1 FACULDADE DE PARÁ DE MINAS Curso de Letras Vanessa de Oliveira Pereira CAUSAS DO FRACASSO DO ENSINO DA LÍNGUA ESTRANGEIRA NAS ESCOLAS PÚBLICAS Pará de Minas 2013 2 Vanessa de Oliveira Pereira CAUSAS DO FRACASSO DO ENSINO DA LÍNGUA ESTRANGEIRA NAS ESCOLAS PÚBLICAS Monografia apresentada à Coordenação de Letras da Faculdade de Pará de Minas como requisito parcial para a conclusão do curso de Letras. Orientadora: Especialista em Inglesa Tatiana Pires Bini Dutra Língua Co-orientadora: Mestre Cristina Mara França Pinto Fonseca Pará de Minas 2013 3 CAUSAS DO FRACASSO DO ENSINO DA LÍNGUA ESTRANGEIRA NAS ESCOLAS PÚBLICAS Monografia apresentada à Coordenação de Letras da Faculdade de Pará de Minas como requisito parcial para a conclusão do curso de Letras. Orientadora: Especialista em Inglesa Tatiana Pires Bini Dutra Co-orientadora: Mestre França Pinto Fonseca Língua Cristina Aprovada em _____ / _____ / _____ ___________________________________________________________ Tatiana Pires Bini Dutra Especialista em Língua Inglesa ___________________________________________________________ Renata Teixeira da Silva Graduada em Letras e Mestre em Educação Mara 4 Dedico este trabalho a todos aqueles que de alguma forma me ajudaram a concretizá-lo. 5 Agradeço a Deus por ter me dado força e conhecimento para realizar este trabalho. À minha família por me apoiar nas horas de desespero. À minha orientadora, pela paciência e motivação, e aos colegas que me orientaram a todo instante. 6 “O bom professor não é mais o que tudo sabe, mas aquele que sabe promover ambientes que promovem a autonomia do aprendiz e que os desafia a aprender com o(s) outro(s) através de oportunidades de interação e de colaboração”. Vera Lúcia Menezes de Oliveira e Paiva 7 RESUMO Este trabalho visa analisar as possíveis causas do fracasso do ensino de Língua Inglesa nas escolas públicas. Foram analisadas as hipóteses de aquisição de uma segunda língua mais conhecidas entre os estudiosos da área, bem como as metodologias existentes no ensino de L2 e suas aplicações nas escolas. Também foi abordada a importância da motivação e como ela se dá no aprendizado de Língua Inglesa, e como os professores podem utilizar recursos extraclasse para tornar o ensino mais prazeroso. Como forma de análise, foi realizada uma pesquisa em duas escolas de grande porte da cidade de Pará de Minas com alunos do 6° ao 1° ano do ensino médio. Foram analisados o interesse dos alunos pelo ensino do idioma, qual seria a forma mais interessante de aprenderem o conteúdo e em quais habilidades comunicativas eles têm melhor desenvolvimento. Com base nos dados coletados, foi possível analisar quais seriam as possíveis causas do ensino da L2 nas escolas públicas. Palavras-chave: Metodologia, motivação, Língua Inglesa. 8 SUMÁRIO 1 INTRODUÇÃO.................................................................................................... 9 2 JUSTIFICATIVA.................................................................................................. 10 3 OBJETIVOS........................................................................................................ 12 3.1 Objetivos Gerais............................................................................................. 12 3.2 Objetivos Específicos.................................................................................... 12 4 PERSPECTIVAS TEÓRICAS............................................................................. 13 4.1 Hipóteses de aquisição de uma segunda língua (L2) e suas abordagens teóricas............................................................................................ 13 4.2 Estratégias metodológicas e suas aplicações em sala de aula................. 20 4.3 A motivação e o uso da tecnologia no processo de aprendizagem.......... 27 5 METODOLOGIA................................................................................................. 33 5.1 Análise de Dados............................................................................................ 34 CONSIDERAÇÕES FINAIS................................................................................... 39 REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS...................................................................... 40 ANEXOS................................................................................................................ 43 APÊNDICE A.......................................................................................................... 45 APÊNDICE B.......................................................................................................... 46 9 1 INTRODUÇÃO Este trabalho tem por objetivo analisar como se dá o ensino de Língua Inglesa nas escolas públicas. No primeiro capítulo, foi feita uma análise mais aprofundada das hipóteses de aquisição da segunda língua e suas abordagens teóricas baseadas em alguns estudiosos da área, bem como o Currículo Básico Comum de Língua Inglesa (CBC) propõe que seja feito em sala de aula. Já no segundo capítulo, encontra-se uma descrição mais detalhada das metodologias existentes no ensino de línguas e como ocorreram suas transformações ao longo dos tempos. Também foi estudado o CBC e os PCNs – Parâmetros Curriculares Nacionais, ambos criados pelo Governo para auxiliar o professor em salas de aulas. É sabido que somente a metodologia e suas aplicações não são válidas se não forem voltadas e reformuladas de acordo com a realidade do aluno. O terceiro capítulo deste trabalho desenvolve um pouco mais a questão da motivação do aluno, bem como a preparação do professor no momento do ensino-aprendizagem e o uso de recursos tecnológicos. No final da pesquisa, foi feita uma entrevista com 20 alunos do 6º ano do ensino fundamental à 1ª série do ensino médio de duas escolas públicas da cidade de Pará de Minas para uma análise sobre a forma de ensino nas escolas e como isso influencia no desenvolvimento do aluno. 10 2 JUSTIFICATIVA Esta proposta de pesquisa surgiu a partir das inúmeras reclamações de professores e no quão defasado é o ensino do inglês em escolas públicas brasileiras. Os motivos podem ser diversos: a falta de preparo dos professores, a falta de estruturação das escolas e do Governo Federal para disponibilizar materiais adequados para o ensino de uma língua estrangeira e do desinteresse da maioria dos alunos, sendo este causado pela desmotivação ou pela dificuldade. Como se sabe, infelizmente o Governo não irá desembolsar muito para esse tipo de ensino, mas cabe aos educadores e graduandos em Letras, se preparar para tornar este conteúdo mais agradável e adaptá-lo à realidade dos alunos com os quais irão trabalhar. Pensando nisso, cabe analisar todas as metodologias existentes de ensino da Língua Inglesa, mas existe um método ideal? O que se pode fazer diante desse problema? Como despertar o interesse do aluno para o conteúdo e auxiliá-lo a sanar as dificuldades? A “culpa” é dos profissionais despreparados? Do governo que não quer investir mais? Dos próprios alunos? Da escola no geral? Como conseguir fazer com que os alunos mostrem interesse e aprendam o novo idioma? Há inúmeras metodologias e teorias sobre a aquisição do novo idioma, mas nenhuma conclusão que explique isso de fato. A aprendizagem na escola regular, infelizmente, não foca no ensino das quatro habilidades: ler, ouvir, falar e escrever, conforme sugere o CBC – Currículo Básico Comum, ou seja, não se dá como o aprendizado da língua mãe, no caso, o Português. Infelizmente, nenhum método existente no mercado é cem por cento eficaz, nem fará nenhum milagre, tudo dependerá de como é aplicado e do aluno, pois cada aluno aprende de uma forma diferente, podemos perceber isso em sala de aula. Normalmente, o método mais utilizado nas escolas públicas é o de tradução, e há alunos que têm extrema facilidade e outros com extrema dificuldade. O método deve variar de aluno para aluno. Deve-se levar em consideração também os prós e contras da aplicação de cada método. 