Curso de Especialização em Conservação da Natureza e Educação Ambiental PONTIFÍCIA UNIVERSIDADE CATÓLICA DO PARANÁ CENTRO DE CIÊNCIAS BIOLÓGICAS E DA SAÚDE CURSO DE ESPECIALIZAÇÃO EM CONSERVAÇÃO DA NATUREZA E EDUCAÇÃO AMBIENTAL UNIDADES DE CONSERVAÇÃO: DESAFIOS E CAMINHOS PARA REGULAMENTAÇÃO, ESTUDO DE CASO DA ÁREA DE PROTEÇÃO AMBIENTAL DA REPRESA ALTO RIO PRETO, MUNICÍPIO DE RIO NEGRINHO-SC Chaiane Schoen – Aluno de Pós-Graduação1 Almir Peterson Barreto – Orientador2 1 [email protected]; [email protected] RESUMO Especialmente no Brasil, a clara degradação dos ecossistemas naturais levou, tardiamente, a partir da década de 1980, à realização de diversas manifestações sociais frente à problemática, resultando, posteriormente, nos mais diversos regramentos e políticas ambientais. Essa demora na revolução das políticas ambientais de proteção dos ecossistemas naturais, resultou, é claro, na vasta fragmentação de nossos habitats, sobretudo à Floresta Atlântica, hoje considerado um dos hotspots de biodiversidade e que possui menos de 10% de sua floresta original. Frente a isso, era premente a criação de instrumentos que possibilitassem a proteção dos resquícios destes ambientes, no qual se apresenta as Unidades de Conservação. Nos país, no entanto, o efetivo cumprimento da função das Unidades de Conservação demanda a superação de diversos desafios. Assim, entendendo a Unidade de Conservação como papel inerte na proteção dos recursos naturais, conservação da biodiversidade e dos sistemas e meios tradicionais das populações humanas e a importância dos serviços ambientais prestados pela presença de áreas protegidas, assim como a necessidade do adequado gerenciamento destas de forma a garantir a efetividade de seus objetivos, se apresentada esta pesquisa que foi delineada no objetivo principal de identificação das consequências ao ambiente natural diante da falta de regulamentação da Área de Proteção Ambiental – APA da Represa Alto rio Preto, localizada no Município de Rio Negrinho-SC, agregada ainda a objetivos secundários que complementam o tema principal da pesquisa. Os conflitos hoje encontrados na Unidade de Conservação são diversos, contudo, o mais inquietante se refere à perda dos habitas naturais, motivados especialmente pelo uso da terra por outras atividades de agregação de valor econômico e tudo isto aponta uma falsa proteção local, uma vez que por mais que seja considerada Unidade de Conservação, hoje não cumpre seu papel, traçado nos objetivos iniciais de criação. A regulamentação da APA iniciará o processo de garantia para a efetiva e real proteção e conservação dos ecossistemas, e é premente que as políticas públicas locais priorizem essas ações a fim de defender o ambiente de qualidade como um direito de todos. ABSTRACT Mainly in Brazil, the clear degradation of natural ecosystems led, belatedly – starting in the 1980s – to the occurrence of various social manifestations against the problems, resulting eventually in especial laws and many environmental policies. This delay in the evolution of environmental protection of the natural ecosystems, resulted, of course, in the vast destruction of our habitat, especially the Atlantic Forest, now considered one of the biodiversity hotspots, which has less than 10% of its original forest. Because of that, it was urgent to create tools which enable the protection of these miscellany environments, which presents the Conservation Units. In the country, however, the effective performance of the Conservation Units demands overcoming several 1 Curso de Especialização em Conservação da Natureza e Educação Ambiental challenges. This way, understanding that the Conservation Units have no active role in the protection of natural resources; conservation of biodiversity and human population, the importance of environmental services provided by the presence of protected areas, the need for appropriate management of these services to ensure the effectiveness