1º Ten Al GUSTAVO PELINSON ARANTES ATENÇÃO FARMACÊUTICA: uma nova visão na assistência farmacêutica RIO DE JANEIRO 2008 1º Ten GUSTAVO PELINSON ARANTES ATENÇÃO FARMACÊUTICA: uma nova visão na assistência farmacêutica Trabalho de conclusão de curso apresentado à Escola de Saúde do Exército, como requisito parcial para aprovação no Curso de Formação de Oficiais do Serviço de Saúde, especialização em Aplicações Complementares às Ciências Militares. Orientador: Marcelo Augusto Nascimento RIO DE JANEIRO 2008 A662a Arantes, Gustavo Pelinson. Atenção Farmacêutica: uma nova visão na assistência farmacêutica /.– Gustavo Pelinson Arantes - Rio de Janeiro, 2008. 45 f. ; 30 cm. Orientador: Marcelo Augusto Nascimento Trabalho de Conclusão de Curso (especialização) – Escola de Saúde do Exército, Programa de Pós-Graduação em Aplicações Complementares às Ciências Militares.) Referências: f. 36-45. 1. Atenção Farmacêutica. 2. Assistência Farmacêutica. 3. Uso racional de medicamentos. I. Nascimento, Marcelo Augusto. II. Escola de Saúde do Exército. III. Título. CDD 362.17820981 RESUMO A Atenção Farmacêutica (AtenFar) é uma nova prática clínica centrada no paciente e inerente ao profissional farmacêutico, que tem como principais objetivos a prevenção de doenças, a promoção e a recuperação da saúde de usuários de serviços sanitários, através do fomento ao uso racional de medicamentos. Esse trabalho de conclusão de curso foi planejado e desenvolvido com o objetivo de descrever e compreender, de uma forma aprofundada e reflexiva, a AtenFar como uma nova visão na Assistência Farmacêutica. O entendimento e a relevância desse estudo foram obtidos por meio da metodologia de revisão bibliográfica. A análise dessas bibliografias permitiu concluir que a atividade de AtenFar pode proporcionar muitos benefícios aos tratamentos de saúde que fazem uso de farmacoterapia, resultando no aumento da eficiência do tratamento, na melhoria da qualidade de vida dos pacientes e na redução de custos dos serviços de saúde. Além disso, e, principalmente, ao adotar a filosofia da AtenFar na sua prática diária, o profissional farmacêutico tem a oportunidade de resgatar a sua relação com o paciente, reafirmar o seu papel na equipe de saúde e revelar o seu valor social. Espera-se que essa nova visão, proporcionada por este estudo, possa despertar, em outros farmacêuticos, nos estudantes e professores de farmácia, uma nova maneira de pensar, fazer e ensinar a prática assistencial do farmacêutico. Palavras-chave: Atenção farmacêutica. Assistência farmacêutica. Uso racional de medicamentos. ABSTRACT Pharmaceutical Care is a new clinical practice focused on patient and concerned to the pharmacist, who has among the main objectives the prevention of diseases, the promotion and recovery of health from patients using the heath system, through the investment in the rational use of medicines. This monograph was planned with the aim to deeply describe and understand the Pharmaceutical Care as a new vision inside the Pharmaceutical Assistance. The understanding and relevance of this study were obtained by means of the literature revision method. This revision permitted to conclude that Pharmaceutical Care can be beneficial to the treatments involving pharmacotherapy, resulting in the enhancement of its efficacy, in the development of quality of life and the lowering of costs in health services. Furthermore, while adopting the Pharmaceutical Care in daily practice, the pharmacist has the opportunity to recover the relationship with the patient, reaffirming his health and social role. This new vision is intended to awake, among other pharmacists, students and teachers, a new way of thinking, doing, and teaching the Pharmaceutical Care as part of pharmaceutical practice. Keywords: Pharmaceutical care, Pharmaceutical assistance. Rational use of medicines. LISTA DE ABREVIATURAS E SIGLAS ASHP - American Society of Hospital Pharmacists AtenFar - Atenção Farmacêutica EUA - Estados Unidos da América MS - Ministério da Saúde OMS - Organização Mundial de Saúde OPAS - Organização Pan Americana de Saúde PRM - Problemas Relacionados a Medicamentos RAM - Reações Adversas a Medicamentos AGRADECIMENTOS A Deus, princípio e fim de todas as coisas. Ao meu amor, Renata, pelo companheirismo e apoio constante. Aos meus pais, pelo carinho e amor, pela criação, pela educação e por todos os esforços para propiciar que eu chegasse até aqui. Aos meus irmãos, Léo, Fred e Germano, pela amizade fraterna. Apesar de distantes tenho vocês sempre comigo. À minha sogra, Dona Gracy, pelas constantes orações. Ao Prof. Marcelo, pela orientação e permanente disponibilidade. Ao Ten Santos, meu co-orientador, pelo apoio. À Ten Lessa e à Ten Marcele, pelo conhecimento científico, fundamental para a qualidade deste trabalho. A todo corpo docente da Escola de Saúde do Exército por me dar condições para a realização deste trabalho. E a todos aqueles que, direta ou indiretamente, contribuíram para o desenvolvimento e concretização deste trabalho. À minha esposa, Renata, pelo apoio constante. SUMÁRIO 1 INTRODUÇÃO.......................................................................................................10 2 REESTRUTURANDO A ASSISTÊNCIA FARMACÊUTICA..................................11 2.1 A PROFISSÃO FARMACÊUTICA: DA ORIGEM AOS DIAS ATUAIS.................11 2.2 DEFININDO O TERMO ATENÇÃO FARMACÊUTICA........................................15 2.3 OS FOCOS DA ATENÇÃO FARMACÊUTICA.....................................................18 2.4 ESTUDOS SOBRE A EFICÁCIA DA ATENÇÃO FARMACÊUTICA....................23 2.5 O PAPEL DO PROFISSIONAL FARMACÊUTICO..............................................25 2.6 DA TEORIA À PRÁTICA: UMA EXPERIÊNCIA EM ATENÇÃO..........................28 3 DISCUSSÃO...........................................................................................................33 4 CONCLUSÃO.........................................................................................................35 REFERÊNCIAS..........................................................................................................36 1 INTRODUÇÃO O presente trabalho consiste em uma descrição aprofundada e reflexiva sobre a Atenção Farmacêutica (AtenFar). Ressalta-se que sua descrição e entendimento tornam-se necessários, pois a AtenFar representa uma possibilidade para melhorar a imagem do farmacêutico, incentivar a educação continuada, recuperar seu papel social e desenvolver a prestação de um serviço de excelência. Além disso, pode contribuir para que outros profissionais, que também proporcionam cuidados aos pacientes, possam beneficiar-se desta prática e promoverem melhoras na qualidade de vida do paciente e da comunidade. Por meio desta revisão de literatura, objetiva-se descrever e compreender a AtenFar como uma nova visão na assistência farmacêutica, refletindo sobre as necessidades de mudanças da postura profissional, entendendo o que leva o profissional a buscar a prática da AtenFar e discutindo sobre as mudanças necessárias na gestão da farmácia a partir dessa nova filosofia de prática centrada no paciente. O farmacêutico assume a responsabilidade da prevenção e resolução dos problemas relacionados a medicamentos (PRM) devido a sua formação acadêmica e por ser o profissional de saúde com maior conhecimento sobre os medicamentos e seus efeitos no organismo humano. Ele encontra-se na interface entre a distribuição e o uso de medicamentos, podendo ser considerado como peça chave na garantia da qualidade do cuidado médico e, além disso, representa uma das últimas oportunidades de, ainda dentro do sistema de saúde, identificar, corrigir ou reduzir possíveis riscos associados à terapêutica. Neste contexto, exige-se do profissional uma formação ampla, não apenas sobre aspectos cognitivos e científicos, mas, sobretudo aspectos políticos, críticos e criativos, de modo a atender à realidade nacional. 