11 Para completar o processo de ensino, é preciso ter em mente a ideia de que o ensino da segunda língua deve-se dar como "um veículo de comunicação" dentro de situações reais. A partir daí, o professor pode a utilizar diversos métodos para fazer com que o resultado final seja significativo. Mas qual seria a solução diante desses problemas? Uma reformulação das metodologias aplicadas? Uma exigência maior da instituição para com a capacitação dos professores? Fazer com que os alunos tenham uma consciência da importância do segundo idioma e do conteúdo como grade escolar? Quem seria responsável por realizar essa mudança? Dá-se então a justificativa para o desenvolvimento deste projeto. 12 3 OBJETIVOS 3.1 OBJETIVOS GERAIS Analisar como se dá o ensino da Língua Inglesa nas escolas públicas e como o professor pode aumentar o interesse do aluno, trabalhando com as diversas metodologias existentes e aplicando projetos para melhorar, desenvolver e superar as dificuldades ao longo do processo de ensino-aprendizagem. 3.2 OBJETIVOS ESPECÍFICOS Analisar as metodologias utilizadas em sala de aula por professores de Língua Inglesa de escolas públicas; Investigar como o uso de projetos pode melhorar, desenvolver e superar as dificuldades ao longo do processo de ensino-aprendizagem da segunda língua; Investigar os geradores da desmotivação dos alunos; Propor uma melhor abordagem metodológica para tratar o problema. 13 4 PERSPECTIVAS TEÓRICAS Aprender uma segunda língua hoje se faz extremamente necessário no mundo cada vez mais globalizado, porém não se dá num piscar de olhos. Diversos fatores influenciam no processo de ensino-aprendizagem, como por exemplo, fatores culturais, intelectuais e até emocionais. O ensino da língua estrangeira se dá desde os tempos antigos, no qual saber um segundo idioma era sinônimo inteligência. Atualmente, as escolas começam o ensino da língua inglesa a partir do 6º ano do Ensino Fundamental e se estende até o 1º ano do Ensino Médio, em sua maioria com conteúdos defasados e repetitivos. 4.1 HIPÓTESES DE AQUISIÇÃO DE UMA SEGUNDA LÍNGUA (L2) E SUAS ABORDAGENS TEÓRICAS Muito se tem pesquisado sobre como se dá a aquisição de uma segunda língua, porém pouco se tem visto em prática quando se trata da aplicação metodológica em sala de aula. É preciso, além do domínio do idioma, considerar fatores relevantes que influenciarão diretamente na aprendizagem do aluno, sendo eles os fatores neurológicos, cognitivos e afetivos. Um dos fatores neurológicos mais significativos é a lateralização do cérebro, que consiste na troca de informações e assimilação. A assimilação da língua, seja materna ou estrangeira, ocorre do hemisfério direito, que é responsável pela captação, para o hemisfério esquerdo, da assimilação. Quanto mais cedo a criança aprender a segunda língua, mais facilidade ela terá, isso se dá porque o cérebro dela está em formação, portanto com os hemisférios mais próximos, e essa “transferência de dados” é mais rápida e completa. Quando adulto essa transferência é um pouco mais difícil, mas não impossível. 14 “Does the maturation of the brain at some point spell the doom of language acquisition ability? Some scholars have singled out the lateralization of the brain as the key to answering such a question. There is evidence in neurological research that as the human brain matures certain functions are assigned - or "lateralized" - to the left hemisphere of the brain and certain other functions to the right hemisphere. Intellectual, logical and analytic functions appear to be largely located in the left hemisphere while right hemisphere controls functions related to emotional and social needs.” (BROWN, 1994, p. 53) Vide tradução livre feita por Vanessa de Oliveira Pereira, outubro, 2013, no apêndice B, página 46, item 1. Ainda com relação à faixa etária, as crianças têm maior facilidade de pronúncia e diferenciação de sons, uma vez que o aparelho fonador ainda está em formação, e essa assimilação se dá com mais facilidade e não adquire-se vícios de linguagem, comuns em adolescentes e adultos. A essa teoria, dá-se o nome de Critical Period Hypothesis (Hipótese do Período Crítico). BROWN (1994, p.52) afirma em seu livro que há um calendário biológico para a aquisição de uma língua, seja ela a língua materna ou uma L2. “The critical period hypothesis claims that there is such a biological timetable. Initially the notion of a critical period was connected only to first language acquisition. Pathological studies of children who failed to acquire their first language, or aspects thereof, became fuel for arguments of biologically determined predispositions, timed for release, which would wane if the correct environmental stimuli were not present at the crucial stage.” (BROWN, 1994, p. 52) Vide tradução livre feita por Vanessa de Oliveira Pereira, outubro, 2013, no apêndice B, página 46, item 2. Muito ainda se discute sobre o Critical Period Hypothesis, mas sua fundamentação baseia-se na questão neurológica, ligada à teoria da lateralização do cérebro. Segundo LAURA LEE MOORE (1999) em seu artigo sobre o período crítico, acredita-se que antes da puberdade (período crítico) partes das funções da linguagem estão no hemisfério esquerdo e outros no direito, não existindo um lado específico, enquanto em um adulto, essas funções estão localizadas no lado esquerdo. 15 “The foundation of the critical period hypothesis rests on neurological research that suggests that brain functions become lateralized after puberty. As we know there are two sides of the human brain - the right and the left. Some language functions appear to be controlled or stationed in the right while others are located in the left portion. Language functions appear mainly controlled by the left side. It is believed that, before puberty, these functions are not completely assigned to either portion of the brain. The brain is viewed as elastic. The specific assignment or lateralization of brain functions is believed to be complete and set sometime during or just after puberty. According to this theory, the prepubescent brain is like a "sponge" - - all learning, knowledge, and experiences are merely "absorbed." This "absorption" of aspects of language to non-specific locations in the brain supposedly makes the learning of language, first or second language, easier for children than adults or older adolescents.” (MOORE, 1999) Vide tradução livre feita por Vanessa de Oliveira Pereira, outubro, 2013, no apêndice B, página 46, item 3. Segundo AUSUBEL, (1964) e BROWN (1994), o fator cognitivo deve ser observado, já que crianças e adultos aprendem de formas diferentes. Um adulto precisa de explicações gramaticais e estruturas para melhor assimilação, já a criança pode aprender de uma forma mais lúdica, natural, dependendo da idade, sem necessidade de estruturas gramaticais, apenas funcionais. É muito importante observar isso para que o aluno não fique desmotivado. É preciso trazer a realidade do aluno para o processo de ensino-aprendizagem. “Ausubel (1964) hinted at the relevance of such a connection in noting that adults learning a second language could profit from certain grammatical explanations and dedutive thinking that obviously would be pointless for a child. [...] Young children are generally not "aware" that they are acquiring a language, nor are they aware of societal values and attitudes placed on one language or another.” (BROWN, 1994, p. 59) Vide tradução livre feita por Vanessa de Oliveira Pereira, outubro, 2013, no apêndice B, página 47, item 4. Fatores afetivos não podem ser descartados, uma vez que seres humanos são seres emocionais, talvez mais que racionais. Se faz necessário criar empatia, controlar a ansiedade e a inibição dos alunos, além de trabalhar a emoção, pois ela interfere diretamente no processo de retenção do conteúdo. 