of its objectives, this research was presented which was sketched with the main objective of identifying the consequences on the natural environment considering the lack of regulation for the Área de Proteção Ambiental (Environmental Protection Area) - APA in the dam of Alto Rio Preto, situated in the town of Rio Negrinho-SC, nevertheless aggregating secondary objectives that complement the main theme of the research. The conflicts found nowadays inside the conservation areas are diverse, however, the more disturbing one refers itself to the loss of natural habitats, which is especially motivated by the use of the land for other activities that aggregate economic value and it all points to a false local protection, most Conservation Units today are not fulfilling their role, which were traced in the creation of their initial goals. The regulation of the APA will start the process of guaranteeing an effective and real protection and conservation of ecosystems, and it is urgent that local public policies prioritize these actions to protect the environment quality as a right for all. 2 Curso de Especialização em Conservação da Natureza e Educação Ambiental 1. INTRODUÇÃO A procura por conforto e bem estar é uma das metas a ser atingidas por todos durante o decorrer de nossa sobrevivência. A nossa espécie, Homo sapiens, por sua vez, teve e tem a capacidade, de ao longo de sua existência criar uma série de artifícios, mecanismos e instrumentos, os quais possibilitam até hoje a sobrevivência da espécie, com conforto e bem estar. Entretanto, os artifícios, mecanismos e instrumentos por nós criados, por vezes possuem impactos globais nos ecossistemas. Fato este tem sido verificado especialmente (e de forma mais intensa) após a Revolução Industrial e no Brasil, após a Segunda Guerra Mundial. (SANTOS, 2004). Entre todas as problemáticas ambientais deflagradas neste século, decorrentes das fortes pressões antrópicas, a mais inquietante é relativa à frequente fragmentação dos ambientes naturais e a consequente perda de diversidade biológica. A diversidade biológica é um dos componentes básicos para a boa qualidade ambiental, logo, o detrimento deste elemento leva à consequente perda da qualidade ambiental do Planeta, causando prejuízos econômicos e sociais, comprometendo, portanto, a sustentabilidade do meio ambiente, o equilíbrio ecológico e a disponibilidade permanente de recursos naturais, tendo ainda como consequência, o comprometimento do uso comum e coletivo do meio ambiente (ROCHA et.al, 2006). Diante dos impactos humanos ao Planeta Terra principalmente após a criação do Clube de Roma até a realização da histórica Conferência Internacional das Nações Unidades sobre Meio Ambiente e Desenvolvimento, em 1992, a Rio-92 e também até os dias atuais, a sociedade se deparou com as mais diversas reações e movimentos sociais em prol da manutenção da qualidade ambiental dos ecossistemas terrestres, os quais deram origem a importantes documentos, como o Relatório Limites do Crescimento, Declaração de Estocolmo sobre Meio Ambiente, Relatório Nosso Futuro Comum, Carta da Terra, Convenção da Biodiversidade, Agenda 21, Protocolo de Quioto, entre outros, além de diversas ações, programas e políticas nacionais e internacionais, incluindo-se a criação de inúmeras Unidades de Conservação. As unidades de conservação são áreas delimitadas e que se destinam especialmente à proteção e manutenção da diversidade biológica e recursos naturais e culturas associadas, possuindo um regime de administração diferenciado (MEDEIROS; YOUNG, 2009). 