Questão 1
Karl Marx afirmou mais de uma vez que, na
antiguidade romana, era o Estado que sustentava o proletariado e não este àquele,
como ocorre na modernidade. Com base nessa
afirmação, explique:
a) Como o Estado romano sustentava o proletariado?
b) Por que é possível sustentar que a derrota
do programa de reforma agrária dos irmãos
Graco abriu caminho para tal política?
Resposta
a) Vigorava na Antiguidade romana a utilização
generalizada de escravos, a maioria dos quais
eram obtidos por intermédio de guerras de conquista. O povo derrotado, via de regra, era submetido à escravidão. Dessa forma, o provimento
de escravos em larga escala era realizado pelo
Estado romano em decorrência das guerras de
conquista.
Quanto à massa de não-escravos, que pode ser
considerada como o proletariado romano na
acepção de Marx, o Estado provia-lhe o sustento,
sobretudo a partir do período da crise da república e com a implantação do Império, especialmente por intermédio da chamada política de "pão e
circo", que significava prover o sustento e o divertimento daquela massa por parte do Estado.
b) Porque a derrota do programa de reforma agrária dos irmãos Graco provocou uma significativa
alteração no meio rural. Expandem-se os latifúndios e ocorre um virtual processo de destruição das pequenas e médias propriedades rurais,
as quais proviam o sustento daquela massa que,
destituída de seus meios de sustento e sobrevivência, migrou para Roma. Dessa forma, o Estado romano passa a sustentá-los por intermédio da
referida política do "pão e circo".
Questão 2
Curiosamente, apesar das limitações impostas por uma base material e técnica rudimentar, a Europa medieval tardia (séculos XII a
XV) vivenciou, pelo menos no plano da reli-
gião e do ensino nas universidades, uma unidade tão ou mais intensa do que a da atual
União Européia, alicerçada na complexa economia capitalista.
Em face disso, indique:
a) Como foi possível, naquela época, diante
da precariedade das comunicações e da base
material, ocorrer essa integração?
b) As principais características das universidades medievais.
Resposta
a) É bastante discutível afirmar-se de maneira irretorquível que houvesse uma "integração" na Europa medieval dos séculos XII a XV. Trata-se de
uma interpretação possível, mas não uma verdade como se fosse a demonstração de um teorema
em matemática. A favor da hipótese da integração
apresentada podemos apontar a existência de um
idioma comum nos meios cultos, o latim, e o predomínio de uma crença de certa forma ditada pelo
universalismo da Igreja Católica. Todavia, seria
um equívoco não destacar a existência de um estado de perene tensão entre esferas de poder locais (os senhorios feudais, as cidades), nacionais
(as monarquias medievais) e as de poder supranacional (a Igreja e o Império), bem como, no plano das idéias, a existência de dissidências às
doutrinas dominantes que se expressam, entre
outros aspectos, pela expansão das chamadas
heresias. No conjunto, portanto, existem tensões
e conflitos entre forças favoráveis à integração e
outras associadas à fragmentação.
b) As universidades medievais se organizavam,
inicialmente, como corporações que reuniam professores e estudantes com a finalidade de desenvolver estudos que não dependessem essencialmente do controle da Igreja, que até então exercia
um virtual monopólio sobre a educação em todos
os níveis.
As universidades medievais ministravam o que
atualmente é o conteúdo do Ensino Médio e do
Superior. Os alunos chegavam à universidade sabendo ler e escrever, depois de ter um razoável
domínio do latim. Estudavam durante muito tempo, indo freqüentemente de uma faculdade a outra. Começavam na faculdade de Artes Liberais,
na qual adquiriam uma cultura geral, compreendendo sete matérias agrupadas em dois ciclos: o
trivium e o quadrivium.
história 2
No primeiro ciclo (trivium) estudava-se Gramática,
Dialética (ou a arte de raciocinar) e Retórica (ou a
arte de falar bem).
No segundo ciclo (quadrivium) estudava-se Música, Aritmética, Geometria e Astronomia. Terminado esse programa de estudos, e se passassem
nos exames, obtinham o bacharelado em Artes.