16 “At the heart of all thought and meaning and action is emotional. As "intellectual" as we would like to think we are, we are influenced by our emotional. It is only logical, then, to look at the affective domain for some of the most significant answers to the problems of contrasting the differences between first and second language acquitision. [...]The affective domain includes many factors: empathy, self-esteem, extroversion, imitation, anxiety, attitudes - the list could go on for some time.” (BROWN, 1994, p. 61) Vide tradução livre feita por Vanessa de Oliveira Pereira, outubro, 2013, no apêndice B, página 47, item 5. Analisando a aplicação dos fatores afetivos, pode-se inserir aplicações do contexto escolar por exemplo. Adultos são mais maduros quando se trata de uma aquisição de L2, portanto, conseguem assimilar com mais facilidade feedbacks enquanto crianças e adolescentes são mais críticos, qualquer erro, por mais “bobo” que seja, torna-se motivo de brincadeiras em sala de aula, e isso pode fazer com que o aluno crie uma barreira, inibindo-se de participar durante as aulas. “Adults tend to tolerate linguistic differences more than children, and therefore errors in speech are more easily excused. If adults can understand a second language speaker for example, they will usually provide positive cognitive and affective feedback, a level of tolerance that might encourage some adult learners to "get by". Children are harsher critics of one another's actions and words and may thus provide a necessary and sufficient degree of pressure to learn the second language.” (BROWN, 1994, p. 64) Vide tradução livre feita por Vanessa de Oliveira Pereira, outubro, 2013, no apêndice B, página 47, item 6. De acordo com BROWN (1994) em seu livro “Principles of Language Learning and Teaching”, o processo de ensinar uma segunda língua é um facilitador da aprendizagem. Deve-se levar em consideração que, um aprendizado só é totalmente proveitoso se expandir as barreiras da sala de aula, “Second language learning is not a set of easy steps that can be programmed in a quick do-it-yourself kit”. (BROWN, 1994, p 01). Vide tradução livre feita por Vanessa de Oliveira Pereira, outubro, 2013, no apêndice B, página 47, item 7. Segundo MOREIRA (2001) em seu livro “Técnicas de Aprendizagem”, teorias de aprendizagem são tentativas de interpretar sistematicamente, organizar, fazer previsões 17 sobre conhecimentos relativos à aprendizagem. Existem filosofias nas teorias de aprendizagem, a cognitiva ou construtivismo, comportamentalista ou behaviorista e a humanista. As teorias cognitivas tratam-se dos processos mentais – percepção, resolução de problemas, compreensão - de maneira mais objetiva e não especulativa. “A filosofia cognitivista se ocupa da atribuição de significados, da compreensão, transformação, armazenamento e uso da informação envolvida na cognição. [...] No ensino, a teoria construtivista se implica deixar de ver o aluno como um receptor de conhecimentos. [...] Ele passa a ser considerado agente de uma construção.” (MOREIRA, p.15, 2001) O cognitivismo enfatiza o ato e conhecer (cognição), valoriza os conhecimentos prévios dos alunos e incentiva a construção de novos conhecimentos, caracterizando uma aprendizagem prazerosa, deixando assim que o professor seja apenas uma ponte entre o ensino e o aluno. Já a teoria comportamentalista, também conhecida como behaviorista, se baseia nas respostas geradas pelos estímulos. Se a consequência for boa, no caso, a forma como o conhecimento foi adquirido, ele automaticamente despertará o interesse e seu aprendizado se tornará mais agradável, mais propício. “Grande parte da ação docente consistia em apresentar estímulos e, sobretudo, reforços positivos (consequências boas para os alunos) na quantidade e no momento corretos, a fim de aumentar ou diminuir a frequência de certos comportamentos dos alunos.” (MOREIRA, p.14, 2001) O ambiente, no caso, a sala de aula, fornece os estímulos e o aluno, as respostas, que podem se dar pela compreensão como por uma nova produção. Essa teoria sugere que o aluno receba recompensas, que pode ser dar através de feedbacks. Os estímulos eram dados para que determinados comportamentos fossem expressos, se ao final da avaliação eles tivessem apresentado a conduta pré-estabelecida na 18 instrução, a aprendizagem havia ocorrido. “Os objetivos comportamentais definiam, da maneira mais clara possível, aquilo que os alunos deveriam ser capazes de fazer, em quanto tempo e sob que condições, após a instrução. A avaliação consistia em verificar se as condutas definidas nos objetivos comportamentais eram, de fato, apresentadas no final da instrução. Se isso acontecia, admitia-se, implicitamente, que havia ocorrido a aprendizagem.” (MOREIRA, 2001, p. 14) A abordagem humanista, como o próprio nome diz, valoriza o ser humano, como aprendiz, em um geral, não só intelectualmente. Vai além da aquisição de conhecimento, abordando sentimentos, pensamentos e ações do indivíduo. Tendo sua auto realização no final do processo. “Neste enfoque a aprendizagem não se limita a um aumento de conhecimento. Ela é penetrante, visceral, e influi nas escolhas e atitudes do individuo. Pensamentos, sentimentos e ações estão integrados, para bem ou mal. Não tem sentido falar do comportamento ou cognição sem considerar o domínio afetivo, os sentimentos do aprendiz.” (MOREIRA, 2001, p. 16) Pode-se ter uma melhor explanação das teorias e seus principais enfoques no esquema que se encontra em anexos, na página 40. Baseado nesses dados é possível perceber o quanto isso influência no aprendizado dos alunos do Ensino Fundamental quando não se tem uma base concreta, que se torna um dificultador para o aluno no Ensino Médio. De acordo com o PCN – Parâmetros Curriculares Nacionais (MEC, 1998), o ensino da língua estrangeira visa abranger a auto percepção do aluno como ser humano e como cidadão. “Primordialmente, objetiva-se restaurar o papel da Língua Estrangeira na formação educacional. A aprendizagem de uma língua estrangeira, juntamente com a língua materna, é um direito de todo cidadão, conforme expresso na Lei de Diretrizes e Bases e na Declaração Universal dos Direitos Lingüísticos, 19 publicada pelo Centro Internacional Escarré para Minorias Étnicas e Nações (Ciemen) e pelo PEN-Club Internacional.” (PCN, 1998, p 19) Vivemos numa sociedade marcada por competições, no qual os melhores se destacam. Envoltos na rápida globalização, faz-se necessário o ensino de qualidade de uma segunda língua, visando as exigências do mercado de trabalho e a preparação dos jovens. No ensino de línguas, a aprendizagem e sua aplicação devem vir de imediato, ou seja, o processo de ensino-aprendizagem deve ser simultâneo. “Diferentemente do que ocorre em outras disciplinas do currículo, na aprendizagem de línguas o que se tem a aprender é também, imediatamente, o uso do conhecimento, ou seja, o que se aprende e o seu uso devem vir juntos no processo de ensinar e aprender línguas. Assim, caracterizar o objeto de ensino significa caracterizar os conhecimentos e os usos que as pessoas fazem deles ao agirem na sociedade. Portanto, ao ensinar uma língua estrangeira, é essencial uma compreensão teórica do que é a linguagem, tanto do ponto de vista dos conhecimentos necessários para usá-la quanto em relação ao uso que fazem desses conhecimentos para construir significados no mundo social.” (PCN, 1998, p 27) Infelizmente, o ensino da língua estrangeira tem sido visto de forma distorcida e sua aplicação não visa atender o desenvolvimento das quatro habilidades comunicativas. Para um estudo mais aprofundado, faz-se necessário uma análise das aplicações metodológicas. 