão braba
[ Treze Poemas Secretos ]
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No cabeleireiro chie
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MARGARIDINHA COSTUREIRA [Margaridinha do Monte,]
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Nel Aeropuerto de Barajas
Compraste uma tanga cara
Trocaste o teu biquini
Na tua festa de fogo
Au réveil tu me dis: — J e vais sur Ia terrasse:
Deux colombes se disputem
Je te mangerai, en pomme
Não tiveste paciência
Esse teu cabeleireiro
El regalo de cadena
Mudaste de penteado,
APARATO
ÍNDICES
de primeiros versos
de datas
de variedades
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