Depois deste, podiam orientar seus estudos para
onde desejassem. Dirigiam-se para a faculdade
de Artes Liberais, Direito, Medicina ou Teologia,
nas quais passariam por três exames sucessivos,
e poderiam obter o bacharelado, a licenciatura
(que dá o direito de ensinar) e o doutorado, que
confere o título de "mestre" da universidade. Os
que continuavam na faculdade de Artes Liberais,
portanto, já tinham o bacharelado e passavam direto para a licenciatura. Os exames consistiam
em provas orais, nas quais havia discussões entre os candidatos e um júri formado por professores. O examinado deveria mostrar seu conhecimento sobre a opinião dos autores consagrados e
discuti-las perante o júri.
O método de ensino consistia em ler e comentar
os livros dos autores considerados autoridades na
matéria. O exercício principal era a discussão, e o
ensino era quase inteiramente oral, pois os livros,
escritos em pergaminhos e copiados à mão, eram
raros e caros; os estudantes não compravam livros, e era mesmo difícil tomar notas. Esse método de ensino era chamado de escolástica. Os professores eram todos membros do clero e recrutados depois que fossem aprovados em exames e
discussões organizadas por cada faculdade.
Como membros da faculdade, eram chamados
"agregados" à faculdade.
A faculdade de Artes Liberais era numericamente
a mais importante. Por seu intermédio tinha-se
acesso a outras faculdades. Cada faculdade era
dirigida por um deão (ou decano: o mais velho)
eleito entre seus pares, sendo que o decano da
faculdade de Artes Liberais era o mais importante
e recebia o nome de reitor; era o diretor do corpo
universitário.
O reitor era eleito por três meses e a ele estavam
subordinados não só professores e estudantes,
mas também todos aqueles que, de alguma maneira, estivessem ligados à universidade, como,
por exemplo, encadernadores, copistas, servidores domésticos de estudantes ricos e donos de
cantinas.
No século XII, três grandes centros intelectuais
podiam ser distinguidos no cenário europeu: Itália
(Salerno e Bolonha), Espanha (Toledo) e França
(Paris). Posteriormente, as universidades de
Oxford e Cambridge, na Inglaterra, também se
destacaram como importantes centros de estudos.
Questão 3
“O pano ou tecido deste Reino... interessa tanto ao soberano quanto ao súdito,
ao nobre e ao plebeu, até mesmo a toda
profissão, condição e espécie de homem
desta nação”.
Thomas Middleton, 1622.
a) Por que a produção têxtil inglesa interessava ao rei, à nobreza e aos plebeus?
b) Qual a importância da produção têxtil
para a futura Revolução Industrial inglesa?
Resposta
a) Na Inglaterra do século XVII, desenvolveu-se
aquilo que alguns historiadores do pensamento
econômico chamaram de "mercantilismo industrialista", ou seja, como a Inglaterra não possuía colônias das quais pudesse extrair os cobiçados ouro
e prata, identificados pelos teóricos do mercantilismo como a "riqueza de uma nação" (doutrina
metalista), decidiu-se investir na produção de manufaturados, sobretudo têxteis. Produzindo manufaturas, a Inglaterra atendia ao seu próprio mercado interno e ao mercado exterior. Evitava gastos
com importações e, por intermédio das exportações de seus manufaturados, obtinha os cobiçados metais preciosos que entravam no país sob a
forma de pagamento dos manufaturados que exportava.
Dessa forma, ganhava o Estado (o rei), que de alguma forma sustentava a nobreza e os plebeus
que trabalhavam direta ou indiretamente na produção manufatureira, e ganhavam também seus
comerciantes. Afirma-se que tais características
do mercantilismo na Inglaterra foram muito importantes para se compreender o pioneirismo da Revolução Industrial naquele país a partir da segunda metade do século XVIII.
b) A produção têxtil inglesa foi decisiva para o
desencadeamento da Revolução Industrial, especialmente no plano das inovações tecnológicas. A Inglaterra produzia, em maior escala, dois
tipos de tecido: a lã, cuja matéria-prima era obtida
no mercado interno, e o algodão, cuja matéria-prima era importada.