2 REESTRUTRANDO A ASSISTÊNCIA FARMACÊUTICA 2.1 A PROFISSÃO FARMACÊUTICA: DA ORIGEM AOS DIAS ATUAIS Os primórdios da profissão farmacêutica não são conhecidos, pode-se apenas especular sobre os primeiros indivíduos interessados em produzir e dispensar medicamentos (DENO et al., 1959). Por outro lado, sabe-se que, desde o início da história do homem, as doenças já existiam e com elas veio a procura pela sua cura (BURLAGE et al., 1944; RISING, 1959). A história mostra que a prática da farmácia sempre esteve associada à medicina e, na verdade, não existe até hoje uma grande distinção. De acordo com FLANNERY: Não existe possibilidade de separar e distinguir uma da outra. Os gêmeos Cosme e Damião, no século 14, se tornaram os patronos da farmácia e medicina, hoje são duas profissões gêmeas, não sendo possível realizar uma à parte da outra (FLANNERY, 2001, p.218). Até o século XI, ensinava-se farmácia como parte da medicina. A primeira referência que se tem, separando a farmácia da medicina, data de 1240, quando foi escrita a magna carta da profissão farmacêutica, por Frederico II, imperador romano, criando a farmácia como uma profissão independente. O argumento era “o fato da prática da farmácia requerer conhecimento, habilidades, iniciativas e responsabilidades especiais, com o objetivo de garantir um cuidado adequado às necessidades medicamentosas das pessoas”. Depois de Roma, essa regulamentação ocorreu em vários outros países. Em virtude dessa separação, criaram-se três classes distintas: médicos, cirurgiões e boticários (BURLAGE et al., 1944; RISING, 1959; GOMES JÚNIOR, 1988). Os primeiros boticários da Europa que chegaram ao Brasil trouxeram os saberes e técnicas de manipulação e aqui aprenderam os saberes populares de cada região que também possuíam as suas próprias práticas de cura e crenças religiosas. Essa fusão de culturas diferentes proporcionou o aparecimento de práticas culturais específicas inclusive na forma de produzir a cura, pois houve uma associação entre as crenças, remédios caseiros e os medicamentos científicos (SOUZA et al., 2003). A partir de 1744, foi regulamentada a atividade nas boticas com a elaboração de um regimento para aumentar o controle e evitar excessos e abusos uma vez que o regimento proibia o comércio ilegal de drogas e medicamentos. As boticas eram casas comerciais ou lojas onde a população comprava os remédios. Essa também era a denominação do espaço existente nos hospitais, destinado a manipulação e à administração de medicamentos aos doentes internados. Os boticários eram profissionais aprovados pelo físico-mor, em Coimbra, onde obtiam uma “carta de aprovação”, mas eram profissionais empíricos, às vezes analfabetos, tendo o conhecimento apenas de medicamentos corriqueiros. (GOMES JÚNIOR, 1988; HISTÓRIA..., 2008). A primeira escola de farmácia foi criada em 1832 na Faculdade de Medicina do Rio de Janeiro, mas até 1930 o diploma não era exigido para exercer a profissão. Em 1931, foi elaborado o Decreto nº. 19606, que regulamentava a profissão farmacêutica e estabelecia a exclusividade do exercício da Farmácia ao profissional devidamente diplomado ou de sociedades mercantis compostas por terceiros, desde que o farmacêutico detivesse no mínimo 30% do capital social (SANTOS, 1993). A passagem do comércio de botica para farmácia não foi simples. A cultura popular dificultou muito as mudanças, por mais necessárias e benéficas que elas fossem. Para as pessoas, os farmacêuticos e boticários, habilitados ou não, tinham pouca diferença, bem como para os legisladores, normalmente leigos em questões de farmácia. Depois de 1886, o boticário cede definitivamente o seu espaço ao farmacêutico. Foi uma grande batalha, para o farmacêutico ganhar o direito e a exclusividade no mercado. Isso, devido ao fato que a botica tinha um importante papel social e até político nas cidades brasileiras, ao pequeno número de alunos nas faculdades, à concorrência com outros profissionais e comerciantes e à pouca ou nenhuma escolaridade da grande maioria da população (HISTÓRIA...,2008). No início do século 20, o farmacêutico era o profissional de referência para a sociedade nos aspectos do medicamento. Além de dominar certo tipo de ação de saúde, que poderíamos traduzir como a prestação de um serviço que visa a “correta utilização do medicamento”, o farmacêutico dominou também a produção e a comercialização de praticamente todo o arsenal terapêutico disponível na época (VALLADÃO et al., 1986; GOUVEIA, 1999). A indústria farmacêutica expandiu-se e os ramos modernos do capital monopolista internacional consolidaram-se definitivamente, controlando a matéria-prima, a tecnologia dos produtos sintéticos e o mercado nacional (SANTOS, 1993). A produção artesanal de medicamentos foi gradualmente desaparecendo, sendo substituída pela indústria e os produtos químico-sintéticos passaram a predominar nas indicações, modificando o papel do farmacêutico e da farmácia, que se transformava em pouco tempo em simples entreposto comercial. Na década de 50 evidenciou uma total descaracterização das funções do farmacêutico junto à sociedade. A prática farmacêutica consistia apenas na função de distribuição dos medicamentos industrializados (GOUVEIA, 1999). O farmacêutico que manipulava os medicamentos, neste momento, não era mais necessário e instalava-se uma grande crise na profissão. Houve uma desintegração entre as disciplinas que foram, aos poucos, incorporadas ao currículo do curso de farmácia, porque passa a não haver uma temática integradora e, também, devido à diversidade de conteúdos tratados na grade curricular do curso (VALLADÃO, 1981). Seu título passou a ser acompanhado por complementos identificadores das novas atribuições conquistadas (PERINI, 1997): farmacêutico-bioquímico, farmacêutico-analista clínico, farmacêutico-industrial e farmacêutico de alimentos. Numa perspectiva de indução ao consumo para obter lucro, cada vez mais, a relação entre o farmacêutico e os usuários de medicamentos torna-se apenas uma relação de negócios. O conhecimento do farmacêutico em relação aos medicamentos é substituído pelas bulas. E, numa época que exige temporalidades curtas porque “tempo é dinheiro”, o atendimento tem que ser rápido e ágil para que se venda mais num menor tempo (SEVALHO, 2003). Além disso, complementa Sevalho, na medida em que a perspectiva social da compreensão da doença está ausente, ou depreciada, a antiga relação terapêutica farmacêutico/paciente torna-se desnecessária. As bulas trazem todas as informações sobre os medicamentos sem que seja necessário um profissional para explicar os outros fatores envolvidos com a manutenção e recuperação da saúde. Na oficina de trabalho promovida pela Organização Pan Americana de Saúde (OPAS) em 2002, a prática do farmacêutico foi caracterizada como sendo excessivamente tecnicista e incipiente na área clínica, existindo um descompasso entre a formação e as demandas dos serviços de atenção à saúde. Também não existem integração e unidade entre as entidades representativas da categoria e outros segmentos da sociedade em torno das políticas de saúde. A prática tem priorizado as atividades administrativas, em detrimento da educação em saúde e da orientação sobre o uso de medicamentos, revelando-se desconectada das políticas de saúde e de medicamentos (STORPIRTIS et al., 2001; CONSENSO..., 2002; ACURCIO, 2003). Então, o farmacêutico começa a se ressentir da falta de preparo nas universidades para o exercício da farmácia comunitária e do seu afastamento dessa área, que lhe deveria ser exclusiva. O profissional se envolve com as questões administrativas e perde o seu maior objetivo que é o serviço comunitário, deixando de participar dos problemas sanitários e sociais (GOMES JÚNIOR, 1988; PERINI, 1997). ...a profissão de farmacêutico se aproximou de modo sensível, como alguns puderam afirmar cruamente, da profissão de comerciante. Instalemo-nos em uma grande farmácia da zona urbana e veremos o que