3 Curso de Especialização em Conservação da Natureza e Educação Ambiental As unidades de conservação brasileiras são espaços geográficos delimitados, oficialmente protegidos por ato do Poder Público, e estão enquadradas em alguma das categorias de manejo atualmente existentes no País. As categorias de manejo definem os objetivos de manejo das unidades de conservação, e consequentemente o tipo de uso que é permitido em cada uma dessas áreas. (CONGRESSO BRASILEIRO DE UNIDADES DE CONSERVAÇÃO, 1997, p.23). De maneira especial, podem ser entendidas como: [...] espaços com características naturais relevantes, que têm a função de assegurar a representatividade de amostras significativas e ecologicamente viáveis das diferentes populações, habitats e ecossistemas do território nacional e das águas jurisdicionais, preservando o patrimônio biológico existente. As UC asseguram o uso sustentável dos recursos naturais e ainda propiciam às comunidades envolvidas o desenvolvimento de atividades econômicas sustentáveis em seu interior ou entorno. (MMA, 2011, p.4). A Unidade de Conservação constitui uma política essencial à boa qualidade ambiental, contribuindo especialmente para a conservação in situ da biodiversidade, servindo como elemento fundamental à manutenção da integridade de espécies, assim como se constituem como sistemas e meios tradicionais de sobrevivência de populações humanas. (MEDEIROS; YOUG, 2011). No que tange à importância das Unidades de Conservação para a sociedade, contraditoriamente ao que muito se pensa, estas cumprem uma série de funções cujos benefícios são usufruídos por grande parte da população. Constitui uma forma efetiva de proteger os recursos naturais, garantindo a capacidade de produção de riquezas a longo prazo, considerando que, especialmente o Brasil, possui boa parte de seu crescimento justificado pela abundância de recursos naturais. Alguns serviços ambientais são elencados nos benefícios conseguidos com a conservação da natureza através de Unidades de Conservação, entre eles, qualidade e quantidade de água para consumo e geração de energia, disponibilidade de recursos naturais para a produção de fármacos e cosméticos, a proteção de assentamentos humanos contra a ocorrência de desastres naturais, a conservação de recursos pesqueiros, entre outros. Neste contexto ainda cabe salientar que a geração de renda com o desenvolvimento do turismo são conseguidos por meio da criação e gerenciamento de Unidades de Conservação e o enfrentamento da problemática das mudanças climáticas com a mitigação da emissão de gases do efeito estufa. (MEDEIROS; YOUG, 2011). 4 Curso de Especialização em Conservação da Natureza e Educação Ambiental Logo, as Unidades de Conservação se constituem em instrumento inerte à conservação dos recursos naturais. Contraditoriamente, no Brasil, com vasta diversidade biológica de incomparável e imensurável riqueza, que em estimativas conservadoras contém mais de 13% da biota mundial e dois hotspots de biodiversidade (o Cerrado e a Mata Atlântica) (MITTERMEIER et.al, 2005), a primeira medida concreta para preservar espaços naturais de predação generalizada ocorreu 437 anos depois da descoberta do Brasil. Em comparação com a história da colonização do território – que coincide com a devastação do patrimônio natural, a história da conservação da natureza no Brasil é apenas uma referência. (URBAN, 1998). Essa demora na revolução das políticas ambientais de proteção dos ecossistemas naturais, resultou, é claro, na vasta fragmentação de nossos habitats, sobretudo à Floresta Atlântica, porta de entrada dos colonizadores, que por longa data se apropriaram dos recursos provindos desta floresta e posteriormente a continuada devastação do bioma, reduziu a sua cobertura no território nacional a menos de 10% e que além de provocar perdas relativas à sua fitofisionomia e diversidade zoológica, provocou alterações climáticas e pedológicas. (DEAN, 1996). Frente a todos estes fatores, era premente ao país a criação de instrumentos mais factíveis com a realidade ambiental atual, prevendo instrumentos de gestão para o efetivo cumprimento da função das Unidades de Conservação. Então, posteriormente à promulgação da Constituição Federal de 1988, que previu, especialmente: Art. 225. Todos têm direito ao meio ambiente ecologicamente equilibrado, bem de uso comum do