Para a produção do tecido, dois eram os processos fundamentais: a fiação e a tecelagem. A matéria-prima era transformada em fios que eram
embobinados e enviados para os teares para serem tecidos.
Ainda na primeira metade do século XVIII foi realizada uma melhoria técnica com a finalidade de
aumentar a rapidez na tecelagem. Este fato levou
a uma procura maior por fios.
história 3
Rompido o equilíbrio entre a fiação e a tecelagem,
foi necessário aumentar a produção de fios. Foi
então inventada uma fiadeira que conseguiu atender ao aumento da demanda. Todavia, os fios
nela produzidos não podiam ser utilizados em
qualquer tear, pois se rompiam facilmente.
Na segunda metade do século XVIII foi inventada
uma fiadeira capaz de produzir fios mais fortes,
entretanto essa fiadeira necessitava de uma fonte
de energia que fosse regular e mais forte que a
força humana. Assim, essa fiadeira foi instalada
ao lado de moinhos de água. A fiadeira mecânica
não só atendeu à demanda de fios como gerou
superprodução deles.
A solução desse desequilíbrio se deu com a invenção do tear mecânico (1785), que absorveu a
produção e veio tornar a Inglaterra o "empório do
mundo". Por esta via, a produção têxtil está diretamente associada aos desenvolvimentos tecnológicos da Revolução Industrial. As divisas geradas pela exportação dos têxteis propiciaram, também, um acúmulo de capitais que puderam ser investidos nas transformações tecnológicas daquele período.
A expansão napoleônica, entre outros aspectos,
indicava a idéia de levar para os demais países
da Europa os ideais nascidos da Revolução Francesa, como, por exemplo, a igualdade jurídica.
Porém, na península Ibérica, os franceses foram
recebidos como inimigos, tendo de enfrentar uma
feroz resistência por parte dos espanhóis. Napoleão chegaria a classificar a Espanha como a sua
"úlcera espanhola".
b) Na atual conjuntura internacional existem focos
de tensão e conflito muito graves. Eles estão justamente associados à ocupação de tropas estrangeiras em territórios que não possuem soberania.
Podemos destacar neste contexto a ocupação militar norte-americana no Iraque, a ocupação de
forças militares da Síria no Líbano, a de forças militares de Israel em territórios palestinos e na Síria.
Observa-se então a atualidade do texto de
Robespierre ao afirmar que "ninguém estima os
missionários armados". Criam-se focos de tensão
e conflito cujos desdobramentos podem ficar fora
de controle.
Questão 5
Questão 4
“A mais extravagante idéia que possa
germinar no cérebro de um político é
acreditar que basta a um povo entrar de
mão armada num país estrangeiro para
lhe fazer adotar as suas leis e a sua
Constituição. Ninguém estima os missionários armados, e o primeiro conselho
que a natureza e a prudência dão é repeli-los como inimigos.”
Robespierre, janeiro de 1792.
a) Por que a ocupação da Espanha pelo exército napoleônico, em 1806, tornou o texto profético?
b) Há no momento atual alguma situação à
qual o texto pode ser referido? Por quê?
Resposta
a) Porque deu origem a um movimento de resistência contra os invasores franceses o qual levou
a uma das primeiras derrotas sérias que Napoleão viria a sofrer ao longo de suas campanhas
militares.
Este movimento de resistência teve desdobramentos nas colônias espanholas da América que,
de alguma forma, serviram como pretexto para a
eclosão de revoltas em prol da emancipação política.
Neste início de século XXI, o Japão ainda
possui a economia mais avançada da Ásia e,
embora produza energia nuclear, não dispõe
nem de armas atômicas, nem de forças armadas consideráveis, ao passo que a Índia e a
China, com economias mais atrasadas possuem armas nucleares e grandes exércitos.
Indique os processos e/ou acontecimentos históricos cruciais que, nas décadas de 40 e 50
do século passado, estiveram na origem do
a) poder econômico, mas não militar, do Japão.
b) poder militar, maior do que o econômico,
da Índia e da China.