20 4.2 ESTRATÉGIAS METODOLÓGICAS E SUAS APLICAÇÕES EM SALA DE AULA Se analisado o passado da linguagem, pode-se encontrar uma imagem interessante de como são variadas as interpretações da melhor metodologia para se ensinar uma língua estrangeira. No Ocidente, o Latim e o Grego eram ensinados através do Método Clássico (Classical Method): foco nas regras gramaticais, memorização de vocabulário, tradução de textos, etc. Era um método que não trabalhava a habilidade oral. Posteriormente o Classical Method tornou-se o Grammar Translation Method (Gramática-Tradução), que também se baseava nas regras gramaticais e na tradução da língua estrangeira para a língua materna. As aulas eram todas lecionadas na língua materna e continuava-se a não dar atenção às habilidades orais. Segundo DUTRA e MELLO, no livro “A Gramática e o Vocabulário no ensino de Inglês: Novas Perspectivas”, publicado em 2004, a abordagem de Gramática-Tradução valorizava apenas a linguagem escrita, na qual os alunos faziam traduções de diversos textos com determinadas estruturas e vocabulários. O método era totalmente voltado para a análise da língua inglesa e não em seu uso, bem como RICHARD e RODGERS (1986) afirmaram. “The goal of foreign language study is to learn a language in order to read its literature or in order to benefit from the mental discipline and intellectual 1 development that result from foreign-language study . (RICHARD e RODGERS, 1986, p. 03) Vide tradução livre feita por Vanessa de Oliveira Pereira, outubro, 2013, no apêndice B, página 48, item 8. Esse método era voltado para o uso da tradução para que o aluno assimilasse, fazendo-o memorizar listas de palavras com suas respectivas traduções. “Sempre que o aluno perguntava ao professor o significado de uma palavra, o problema era resolvido com tradução imediata do vocábulo” (PAIVA, 2004, p. 72). 21 O método Direto (Direct Method) surgiu logo depois, criticando seu antecessor e deixando de lado as listas. Tinha seu foco voltado para a língua falada e nas habilidades comunicativas. Deixou-se de ensinar palavras soltas, utilizando de uma abordagem mais contextualizada, voltada para o vocabulário do cotidiano dos alunos. “Como o método Direto enfatizava a comunicação oral, a prioridade passou a ser o vocabulário do dia a dia que era ensinado por meio de mímicas e demonstrações, uso de objetos (realia), de gravuras e desenhos.” (PAIVA, 2004, p.73) Neste método, a memorização não era aconselhada e a gramática era ensinada de forma indutiva, “levava aos alunos a conclusões cujo conteúdo é mais amplo do que o das premissas nas quais se basearam.” (MARCONI E LAKATOS, 2010, p.68) Em outras palavras, induzia-se o entendimento conforme o que o professor desejava. O método Áudio-Lingual (Audio Lingual Method) tinha foco nas estruturas linguísticas e, assim como o Direto, prezava pelo ensino de forma contextualizada. Uma das práticas do método, a prática repetitiva, tinha base na teoria behavorista, que como citada anteriormente, tinha a aquisição do aprendizado através dos estímulos, e a cada novo estímulo uma nova etapa, até que a aquisição esteja completa. “[...] a língua ensinada é manipulada sem haver uma preocupação com o significado, resumindo-se à estrutura em si. Podemos dizer que no método Áudio-Lingual o foco não é a análise da língua, tampouco o seu uso. Há sim, a supervalorização dos procedimentos de aprendizagem, ou seja, a criação do hábito que levaria à aprendizagem linguística.” (DUTRA e MELLO, 2004, p. 12) Por fim, a Abordagem Comunicativa é totalmente voltada para a língua como forma de comunicação. Em sala, preocupa-se com o significado muito mais do que com estrutura e a aplicação da gramática continua, porém contextualizada com a função comunicativa. 22 “O ensino da gramática interpretado como ensino de estruturas e formas linguísticas é relativizado, porque o importante é o desenvolvimento da competência comunicativa do aluno. [...] Dessa maneira, a gramática é um dos componentes da língua, mas agora a forma não é desvinculada do contexto de uso, isto é, de sua função comunicativa.” (DUTRA e MELLO, 2004, p. 12) Dos quatro métodos destacados, o único que foca no estudo dedutivo é o de Gramática-Tradução, ou seja, com o propósito de explicar o conteúdo, ou está certo ou errado, o óbvio. Segundo MARCONI e LAKATOS (2010), o estudo dedutivo visa a amplificação em prol da certeza. Pode-se ter uma visão mais ampla dos métodos e seus conceitos de língua e ensino de gramática na tabela sobre conceito de línguas e ensino de gramática disponível em anexos, na página 40. Fazendo uma análise mais aprofundada, percebe-se que o Governo do Estado de Minas Gerais vem propondo algumas pequenas sugestões de melhorias através do CBC – Currículo Básico Comum, que foi criado para como ferramenta de auxílio constante do professor. Atualmente é obrigatório o ensino de no mínimo uma língua estrangeira, e que seu ensino faça com que o aluno consiga aplicar o que aprendeu com situações práticas de uso da língua estrangeira. “Os CBCs não esgotam todos os conteúdos a serem abordados na escola, mas expressam os aspectos fundamentais de cada disciplina, que não podem deixar de ser ensinados e que o aluno não pode deixar de aprender. Ao mesmo tempo, estão indicadas as habilidades e competência que ele não pode deixar de adquirir e desenvolver. [...] Cabe a cada comunidade escolar escolher que língua estrangeirapriorizar como obrigatória e que língua selecionar como optativa [...].” (CBC – LÍNGUA ESTRANGEIRA, p 09 e 11) Muito se fala sobre a abordagem comunicativa, que de acordo com o CBC, deve abranger as quatro habilidades: ler, ouvir, falar e escrever. Leva-se em consideração não a regra, a estrutura do Simple Past, por exemplo, mas se ele sabe aplicar de forma correta, fazendo uso de sua competência linguística. 23 “Numa abordagem comunicativa, a fluência (competência comunicativa) tornase mais importante do que a acuidade (formas que, embora gramaticalmente corretas, sejam destituídas de propósitos comunicativos). O aluno de língua estrangeira demonstra competência linguística não por saber repetir a regra gramatical, mas por saber usá-la em suas negociações de sentido nos processos de compreensão e de produção oral e escrita. Ganha evidência também o desenvolvimento da competência estratégica pelo uso consciente de estratégias para ler, escrever, escutar e falar o idioma estrangeiro.” (CBC – LÍNGUA ESTRANGEIRA, p 14) As diretrizes gerais de ensino de língua estrangeira afirmam que durante o processo de ensino-aprendizagem o aluno utiliza-se de conhecimentos prévio (ou de mundo), linguístico e textual para criar significados e fazer as ligações entre textos orais e escritos. O conhecimento de mundo, como é mais conhecido, é, em poucas palavras, toda a bagagem de conhecimento que o aluno tem até então. “O conhecimento de mundo, também denominado conhecimento prévio ou enciclopédico, refere-se ao conhecimento que o aluno já incorporou às suas estruturas cognitivas no processo de participar de relações interacionais no mundo social.” (CBC – LÍNGUA ESTRANGEIRA, p 16) O conhecimento linguístico se dá através da capacidade do aluno de estabelecer relações entre os elementos presentes no texto, como por exemplo, a coerência e a coesão, na hora de ler e interpretar algum texto, de forma contextualizada. “O conhecimento sistêmico refere-se ao conhecimento da organização linguística nos vários níveis: no léxico-semântico, sintático, morfológico e no fonético-fonológico. Trata-se, por exemplo, da capacidade do aluno de saber estabelecer relações de sentido entre os vários elementos gramaticais e lexicais presentes na superfície textual nos processos de recepção e produção de textos, levando também em consideração os contextos sociais da comunicação.” (CBC – LÍNGUA ESTRANGEIRA, p 19) O conhecimento textual ou de organização textual baseia-se na capacidade do aluno de identificar os diferentes gêneros textuais existentes e suas articulações, bem 24 como suas aplicações e distinções. “A competência textual do aluno está relacionada a diferentes tipos de conhecimentos: conhecimento sobre os vários domínios discursivos existentes; conhecimento sobre os diferentes gêneros textuais que ocorrem nas práticas sociais do dia-a-dia; conhecimento sobre os diversos tipos de textos que compõem os gêneros textuais; e ainda conhecimento sobre as várias articulações textuais (causa-efeito, contraste-comparação, problema-solução, etc.) que podem ser utilizados para compor as sequências linguísticas existentes (a narrativa, a descritiva ou a argumentativa, por exemplo), tanto na língua materna quanto na língua estrangeira.” (CBC – LÍNGUA ESTRANGEIRA, p 20) Tanto o CBC como o PCN defendem o ensino da Língua Estrangeira voltado diretamente para o aluno, de forma a expandir as habilidades comunicativas e culturais, fazendo com que o aluno passe a ser ativo no processo de aprendizagem e o professor uma ponte entre o conhecimento, um facilitador dessa aprendizagem. “O aluno passa a ser sujeito e interlocutor no processo de aprender, e os aspectos cognitivos, afetivos e sociais da aprendizagem são também incorporados aos procedimentos didáticos direcionados à construção de sua competência comunicativa no idioma estrangeiro. O professor também ganha outra dimensão: de controlador das ações de ensino passa a assumir o papel de facilitador e mediador das situações de aprendizagem.” (CBC – LÍNGUA ESTRANGEIRA, p 15) É impossível falar do ensino e das metodologias aplicadas pelas escolas públicas sem falar do papel do professor nesse processo. Muito se tem discutido sobre a prática de ensino e a preparação dos professores nos cursos de graduação. É extremamente importante que o professor conheça as regras e teorias, mas não como única fonte. O CBC mesmo propõe o uso de novas tecnologias aplicadas ao ensino da Língua Estrangeira. “Ter acesso a uma grande variedade de materiais autênticos e atuais para a 25 situação de ensino em qualquer uma das áreas do conhecimento, ouvir uma emissora internacional, assistir a trailers de filmes [...] são atividades que podem se tornar comuns no processo de ensino e aprendizagemde língua estrangeira [...].”