povo e essencial à sadia qualidade de vida, impondo-se ao Poder Público e à coletividade o dever de defendê-lo e preservá- lo para as presentes e futuras gerações. § 1º - Para assegurar a efetividade desse direito, incumbe ao Poder Público: I - preservar e restaurar os processos ecológicos essenciais e prover o manejo ecológico das espécies e ecossistemas; II - preservar a diversidade e a integridade do patrimônio genético do País e fiscalizar as entidades dedicadas à pesquisa e manipulação de material genético; III - definir, em todas as unidades da Federação, espaços territoriais e seus componentes a serem especialmente protegidos, sendo a alteração e a supressão permitidas somente através de lei, vedada qualquer utilização que comprometa a integridade dos atributos que justifiquem sua proteção; (...) VII - proteger a fauna e a flora, vedadas, na forma da lei, as práticas que coloquem em risco sua função ecológica, provoquem a extinção de espécies ou submetam os animais a crueldade. (C.F., 1988). Foi publicada, no ano de 2001, o regulamento do Sistema Nacional de Unidades de Conservação, que aparece com marcas messiânicas, destinada a redimir o que estava perdido 5 Curso de Especialização em Conservação da Natureza e Educação Ambiental e a desenvolver o que se encontrava sadio e inicia nova etapa na gestão ambiental do nosso país. (MILARÉ, 2005). Através do SNUC foram criados dois grandes grupos de Unidades de Conservação, as Unidades de Proteção Integral, com o objetivo básico de preservar a natureza, admitindo-se apenas o uso indireto dos recursos naturais e as Unidades de Uso Sustentável, de forma a compatibilizar a conservação da natureza com o uso sustentável dos recursos naturais. (BRASIL, SNUC, 2000). As Unidades de Proteção Integral são compostas pelas categorias de unidades de conservação denominadas de Estação Ecológica, Reserva Biológica, Parque Nacional, Monumento Natural e Refúgio de Vida Silvestre. Já as Unidades de Uso Sustentável são compostas pelas categorias de unidades de conservação denominadas de Área de Proteção Ambiental, Área de Relevante Interesse Ecológico, Floresta Nacional, Reserva Extrativista, Reserva de Fauna, Reserva de Desenvolvimento Sustentável e Reserva Particular do Patrimônio Natural. Cada categoria das unidades de conservação criadas com a implementação do SNUC possui seus objetivos e características específicas, determinados especialmente pela forma de proteção e usos permitidos. (BRASIL, SNUC, 2000). Avanços importantes foram conseguidos com a aprovação de um regulamento para as Unidades de Conservação. Alguns deles merecem ser destacados, a saber: Planejamento da conservação deve assegurar representatividade à diversidade de ecossistemas terrestres e marinhos do país, protegendo amostras significativas e ecologicamente viáveis do patrimônio biológico existente no país; Processo de criação e a posterior gestão de unidades de conservação devem ser realizados com a participação efetiva das populações locais, por meio de consultas públicas excetuando as categorias Reserva Biológica e Estação Ecológica -, e da instituição de conselhos de gestão; Populações locais cuja subsistência dependa de recursos naturais localizados dentro de áreas declaradas como unidades de conservação devem ser justamente indenizadas ou providas com meios alternativos de subsistência; O Sistema deve buscar proteger grandes áreas integrando diferentes categorias e formas de manejo e uso do solo, constituindo corredores ecológicos; quando existir um conjunto de unidades de conservação de diferentes categorias, próximas, justapostas ou sobrepostas, a gestão deverá ser feita de forma integrada e participativa, constituindo mosaicos; Inclusão no SNUC das Reservas Particulares do Patrimônio Natural (RPPN), fortalecendo a integração de reservas em propriedades privadas à estratégia de conservação do país; Estabelecimento de mecanismos de compensação para empreendimentos com significativo