ocorre. Veremos os clientes desfilarem quase sem interrupção. A maior parte apresentou uma receita para a pessoa de bata branca que está atrás do balcão, a qual se limita a ir buscar os produtos prescritos no armário, repete a posologia indicada pelo médico, embrulha as embalagens em um saco de papel e as fatura. Poucas palavras são trocadas. Às vezes, alguém, em geral da categoria social abastada, se apresenta sem receita. Mesmo nestes casos, a troca de palavras revela-se quase sempre sumária; pede-se um medicamento definido ou simplesmente a sua finalidade: “gostaria de um produto para a tosse”. Na maior parte do tempo, o papel do farmacêutico é, pois, o de um simples distribuidor (DUPUY; KARSENTY, 1974, p. 47-48). Diante disso, existe um fenômeno tão simples quanto dramático: o farmacêutico é, em geral, uma pessoa que se aborrece na sua profissão. Observa-se que, quando se trata de preparações magistrais, o farmacêutico recupera integralmente sua consciência profissional, e as infrações à regulamentação são muito mais raras. Em relação ao doente, volta a ser aquele que “faz”. Mas o exercício cotidiano da profissão raramente lhe proporciona esse tipo de satisfação, e ele sente profundamente o fato de que os seus cinco anos de formação são muito mal rentabilizados (DUPUY; KARSENTY, 1974, p. 47-48). Baseado nesse contexto o farmacêutico vivencia uma crise de identidade profissional, com falta de reconhecimento social e pouca inserção na equipe de saúde. Esse profissional precisa redefinir seu papel na sociedade (DUPUY; KARSENTY, 1974; DÁDER, 2001; CONSENSO..., 2002). 2.2 DEFININDO O TERMO ATENÇÃO FARMACÊUTICA Devido aos fatores descritos e para atender a demanda social, foi desenvolvida a prática de AtenFar (OLIVEIRA, 2003, p. 1). Essa atividade tem como objetivo prevenir e resolver os PRM, caracterizando-se por ser um procedimento centrado no paciente e não somente no medicamento (CIPOLLE et al., 1998, p. 13). A AtenFar tem como princípio a integralidade da atenção à saúde, ou seja, o profissional farmacêutico se insere na equipe de saúde com os demais profissionais. Há também a contribuição na compreensão e adesão do paciente ao tratamento, aumentando a sua efetividade e favorecendo o uso racional de medicamentos (REHDER, 1985; STORPIRTIS et al., 2001; ACURCIO, 2003; CIPOLLE et al., 2004). O conceito de AtenFar começou a ser construído, em 1975 por Mikeal et al., através da publicação de um trabalho que visava nortear e estender a atuação do profissional farmacêutico para as ações de atenção primária em saúde, tendo o medicamento como insumo estratégico e o paciente como foco principal. Nesse trabalho afirmaram que o farmacêutico deveria prestar a “atenção que dado paciente requer e recebe com garantias de um uso seguro e racional dos medicamentos” (MIKEAL et al., 1975 apud PEREIRA; FREITAS, 2007). A expressão AtenFar foi empregada pela primeira vez por Brodie, Parish e Poston (1980), estes completaram a proposta de Mikeal et al., afirmando que o farmacêutico deveria atuar na “definição das necessidades farmacoterapêuticas do paciente e na provisão não apenas dos medicamentos requeridos, mas também dos serviços necessários para assegurar uma terapia perfeitamente segura e efetiva” (BRODIE; PARISH; POSTON, 1980 apud LYRA JÚNIOR, 2005). A American Society of Hospital Pharmacists (ASHP), no ano de 1993, baseada nos trabalhos de Hepler e Strand (1990), estabeleceu que AtenFar é “a direta e responsável provisão de cuidados relacionados com a medicação, com o propósito de alcançar resultados que sirvam para melhorar a qualidade de vida do paciente” (ASHP, 1993). Também em 1993, a Organização Mundial de Saúde (OMS), com o objetivo de haver uma diretriz para as discussões sobre AtenFar, define o termo como: O conjunto de atitudes, valores éticos, funções, conhecimentos, responsabilidades e habilidades do farmacêutico na prestação da farmacoterapia, com o objetivo de alcançar resultados terapêuticos definidos na saúde e qualidade de vida da população. Além disso, o paciente é o principal beneficiário das ações do farmacêutico (OMS, 1993, p. 11). Em 1998, um grupo de farmacêuticos de Granada, se reuniu com intuito de debater a AtenFar. Neste Primeiro Consenso de Granada a AtenFar ficou definida como: A participação ativa do farmacêutico em atividades de promoção à saúde e prevenção de doenças e na assistência direta ao paciente na dispensação e seguimento do tratamento farmacoterápico, cooperando com o médico e outros profissionais de saúde, a fim de conseguir resultados que melhorem a qualidade de vida dos pacientes (PANEL DE CONSENSO, 1999; CIPOLE; STRAND; MORLEY, 2002). No Brasil não há um consenso sobre a definição de AtenFar; em 2002 foi elaborada a primeira proposta para um Consenso Brasileiro, que conceitua a AtenFar como: Um modelo de prática farmacêutica desenvolvida no contexto da assistência farmacêutica. Compreende atitudes, valores éticos, comportamentos, habilidades, compromissos e coresponsabilidades na prevenção de doenças, promoção e recuperação da saúde, de forma integrada à equipe de saúde. É a interação direta do farmacêutico com o usuário, visando uma farmacoterapia racional e obtenção de resultados definidos e mensuráveis, voltados para a melhoria da qualidade de vida do paciente. Esta interação também deve envolver as concepções dos seus sujeitos, respeitadas as suas especificidades bio-psico-sociais, sob a ótica da integralidade das ações de saúde (OPAS, 2002a). Esse Consenso teve como principal objetivo e desafio a uniformização de terminologia e de definição da prática da AtenFar. Esse procedimento faz-se necessário para facilitar a compreensão do processo de trabalho, garantir homogeneidade nas ações dos farmacêuticos que estiverem atuando na AtenFar, além de buscar estratégias para a promoção e aprimoramento dessa prática (CONSENSO..., 2002, p.12). Na elaboração da proposta do Consenso destaca-se a contribuição da OMS, que reconheceu, através do Documento de Tóquio, o farmacêutico como um dispensador da atenção à saúde, que participa ativamente na prevenção de enfermidades e na promoção da saúde, junto com os demais membros da equipe. Assim, o papel do farmacêutico, antes restrito à identificação, resolução e prevenção de PRM é ampliado e esse passa a ser considerado também um agente de saúde (OMS, 1993). A AtenFar é uma atividade originada da Farmácia Clínica, prática definida como: A ciência da saúde cuja responsabilidade é assegurar, mediante a aplicação de conhecimentos e funções relacionados ao cuidado dos pacientes, que o uso dos medicamentos seja seguro e apropriado, e que necessita, portanto, de educação especializada e interpretação de dados, da motivação por parte do paciente e de interações multiprofissionais (ARANCIBIA et al., 1993; MENEZES, 2000; STORPIRTIS, RIBEIRO, MARCOLONGO, 2001). Embora sejam confundidas, a AtenFar e a Farmácia Clínica não são a mesma atividade. Como descrito, a primeira é oriunda da segunda. Nela o farmacêutico utiliza métodos específicos para prestar assistência ao paciente, tendo esse como foco principal de suas ações, enquanto a Farmácia Clínica enfoca, principalmente, o cuidado sanitário, ou seja, as habilidades, destrezas e referenciais técnico científicos necessários para atuar na AtenFar são os mesmos requeridos pela Farmácia Clínica. Entretanto as atitudes profissionais e os valores morais são totalmente diferentes. O profissional que atua em AtenFar assume a responsabilidade pelos resultados da terapia medicamentosa e pela qualidade de vida do paciente. O medicamento produto, é um componente importante e necessário para a AtenFar, mas neste novo modelo o processo é o agente principal, o produto tem uma função secundária (HOLLAND & NIMMO, 1999). A AtenFar é uma ferramenta da Farmácia Clínica que utiliza, além dos conhecimentos clínicos, conhecimentos humanísticos (educacionais, psicológicos, sociológicos), para prestar o cuidado farmacêutico aos pacientes