248 AN~LISE DAS OCORRBNCIAS DE "WIITD:jIIEA!l" nA trmA DO AERO rOl( (" INTERNACIONAL DE MO PAUIO!GUARUW0 S(198"37g0) EDSON CABRAL E SILVIA JOAQUINA SORIA DE FAHIAS TELECom.nnCAçOES AERONÁUTICAS SoA. ABSTRAC'r This paper analyses windshear occurrence, reported in the são Paulo/Guarulhos International Airport area, during the period of 1988 to 19900 Hourly surface data from meteorological station of the above-mentioned airport as well as daily surface pressure charts for the days when the events occurred, at 1200 UTC, have been used. Each of the episodes has been associated to the current meteorological situation, trying to characterize their behaviour standard, aiming at supplying allowances to the crews of aircrafts bound for that airport. 1. INTRODUÇÃO O windshear, também designado como tesoura de vento, cortante de vento, gradiente de vento ou cisalhamento do vento, é um fenômeno meteorológico definido como a variação local do vetor vento, ou das suas componentes, numa dada direção e distânciao No período de 1964 a 1986, houve 32 acidentes e incidentes aeronáuticos em âmbito mundial, que tiveram como causa principal ou fator contribuinte o windshear, resultando na morte de mais de 600 pessoas e 250 feridos. Embora possa ocorrer em qualquer porção da atmosfera, o windshear é particularmente perigoso para a aviação na camada mais baixa da troposfera, desde a superfície do terreno ou da água até, aproximadamente, 2000 ft(600 m) de altura. Nessa camada o fenômeno pode acarretar às aeronaves um considerável ganho ou perda de sustentação das mesmas, sendo o tempo para a identificação do windshear e sua recuperação muito curto; , as vezes,da ordem de poucos segundoso Esse fenômeno, pois, representa um perigo real às operações de aproximação, pouso esubida inic~al úe aeronaves e vem 249 sendo objeto crescente de preocupação no meio aeronáutico. Como fenômenos associados à sua ocorrência, podemos citar 08 seguintes: trovoadas ou CBs., sistemas frontais, pancadas de chuva, correntes de jato a baixa altura, ventos fortes de superfíc1e, brisa marítima e terrestre, ondas de montanha, linhas de instabilidade, inversões de temperatura acentuadas. No tocante à detecção de um windshear, esse é um problema de difícil solução até o momento, em que pese intensos estudos visando desenvolver sistemas para sua identificação e técnicas relativas às precauções a serem tomadas pelos tripulantes para se atenuar os efeitos do fenômenoo 2 o OBJETIVO Este trabalho procura analisar as ocorrências de windshear verificadas no período de 1988 H 1990 na área do Aeroporto In- ternacional de são Paulo/GuarulhoB, tentando associá-las com as condições meteorológicas reinantes e identificando possíveis padrões de comportamento do fenômeno, visando dar subsídios às tripulações das aeronaves que operam naquele aeroportoo 3 • ÁREA DE ESTUD...Q. O Aeroporto de Guarulhos está situado na latitude de 23 0 26' 06"5 e na longitude de 46 0 28'22"W, a uma altitude média de 750m e fica a NE da cidade de são Paulo, distando cerca de 25 ltm. da Praça da sé. A área do aeroporto está localizada em uma planície no vale do Rio Baquirivu-Guaçu, afluente da margem direita do alto-Tietê. Ao norte do aeroporto destaca-se a presença de escarpas de serras alinhadas nas direções E-W e ENE-WSW, apresentando altitu des frequentemente acima de 1000 mo 40MATERIAIS E MÉTODOS A partir dos registros de windshear constantes do formulário IEPV 105-15 (Registro do Fenômeno "Gradiente do Vento"), específico para os relatos dos tripulantes das aeronaves que se defro~ taram com o fenômeno na área do Aeroporto de Guarulhos, efetua- - -- ----------------- - - 250 mos um levantamento estatístico para verificar, para o período de 1988 a 1990, o número de eventos do mesmo, quais foram suas alturas mais frequentes, assim como os meses de maior incidência e uma provável associação do fenômeno com o efeito de tw:bulência. Com os registros horários de superfície, obtidos da Estação Meteorológica do Aeroporto de Guarulhos (Formulário IEPV 105- 25 - Observação Meteorológica à Superfície) e com cartas diári~ as de Pressão à Superfície, confeccionadas pela Do HoN o (Dire liOria de Hidrografia e Navegação), pertencente ao Ministério da Marinha, para o horário das 1200 DTC, procuramos associar cada episódio ocorrido de windshear com a situação meteorológica existente, tentando buscar uma possível explicação para o mesmo. 