(CBC – LÍNGUA ESTRANGEIRA, p 30) No mundo globalizado e altamente “online”, deve-se utilizar das ferramentas disponíveis como facilitadoras do ensino, além de ser algo da realidade dos alunos, fará com que eles passem a ver o ensino de um novo idioma não somente como utilização de gramática e do famoso verbo “to be”. Além de uma reformulação das aulas tradicionais, tanto a escola quanto o próprio professor devem investir em uma formação continuada. Segundo o artigo “O ensino da Língua Estrangeira na escola pública e as proposições dos Parâmetros Curriculares Nacionais (PCNs): um estudo reflexivo”, publicado pela Universidade de Cruz Alta (UNICRUZ), os autores afirmam que os professores que tem somente graduação, apenas repetem o que aprenderam em sala, ou seja, se eles não tiveram uma base concreta da língua, irão repassá-la de forma errônea aos alunos. “É preciso que haja a consciência de que a sua trajetória estudantil vai além dos bancos universitários. Esse é, aliás, apenas o primeiro passo. São oferecidos diversos cursos de pós-graduação, aprimoramento, formação continuada. As escolas estão começando a investir no aprimoramento de seus profissionais, mesmo que, algumas vezes, de forma equivocada. Não há mais lugar nas escolas e universidades para profissionais que não estão preocupados em qualificar-se, em buscar novas alternativas para suas práticas.” (SOUZA E DIAS, p 07) Infelizmente, o que se pode ver nas escolas públicas é o descaso que os professores de outras disciplinas, até mesmo gestores, dão ao ensino de Língua Estrangeira, apenas para ocupar uma carga horária. Ao longo dos anos de estudo, do 6º ano do Ensino Fundamental até o 1º ano do Ensino Médio um aluno terá, em média, 800 horas de estudo anualmente, de acordo com o projeto de Lei 9.394, de 1996, ou seja, ao final do Ensino Médio ele terá tido 4 mil horas de exposição à Língua Estrangeira. Como então o aluno sai da escola pública sabendo apenas do básico, sem 26 conseguir manter uma comunicação de qualidade? Essas lacunas têm aumentado ainda mais a procura por cursos especializados de idiomas, embora um ensino de qualidade seja previsto pelo CBC, gratuitamente. “As lacunas deixadas pela escola pública e a necessidade que a própria sociedade sente de preencher a deficiência na formação do aluno em relação ao domínio de língua estrangeira têm acarretado a proliferação de cursos particulares de idiomas que não podem ser encarados como solução, tendo em vista o seu alto custo, que deixa uma grande parcela dos alunos fora do alcance de seus benefícios.” (CBC – LÍNGUA ESTRANGEIRA, p 12) Cada professor possui uma maneira de trabalhar e desenvolver suas aulas, mas é preciso que ele conheça e tenha como referência o PCN e o CBC de Língua Estrangeira para saber como desenvolver em sala. LEFFA, em seu livro sobre metodologias de ensino, afirma que “faz a diferença entre o sucesso e o fracasso da aprendizagem.” (LEFFA, 1988, p 229) 27 4.3 A MOTIVAÇÃO E O USO DA TECNOLOGIA NO PROCESSO DE APRENDIZAGEM Umas das inúmeras perguntas dos alunos quando se fala sobre o ensino de Língua Estrangeira nas escolas é para que estudar um novo idioma? Essa pergunta é simples de responder, porém difícil de fazer o aluno compreender. Na atual globalização, na qual o mercado de trabalho procura cada vez mais profissionais qualificados, saber um segundo idioma passou de uma vantagem para uma necessidade. Mais do que saber falar em inglês, mas ter proficiência no idioma. De acordo com o Joaquim Botelho, Gerente de Comunicação do Grupo Catho, site especializado em classificados de empregos, o nível de conhecimento influencia diretamente na posição no trabalho e no salário. “[...] O resultado é de que executivos na posição de presidentes que falam fluentemente o inglês ganham até 44,5% a mais do que os que falam com alguns erros, e diretores com fluência 32,2% a mais do que os que não têm fluência. Infere-se daí que errar, em inglês, pode significar perto de 20% a menos na remuneração.” (BOTELHO) É sabido que conhecer um segundo idioma abre portas não somente profissionais, mas acadêmicas e até mesmo para uma realização pessoal. Mas mesmo com todos esses argumentos, o que se vê é uma desmotivação significativa dos alunos para com o idioma. Segundo Ana Raquel Abelha Cavenaghi, da Universidade Estadual de Londrina (UEL), Paraná, em seu artigo intitulado “Uma perspectiva autodeterminada da motivação para aprender língua estrangeira no contexto escolar”, a motivação do aluno para aprender uma Língua Estrangeira decresce conforme o aluno vai avançando na escola. No início ele se sente motivado, afinal é um conteúdo novo, diferente, com o passar dos anos, a tendência é aumentar o grau de dificuldade do conteúdo e consequentemente ter uma significativa diminuição no interesse, ou por preguiça ou por 28 realmente não saber até onde consegue ir. “[...] À medida que o aluno sobe de série seu interesse diminui e ele começa a duvidar de sua real capacidade para aprender determinadas matérias. Na escola fundamental e média, os alunos não têm escolhas em relação aos currículos e como não podem evitar as tarefas, muitas vezes as encaram com baixo esforço, atenção pobre ou desistência. Assim, se um aluno das séries mais avançadas possui uma autoconfiança muito baixa. [...] Esse declínio motivacional ao longo da escolaridade pode ser parcialmente explicado pelo ambiente escolar de sala de aula ser muito diferente dos outros contextos sociais a que as pessoas estão acostumadas. Refere-se a um contexto em que a frequência é obrigatória, os conteúdos ensinados são previamente selecionados e nem sempre correspondem às necessidades dos alunos. [...] Dessa forma, o envolvimento dos alunos nas atividades, tarefas e trabalhos escolares ocorre mais para cumprir as exigências impostas pela escola do que para usufruir das aprendizagens que ela pode proporcionar.” (Cavenaghi, 2009) É possível perceber, analisando mais cautelosamente, que o ensino de Língua Estrangeira tem enfrentado alguns obstáculos. Turmas muito cheias, falta ou defasagem de material didático de qualidade que aborde as quatro habilidades comunicativas, conforme proposto pelo próprio CBC, carga horária reduzida e falta de preparo dos professores, entre outros fatores. Esses fatores acabam fazendo com que a aula seja voltada para o ensino da gramática, esquecendo-se das habilidades orais, o que acaba acarretando o desinteresse dos alunos, que os leva a procurar escolas especializadas de idiomas. “As lacunas deixadas pela escola pública e a necessidade que a própria sociedade sente de preencher a deficiência na formação do aluno em relação ao domínio de língua estrangeira têm acarretado a proliferação de cursos particulares de idiomas que não podem ser encarados como solução, tendo em vista o seu alto custo, que deixa uma grande parcela dos alunos fora do alcance de seus benefícios.” (CBC – LÍNGUA ESTRANGEIRA, p 12) Cabe ao professor promover uma aprendizagem significativa, que envolva todos os alunos. Como