BRASIL 2022 – uma análise horizontal De um lado é bom que surjam textos desta natureza até para mostrar os limite, os equívocos, os silêncios e as estratégias para desviar do que é essencial num tema desta magnitude e com tantos riscos. Uma frase como “O progresso científico e tecnológico afeta todas as atividades civis, econômicas, sociais e militares” [p.17] não passa de uma constatação e horizontal como tudo o que segue. Comparações sempre são odiosas. Uma afirmação como “os Estados Unidos investem hoje, por ano, cerca de 400 bilhões de dólares em pesquisa e registram 45.000 patentes, ao passo que o Brasil investe 15 bilhões de dólares e registra 480 patentes” [p.19]. Comparação que só pode contribuir para aprofundar a heteronomia em relação a um paradigma que não é nosso e reforçar e afirmar consequente sentimento de nossa inutilidade absoluta como sempre fizeram todos aqueles que nos colonizaram... O tom de choradeira e desabafo. “a partir da hegemonia da filosofia e das políticas neoliberais, a qual se inicia com os governos de Ronald Reagan e de Margareth Thatcher, houve um desmonte do Estado do Bem-Estar” [p.23] é típica de quem já entregou antecipadamente o jogo e busca desculpas para futuras fraquezas e reveses e se enquadra na frase: bem que avisei... ! Outra frase de bela retórica latina americana é a “Característica primeira das sociedades sul-americanas é o elevadíssimo grau de concentração de renda e de riqueza”. [p.36] sem apontar para a causa, acenando, apenas, com o que é visível para todos. È de chorar e se comover como uma constatação. “Na dinâmica política da América do Sul os ressentimentos entre os Estados têm papel relevante. Sua origem se encontra em conflitos de um passado, as vezes remoto, às vezes recente, tais como a Guerra da Tríplice Aliança; os conflitos de formação dos Estados no Prata e da desintegração da Grã Colômbia; a Guerra do Pacífico; a Guerra do Chaco; e os conflitos entre Equador e Peru”. sem tocar numa solução objetiva. Será que a História consiste só imitação dos papagaios? Imitação, na condução mental em matrizes decorrentes de interesses que culturas alheias nos impuseram na construção do imaginário daquilo que é estritamente NOSSO? O homem “cordial” brasileiro, as “harmônicas” relações entre a “hegemônica” senzala e a “submissa” casa grande, os autores do texto nos pintam [p.58 ]uma sociedade paradisíaca “As mulheres e os homens estarão em condições de igualdade, livres de toda violência em suas atividades econômicas, políticas e sociais. As brasileiras e os brasileiros, negros,brancos, asiáticos, indígenas e mestiços, sem distinção de religião ou de convicção, terão as mesmas oportunidades de ascensão social e de participação econômica e política”. Lógico para alguns e que os jornalistas tem o dever diário de mostrar oposto. Tomara que não cansem.. Não há como os atos falhos reveladores como os autores tratam os As Metas do Centenário seus leitores. Assim na página 65 constam quando se trata evidentemente do BICENTENÁRIO. Assim marcha-a-ré cronológica pode explicar as concepções ideológicas ao estilo Art-Nouveau e da Belle Epoque que os seus autores estão disseminando pelo Brasil afora. Para não dizer que só escrevi sobre flores, sugiro que esta visão horizontal do imenso Brasil permita incorporar uma prospecção vertical Prospecção não só em consequência do que o Pré Sal - que pode derramar nesta horizontalidade - mas da necessidade imperiosa e crucial de presença brasileira marcante na conquista do Espaço Externo e nas decisões do rumo dos limites do chip biológico a ser atingido em 2025. No Livro BR 2022 estas metas são arroladas, na página 88, a “ter em órbita dois satélites geo-estacionários brasileiros”, e, na página 73 [dominar as tecnologias de fabricação de satélites e veículos lançadores ] alem de “dominar as tecnologias de microeletrônica e de produção de fármacos” [p. 72] sem indicar mais nada. Este rol deixa para a imaginação fértil do leitor - e de um público crente - as mais deslumbrantes perspectivas e dão margem para um exercício profícuo de uma fértil imaginação tropical. Numa universidade não é possível acreditar que existam agentes que confiam que esta lista de metas pode ser atingida por meio de comparações, participações ou cooperações, onde o mais forte, preparado e ardiloso leva o melhor. Todos aqueles que são agentes sérios - de uma universidade - sabem que interação é outra coisa. Na interação discutem-se, abertamente e sem filtros, os lucros e as perdas antes, o durante e depois de qualquer contrato. Contudo nestas páginas de estética e de diagramação impecável do texto Livro BR 2022, em análise, temas desta natureza poderiam desarrumar tudo e começar a cheirar mal. O texto termina num solene enfático rol de coisas a fazer ao estilo do rol das peças de roupas confiadas, na Belle- Epoque, a uma Lavanderia de Paris. O autor destas linhas, com origem no campo das artes, certamente ficou radiante com “a incorporação da educação artística nos currículos escolares em todos os níveis” na lista deste rol [p.78]. Contudo, esta breve sentença será estéril - e mais uma formalidade administrativa - se estiver nas mãos dos autores - deste “livro” - implementar esta sentença nas escolas. No máximo servirá para uma estetização e uma alienação material das discussões em relação ao PODER ORIGINÁRIO ao papel do TRABALHO e do CAPITAL neste âmbito. No máximo esta discussão poderá levara e reduzir todo esta riqueza a um ou duas das múltiplas vertentes O resultado poderá ser a repetição da celebração pífia de uma elite ao Estilo do 500 anos da Descoberta do Brasil ou enveredar no que se viu no Bicentenário da Independência Argentina. Se não falha a memória foi encaminhado para um dos encontros do PROIFES um texto no qual se pretendia do PROIFES um posicionamento em relação ao Bicentenário e uma discussão objetiva do ano de 2022. Contudo o enfoque era a historicidade de quem é portador de um projeto. Como tal contrapondo-se ao escravo que não é gente na medida em que é incapaz - ou é tolhido - de deliberar e de decidir Para entender a matriz do pensamento, aqui expresso, indica-se o 6º texto http://profciriosimon.blogspot.com/2011/01/isto-nao-e-arte-06.html do blog no qual se aborda estas análises horizontais e verticais possíveis face ao tema TRABALHO_CAPITAL_ ARTE . No tema imediatamente anterior discorre-se sobre a pergunta se QUANTIDADE PRODUZ QUALIDADE? Disponível em http://profciriosimon.blogspot.com/2010/11/quantidade-nao-earte-05.html Círio Simon http://www.ciriosimon.pro.br/pol/pol.html