e , muitas vezes, aos familiares e cuidadores desses pacientes. A atividade de AtenFar não é uma simples análise e acompanhamento da farmacoterapia prescrita e dos resultados clínicos da utilização dos medicamentos. É necessário para desempenhar essa atividade um profissional sensível e capacitado, para lidar com as questões físico-biológicas, psíquicas e sociais, relacionadas aos pacientes e a seus familiares. O termo AtenFar , muitas vezes, é confundido ou até mesmo utilizado como sinônimo de termo Assistência Farmacêutica. Dupim (1999) esclareceu esses dois conceitos. Segundo o autor, a Assistência Farmacêutica é: Um processo que visa à proteção ou à recuperação da saúde, em nível individual ou coletivo, englobando procedimentos relativos à produção, seleção, preparação, aquisição, armazenamento, distribuição, prescrição e dispensação de medicamentos, dela participando profissionais de diferentes áreas além da farmácia (DUPIM, 1999). A Assistência Farmacêutica não deve ser confundida com a AtenFar, prática que diz respeito à relação do farmacêutico com o paciente, da mesma forma que a atenção médica não se confunde com a assistência médica, mais ampla e abrangente. Dessa forma, confirma-se que a AtenFar está compreendida na Assistência Farmacêutica. A proposta do Consenso Brasileiro de Atenção Farmacêutica (2002), também definiu que a Assistência Farmacêutica e a AtenFar são conceitos distintos. O Consenso estabeleceu que a AtenFar está inserida nas atividades específicas do farmacêutico na âmbito da atenção à saúde, enquanto o primeiro envolve um conjunto mais amplo de ações, com características multiprofissionais (OPAS, 2002a). 2.3 OS FOCOS DA ATENÇÃO FARMACÊUTICA A utilização de medicamentos é um processo complexo com múltiplos determinantes e envolve diferentes atores. As diretrizes farmacoterápicas adequadas para a condição clínica do indivíduo são elementos essenciais para a determinação do emprego dos medicamentos. Entretanto, é importante ressaltar que a prescrição e o uso de medicamentos são influenciados por fatores de natureza cultural, social, econômico e política (FAUS, 2000; PERINI et. al., 1999). No mundo ocidental contemporâneo o modelo de assistência à saúde é, excessivamente, medicalizado e mercantilizado, cabendo aos medicamentos um espaço importante no processo saúde/doença, sendo praticamente impossível pensar a prática médica ou a relação medico paciente sem a presença desses produtos (SOARES, 1998). Neste contexto a morbimortalidade relacionada a medicamentos é um grande problema de saúde pública (EASTON et al., 1998, MALHOTRA et al., 2001). A prática de AtenFar tem grande impacto positivo para os pacientes ao reduzir erros na utilização de medicamentos, PRM, admissão hospitalar e custo de tratamento, promovendo uma melhor qualidade de vida, sendo assim, a AtenFar agrega ao farmacêutico a responsabilidade por assegurar que a terapia farmacológica indicada ao paciente está indicada de forma adequada, é a mais efetiva disponível, a mais segura e pode ser administrada na posologia prescrita. O farmacêutico deve também se responsabilizar por identificar, resolver e prevenir qualquer problema relacionado com a farmacoterapia e assegurar que as metas do tratamento sejam alcançadas e os resultados obtidos (CIPOLLE, 1998). Em 1998, o grupo de pesquisadores de Minnesota definiu que os PRM ou problemas farmacoterapêuticos são “qualquer evento indesejável experimentado pelo paciente que envolva ou se suspeite que envolva a farmacoterapia e que interfira real ou potencialmente com um resultado esperado no tratamento sanitário deste paciente”. O grupo complementou o conceito dizendo que o evento indesejável que interfere ou pode interferir no resultado esperado não se restringe a enfermidades e sintomas, podendo ser, também, qualquer problema relacionado com os aspectos psicológicos, fisiológicos, socioculturais ou econômicos (CIPOLLE; STRAND; MORLEY, 2002). A Proposta de Consenso Brasileiro de Atenção Farmacêutica definiu que PRM refere-se a “um problema de saúde, relacionado ou suspeito de estar relacionado a farmacoterapia, que interfere ou pode interferir nos resultados terapêuticos e na qualidade de vida do usuário” (OPAS, 2002a). Os PRM são freqüentes em todas as faixas etárias e comuns a todo o mundo. Nos Estados Unidos da América (EUA), só em 1997, foram gastos US$ 14 bilhões em internações hospitalares para tratar pacientes hipertensos, que não aderiram a farmacoterapia (BENSON, VANCE-BRYAN, RADDATZ, 2000). Segundo Pepe e Castro (2000), riscos associados à terapêutica podem ser minimizados pelo investimento na melhoria da qualidade da prescrição e da dispensação de medicamentos. Deve-se considerar, também, o fato de que os medicamentos podem falhar, causando problemas de efetividade (não atingem objetivos terapêuticos) e/ou segurança (RAM ou toxicidade). A utilização maciça, e muitas vezes inadequada, desses medicamentos, faz com que aumente o risco das ocorrências dos PRM. Estudos mostram que 50% dos pacientes que entram na farmácia comunitária, em qualquer lugar do mundo, possuem pelo menos um PRM que precisa ser identificado e resolvido (PHARMACEUTICAL..., 1997; PERETTA, 2000; STRAND, 2005) e WONG et al., 2008, verificaram que, para a população idosa, esse percentual chega a 80%. É importante salientar que os problemas não são inerentes aos medicamentos, mas à maneira como são prescritos, dispensados e usados pelos pacientes. Esse mau uso representa hoje um problema sanitário de enorme magnitude (HEPLER; STRAND, 1990; LEFÈVRE, 1991; BARROS, 1995; JOHNSON; BOOTMAN, 1995; PERETTA, 2000; DÁDER, 2001; NASCIMENTO, 2003; PERINI, 2003; SEVALHO, 2003). A prevenção de PRM deve ocorrer através do fomento ao uso racional de medicamentos, que: É o processo que compreende a prescrição apropriada, a disponibilidade oportuna e a preços acessíveis, a dispensação em condições adequadas, e o consumo nas doses indicadas, nos intervalos definidos e no período de tempo indicado de medicamentos eficazes, seguros e de qualidade (MINISTÉRIO DA SAÚDE - MS, 2001). Os esforços para a readequação de atividades e práticas farmacêuticas objetivando o uso racional dos medicamentos são essenciais numa sociedade que os fármacos constituem o arsenal terapêutico mais utilizado (LIPTON et al., 1995). No Brasil, além da garantia do acesso aos serviços de saúde e a medicamentos de qualidade, é necessária a implantação de práticas assistenciais que promovam o uso racional de medicamentos propiciando resultados que influenciam diretamente os indicadores sanitários (OPAS, 2002a). A AtenFar contribui para o uso racional de medicamentos, na medida que desenvolve um acompanhamento sistemático da terapia medicamentosa utilizada pelo indivíduo, buscando avaliar a necessidade, a segurança e a efetividade no processo de utilização de medicamentos (FAUS; MARTINEZ, 1999). A AtenFar beneficia, ainda, os outros profissionais de saúde, ao melhorar o seu acesso a informação sobre medicamentos e ao auxiliar na detecção de PRM em seus pacientes e na detecção de pacientes sem diagnósticos e/ou tratamento (PAULOS, 2002). Atualmente a morbimortalidade relacionada a medicamentos é um relevante problema de saúde pública e um determinante de internações hospitalares. As internações relacionadas a medicamentos podem ser atribuídas a fatores intrínsecos à atividade do fármaco, falhas terapêuticas, não adesão ao tratamento e eventos adversos (JOHNSON & BOOTMAN, 1995; ROUGHEAD et al., 1998; EASTON et al., 1998; MALHOTRA et al., 2001). Na Austrália, no período de 1988 a 1996, foram publicados 14 trabalhos que analisaram as internações hospitalares determinadas por medicamentos. Os trabalhos foram realizados em diferentes contextos e a comparação entre os estudos envolvendo populações diversas pode trazer confusão dificultando o conhecimento da extensão real do problema. Para elucidar esses estudos, Roughead et al., 1998, publicaram uma revisão