citado no capítulo 1 deste trabalho, fatores afetivos não podem ser deixados de lado, ainda mais no ensino de uma nova língua. Deve-se mostrar ao aluno 29 as diferenças entre os objetivos da escola regular e da escola especializada em idiomas. “É necessário frisar que os objetivos da LE na escola são diferentes dos objetivos da LE em um curso de idiomas. Nessa perspectiva, os PCNs afirmam que, em muitos casos, há falta de clareza sobre o fato de que os objetivos do ensino de idiomas em escola regular são diferentes dos objetivos dos cursos de idiomas. Trata-se de instituições com finalidades diferenciadas.” (SOUZA e DIAS, p. 05). Além da conscientização da importância da LE, aulas mais dinâmicas sempre agradam aos alunos e não deixa que a aula se torne monótona. Tanto crianças como adolescentes tem um melhor aproveitamento se a aula for prazerosa, apresentando-se mais uma vez a influência de fatores afetivos. “Por meio das atividades lúdicas, os aprendizes expressam sentimentos de prazer, de satisfação e de alegria, por isso constituem elas ótimos recursos, não só no ensino da língua estrangeira, como no de outras disciplinas. Experiências comprovam que alunos motivados aprendem melhor.” (CAMPELLO, 2009 p 19) Apesar da escolha da metodologia interferir diretamente na forma como o aluno irá aprender, se ele não estiver motivado, de nada adiantará. Segundo CAMPELLO, “sem motivação suficiente, no entanto, até mesmo os mais brilhantes alunos não são susceptíveis de persistir o tempo suficiente para atingir a proficiência”. O professor deve deixar que o aluno seja agente da comunicação em sala de aula, pois só assim ele irá descobrir sua capacidade comunicativa e se motivará a aprender mais, buscando novos conhecimentos. Mas tudo isso dentro da realidade do aluno, de forma que ele conheça o que está falando. “O professor tem de dar oportunidades aos alunos de se expressarem na língua estrangeira, ou seja, ele precisa falar menos em aula e deixar que os alunos dialoguem entre si. Agindo assim, eles adquirirão confiança ao conversarem. É 30 o professor que precisa fazer com que os alunos sintam-se seguros ao usar a LE em sala de aula. Uma maneira de deixá-los motivados seria propor atividades que envolvam situações próximas à realidade de todos. Outra seria desenvolver um ambiente descontraído, no qual os alunos tenham prazer em participar e em arriscar-se na comunicação na LE.” (CAMPELLO, 2009 p 29) Um fator ligado à motivação é o desenvolvimento de feedbacks positivos aos alunos, conforme descrito na teoria behaviorista do capítulo 2. O professor deve tomar o cuidado não só de motivar os alunos, mas principalmente de não desmotivá-lo. “A falta de motivação [...] frequentemente causada pela ausência de um motivo espontâneo ou pela frustração de não se conseguir proficiência através do estudo, é um problema muitas vezes observado em salas de aula que enfatizam a aprendizagem da língua em detrimento de sua aquisição”. (CAMPELLO, 2009, p 04) É sabido que existem dois tipos de motivação, a intrínseca e a extrínseca. A motivação intrínseca vem de dentro, surge na vontade do aluno de aprender, buscar o conhecimento para sua realização pessoal. Já a motivação extrínseca é relacionada aos fatores que o aluno recebe externamente, podendo ser uma necessidade específica que o faz buscar o aprendizado. “Intrinsically motivated activities are ones for which there is no apparent reward except the activity itself. People seem to engage in the activities for their own sake and not because they lead to an extrinsic reward… Intrinsically motivated behaviors are aimed at bringing about certain internally rewarding consequences, namely, feelings of competence and self-determination. Extrinsically motivated behaviors, on the other hand, are carried out in anticipation or a reward from outside and beyond the self. Typical extrinsic rewards are money, prizes, grades, and even certain types of positive feedbacks”. (BROWN, 1994, p. 155) Vide tradução livre feita por Vanessa de Oliveira Pereira, outubro, 2013, no apêndice B, página 48, item 9. Com relação ao dinamismo das aulas, é muito comum o uso de atividades relacionadas à tecnologia, pois cada vez mais as crianças e os jovens estão 31 conectados. Segundo PAIVA, os recursos da internet podem proporcionar uma aprendizagem mais significativa ao aluno do que o material didático. “Podemos prever que os recursos disponíveis na WEB, por serem não-lineares e multidimensionais, podem oferecer aos aprendizes um ambiente mais rico para aquisição da língua inglesa do que materiais tradicionais. Assim a WEB, além de sua característica “just in time” pode ser explorada de forma “just for”, ou seja, adequada aos diferentes estilos cognitivos e às formas preferidas de aprender”. (PAIVA, 2001, p 96) Cada indivíduo tem um ritmo de aprendizagem e a internet faz com que esse processo seja mais natural e prazeroso. Através dela pode-se selecionar o conteúdo de acordo com o interesse a motivação, desafiando o aprendiz a buscar mais conforme vai avançando no campo do conhecimento. PAIVA afirma que “a aprendizagem se dá através de descobertas individuais, de soluções de problemas, de tentativas diversas, do fazer e refazer, de acordo com o ritmo de cada um”. Claro que em contrapartida, a internet oferece muitos riscos, e cabe ao professor orientar os alunos onde e como pesquisar. Em seu artigo “A www no ensino do inglês”, PAIVA constrói um diagrama especificando como o ensino do inglês pode ser facilitado se usado de forma correta. Na área de projetos, PAIVA propõe a interação de alunos de uma mesma escola ou de escolas diferentes, trabalhando além do ensino da língua, a sociabilização e interação com outros alunos. Um exemplo é o site Internet Writting Exchange, no qual alunos do mundo todo podem se comunicar através da produção de textos. “Nesse projeto comunicativo e flexível, alunos do mundo inteiro desenvolvem a habilidade de escrita produzindo textos em conjunto com outros aprendizes e recebendo feedbacks de seus pares globais e de seus professores”. (PAIVA, 2001, p 110) A internet disponibiliza também um grande acervo bibliográfico no qual o aluno pode ter acesso a diversos textos literários, jornais, revistas, enciclopédias e dicionários 32 no geral. Sem contar os Resource Centers, “homepages pessoais ou institucionais que disponibilizam materiais diversos para aprendizagem em inglês”. É possível encontrar uma enorme fonte de aprendizagem nas multimídias como vídeos, trailers, músicas, TV e rádio, além das próprias figuras. Esse é um recurso muito rico, porém em algumas escolas, “as limitações dos equipamentose da tecnologia de transmissão de dados ainda são barreiras para a utilização plena desses recursos”. Outra fonte muito interessante e que proporciona ao aluno contato total com a língua e com nativos é a criação de blogs e podcasts. Essas publicações podem ser em grupos, individuais, diárias ou semanais, o importante é que o aluno utilize do conhecimento sobre a LE para desenvolvê-la e aplicá-la. “Os blogs podem ser ferramentas educativas eficazes uma vez que promovem a literacia verbal e visual, possibilitam a aprendizagem colaborativa e estão acessíveis de igual modo a vários grupos etários e fases de desenvolvimento educativo. É neste contexto que os blogs aparecem como uma ferramenta de eleição no ensino das línguas estrangeiras permitindo a participação ativa dos alunos, a interação e colaboração entre pares e a comunicação intercultural autêntica com nativos, neste caso da língua inglesa, geográfica, e até culturalmente, distantes”. (OLIVEIRA e CARDOSO, 2009, p 88) Essas são apenas algumas das diversas propostas existentes na área do ensino de LE através da tecnologia. É papel do professor pesquisar, analisar e saber onde e como aplicá-las. A tecnologia está a favor do ensino da LE, uma vez que é a língua universal da internet e dos alunos, “a língua da Internet é o inglês e é exatamente por isso que a aprendizagemde línguas estrangeiras se torna cada vez mais necessária e tambémcada vez mais acessível a um grande número de pessoas”. (PAIVA, 2001, p 113). 