impacto ambiental, por meio do qual o empreendedor fica obrigado a destinar no mínimo 0,5% do valor total do empreendimento para a implementação e manutenção de unidades de conservação de proteção integral; Reconhecimento da presença humana em unidades de conservação de proteção integral já existentes, com sugestão de mecanismos para enfrentálo, assegurando respeito aos direitos dessas populações. (MMA, 2007, p.25) 6 Curso de Especialização em Conservação da Natureza e Educação Ambiental Vale destacar, contudo, que muitas Unidades de Conservação importantes ao país foram implementadas antes da criação do Sistema Nacional de Unidades de Conservação, entre eles, os primeiros Parques Nacionais, que se deram em 1937 – Itatiaia e em 1939 – Iguaçú e Serra dos Órgãos. Dados atuais ainda apontam que Unidades de Conservação criadas e administradas pelos governos federal e estaduais, somam 698 unidades, enquanto que as Reservas Particulares do Patrimônio Natural, totalizam 973 unidades e estão distribuídas por todos os Biomas Brasileiros e recobrem, cerca de 15% do território nacional, executando-se as Unidades de Conservação gerenciadas pelos governos municipais, as quais não há dados contundentes. (MEDEIROS; YOUG, 2011). Apesar do grande avanço que foi possibilitado ao país com a criação de uma política específica de Unidades de Conservação, a implementação dos objetivos e regramentos do SNUC enfrenta inúmeros desafios, deixando algumas lacunas nas áreas protegidas dentro do território nacional. Os problemas fundiários das áreas protegidas, a ausência de infraestrutura básica e funcionários atuantes na elaboração das políticas e estratégias, assim como na fiscalização dos regramentos, ausência de plano de manejo e destinação de recursos insuficientes para implantação e manutenção, são tidos como um dos maiores problemas e lacunas que permitem a efetiva implementação das unidades de conservação no Brasil. (MEDEIROS; YOUG, 2011). Milaré (2005) também aponta problemas nas atuais unidades de conservação no país, o que marca uma falsa conservação e uma real vulnerabilidade dos ecossistemas naturais. Salienta também que “tais espaços, na sua maioria, ainda não estão regularizados do ponto de vista fundiário, permanecem nas mãos de particulares totalmente descompromissados com a sua preservação (...)” (MILARÉ, 2005, p.19). “[...] a criação e manutenção de unidades de conservação no Brasil é um tema marginal que, apesar da importância adquirida no cenário internacional, não desperta o adequado interesse na sociedade brasileira” (MEDEIROS; YOUG, 2011, p.19). Informe oficial do Governo Federal a respeito das Áreas Protegidas no Brasil, também aponta algumas evidências que induzem a falta de conservação efetiva destes locais. Coloca como três grandes desafios a enfrentar: 1. O total de área protegida por bioma é insuficiente para a conservação da biodiversidade; 2. Muitas das áreas já criadas ainda não foram 7 Curso de Especialização em Conservação da Natureza e Educação Ambiental efetivamente implementadas e ainda não se pode afirmar que atingiram integralmente os objetivos que motivaram sua criação; 3. Efetivação de um sistema de UC que integra, sob um só marco legal, as unidades das três esferas de governo (federal, estadual e municipal) ainda carece de instrumentos básicos como, por exemplo, uma base de dados sistematizados e um plano que garanta sua sustentabilidade financeira, ou seja, sua viabilidade. (MMA, 2007). Com maior enfoque na problemática da ausência de planos de manejo e na efetiva atuação dos Conselhos Gestores, Medeiros; Araújo (2011) colocam que este constitui o desafio da maior parte das unidades de conservação brasileiras, já que 78% das unidades de conservação federal e estaduais não possui o plano de manejo, apesar dos pequenos avanços conseguidos com a implementação do SNUC, excetuando-se desta contabilização, as Unidades de Conservação administradas pelos municípios, que muitas