Resposta
a) Ao término da Segunda Guerra Mundial, o Japão foi militarmente derrotado em seguida ao ataque com bombas atômicas sobre as cidades de
Hiroshima e Nagasaki por parte dos Estados Unidos. Os Estados Unidos e a União Soviética
emergem como superpotências rivais entre si,
inaugurando a chamada Guerra Fria. Estabelece-se uma competição entre as duas superpotências, que se manifesta em vários planos. Do lado
dos Estados Unidos, segundo a chamada Doutrina Truman (1947), tratava-se de "conter a expansão do comunismo no mundo".
história 4
Coerente com essa política, para além de proibir
o Japão de dispor de forças armadas de caráter
ostensivo e obrigá-lo a renunciar formalmente ao
uso de energia nuclear com fins bélicos, os Estados Unidos iniciam um programa de ajuda econômica (Plano Marshall) dirigido aos países devastados pela guerra que se comprometessem com a
"democracia" – entenda-se que permanecessem
como aliados dos Estados Unidos no pós-guerra.
Existia uma finalidade política, com a ajuda econômica norte-americana, que era evitar que estes
países viessem integrar o chamado "bloco socialista". Nesse contexto, o Japão veio a tornar-se o
principal aliado político e econômico dos Estados
Unidos no Extremo Oriente. Esse papel foi realçado, sobretudo, em seguida à Revolução Chinesa
(1949) e a adoção do socialismo em países do
Sudeste Asiático. Sem gastos extraordinários
destinados ao setor militar, o Japão pôde investir
a parte mais significativa dos recursos recebidos
no processo de reconstrução econômica do país.
Observe-se que o Japão possuía uma estrutura
industrial desde o século XIX, com a chamada
Restauração Meiji. Nas últimas décadas do século XX, os grandes derrotados da Segunda Guerra
Mundial, o Japão e a Alemanha, emergem como
grandes potências econômicas, rivalizando com
os Estados Unidos nesse plano.
b) Em 1949 é fundada a República Popular da
China, integrando e ampliando o chamado bloco
socialista. Por intermédio do regime socialista, a
China emerge como potência no Extremo Oriente,
apoiada inicialmente pela União Soviética. No início dos anos cinqüenta do século XX, intervém
militarmente em favor da Coréia do Norte e posteriormente nos conflitos bélicos do Sudeste Asiático. No plano interno, a fuga de Chiang Kai Chek
para a ilha de Taiwan (Formosa) e a fundação da
República da China criam um foco de tensão e
conflito bélico permanente, pois, desde então,
Taiwan é considerada uma "província rebelde"
para o governo da República Popular da China.
Na fronteira ocidental, a República Popular da
China abriu um contencioso com a Índia ao invadir militarmente e anexar o Tibete, país fronteiriço
com a Índia. O antigo governante do Tibete obteve o apoio da Índia, aprofundando, dessa forma, o
clima de tensão entre a China e a Índia, que se
estende até a atualidade. Deve-se lembrar também que, a partir do XX Congresso do Partido
Comunista da União Soviética (1956), inaugura-se o chamado conflito sino-soviético (soviéticos
condenam Stálin, chineses condenam soviéticos
que criticaram Stálin), abrindo um grave foco de
tensão e conflito no interior do bloco socialista (a
partir de então ocorre uma cisão entre o "comunismo soviético" e o "comunismo chinês").
Assim, a República Popular da China esteve – e
de alguma forma ainda está – envolvida em um
conjunto diversificado de conflitos internos e externos que fizeram com que seus governantes encaminhassem um significativo montante de recursos para o setor militar, com fins bélicos, justificando assim, seu papel entre as grandes potências militares. Por esta via torna-se também, de
uma certa forma, compreensível que, com tantos
recursos destinados a manter os gastos militares,
a República Popular da China não tenha aproveitado tais recursos para potencializar sua economia.
A Índia torna-se um país independente em 1947.
No próprio processo de emancipação política, a
Índia enfrenta uma guerra civil de graves proporções entre indianos de religião hindu e indianos
de religião muçulmana. No final deste conflito, o
antigo território da Índia do período colonial é seccionado.