33 5 METODOLOGIA O problema em estudo – o fracasso do ensino da língua inglesa nas escolas públicas - insere-se num contexto nada atual e que não é muito discutido dentro da escola, no qual se ensina somente do 6° ano do Ensino Fundamental até o 1° ano do Ensino Médio, tendo em vista que na última fase, os alunos deveriam estar satisfatoriamente preparados para encarar as etapas de vestibulares e ENEM. Desse modo, a realização desta pesquisa demanda a utilização de uma abordagem metodológica que permita compreender e analisar a realidade da prática cotidiana das aulas de Língua Inglesa. Neste caso, a opção metodológica é a abordagem qualitativa, que segundo UWE FLICK, 2009 (p.37), dirige-se à análise de casos concretos em suas peculiaridades locais e temporais, partindo das expressões e atividades de pessoas em seus contextos sociais. Como o objeto desta pesquisa é o aluno-método-professor, a pesquisa qualitativa faz a ponte entre a realidade e o sujeito, levando em consideração suas particularidades. Tais informações não podem ser traduzidas em números. A coleta de dados que utilizada neste projeto foi objetiva, os dados foram analisados de acordo com os fatos ocorridos em sala de aula de escolas da rede pública de ensino. Dessa forma, foi possível analisar e propor soluções para sanar definitivamente ou parcialmente as dificuldades encontradas pelos professores no processo de ensino da língua estrangeira. Como forma de coleta de dados, foram feitos questionários para que alunos do ensino fundamental e médio pudessem responder, de forma a analisar a satisfação, interesse e objetivo de estudo da Língua Inglesa. A pesquisa foi realizada em pequena escala em duas escolas de grande porte da cidade de Pará de Minas com uma média de 750 alunos. A pesquisa tem natureza aplicada de abordagem qualitativa e exploratória, ou seja, visa “proporcionar maior familiaridade com o problema, levantamento bibliográfico ou entrevistas e pesquisa bibliográfica ou estudo de caso” (Rodrigues, 2007). 34 4.1 ANÁLISE DE DADOS Com base na pesquisa descrita nas perspectivas teóricas das hipóteses de aquisição de um segundo idioma, das estratégias metodológicas existentes e do papel da motivação no processo de ensino-aprendizagem da Língua Inglesa, foi realizada uma pesquisa com 20 alunos, sendo quatro alunos de cada ciclo do ensino fundamental (6º ao 9º ano) e quatro alunos do 1º ano do ensino médio de duas escolas públicas de Pará de Minas: Escola Estadual Nossa Senhora Auxiliadora e Escola Estadual Fernando Otávio. A faixa etária dos alunos era de 11 à 16 anos. A pesquisa consistia em quatro perguntas fechadas, com alternativas variadas e uma para que o aluno justifique. A primeira pergunta era se o aluno gostava de estudar Língua Inglesa e por que. Dos 20 entrevistados, 70% afirmaram que gosta de estudar inglês, dentre os motivos está a oportunidade de fazer uma viagem e saber se comunicar, conseguir um bom emprego futuramente e para ser um diferencial no currículo. Apenas 15% disseram que gosta pouco devido à dificuldade que sentem na aprendizagem da matéria, apesar de saberem a importância de um segundo idioma no currículo escolar. Um número pequeno, porém significante de 10% disseram que acham desnecessário o ensino de Língua Inglesa nas escolas, ou porque já fazem a disciplina em escolas especializadas em idiomas ou porque não acham que conseguiram atingir os objetivos propostos com o ensino proporcionado. Apenas 5% dos entrevistados não gostam de estudar o idioma porque acham a língua complicada e difícil de aprender. 35 Vanessa de Oliveira Pereira, novembro de 2013. Questionados sobre quais tópicos os alunos gostariam de estudar em sala, dentre as opções de múltipla escolha, nas quais eles poderiam escolher mais de um tópico, 85% dos alunos preferem aprender através dos recursos midiáticos como músicas, filmes e seriados; 40% demonstraram maior interesse em temas atuais e do cotidiano; 30% ainda gostam de aprender através do ensino das gramáticas e apenas 5% preferem tópicos mais polêmicos. A pesquisa pode ser conferida na íntegra no apêndice A, na página 42. 36 Vanessa de Oliveira Pereira, novembro de 2013. Sobre a forma que mais lhes despertariam a atenção para aprender a Língua Inglesa, 80% dos alunos afirmaram que teriam mais interesse se pudessem aprender através de músicas e filmes; 55% alegaram que seria mais interesse aprender através de discussões em sala de aula, na qual poderiam trabalhar ainda mais as habilidades comunicativas; 40% teriam mais interesse em aprender através do uso da internet, uma vez que os jovens estão cada dia mais conectados. Apenas 20% demonstraram interesse em aprender utilizando o livro didático e 5% através de atividades individuais. 37 Vanessa de Oliveira Pereira, novembro de 2013. No desenvolvimento das habilidades comunicativas de ler, ouvir, falar e escrever, há quase um equilíbrio entre os entrevistados. Metade dos alunos, 50%, afirmaram ser melhores na leitura (reading); 45% tem mais facilidade com a compreensão (listening); 40% alegaram ter mais segurança na escrita (writing) e 35% se saem melhor na fala (speaking). Foi possível perceber que a habilidade de reading é mais desenvolvida, isso pode se dar devido ao fato das constantes leituras de textos nos livros didáticos em sala de aula, enquanto a habilidade de speaking, a menos desenvolvida nos alunos, se deve pela falta de práticas orais, como apresentações e discussões em salas. 38 Vanessa de Oliveira Pereira, novembro de 2013. Analisando os dados coletados com os alunos, fica visível que a maioria tem interesse pelo estudo do idioma, pois sabem da necessidade futura, porém querem aprender de forma diferente. Ficou claro que aulas mais dinâmicas que abordem temas mais atuais e do cotidiano do aluno tem maior efeito sobre o processo de aprendizagem do que somente através da gramática, quadro e giz. 39 5 CONSIDERAÇÕES FINAIS Com base em toda a análise e pesquisa realizada para a conclusão deste trabalho, foi possível perceber que não existe uma metodologia completamente eficaz; seu uso deve ir ao encontro da necessidade do aluno. Deve-se priorizar a interação entre aluno e metodologia, pois por mais eficaz que determinada metodologia seja, se o aluno não se adaptar ela, não será cem por cento válida. Nesse contexto metodológico é que se insere o educador da L2, que deve estar preparado para enfrentar os desafios presentes em sala de aula e as dificuldades diversas de seus alunos. Em contrapartida, a escola deve se preparar de forma a disponibilizar não só livros didáticos, mas também laboratórios de língua e até mesmo livros da literatura estrangeira para maior exposição do aluno no processo de ensinoaprendizagem. Cabe também aos professores um maior interesse em buscar novas estratégias de ensino que despertem no aluno o interesse pelo novo idioma e que mostre a eles o quão importante isso será e como fará diferença no futuro, pois, como foi analisado, grande parte dos alunos tem interesse em aprender um segundo idioma; o que falta é um maior preparo das escolas e dos professores para ensinar, além de uma adaptação de metodologias para que se possa atender a todos os alunos. Qual seria então o segredo para se ensinar a Língua Inglesa? Como educadores, deve-se fazer com que o aluno interaja com o método que mais lhe agrada, pois ele terá maior interesse em estudar, terá um aprendizado significativo e terá um bom rendimento ao final de cada etapa. Então, o segredo não está na metodologia, mas sim no aluno. 40 REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS APRENDIZ: GUIA DE EMPREGOS. O mercado prefere quem sabe inglês. Disponível em: <http://www2.uol.com.br/aprendiz/guiadeempregos/palavra/jbotelho/ge080402.htm>. Acesso em: 12 de outubro de 2013. BRASIL. Parâmetros curriculares nacionais: terceiro e quarto ciclos do ensino fundamental: língua estrangeira. Brasília, 1998. BROWN, H. D. Principles of Language Learning and Teaching. 1994. San Francisco State University. CAMPELLO, V. L. P. A motivação nas aulas de Língua Inglesa. Rio Grande do Sul, 2009. CAVENAGHI, A. R. A. Uma perspectiva autodeterminada da motivação para aprender língua estrangeira no contexto escolar. 