vezes adquirem problemáticas mais atenuantes, diante de acontecimentos como influência política, desinteresse dos governantes, desinformação e incompreensão das comunidades tradicionais, e claro, a falta de investimento na área. Entendendo a Unidade de Conservação como papel fundamental na proteção dos recursos naturais, conservação da biodiversidade e dos sistemas e meios tradicionais das populações humanas e a importância dos serviços ambientais prestados pela presença de áreas protegidas, assim como a necessidade do adequado gerenciamento destas áreas de forma a garantir a efetividade de seus objetivos, a respectiva pesquisa tem como foco de trabalho os desafios e caminhos para regulamentação de uma Unidade de Conservação enquadrada na categoria de Unidade de Uso Sustentável e baseada na problemática de quais as conseqüências ao ambiente natural diante da falta de regulamentação da Área de Proteção Ambiental – APA da Represa Alto rio Preto. As Áreas de Proteção Ambiental compreendem unidades de conservação enquadradas no Sistema Nacional de Unidades de Conservação como Unidade de Uso Sustentável, que deve aliar a conservação do ambiente natural com o uso sustentável dos recursos naturais. Especificamente as Áreas de Proteção Ambiental são áreas que possuem certo grau de ocupação humana e elementos importantes à qualidade de vida e bem estar das populações tradicionais e tem como objetivos básicos “[...] proteger a diversidade biológica, disciplinar o processo de ocupação e assegurar a sustentabilidade do uso dos recursos naturais” (BRASIL, SNUC, 2000). 8 Curso de Especialização em Conservação da Natureza e Educação Ambiental A Área de Proteção Ambiental da Represa Alto rio Preto, localizada no município de Rio Negrinho-SC, foi criada através da Lei Municipal n°1.095, de agosto de 1998. Abrange uma área de 162,5 km² e é localizada na Bacia Hidrográfica do Alto rio Preto. Foi criada com os objetivos de: I – proteger o conjunto de ecossistemas que compõem a Represa Alto rio Preto tendo em vista a manutenção da qualidade da água; II – harmonizar o desenvolvimento sócio-econômico com as necessidades de conservação da área; III – incentivar o desenvolvimento regional integrado; IV – fomentar o uso sustentado dos recursos naturais, o turismo ecológico, a educação ambiental e a recreação não destrutiva e, V – proteger a fauna silvestre. (RIO NEGRINHO, 1998). Possui algumas especificidades que caracterizam a área e a sua região de abrangência. Tem como característica predominante a presença de uma pequena central hidrelétrica criada na década de 1980 para atender a geração de energia de indústria das proximidades, o que, entre outras situações, tem atraído grande potencial turístico à região. Ainda, fato que caracteriza a região é a presença de remanescentes da Floresta Ombrófila Mista e a presença de diversidade animal não vista em outra região do município, conforme muitos relatos dos moradores locais. Obstante às especificidades e potencialidades existentes na APA da Represa Alto rio Preto, desde a sua criação, poucos avanços foram conseguidos para a regulamentação da unidade de conservação e a consequente elaboração do seu Plano de Manejo, de modo a efetivar os objetivos originais de sua criação. Este fator, dentre muitos acontecimentos tem favorecido à vulnerabilidade ambiental do ambiente natural da Unidade de Conservação, necessitando do delineamento das áreas prioritárias de atuação para a respectiva regulamentação, assim como das ações e estratégias necessárias para a área, conseguidos somente através de instrumentos científicos adequados e que possam elucidar a situação e desafios atuais e caminhos futuros a serem atingidos. A pesquisa aqui apresentada foi delineada no objetivo de identificação das consequências ao ambiente natural diante da falta de regulamentação da Área de Proteção Ambiental – APA da Represa Alto rio Preto, agregados à objetivos adicionais de levantamento dos conflitos de uso a partir dos objetivos de criação da APA da Represa Alto rio Preto; Identificação de áreas remanescentes da Floresta Ombrófila Mista da APA da Represa Alto rio Preto prioritárias à conservação e proteção integral e Viabilização de 9 Curso de Especialização em Conservação da Natureza e Educação Ambiental material técnico-científico como base à elaboração do Zoneamento Ecológico-Econômico da APA da Represa Alto rio Preto. 