No norte do país são fundados o Paquistão Ocidental e o Paquistão Oriental, ambos de maioria
muçulmana, que apesar de formarem um só país,
eram territorialmente seccionados.
Na região fronteiriça entre a Índia e o Paquistão
Ocidental, um Estado da Índia, a Caxemira, com
população de maioria muçulmana, passa a viver
em um processo de constante tensão e conflito,
pois os muçulmanos de Caxemira recebem o
apoio do Paquistão para separá-la da Índia. Em
mais de uma oportunidade, Índia e Paquistão foram à guerra e o conflito se estende até a atualidade. Depois de uma série de conflitos, o Paquistão Oriental separou-se do Paquistão Ocidental, dando origem a Bangladesh.
No contexto da Guerra Fria, a Índia procura o
apoio de outros países para fundar o grupo dos
não-alinhados, ou seja, países que deveriam ficar
em uma posição eqüidistante em relação aos
Estados Unidos e à União Soviética. A formação
desse grupo formaliza-se em 1955, na Conferência de Bandung (Indonésia).
Ao mesmo tempo abre-se um contencioso com a
China, devido à invasão do Tibete (já referido) e,
no contexto do conflito sino-soviético, a Índia e a
União Soviética aliam-se face a um possível inimigo comum (a China).
No plano interno, desde a época da independência, a Índia enfrenta graves problemas associados
a conflitos religiosos (hindus e muçulmanos) e separatistas (minorias étnicas no interior do país).
Assim, existe uma soma tal de conflitos internos e
externos que fazem com que a Índia tenha de
destinar uma parte significativa de seus recursos
para fins militares.
Portanto, há um certo paralelismo entre a China e
a Índia, que nos ajuda a compreendê-los como
grandes potências militares.
história 5
Questão 6
Questão 7
“De puramente defensiva, tal qual era,
em sua origem, a doutrina Monroe, graças à extensão do poder norte-americano e às transformações sucessivas do espírito nacional, converteu-se em verdadeira arma de combate sob a liderança
de Teodoro Roosevelt”
Com relação ao povoamento e à colonização
da região norte do Brasil, nos séculos XVII e
XVIII, explique:
a) As particularidades da administração política e religiosa da região.
b) A importância da exploração econômica
dessa região para a Metrópole.
Barral-Montferrat, 1909.
a) Qual a proposta da doutrina Monroe?
b) Explique a razão pela qual a doutrina se
“converteu em arma de combate sob a liderança de Teodoro Roosevelt”. Exemplifique.
Resposta
a) Face à possibilidade de as ex-potências coloniais européias (especialmente a Espanha) enviarem tropas para tentar recolonizar suas antigas
colônias na América, o então presidente dos Estados Unidos, James Monroe, envia uma mensagem ao Congresso norte-americano, na qual deixava claro que os Estados Unidos iriam considerar como uma questão de "segurança nacional"
qualquer tentativa de potências estrangeiras desembarcarem tropas em qualquer parte do território americano com a finalidade de reverter as independências políticas.
A mensagem era sintetizada na fórmula "A América para os americanos" e ficou conhecida como
Doutrina Monroe (1823).
b) Na época do governo do presidente Theodore
Roosevelt (1901-1909), foi adotada uma orientação de política externa em relação aos países latino-americanos que ficou conhecida como a "política do Big Stick" (porrete grande) ou como o "Corolário Roosevelt à Doutrina Monroe". Assim, países latino-americanos credores dos Estados Unidos que, por alguma razão, não possuíssem condições de honrar suas dívidas eram invadidos por
tropas norte-americanas até que a dívida fosse
saldada. Daí, segundo o texto, a Doutrina Monroe
ter se tornado uma "arma de combate".
Podemos exemplificar como resultado da política
de T. Roosevelt intervenções norte-americanas
em várias regiões, como na República Dominicana, em Cuba, na Nicarágua e em Honduras. Foi
patrocinada a secessão do Panamá em relação à
Colômbia, visando a construção do canal do Panamá sob controle dos Estados Unidos.
