CHINA, UMA NOVA POTÊNCIA MUNDIAL Um breve histórico A China vem adotando um sistema de planificação econômica desde 1952, três anos após ter-se transformado numa república popular (por uma revolução que se estendeu por vários anos, tornando-se vitoriosa em 1949). A Revolução Chinesa, que se estendeu por mais de duas décadas, resultou na formação de um Estado centralizado, capaz de assegurar a soberania política e territorial de Pequim. A República Popular da China, fundada por Mao Tsé-tung, pode ser compreendida como uma reação violenta ao período de abertura da decadência Tsing e à subordinação do Império do Centro às grandes potências. No plano histórico, o ciclo maoísta, que se estendeu até o início da década de 1970, representou um novo período de fechamento da China. O isolamento correspondeu a um projeto de definição de uma identidade nacional e à edificação de um aparelho de Estado capaz de controlar o território imenso e se impor ao universo plural das culturas regionais. Através do regime brutal de Mao Tsé-tung, a China emergiu como unidade geopolítica centralizada e potência continental asiática. As relações com a União Soviética permitem distinguir duas fases distintas ao longo do ciclo maoísta. Entre 1949 e 1960, Pequim optou pelo alinhamento incondicional com Moscou expresso tanto no plano estratégico, através de programas de cooperação militar, como no econômico através de programas de industrialização intensiva. Entre 1960 e 1972, Pequim reforçou o isolamento perante o exterior através do rompimento com Moscou, desenvolveu um ambicioso programa de capacitação nuclear e redirecionou a economia para um modelo coletivista e agrário. Rompida com a União Soviética, a China viveu anos de aguda instabilidade interna, especialmente após 1966, quando se iniciou a Chamada Revolução Cultural. A Revolução Cultural correspondeu a intensa radicalização política e a profundas divisões nas cúpulas comunistas. Nos anos da Revolução Cultural o isolamento internacional chinês foi amenizado apenas pela aproximação com o movimento dos países NãoAlinhados, que conhecia sua época áurea. As teses terceiro-mundistas se tornaram marca registrada da versão maoísta do socialismo. Entretanto, a colaboração com os Não-Alinhados sempre foi precária, em virtude da trajetória pró-soviética da Índia e do Egito, que ocupavam posições de vanguarda no movimento. Com a morte de Mao Tsé-Tung, em 1976, iniciou-se uma série de transformações na economia chinesa, promovidas pelo sucessor Den Xiaoping. Ele iniciou amplas reformas econômicas na China visando à abertura para um futuro modelo capitalista. As mudanças possibilitaram a obtenção de lucros por meio da entrada de capital estrangeiro. Durante a década de 1980, foram criadas, em determinados pontos do território chinês, as zonas econômicas especiais (ZEEs), com o principal objetivo de atrair grandes empresas estrangeiras, com seus capitais e suas te4cnologias. O sucesso industrial chinês está ligado a um processo de industrialização em que os baixos salários e os custos de produção geram condições ideais para a conquista de mercados externos como Brasil e os Estados Unidos. Na China 90% das exportações são de produtos industrializados, 20% dos quais de alta tecnologia, sinalizando o desenvolvimento de uma economia competitiva e de índole nitidamente capitalista. Contudo, não houve mudanças no sistema político e o poder permanece centralizado no Partido Comunista Central (são denominados de socialistas de mercado). Apesar do grande crescimento econômico, do desenvolvimento tecnológico e da abertura do país aos capitais estrangeiros, sua população ainda apresenta enormes disparidades sociais e econômicas.