5oRESULTADOS E DISCUSSXO No triênio 1988/1990, foram registradas 29 notificações de windshear na área do Aeroporto de Guarulhoso Por intermédio dos registros constantes no formulário IEPV 105-15, pudemos verificar que todos os eventos ocorreram durante a fase de aproximação para pouso no aeroporto e, principalmente, entre as alturas de 150 e 750 ft acima do nível da pista (2450 ft)o No que tange aos meses em que houve a maior incidência do fenômeno, temos, respectivamente, janeiro (8 casos), outubro (6 casos) e dezembro(4 casos), coincidindo com o período em que é mais intensa a atividade convectiva sobre a regiãoo Com Delação aos horários de maior ocorrência, a maioria eventos (58,6~) dos se situou entre às 1500 e 2000 UTC, horários de maior aqueoimento da superfície e de instabilidades meteorológicaso Além disso, constatamos que, das 29 ocorrências de windshear, 5 delas estiveram associadas com turbulência forte, 9 delas com turbulência moderada e 2 delas com turbulência leveo 251 Através do quadro 1, apresentamos uma síntese de 25 episódios,selecionados de um total de 29,ocorridos no triênio unterio~ mente citado. Podemos' verificar, pela análise desse quadro que, a maior parte dos episódios ocorridos estiveram associados diretamente à influência orográfica e à presença de nuvens de caráter convectivo (Cu e Cb), sendo alguns desses casos com a ocorrência de trovoadas e chuva o Em termos sinóticos, devemos ressaltar os episódios assoc.La- dos com a entrada de sistemas frontais (pré-frontal) no estado de São Paulo,particularmente no período de verão, gerando circulação de ventos do quadrante norte que,conjugada à presença de elevações montanhosas próximas à area do a~roporto (cerca de 4,6 km. ao nOÉte do mesmo), origina um efeito típico de onda de montanha, ocasionando turbilhonamento do vento que vai de encontro às aeronaves que se encontram na aproximação e subida inicial do aeródromo, sendo que as mesmas frequentemellte se deparam tanto com o windshear quanto com turbulência. 6.AGRADECIMENTOS Agradecemos à TASA (Telecomunicações Aeronáuticas S.Ao) pela cessão de dados meteorológicos utilizados neste trabalho, assim como à valiosa colaboração de Lúcia Setiuko Tengan na realização do mesmo. 7.BIBLIOGRAFIA MINISTtRIO DA AERONÁUTICAo Gradiente de Ventoo Publicação m~ 105-9. Rio de Janeiroo 1982 0 WINDSHEAR: Conheça e eviteo Sipaer 3(4). são Paulo. 1988. SANCHEZ, J.Ao & CARDIEL, Jo Guia de Windshear para Pilotos. Publicação da Ibéria. Madri. 1987. VARIG. Procedimentos em Tesouras de Vento. Informativo Avulso n Q 570. Porto Alegreo 19780 VASP. Windshear - Guia do Piloto (Volume 2) o são Paulo 19f38. 252 EPISÓDIOS DE WINDSHEAR DATA HORA( nc) tFATORES ASSOCIADOS 09.01.88 1600 Cb na aproxim.para pouso S ITUACAO s r NÓ'l' rCA Frente Fria en ·tre RoJ. e EoS. 13.01.88 1146 Onda de montanha 14.01.88 1524 Onda de montanha 21.01.88 1526 Onda de montanha 04.10088 06010.88 1108 1516 12.10.88 1322 26 003089 1847 Cb- Trovoada e chuva Circulação marítima e nuvens convectivas(Cu) Circulação marítima,asso à Sis·tema frontal Cb - Trovoada e chuva 29.04089 2158 Onda de montanha 14.09089 2344 Onda de montanha 24.09089 1907 Onda de montanha 06.02.90 27.03.90 27.03.90 14.06090 21006.90 27.08.90 1920 1627 1846 1425 1700 1342 Cb Onda Onda Onda Onda Onda 01010.90 1747 Onda de montanha 11.10.90 2219 16.10.90 1742 Onda montanha com Cb na Aproximacão (CB W/NE) Circulação marítima e Cb NE/S Alta 1018 hPa em 24S 33W Alta 1022 hPa em 2iyS 32\1 Frente Fria no litoral de SP. Frente Fria em SP Frente Fria entre R.Jo e EoSo Frente Fria entre são Paulo e RoJ. Baixa 1014 hpa no litoral de SP e RJ Sistema pre-frontal (frente no PR) Frente entre SC e PR Baixa 1010 255 50~ Pre-frontal com fren te fria no PR Altal022 hPa 34S37~ Frente entre SCe pq Frente entre SC e PR Alta 1026 34S e 25~ Frente entrando emSP Linha inst.deSC ate SP. Frente no RS Frente de fraca int. entre PR e SP Frente fria entreSP e RJ e Baixa aasoc. Sistema pos-frontal (Frente fria no RJ) 14.11.90 1915 ~5.12.90 1805 Nuvens convectivas (Cu e Cb - setor NW) Nuvens convectivas (Cu e CB nos setores W/N) Onda de montanha-CB S/W Onda montanha e CB N/W Onda de montanha Alta de 1024 hPa em 29S e 20 W Alta de 1024 hPa em 3] S e 28 ;': l\:B8ixa 1002 no PR,SC e Oeste de SP Alta 1022 j2S 27W 13.12.90 1122 P-3012.90 1155 18.12090 1319 Quadro lo Trov.chuva e ra.iada Montanha -Cb SE W de montanha de montanha de montanha de montanha