Resposta
a) Do ponto de vista do povoamento e da colonização, a região Norte do Brasil diferenciou-se significativamente das regiões litorâneas do Nordeste e Sudeste em igual período. Estas últimas, de
uma certa forma, estiveram integradas como mercados consumidores e fornecedores de produtos
para a Metrópole (especialmente o Nordeste açucareiro) e seus processos de ocupação e povoamento responderam aos referidos estímulos econômicos.
Já os extremos sul e norte foram objeto de cobiça
internacional e nessas regiões a presença governamental foi muito mais significativa, especialmente no Norte, por intermédio de fortificações e
expedições exploradoras patrocinadas pela Coroa. O isolamento e as dificuldades de comunicação interna ou por via litorânea entre o Norte e as
demais regiões levaram a Metrópole a dividir administrativamente a América portuguesa em duas
unidades por um longo período, o Estado do Brasil e o Estado do Grão-Pará e Maranhão
(1621-1774).
Na região Norte, além da maior presença governamental, foi marcante a presença religiosa por
intermédio de muitas missões que se estabeleceram na região.
Também foi mais significativo o confronto entre jesuítas (contrários à escravização dos indígenas) e
colonos que, sem recursos suficientes para comprar escravos africanos, buscavam os indígenas
como escravos.
No conjunto, ao longo da história, a região sofreu
maiores problemas de ocupação e integração
com outras regiões do país, o que de alguma forma se reflete até a atualidade.
b) Para a Metrópole, a maior importância econômica da região esteve associada a atividades extrativistas na densa floresta Amazônica. Buscavam-se produtos que genericamente eram conhecidos como "drogas do Sertão", que eram valorizadas no mercado europeu. No Maranhão, as atividades econômicas, para além do extrativismo,
estiveram também associadas à cultura algodoeira e à agroindústria do açúcar.
história 6
tia a hegemonia paulista, que a candidatura do Sr. Júlio Prestes asseguraria
por mais quatro anos”.
Questão 8
“Este comércio de carne humana é, pois,
um cancro que corrói as entranhas do
Brasil... Acabe-se de uma vez o infame
tráfico de escravatura africana... Torno
a dizer, porém, que eu não desejo ver
abolida de repente a escravidão; tal
acontecimento traria consigo grandes
males. Para emancipar escravos, sem
prejuízo da sociedade, cumpre fazê-los
primeiramente dignos da liberdade:
cumpre que sejamos forçados pela razão
e pela lei a convertê-los gradualmente
de vis escravos em homens livres e ativos”.
José Bonifácio, 1823.
a) Qual a posição do autor com relação à escravidão no Brasil?
b) Essas idéias estão relacionadas ao contexto
sócio-econômico brasileiro? Por quê?
Resposta
a) José Bonifácio era contrário à escravidão e
propunha uma transformação gradual que envolveria, entre outros aspectos, a abolição do tráfico
de escravos e um processo educativo que, a médio e longo prazo, transformasse os ex-escravos
em "homens livres e ativos".
b) Sim. Na época o Brasil tinha acabado de realizar sua emancipação política em relação a Portugal e no plano econômico destacava-se como exportador de produtos agrícolas (açúcar, algodão e
iniciava-se a cafeicultura).
Nas atividades agrícolas utilizava-se extensamente a mão-de-obra escrava africana. Por essa razão, segundo José Bonifácio, a abolição imediata
do tráfico e da escravidão "traria (...) grandes males", pois, entre outros aspectos, poderia naquele
momento provocar um colapso da produção e por
esta via comprometer a emancipação política do
país.
Questão 9
“... o que avulta entre os fatores da revolução de 1930 é o sentimento regionalista, na luta pelo equilíbrio das forças entre os estados federados. Minas Gerais,
aliando-se ao Rio Grande do Sul, comba-
Barbosa Lima Sobrinho, A verdade sobre a revolução de outubro – 1930 (1933).
a) Explique a questão do regionalismo político no período que antecedeu 1930.
b) Apresente a situação política de São Paulo
na federação, depois da tomada do poder, por
Getúlio Vargas, em 1930.
Resposta
a) Excetuando um breve período do chamado
"Avanço Liberal" (1831-1837), prevaleceu a centralização político-administrativa durante o período monárquico.