2. MATERIAIS E MÉTODO A respectiva investigação adotou métodos de pesquisa quantitativa e qualitativa e a coleta de dados se apoderou de dados primários e secundários. A interpretação de Imagens de Satélite da região mote de estudo foi o ponto central da pesquisa. Foram utilizadas Imagens de Satélite de dois espaços temporais, uma delas antes da criação da Unidade de Conservação, datada do ano de 1996 e obtida através do Satélite da Série Landsat (Land Remote Sensing Satellite), disponibilizada pelo Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais – INPE e outra, doze anos após a criação da Unidade de Conservação, datada do ano de 2010 e obtida através do Satélite da Série CBERS (China-Brazil Earth Resources Satellite ou Satélite Sino-Brasileiro de Recursos Terrestres) também disponibilizada pelo Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais – INPE. Posteriormente à coleta de Imagens de Satélite dos dois períodos temporais, estas foram trabalhadas, através de Software especializado de trato com dados geográficos, construção de cartografia e análise espacial. A classificação das imagens se deu através do Software ENVI 4.7 e posteriormente as áreas foram calculadas através do ArcMap 10, originando: Uso do solo e Extratos de vegetação nativa dos dois períodos temporais. Ainda, por meio de dados disponibilizados pela 6ª Companhia de Polícia Militar Ambiental do Estado de Santa Catarina, foi possível quantificar os registros de ocorrências de danos ambientais nos limites da Unidade de Conservação. Também, para identificação de áreas remanescentes da Floresta Ombrófila Mista da APA da Represa Alto rio Preto prioritárias à conservação e proteção integral, foi utilizada Imagem Aérea disponibilizada pela rede mundial de computadores, através do Google Earth, convergindo com os dados apresentados no Mapeamento de Uso do Solo da APA da Represa Alto rio Preto. Esta etapa da Metodologia utilizada na pesquisa resumiu o processo de pesquisa quantitativa e de coleta de dados primários adotados para a apresentação dos resultados finais. Após a coleta dos dados primários, se iniciou a etapa qualitativa da pesquisa, que se resume na análise dos conflitos de uso do solo tomando-se por base os objetivos originais de criação da Unidade de Conservação. 10 Curso de Especialização em Conservação da Natureza e Educação Ambiental Somados aos dados primários, são apresentados dados coletados de maneira secundária através de diversas pesquisas e levantamentos já efetivados no local e que foram trabalhadas de maneira comparativa aos que aqui se apresentam. Por fim, a base teórica da pesquisa se fundamentou em documentos que versam sobre recomendações, discussões, estudos de caso, pesquisas e argumentações referentes à importância e gestão de áreas protegidas no território nacional, assim como enfocando as questões locais de estudo. 2.1. CARACTERIZAÇÃO DO LOCAL DE ESTUDO Compreende Área de Proteção Ambiental – APA da Represa Alto rio Preto, instituída por Lei Municipal no ano de 1998. A área de estudo está localizada no Município de Rio Negrinho, Estado de Santa Catarina, sob Coordenadas Latitude: 26º53’64” e Longitude: 49º59’46” (ponto localizado na exutória do Reservatório da Pequena Central Hidrelétrica – PCH, existente na APA), na região do Planalto Norte Catarinense. Figura 1. Mapa de Localização da área de estudo – APA da Represa Alto rio Preto, Rio Negrinho-SC. Possui área aproximada de 162,5 km², ocupando 17,60% do território municipal. Está inserida na Bacia Hidrográfica do rio Preto, que desde suas nascentes, até a foz do rio Bituva, está totalmente inserida no território do Município de Rio Negrinho. (WEGNER, 2000). Algumas características principais conferem peculiaridade à região da APA, diferenciando-a das demais regiões do município e também de outra região que também é abrangida por Área de Proteção Ambiental, a APA do rio dos Bugres. 