demonstrando que as taxas de internações relacionadas a medicamentos corresponderam a 2 a 4 % do total de internações, 6 a 7 % das admissões em emergências, 12 % das admissões em unidades de clínica médica e 15 – 22 % das admissões de emergências em geriatria. Em 2002, Winterstein et al., publicaram uma metanálise de artigos sobre internações hospitalares relacionadas a medicamentos, segundo os resultados as taxas de prevalência podem variar de 3 a 9% das internações. Os autores ressaltam que mais de 50% das internações relacionadas a medicamentos podem ser prevenidas. De acordo com Gharaibeh et al., 1998, a internação hospitalar relacionada a medicamentos, reflete as interações entre medicamentos, profissionais de saúde, comunidade, sistema educacional e organização dos serviços de saúde e outras ações governamentais. No Brasil, não existe estudo sobre morbimortalidade relacionada a medicamentos, apenas levantamentos sobre intoxicação medicamentosa. Segundo os dados publicados pelo Sistema Nacional de Informações Tóxico-Farmacológicas, os medicamentos ocupam a primeira posição entre os três principais agentes causadores de intoxicações em seres humanos desde 1996, sendo que em 1999 foram responsáveis por 28,3% dos casos registrados (SINITOX, 2000). Segundo Hepler (2000), a morbidade prevenível relacionada a medicamento é um problema para muitos sistemas de saúde. Os resultados inadequados da farmacoterapia devem ser prevenidos sob um ponto de vista clínico e humanitário. Os recursos financeiros gastos com a morbidade prevenível relacionada a medicamentos são suficientes para evitar o problema e permitir outras intervenções no sistema de saúde tornando o mesmo mais eficiente. As principais causas de morbidade prevenível relacionadas a medicamentos são: prescrição inadequada; RAM inesperadas; não adesão ao tratamento; superdosagem ou subdosagem; falta da farmacoterapia necessária; inadequado seguimento de sinais e sintomas e erros de medicação (HEPLER 2000, HENNESSY 2000). De acordo com Hepler (2000), a morbidade prevenível relacionada a medicamento é uma epidemia que deve ser controlada, empregando as seguintes estratégias: 1) aumentar a consciência dos profissionais de saúde e população sobre o problema; 2) desenvolver e disseminar estratégias de controle para os programas de saúde; 3) identificar e determinar o relacionamento dos problemas na utilização de medicamentos na população; 4) fornecer meios para solucionar ou evitar a evolução dos problemas; 5) aprimorar os critérios de utilização de medicamentos. Sabendo-se que a prevalência e os custos da morbidade e mortalidade relacionada a medicamentos são de grande relevância para os gestores de saúde, os pacientes e a sociedade como um todo e que a redução da morbidade evitável relacionada a medicamentos têm um impacto positivo na qualidade de vida do paciente, na segurança do sistema de saúde e na eficiência no uso dos recursos (REIS, 2008), pergunta-se, então, por que a sociedade dedica tantos esforços científicos e econômicos para pesquisar, desenvolver, fabricar, prescrever, indicar e dispensar um medicamento enquanto os serviços sanitários responsáveis por controlar, orientar e educar sobre a sua utilização são ainda tão incipientes (DÁDER, 2001)? Segundo Le Grand, Hogerzeil, Haaijer-Ruskamp (1999) e Vieira (2007), o uso irracional de medicamentos é um importante problema de saúde pública em todo o mundo e que gera grandes conseqüências econômicas. Todavia, quando utilizados apropriadamente, os medicamentos são, na maioria das vezes, o recurso terapêutico mais eficaz no processo de restituição da saúde do paciente (MC ISAAC et al., 1994). 2.4 ESTUDOS SOBRE A EFICÁCIA DA ATENÇÃO FARMACÊUTICA A primeira investigação sobre o impacto das ações de AtenFar na sociedade foi realizada nos EUA, utilizando os dados do Projeto Minnesota de Atenção Farmacêutica (Minnesota Pharmaceutical Care Project). Strand, Cipolle e Morley, (1988), avaliaram os serviços clínicos prestados pelo farmacêutico sob a ótica das análises tipo custo-benefício e tipo custo-efetividade, relatando que ainda não havia um padrão para avaliação dos resultados das atividades clínicas dos farmacêuticos, o que era comum para médicos e enfermeiros. Os resultados da referida investigação demonstraram que, após um ano, aumentou o número de pacientes que alcançaram resultado terapêutico satisfatório e que a resolução dos PRM reduziu a complexidade da demanda farmacoterápica, gerando uma relação custoresultado aparentemente favorável (TOMECHKO, MORLEY, STRAND, 1996; STRAND, 1997; CIPOLLE, STRAND, MORLEY, 2002). Salvia e colaboradores (1999) relataram os resultados da implantação de um programa de AtenFar em um hospital espanhol. As ações foram desenvolvidas através da identificação, prevenção e resolução de PRM. Nesse estudo, os autores concluíram que a intervenção farmacêutica melhora os resultados clínicos e exerce influência nos custos assistenciais. Outro estudo europeu avaliou a provisão da AtenFar a idosos, através de uma pesquisa multicêntrica, verificando a redução dos custos de tratamento e aumento da qualidade de vida dos pacientes. Os pacientes do grupo de intervenção manifestaram melhor controle de sua doença e alto nível de satisfação. Neste estudo, a opinião de médicos e farmacêuticos foi favorável à AtenFar (BERNSTEN et al., 2001). Um trabalho desenvolvido pela Universidade do Tennessee e pelo Departamento Americano de Assuntos da Terceira Idade, visou avaliar o impacto clínico, econômico e humanístico da provisão de AtenFar, em pacientes ambulatoriais portadores de hipertensão arterial e doença pulmonar obstrutiva crônica. No grupo que houve intervenção obteve-se melhor adesão à terapia medicamentosa e melhor conhecimento da doença e do tratamento, além de uma menor utilização de serviços sanitários e hospitalizações, o que poderia aumentar os custos dos tratamentos (GOURLEY et al., 1998). De acordo com os resultados do estudo de Philips e Carr-Lopez (1990), a prestação de AtenFar a pacientes idosos aumenta a adesão a seus regimes terapêuticos, podendo promover redução de custos hospitalares, ao reduzir o número de prescrições, de internações e de medicamentos associados a RAM. Lyra Júnior (2005), realizou um estudo no Brasil, também com idosos, constatando que as intervenções educativas otimizaram a utilização dos medicamentos, resultando na resolução e prevenção de aproximadamente 70% dos PRM identificados. Além disso, o autor constatou que o impacto das intervenções farmacêuticas resultou em aumento da efetividade do tratamento dos idosos hipertensos e que os resultados humanísticos do serviço de atenção farmacêutica foram satisfatórios, pois os idosos demonstraram melhora significativa em seus índices de qualidade de vida após a utilização desse serviço. Os idosos aprovaram, com alto grau de satisfação, o serviço de AtenFar e a atuação do farmacêutico-pesquisador. Em conseqüência dos resultados descritos pelo autor, houve uma redução marcante nos relatos dos idosos, quanto às intervenções freqüentes e à procura dos serviços de emergência, comuns antes do início do programa, o que pode ter causado um impacto econômico positivo, mesmo que mínimo, para a Unidade Básica de Saúde onde o serviço era prestado e para o sistema de saúde. Nesses termos, segundo Lyra Júnior (2005), cabe refletir o quanto a AtenFar seria conveniente à realidade brasileira, pois a implementação de programas de AtenFar nas unidades básicas de saúde, atendendo grupos maiores de pacientes, poderia minimizar os gastos com internações ou complicações provocadas pela incidência de PRM, redirecionando os recursos públicos para a melhoria da estrutura e dos serviços do Sistema Único de Saúde, incluindo a expansão do acesso aos medicamentos. Na Espanha, outro estudo que avaliou o impacto da AtenFar foi o projeto TOMCOR (Therapeutic Outcomes Monitoring in Coronary Patients). Estudo multicêntrico desenhado pela Universidade