2009, Rio de Janeiro. Revista Online Ciências & Cognição, volume 14, número 2. Disponível em: <http://pepsic.bvsalud.org/scielo.php?pid=S180658212009000200017&script=sci_arttext>. Acesso em: 12 de outubro de 2013. DIAS, R. CBC – Currículo Básico Comum da Língua Estrangeira. Governo do Estado de Minas Gerais. DUTRA, D. P.; MELLO, H.; PAIVA, V. L. M. O. A gramática e o vocabulário no ensino de Inglês: novas perspectivas. 2004. Belo Horizonte: Faculdade de Letras da UFMG. GUIMARÃES, N. A. D. Metodologia do Ensino do Inglês. FTC EAD – Faculdade de Tecnologia e Ciências – Educação à Distância, 2007, 1ª Edição. 41 FLICK, U. Métodos de Pesquisa - Introdução à Pesquisa Qualitativa. 2009. 3ª edição, Porto Alegre. LEFFA, Vilson J.; BOHN, H. I.; VANDRESEN, P.Metodologia do ensino de línguas. Tópicos em linguística aplicada: O ensino de línguas estrangeiras. Florianópolis: UFSC, 1988. MARCONI, M. A.; LAKATOS, E. M. Fundamentos de Metodologia Científica. São Paulo, 2010. Editora Atlas. MOORE, L. L. When is it best to begin learning a Foreign Language? What is the Critical Period Hypothesis? What is its relevance to second language teaching? Junho, 1999. Disponível em: <http://lauraleemoore.com/criticalperiod.html>. Acesso em: 08 de outubro de 2013. MOREIRA, M. C. Teorias de Aprendizagem. São Paulo, 2001, EPU. OLIVEIRA, S. A.; CARDOSO, E.L. Novas Perspectivas no Ensino da Língua Inglesa: Blogs e Podcasts. 2009. Revista EFT: Educação, Formação & Tecnologias, vol. 2. Disponível em: <http://eft.educom.pt>. 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Tradução de trechos literários e sentenças. Direto Língua falada precede a língua escrita Gramática é aprendida indutivamente por meio dos exemplos e da prática. Textos são controlados linguisticamente para ensinar certas estruturas. Áudio-Lingual Língua é um sistema compartimentalizado em níveis, por exemplo, fonológico, morfológico e sintático. Regras gramaticais não são apresentadas e sim aprendidas indutivamente, com exemplos e drills. Gramática-Tradução 44 Comunicativo Língua é usada para comunicação. Forma e função são indissociáveis. Fonte: Dutra e Mello, Estudos Linguísticos 7, 2004 Gramática é vista, geralmente, de maneira indutiva após o uso de funções em contextos situacionais e levando-se em consideração os interlocutores. 45 APÊNDICE A – PESQUISA PESQUISA DE ANÁLISE METODOLÓGICA – ENSINO FUNDAMENTAL E MÉDIO ENSINO DE LÍNGUA INGLESA EM ESCOLAS PÚBLICAS 1. Você gosta de estudar a matéria Língua Inglesa e por quê? ( ) Sim ( ) Não ( ) Gosto pouco ( ) Acho desnecessário Justificativa:____________________________________________________________ ______________________________________________________________________ ______________________________________________________________________ 2. Através de quais tópicos você gostaria de estudar? ( ) Através da gramática ( ) Através de músicas e filmes ( ) Através de coisas do meu cotidiano ( ) Através de temas atuais ( ) Através de tópicos mais polêmicos ( ) Outros 3. Como você gostaria de estudar? ( ) Pelo livro didático ( ) Através da internet ( ) Através de discussões em sala de aula ( ) Através de filmes e músicas ( ) Através de atividades individuais 4. Em qual habilidade você é melhor? ( ) Sou melhor em falar – speaking ( ) Sou melhor em escrever – writing ( ) Sou melhor em ler – reading ( ) Sou melhor em ouvir - listening 46 APÊNDICE B – TRADUÇÕES ITEM 1 - Será que a maturação do cérebro pode em algum momento soletrar a desgraça da capacidade de aquisição da linguagem? Alguns estudiosos têm apontado a lateralização do cérebro como a chave para responder a essa pergunta. Há evidências de que a pesquisa neurológica como o cérebro humano vence certas funções são afetadas - ou "lateralizado" - para o hemisfério esquerdo do cérebro e de outras funções para o hemisfério direito. Funções intelectuais, lógico e analítico parecem ser em grande parte localizadas no hemisfério esquerdo, enquanto hemisfério direito controla as funções relacionadas com as necessidades emocionais e sociais. ITEM 2 - A hipótese do período crítico afirma que há um calendário biológico. Inicialmente, a noção de um período crítico foi ligada apenas à aquisição da primeira língua. Estudos patológicos de crianças que não conseguiram adquirir a sua primeira língua, ou aspectos da mesma, tornaram-se o combustível para os argumentos de determinadas predisposições biológicas, afirmavam que, com passar do tempo, a capacidade de adquirir linguagem diminuiria se os estímulos ambientais corretos não estivessem presentes na fase de aquisição. ITEM 3 - A base da hipótese de período crítico baseia-se em pesquisas neurológicas que sugerem que as funções do cérebro tornam-se lateralizadas após a puberdade. Como sabemos, há dois lados do cérebro humano - o direito e o esquerdo. Algumas funções da linguagem parecem ser controladas, ou estacionadas no direito, enquanto outros se encontram na porção esquerda. Funções da linguagem aparecem controladas principalmente pelo lado esquerdo. Acredita-se que, antes da puberdade, estas funções não estão completamente atribuídas a qualquer porção do cérebro. O cérebro é visto como elástico. Acredita-se que a “divisão” correta das funções dos hemisférios cerebrais só acontece durante ou depois da puberdade. Segundo essa teoria, o cérebro pré- púberes é como uma "esponja" - toda a aprendizagem, conhecimento e experiências são meramente "absorvidas". Esta "absorção" de aspectos da linguagem 47 para locais não específicos no cérebro supostamente faz com que a aprendizagem da linguagem, a primeira ou segunda língua, mais fácil para as crianças do que em adultos ou adolescentes mais velhos. ITEM 4 - Ausubel (1964) sugeriu a relevância de tal conexão ao notar que os adultos aprendem uma segunda língua poderiam lucrar com certas explicações gramaticais e pensamento dedutivo que, obviamente, seria inútil para uma criança. [...] As crianças pequenas geralmente não são "conscientes" de que eles estão adquirindo uma língua, nem estão cientes dos valores e atitudes colocadas em uma língua ou de outra sociedade. ITEM 5 – Tudo que pensamos e fazemos tem um fundo emocional. Apesar de sermos seres intelectuais, somos totalmente influenciados por nosso emocional. É lógico, portanto, que olhar para o domínio afetivo, para algumas das respostas mais significativas, para os problemas de contrastar as diferenças entre a aquisição do primeiro e segundo idioma. [...] O domínio afetivo inclui muitos fatores: empatia, autoestima, extroversão, a imitação, a ansiedade, as atitudes - a lista poderia continuar por algum tempo. ITEM 6 - Adultos tendem a tolerar diferenças linguísticas mais do que as crianças e, portanto, erros na fala são mais facilmente dispensados. Se os adultos podem entender um falante de um segundo idioma, por exemplo, eles costumam fornecer feedback cognitivo e afetivo positivo, um nível de tolerância que pode incentivar alguns alunos adultos. As crianças são os críticos mais severos de ações e palavras de cada um e podem, assim, fornecer um grau de pressão para aprender a segunda língua necessária e suficiente. ITEM 7 – Aprender uma segunda língua não é algo que pode ser programado em um conjunto de passos de “faça-você-mesmo”. 48 ITEM 8 - O objetivo do estudo da língua estrangeira é aprender uma língua, a fim de ler sua literatura ou a fim de se beneficiar da disciplina mental e de desenvolvimento intelectual que resultam em estudar uma língua estrangeira. ITEM 9 – Intrinsecamente, atividades motivacionais são aquelas para os quais não há nenhuma recompensa aparente, exceto a própria atividade. As pessoas parecem exercer as atividades para seu próprio bem e não porque elas levam a uma recompensa extrínseca; comportamentos intrinsecamente motivados visam trazer algumas consequências internamente gratificantes, ou seja, os sentimentos de competência e auto-determinação. Comportamentos extrinsecamente motivados, por outro lado, são realizadas em antecipação ou uma recompensa de fora e além do “eu”. Recompensas extrínsecas típicos são dinheiro, prêmios, notas e até mesmo alguns tipos de feedbacks positivos.