Ao avaliar a preocupação de suas empresas com a prevenção, 60,36% dos profissionais classificaram como positiva e 25,46% como regular. As respostas negativas tiveram pequena elevação sobre 2010, chegando a 14,18%. esses casos, uma vez que muitos dos técnicos acabam se acomodando, agregando funções em troca de salário. “A conscientização só vem com o tempo, ‘ardendo no bolso’. Quando o empresário que deixou de fazer prevenção tem de arcar com indenizações e ações regressivas por acidentes de trabalho”, completa o vice-presidente do Sinditest/RS. Silva acredita em uma maior compreensão dos empresários sobre a importância da prevenção no futuro, uma vez que, para ele, a atenção à saúde e à segurança tende a se tornar um elemento decisivo para a sobrevivência das organizações. “Nenhuma empresa poderá suportar a competição no mercado em que atua arrastando custos de passivos trabalhistas, ambientais e até de impactos negativos sobre sua marca”, completa. COMISSÃO A pesquisa da Revista Proteção também apontou insatisfação dos prevencionistas com relação às CIPAs em suas empresas. Dos entrevistados 28,62% aponta a atuação da Comissão como negativa. E 33,79% avaliam como regular. José Hélio Lopes, educador da Fundacentro Pernambuco, acredita que a visão negativa em relação ao trabalho das CIPAs se deve ao fato de que esses grupos, via de regra, não têm sido capazes de responder positivamente aos desafios impostos pelo mundo do trabalho e ao quadro de violência traduzido pela exploração, nocividade e mortalidade nos locais de trabalho. “Entre os principais problemas estão a elaboração de atas fantasmas (relativas a reuniões que nunca foram realizadas), perseguição de chefias aos empregados que se candidatam para a Comissão, propostas feitas pela CIPA que nunca são implementadas e falta de tempo dos membros para participarem das reuniões. Ou seja, a CIPA ainda é vista como um fardo e uma mera exigência legal, tanto por trabalhadores, quanto por empresários”, avalia. Outro problema comum das Comissões, de acordo com Laucksen, é a falta de autonomia desses grupos, desestimulados pela falta de poder de decisão e de recursos. “A CIPA identifica problemas, registra em ata e faz relatórios. Mas não tem o poder de fazer a manutenção, a reforma”, comenta o técnico de segurança e diretor do Sinditest/RS. Além disso, os grupos também têm suas ações comprometidas por funcionários que se candidatam para assegurar estabilidade, usando a Comissão como um escudo para se manter no emprego. Também há casos em que o trabalhador se candidata para atender o convite de seus supervisores, mas, posteriormente, acaba desistindo de atuar como agente multiplicador da prevenção devido à dificuldade para conciliar a demanda como cipeiro e o trabalho operacional. São estes fatos que ajudam a fazer com que as CIPAs e seus cipeiros não cumpram suas funções básicas, como estabelece a NR 5. Com isso, conforme Silva, o grupo fica instituído mais para atender à legislação do que para promover um trabalho focado em resultados nas questões de saúde e segurança. INCENTIVO A qualificação do trabalho das CIPAs depende, principalmente, de uma mudança de paradigma por parte dos profissionais que têm o poder decisório nas organizações, na opinião de José Hélio Lopes. “Sem o apoio e o exemplo de cima, dificilmente uma CIPA conseguirá cumprir seus objetivos. Se não houvesse exigência legal, quantas empresas contratariam profissionais de segurança ou constituiriam a CIPA?”, questiona. Silva entende que é preciso integrar a Comissão a uma sistemáti- A Empresa e o Desvio de Função Sua empresa obriga você a fazer atividades que não estão ligadas à Saúde e Segurança do Trabalho? 100 90 80 70 60 51,51 50 49,47 47,93 46,71 29,22 28,90 26,97 45,57 49,21 48,43 27,36 26,48 50,26 49,03 48,70 48,22 46,63 28,62 26,43 28,70 31,11 13,46 12,62 40 30 25,25 20 14,38 17,30 29,51 15,90 14,73 13,89 14,79 8,86 7,42 8,38 9,03 9,02 8,70 1999 2000 2001/2 2003 2004 2005 10 Nunca 110 Anuário Brasileiro de Proteção 2012 Raramente 17,13 22,70 13,74 16,98 7,96 17,73 9,31 8,62 7,89 9,63 2006 2007 2008 2009 2010 Às Vezes 9,65 2011 Sempre O levantamento aponta que mais da metade dos profissionais de saúde e segurança sofre com o desvio de função. Dos entrevistados, 31,11% disseram serem obrigados a desempenhar outras atividades às vezes, 9,65% sempre e 12,62% indicaram o desvio como uma ocorrência rara. Já 46,63% disseram nunca ter de lidar com a modificação de suas atribuições. ?