da Flórida e desenvolvido na Espanha, que teve por objetivo avaliar os efeitos da AtenFar sobre pacientes com doenças coronarianas. Os resultados deste estudo evidenciaram uma redução, porém não estatisticamente significativa, na taxa de novos infartos no grupo de intervenção e uma menor utilização de recursos sanitários devido aos infartos evitados. Além desses resultados, foi identificada no grupo de intervenção uma melhora da qualidade de vida, um aumento do conhecimento sobre os fatores de risco da doença e sobre a medicação e, ainda, um aumento da satisfação com o serviço de saúde (TOLEDO et al., 2001). Nos EUA, foi estimado que, quando os farmacêuticos participam ativamente da revisão das prescrições e da orientação a pacientes idosos, quanto ao uso adequado da farmacoterapia, ocorre uma diminuição dos gastos do sistema de atenção à saúde com PRM, da ordem de US$ 3,6 bilhões, por ano (ARAÚJO, 2001). Estudo canadense, realizado pela Universidade de Laval demonstrou que 69% das intervenções do farmacêutico no tratamento farmacológico representaram redução de custos para o serviço de saúde (GARIEPY, 1997). Em 2004, profissionais do Instituto Nacional de Cardiologia de Laranjeiras, no Rio de Janeiro, divulgaram os resultados do serviço de AtenFar prestado a pacientes portadores de hipertensão grave e de insuficiência cardíaca atendidos por aquele instituto. Os resultados mostraram que houve uma redução de 83% nos atendimentos de emergência e de cerca de 65% nas internações após o início do serviço (SOLUÇÃO, 2005). 2.5 O PAPEL DO PROFISSIONAL FARMACÊUTICO Esses fatores demonstram claramente a necessidade de uma solução para se evitar as conseqüências sociais e econômicas desse problema crescente (HEPLER; STRAND, 1990; FAUS, 2000). Aí se manifesta a necessidade de que se busque racionalidade e garantia do uso correto dos medicamentos (PERETTA, 2000; NASCIMENTO, 2003). De acordo com Faus (2000), a solução desse problema passa por um melhor controle da farmacoterapia, que deve buscar alternativas que ofereçam uma melhor relação custo-benefício (PERETTA, 2000), que considere cada paciente como um indivíduo (NIES; SPIELBERG, 1996, p. 33) e que evitem o aparecimento dos PRM, com o objetivo de otimizar os tratamentos farmacológicos. Para que isso aconteça, é necessária a atenção de um profissional que olhe para o usuário de medicamento como um todo, que tenha uma visão holística do paciente e, mais importante, que assuma a responsabilidade pela sua farmacoterapia (JONHSON; BOOTMAN, 1995). O farmacêutico possui uma formação sólida em medicamentos e é o profissional de saúde com maior conhecimento sobre os medicamentos e seus efeitos no organismo humano. Estas características, torna-o tecnicamente preparado para desempenhar as atividades da AtenFar. Juntamente, com esses conhecimentos, a facilidade de acesso que esse profissional tem a todos os medicamentos que o paciente utiliza e a sua proximidade com o público, o farmacêutico está na posição ideal para assumir o compromisso de auxiliar o paciente a obter o melhor resultado possível no seu tratamento. A dispensação é o último elo entre a complexa cadeia de eventos envolvendo o medicamento e o paciente, dessa forma, normalmente o farmacêutico é o último profissional a ter contato com o paciente antes do início da farmacoterapia, assim, é a última oportunidade de garantir uma terapia medicamentosa completa e sem erros (HEPLER; STRAND, 1990; BENET, 1996, p. 1265; DÁDER, 2001; MAGALHÃES; CARVALHO, 2003; PERINI, 2003). A filosofia da AtenFar prevê uma prática centrada no paciente, que busque atender a necessidade social de controlar a morbimortalidade relacionada ao uso de medicamentos. Dessa forma, o núcleo fundamental dessa prática é uma estreita relação entre o farmacêutico e o paciente, que trabalham juntos para prevenir, identificar e resolver os problemas derivados do tratamento medicamentoso. Os profissionais da AtenFar usam uma abordagem centrada no paciente, ou seja há uma direção do acompanhamento que atende as necessidades e os desejos do paciente, e não as preferências do profissional, assim o paciente participa ativamente do seu processo de cuidado. Essa relação corresponde a uma troca mutuamente benéfica, na qual o paciente confere autoridade ao farmacêutico e este, por sua vez, oferece ao paciente conhecimento e comprometimento com a melhoria da sua qualidade de vida (STRAND et al., 1991; CIPOLLE et al., 1998; PERETTA, 2000; DÁDER, 2001; STORPIRTIS et al., 2001; OPAS, 2002a; OLIVEIRA, 2003; REIS, 2003; CIPOLLE et al., 2004; STRAND, 2005; PRINCIPLES...). Durante o acompanhamento, o profissional da AtenFar aplica seu conhecimento e suas habilidades para avaliar o paciente, utilizando o processo racional de tomada de decisões. Esse processo é lógico, racional e ordenado para acessar as necessidades e identificar os problemas farmacoterapêuticos do paciente. O profissional trabalha para garantir que todas as necessidades relacionadas a medicamentos sejam atendidas e todos os PRM prevenidos, identificados e resolvidos. Seu objetivo é garantir que a terapia medicamentosa seja indicada, efetiva, segura e conveniente para cada paciente acompanhado (ASHP, 1993; ASHP, 1996; PERETTA, 2000; OPAS, 2002a; OLIVEIRA, 2003; REIS, 2003; CIPOLLE et al., 2004; STRAND, 2005; PRINCIPLES...). Cada paciente possui a sua própria experiência com medicamentos e, baseado nessa experiência, participa do seu processo de cuidado. É responsabilidade do profissional da atenção, entender e influenciar positivamente a experiência do paciente com medicamentos. Para tornar possível esse entendimento, é necessária que se estabeleça uma relação de confiança mútua, uma comunicação eficiente e uma cooperação entre o profissional e o paciente, a que se denomina relação terapêutica. A manutenção e o fortalecimento da relação terapêutica permitem a obtenção de resultados positivos durante o acompanhamento e a conseqüente melhora na qualidade de vida do paciente (HEPLER; STRAND, 1990; ASHP, 1993; ASHP, 1996; NIES; SPIELBERG, 1996, p. 31; PERETTA, 2000; DÁDER, 2001; STORPIRTIS et al., 2001; OPAS, 2002a; CONSENSO..., 2008; OLIVEIRA, 2003; ASADI-LARI et al., 2008; CIPOLLE et al., 2004; STRAND, 2005; PRINCIPLES...). O paradigma do cuidado é a base da AtenFar. Todos os profissionais envolvidos no cuidado do paciente cooperam entre si, visando o benefício do mesmo. O farmacêutico vai cuidar especificamente para que obtenha os melhores resultados do uso dos medicamentos. É imprescindível que o profissional disponha do tempo necessário para obter as informações relacionadas a farmacoterapia, entender os desejos, preferências, necessidades e expectativas do paciente relacionadas com sua saúde e, além disso, que ele se comprometa a continuar a atenção uma vez iniciada. O comprometimento e a responsabilidade são necessários em tempo integral. O profissional da AtenFar precisa trabalhar de forma interdependente com médicos, com outros profissionais da saúde e com seus colegas na farmácia, inclusive funcionários e gerentes (STORPIRTIS et al., 2001; ASADI-LARI et al., 2008; CIPOLLE et al., 2004; STRAND, 2005). Para o farmacêutico moderno é essencial ter conhecimento, atitude e habilidade que permitam ao mesmo integrar-se à equipe de saúde e interagir mais com o paciente e a comunidade, contribuindo para a melhoria da qualidade de vida , em especial, no que se refere à otimização da farmacoterapia e o uso racional de medicamentos (MARIN , 2002). 