Há só uma terra: - Que protecção do ambiente? Uma excelente base para estudar os problemas do ambiente é o capítulo X do Compêndio de Doutrina Social da Igreja que os analisa de forma profunda e inesperada. Ao longo dos séculos o ser humano sempre viu a natureza, ou como perigo e inimigo, ou como magia a adorar. A perspectiva cristã é bem diferente: «A natureza, obra da criação divina, não é uma perigosa concorrente. Deus, que fez todas as coisas, viu que cada uma delas “era coisa boa”. No vértice da Sua criação, como “coisa muito boa”, o Criador coloca o homem. Só o homem e a mulher, entre todas as criaturas, foram queridos por Deus a sua imagem: a eles o Senhor confia a responsabilidade sobre toda a criação, a tarefa de tutelar a harmonia e o desenvolvimento. O liame especial com Deus explica a privilegiada posição do casal humano na ordem da criação.” (451) Isto leva à razão para proteger o ambiente. «O homem não deve, portanto, esquecer que a sua capacidade de transformar o mundo e, de certo modo, o „criar‟ com o próprio trabalho se desenrola sempre sobre a base da doação originária dos bens por parte de Deus. Ele não deve dispor arbitrariamente da terra, submetendo-a sem reservas à sua vontade, como se ela não possuísse uma forma própria e um destino anterior que Deus lhe deu e que o homem pode desenvolver, mas não deve trair. Quando se comporta deste modo, em vez de realizar o seu papel de colaborador de Deus na obra da criação, o homem substitui-se a Deus, e deste modo acaba por provocar a revolta da natureza, mais tiranizada que governada por ele.» (460) O Compêndio alerta ainda para os erros utilitarista e ecologista, razões muito referidas hoje em dia. «Uma correcta concepção do ambiente, se por um lado não pode reduzir de forma utilitarista a natureza a mero objecto de manipulação e desfrute, por outro lado não pode absolutizar a natureza e sobrepô-la em dignidade à própria pessoa humana. » (463). «Uma visão do homem e das coisas desligadas de qualquer referência à transcendência conduziu à negação do conceito de criação e a atribuir ao homem e à natureza uma existência completamente autónoma. A estreita ligação que une o mundo a Deus foi, assim, quebrada.» (464). Aqui se liga o conceito revolucionário de «ecologia humana» introduzido por João Paulo II. Esta idea inovadora aplica a ecologica ao ambiente social, cultural, espiritual. Bento XVI usou esta ideia no Natal para repudir os ataques à família através do conceito perverso de «género». Tantos que protegem a natureza esquecem esses princípios ao tratar da humanidade. Lisboa, 25 de Fevereiro de 2009 João César das Neves Irmandade da Misericórdia e de São Roque de Lisboa Igreja de São Roque Largo Trindade Coelho – 1200-470 Lisboa Instituição • Órgãos Sociais • Serviços à Comunidade • História • Heráldica • Loja • Contactos Website desenvolvido por @dminsaúde