Entretanto, naquele período, emergem setores
econômicos e sociais, especialmente aqueles ligados à cafeicultura que não viam seus interesses adequadamente representados no governo.
Especialmente a partir da segunda metade do século XIX, não faltaram propostas no sentido de
uma reforma política que viesse contemplar os
novos interesses, como por exemplo, abolir a vitaliciedade do Senado. Entretanto, uma a uma as
propostas foram rejeitadas. Terminados os conflitos bélicos no Prata, e sem alternativa de reformas, setores políticos que expressavam os interesses desta nova elite empresarial lançam um
manifesto republicano (1870). Identificava-se a
monarquia à centralização e ao autoritarismo e, a
república, à descentralização e à liberdade.
Propôs-se um modelo político federativo que concedia ampla autonomia às futuras unidades da federação, que de províncias seriam transformadas
em estados. O Brasil passaria a ser uma federação de estados, os "Estados Unidos do Brasil".
Excetuando o breve período de controle militar,
ainda marcado por um certo autoritarismo (Governo Provisório, Deodoro, Floriano – 1889-1894), o
período subseqüente, consagrado pelos preceitos
da Constituição de 1891, transformava o país em
uma federação de estados que possuíam uma
ampla autonomia em relação ao governo central.
Por esta via, as elites econômicas ligadas à cafeicultura vieram fazer valer seus interesses estabelecendo um equilíbrio que fortalecia as oligarquias
que controlavam os demais estados da federação.
Criava-se, desta forma, por vias institucionais, um
cenário que fortalecia os particularismos locais
(regionalismo) em detrimento de uma possível direção central mais autoritária.
Ao longo do período, prevaleceram acordos políticos entre oligarquias estaduais que garantiam a
governabilidade do país e ao mesmo tempo "respeitavam" os interesses locais.
história 7
A insistência de Washington Luís em indicar Júlio
Prestes para sucedê-lo veio a romper o referido
equilíbrio dando origem à chamada Revolução de
1930.
b) À primeira vista, é comum afirmar que, no plano político, São Paulo foi prejudicado com a tomada do poder por Vargas. Afinal, foi nomeado um
interventor que não estava sintonizado com as lideranças políticas locais. Estabeleceu-se uma rígida centralização político-administrativa que colocava em segundo plano os expoentes da política local. Esses episódios estão na raiz da chamada
Revolução Constitucionalista de 1932.
Todavia, de uma perspectiva mais ampla, a chamada Revolução de 1930, ao pôr um ponto final
no regionalismo da Primeira República, viria, em
última instância, beneficiar a "locomotiva" (que
era o nome que se dava a São Paulo). Houve
continuidade na política de defesa do café (queima de estoques invendáveis) e a centralização
viabilizou um mercado nacional e facilitou a circulação de pessoas e mercadorias, aumentando o
fluxo interno quanto ao fornecimento de insumos,
mão-de-obra e mercados de consumo para o setor industrial que se consolidava em São Paulo.
Questão 10
Esta fotografia mostra São Paulo, em 1950.
Observe-a e responda:
a) Que símbolos da modernidade nela aparecem?
b) Por que São Paulo, a exemplo de outras cidades brasileiras, cresceu tanto a partir da
década de 1950?
Resposta
a) Destacam-se nessa foto os edifícios, as vias de
comunicação, a luminosidade, a presença de veículos.
b) Especialmente a partir da segunda metade da
década de 1950, o país passa por uma intensa
fase de crescimento econômico que ficou conhecida como "desenvolvimentismo". O presidente
Juscelino Kubitschek (1956-1961) elaborou o chamado Plano de Metas e contou com uma conjuntura internacional que propiciou um grande fluxo
de capital estrangeiro para o país, que foi investido em setores de infra-estrutura (energia, transportes, insumos industriais) e indústria de bens
duráveis. Atingiu-se, apesar de percalços, uma situação próxima ao pleno emprego, tornando as cidades um grande pólo de atração.
Assim, o crescimento urbano-industrial, de uma
certa forma, reflete as transformações pelas quais
passava o Brasil naquele período.
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