2.6 DA TEORIA À PRÁTICA: UMA EXPERIÊNCIA EM ATENÇÃO O processo de cuidado ao paciente envolve um encontro pessoal entre o profissional qualificado e um paciente. Uma avaliação inicial é realizada durante o primeiro encontro. Ela é conduzida de forma a identificar todas as necessidades farmacoterapêuticas e qualquer PRM. Avaliando as informações, um plano de cuidado é elaborado. Este inclui objetivos terapêuticos bem definidos para cada problema de saúde que o paciente apresenta e determina quais intervenções serão recomendadas para resolver os PRM e atingir os objetivos terapêuticos. O paciente deve ser consultado na elaboração do plano e, como parte essencial para obtenção de bons resultados, deve ser devidamente esclarecido sobre seus aspectos principais. Nessa etapa, deve-se assegurar que o paciente tenha todas as informações e conhecimentos necessários para seguir o plano de cuidado estabelecido. Na avaliação de resultados a última etapa, o profissional e o paciente avaliam se os objetivos terapêuticos foram atingidos, determinando a situação ou melhora da condição do paciente, e registram-se os novos dados experimentados pelo paciente. A partir desse momento, um novo plano de cuidado é desenvolvido e o processo se repete ciclicamente (CIPOLLE et al., 2004). A primeira atitude do profissional, que vai iniciar um programa de AtenFar, é identificar outros profissionais com interesse na prática. Deve-se montar um grupo de até seis pessoas, que se encontrem pelo menos uma vez a cada três semanas. O objetivo desses encontros será a discussão do processo de implantação do serviço e a apresentação de casos clínicos. Devem-se estabelecer quais atividades serão desenvolvidas e de que forma o serviço será documentado. O próximo passo é conseguir um processo eficiente de fluxo de serviço e de informações e o comprometimento da equipe envolvida com a qualidade do serviço prestado. Em seguida, é fundamental apresentar o serviço para os pacientes e outros profissionais de saúde. Para desenvolver uma prática de sucesso é necessário estabelecer um bom relacionamento com os demais integrantes da equipe multidisciplinar do cuidado à saúde, elaborar um processo para a gestão do serviço e planejar a sua divulgação junto aos usuários e aos outros profissionais. Para garantir a consolidação e expansão do serviço, devem-se coletar evidências de qualidade e de impacto positivo (STORPIRTIS et al.,2001; PRINCIPLES...). Bisson (2003), afirma que, para se alcançar resultados efetivos com a prática da AtenFar, é preciso prover a estrutura necessária ao desenvolvimento dessa prática, iniciando com a realização de um planejamento bem feito, contemplando as facilidades e os obstáculos que poderão ser encontrados, assim como alternativas para transpor esses obstáculos, além da mensuração de todos os recursos que serão demandados: infra-estrutura física e humana (sala, consultório, mesa, cadeira, computadores, número suficiente de funcionários e farmacêuticos); fontes de informação primárias, secundárias e terciárias (internet, livros, guias, revistas e bases de dados); material que será consumido para elaboração de material educativo e nos procedimentos de secretariado (papel, impressos, impressora, material de escritório); material clínico (estetoscópio, esfignomanômetro aneróide com manguito para adulto, esfignomanômetro aneróide com manguito para obeso, glicosímetro e fitas reagentes, termômetro clínico, aparelho para medida de colesterol e triglicérides e suas respectivas fitas reagentes, balança antropométrica); transporte, caso necessário, da equipe que prestará o serviço de AtenFar. (ELLIS et al., 2000; BERGER, 2002; ROMANO-LIEBER et al., 2002; LA PLANTE; HARRINGTON; KANG, 2002; SILVA, 2003b; LLIMÓS, 1999; LYRA JÚNIOR, 2005). É necessário documentar todos os passos do processo de cuidado na AtenFar, essa é uma das regras do cuidado em saúde. A documentação deve ser clara, precisa e completa, registrando a experiência, as necessidades específicas do paciente e as intervenções realizadas. As informações devem ser mantidas sob sigilo e registradas de forma a garantir um fácil acesso e a atualização quando for necessário. A documentação também é útil para avaliar o impacto do serviço (PERETTA, 2000; DÁDER, 2001; CIPOLLE et al., 2004; PRINCIPLES...). Ao iniciar o acompanhamento de pacientes, o profissional farmacêutico deverá assumir a responsabilidade de comprometer-se com o horário de trabalho; acompanhar o paciente com compromisso e seriedade; responsabilizar-se pelo preenchimento da documentação dos pacientes acompanhados e participar de eventuais projetos desenvolvidos pela farmácia comunitária com o objetivo de orientar e conscientizar os pacientes sobre a sua farmacoterapia. Ao encerrar o seu trabalho na farmácia comunitária o farmacêutico deverá: certificar-se de que a documentação de todos os pacientes submetidos ao seu acompanhamento está devidamente preenchida e arquivada; participar de uma reunião com os demais farmacêuticos, a fim de informar a situação de seus pacientes com o objetivo de encaminhar o paciente a outro farmacêutico; telefonar aos seus pacientes e informa-los sobre a substituição, fornecendo o nome do novo profissional responsável pelo acompanhamento (ATENÇÃO..., 2005). Neste serviço de cuidado ao paciente, a dispensação farmacêutica deverá ser desenvolvida de forma padronizada para que a abordagem dos clientes na farmácia siga o processo de tomada de decisões farmacoterapêuticas, utilizado na AtenFar, ou seja, verificando-se a indicação, efetividade, segurança e conveniência de todos os medicamentos utilizados pelo cliente. Assim, durante a dispensação farmacêutica, o profissional já é capaz de identificar a existência de PRM. A padronização das ações em dispensação farmacêutica visa garantir que o profissional, durante o atendimento ao cliente, não esqueça de verificar os possíveis fatores que identificam a necessidade de acompanhamento farmacoterapêutico (ATENÇÃO..., 2005). Existem algumas situações que, somadas à investigação pelas ações padronizadas em dispensação, predispõem o paciente a necessitar do serviço: a existência de doenças crônicas (hipertensão, diabetes, dislipidemias, osteoporose, entre outras); a utilização de muitos medicamentos (maior probabilidade de interações e reações adversas); os pacientes idosos (maior predisposição ao desenvolvimento de RAM, polifarmácia); os pacientes portadores de doenças debilitantes, incapacitantes ou neurológicas; os pacientes de classes sociais menos favorecidas (pelo fato de terem menos acesso às informações); e os pacientes com dificuldades na adesão ao tratamento (ATENÇÃO..., 2005). Ao iniciar o acompanhamento farmacoterapêutico, o farmacêutico deverá avaliar todos os medicamentos em uso, todas as prescrições recentes e também os seus exames recentes. O profissional deverá abordar o paciente buscando compreender porque o paciente aceitou participar do serviço (suas principais dúvidas e objetivos) e o nível de compreensão em relação ao serviço. É importante garantir que o paciente compreenda a importância da assiduidade e comprometimento durante o acompanhamento farmacêutico, que o sucesso de seu acompanhamento depende também de sua participação ativa na tomada de decisões; que todas as decisões tomadas passam por uma avaliação prévia do grupo de farmacêuticos e que quando existir necessidade de modificação na sua terapia farmacológica, o profissional de saúde responsável pela prescrição será contactado (ATENÇÃO..., 2005). Após a explicação do serviço ao paciente e posterior coleta de dados, faz-se uma investigação acerca do estado de saúde geral do paciente, e não uma fragmentação do indivíduo, focando somente numa ou outra doença; neste momento o paciente é visto como um todo. Aspectos subjetivos da experiência do paciente (sentimentos, expectativas e medos) em relação à doença e aos medicamentos são documentados, porque tais aspectos têm influência direta na sua adesão ao tratamento, na sua recuperação e na manutenção do seu bem-estar (ATENÇÃO..., 2005). É necessário coletar os dados demográficos, preocupações e necessidades do paciente relacionadas à sua saúde e à sua farmacoterapia, história familiar, clínica e medicamentosa atual e pregressa, história de uso de substâncias como álcool, cigarro, café e chás, história de alergias, necessidades especiais (deficiência auditiva, visual, etc) e história de RAM. Todas as ações construídas com o paciente, com intuito de alcançar o objetivo terapêutico, são registradas incluindo a educação em saúde, encaminhamento a outros profissionais da saúde, intervenções na farmacoterapia, medidas não farmacológicas como incentivo a atividade física e a reeducação alimentar. O farmacêutico deverá avaliar, em todos os encontros que sucedem à elaboração do plano de cuidado, ou seja, as ações construídas com o paciente, se as metas foram alcançadas. Nessa etapa, o farmacêutico avalia se os objetivos terapêuticos determinados foram alcançados, se os PRM identificados foram resolvidos e se novos problemas surgiram. A partir dessa avaliação, um novo plano de cuidado deverá ser elaborado (ATENÇÃO..., 2005). A avaliação de resultados representa um “retrato” do paciente. Busca-se perceber sucessos e fracassos da terapia farmacológica. Nesta etapa procuramos por dados positivos (avaliando a efetividade), por dados negativos (avaliando a segurança) e por novos dados (verificando o surgimento de novos PRM ou novos problemas de saúde) (ATENÇÃO..., 2005). Essa etapa de avaliação de resultados ocorre continuamente, de forma cíclica. A cada novo fato envolvendo a farmacoterapia do paciente, uma nova avaliação é realizada e outro plano de cuidado é elaborado. A AtenFar possibilita ao paciente participar de decisões terapêuticas, saber mais sobre sua doença, obter maiores informações e, consequentemente, cumprir melhor seu tratamento e obter melhores resultados (ZELMER, 2001; PAULOS, 2002). Quando acompanhados em um serviço de AtenFar, os pacientes são capazes de atingir os objetivos terapêuticos em mais de 90% das vezes, o que significa um aumento de 72% quando comparados ao não oferecimento do serviço (STRAND, 2005). Hepler (2000), refletindo sobre o desenvolvimento da AtenFar, ressalta que essa atividade é um processo, sendo possível aprender fazendo. Essa citação do conceituado pesquisador americano, serve como incentivo para que novos serviços de farmácia clínica e de AtenFar sejam implantados em nosso país, propiciando o aprimoramento de mão-de-obra e o avanço nos conhecimentos nacionais sobre tais atividades. Segundo os autores Pereira e Freitas (2007), para que haja a implementação efetiva da AtenFar no setor público, os gestores devem ser conscientizados que esta atividade reduz custos para o sistema sanitário e melhora a qualidade de vida dos pacientes. No setor privado, a implementação da AtenFar será possível quando os empresários se derem conta que a AtenFar pode representar o diferencial de seu negócio, contribuindo para a fidelização de seus clientes por meio da prestação de serviço especializado. 3 DISCUSSÃO Estudar e pesquisar a AtenFar por meio dessa revisão bibliográfica, permitiu compreender sua definição e objetivos, entender o papel do profissional farmacêutico evidenciando a necessidade de mudança em sua postura profissional e descrever as mudanças necessárias na gestão de uma farmácia para atender essa nova filosofia de prática centrada no paciente. Apesar de não ser um dos objetivos iniciais desse trabalho, ele permitiu detectar algumas outras vantagens que potencializam a necessidade de implantação da Atenfar nos serviços de saúde: economia de recursos financeiros, ou seja, redução de gastos em internações, atendimentos de urgência e tratamentos sanitários adicionais; melhoria da qualidade de vida dos pacientes; melhoria em parâmetros clínicos como redução da pressão arterial e controle da doença pulmonar obstrutiva crônica. Todas essas vantagens são decorrentes da prevenção e do tratamento de PRM, que é o foco principal da AtenFar. Por meio desse estudo, percebeu-se, também, que a implantação dessa prática será difícil e levará tempo devido às grandes mudanças exigidas, como, por exemplo, a necessidade de envolvimento e comprometimento de todo o escalão hierárquico relacionado com o serviço de farmácia e, principalmente, em relação ao tipo de responsabilidade assumida pelo farmacêutico nesse novo modelo de prática de assistência, podendo gerar desconfiança nos pacientes e nos outros profissionais de saúde envolvidos no processo. Assim, atuar no acompanhamento farmacoterapêutico pressupõe quebra de barreiras, principalmente pelos farmacêuticos, que há muito tempo não se vêem mais responsáveis pelo cuidado de pacientes. O que se percebe, hoje em dia, na convivência com outros profissionais farmacêuticos, é que a AtenFar é vista como um processo inatingível, pois representa uma prática decididamente diferente da tradicional, divergindo, significativamente, de sua formação acadêmica. No entanto, a visão que se deve ter é que não há outro profissional mais qualificado para avaliar o uso racional de medicamentos e seus efeitos adversos do que o farmacêutico, conforme evidenciou-se durante o decorrer do estudo. Sugere-se, então, que o corpo docente do ensino superior de farmácia, desenvolva um método teórico-prático que vise aproximar o estudante da prática, buscando a compreensão e a incorporação da filosofia da AtenFar, desenvolvendo a captação de pacientes e a assimilação da técnica. Isso seria de grande importância, já que, em geral, as formas de ensino empregadas atualmente não respondem às dúvidas geradas pelo dia-a-dia da AtenFar. 4 CONCLUSÃO Descrever a AtenFar por meio deste trabalho, proporcionou compreender a necessidade desta prática na realidade do farmacêutico e da sociedade. Ao finalizá-lo, há uma melhor compreensão dessa nova visão na assistência farmacêutica e percebe-se que a sua construção e implantação levarão tempo devido às grandes mudanças exigidas, mas estas deverão acontecer em pequenos grupos, aos poucos, a partir de cada profissional. Uma vez definido como uma filosofia que tem por objetivo, pretensioso, porém não impossível, transformar o medicamento em uma ferramenta para restaurar e preservar a saúde individual ou coletiva, a AtenFar exige um novo perfil dos profissionais e aponta para a necessidade de uma assistência mais efetiva ao paciente. Leanne (1998), afirma que a maioria dos problemas verificados com o uso de medicamentos não é a ele inerente, mas à forma que são prescritos, dispensados e usados, justificando a necessidade de reorientação da profissão farmacêutica, com uma importante mudança de paradigma, deixando o profissional de ser um fornecedor de medicamentos e passando a ser fornecedor de serviços, dentre esses AtenFar (NIMMO, 1999). Neste contexto, a AtenFar torna-se uma grande oportunidade de recuperação do papel social do farmacêutico. Este deve ser capaz de tomar decisões para atender as necessidades dos pacientes em relação à terapia farmacológica, além de promover a saúde. Isso implica em um processo racional de tomada de decisões, que pode ser aprendido, praticado, documentado, avaliado e aprimorado. O Governo Federal tem estimulado “a prática da AtenFar em todo nível de assistência farmacêutica no Brasil” (MS, 2005). Entretanto, mudar apenas as leis não garante o desenvolvimento dessa prática, é necessário, também, que a formação de profissionais para atuar nessa área seja discutida e estimulada, mas é essencial que a experiência na AtenFar seja construída no Brasil. Fica, então, para os farmacêuticos, o desafio de “fazer o ideal virar realidade” e deixar de ser “entregador” de medicamentos, passando a desempenhar o papel de “dispensador de atenção sanitária” (LÓPEZ, 1997; ZELMER, 2001; NASCIMENTO, 2004; STRAND, 2005). REFERÊNCIAS ACURCIO, F. A. Política de medicamentos e assistência farmacêutica no sistema único de saúde. In:_____. Medicamentos e Assistência Farmacêutica. Belo Horizonte: COOPMED, 2003. p. 31-60. AMERICAN SOCIETY OF HOSPITAL PHARMACISTS – ASHP. ASHP guidelines on a standardized method for pharmaceutical care. Am. J. Health-Syst. Pharm. Bethesda, 53, p.1713-1716, 1996. AMERICAN SOCIETY OF HOSPITAL PHARMACISTS – ASHP. ASHP statement on pharmaceutical care. Am. J. Hosp. Pharm. 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