11 Curso de Especialização em Conservação da Natureza e Educação Ambiental Mais uma vez Wegner (2000) destaca as peculiaridades do local. Entre as destacadas, cabe apontar alguns elementos já caracterizados e ainda predominantes neste ambiente, como alguns aspectos da ocupação humana no local: a presença da Companhia Volta Grande de Papel, a presença da Vila de Serro Azul, a presença (por muito tempo) da empresa Móveis Ruckl e de outras reflorestadoras (Modo Battistella Reflorestamentos S.A, Terra Nova Brasil – atualmente Renova Floresta e Florestal Itupiranga – Florestamento e Reflorestamento), assim como a presença da Represa do Alto rio Preto e de Sítio Arqueológico denominado Cemitério Indígena. Destaca também aspectos naturais predominantes no local, como a presença de fauna considerável, especialmente a aquática e flora exuberante. Nesta perspectiva se expõe a pesquisa realizada e apresentada através deste. 3. RESULTADOS E DISCUSSÕES A adequada organização dos elementos formadores dos resultados, assim como a apresentação de sua metodologia formadora compreendem os fatores fundamentais para basear a análise e interpretação apropriadas e servirão de base para a construção das considerações finais da pesquisa efetuada. Inicialmente se apresenta a composição de uso e ocupação do território da Unidade de Conservação em dois momentos históricos. O primeiro momento histórico compreende o ano de 1996, anteriormente à oficialização da Unidade de Conservação através de Lei Municipal. O segundo momento histórico, por sua vez, compreende o ano de 2010, após doze anos de criação da U.C. As categorias do uso e ocupação do território foram dividas em Corpos d’água, Vegetação Nativa, Área de pastagem, Reflorestamentos e Solo Exposto (podendo se adequar nesta categoria áreas ocupadas por agricultura ou reflorestamento em implantação). A Imagem 2 apresenta o Zoneamento de Uso e Ocupação do Território da APA baseada em Mapeamento do ano de 1996. A quantificação das categorias de ocupação do território demonstram que neste ano a APA era ocupada por 474,57 ha de corpos d’água, entre rios, riachos e o reservatório de água existente em face de Pequena Central Hidrelétrica – PCH, 7.857,91 ha de Vegetação Nativa, 609,87 ha de Pastagens, 4.305,27 ha de Reflorestamentos e 2.277,65 ha de Solo Exposto. Já a Imagem 3 apresenta o Zoneamento de Uso e Ocupação do Território da APA baseada em Mapeamento do ano de 2010, neste ano, por sua vez, a APA era ocupada por 12 Curso de Especialização em Conservação da Natureza e Educação Ambiental 825,08 ha de corpos d’água, entre rios, riachos e o reservatório de água existente em face de Pequena Central Hidrelétrica – PCH, 4.652,22 ha de Vegetação Nativa, 189,70 ha de Pastagens, 5.046,65 ha de Reflorestamentos e 4.829,68 ha de Solo Exposto. 13 Curso de Especialização em Conservação da Natureza e Educação Ambiental Figura 2. Zoneamento de Uso e Ocupação do Território da APA da Represa Figura 3. Zoneamento de Uso e Ocupação do Território da APA da Represa Alto rio Preto, Rio Negrinho-SC, no ano de 1996. Alto rio Preto, Rio Negrinho-SC, no ano de 2010. Fonte: Da Pesquisadora, 2012. 14 Curso de Especialização em Conservação da Natureza e Educação Ambiental Comparativamente, a ocupação do território nos dois períodos temporais se apresenta resumida na Tabela I. Tabela I. Resumo comparativo de Uso e Ocupação do Território Área de Proteção Ambiental da Represa Alto rio Preto, nos espaços temporais de 1996 e 2010 1996 Tipo de Uso Ha 2010 m² % Ha m² % Corpos d’água 474,57 47.457,00 3,05 825,08 82.508,00 5,31 Vegetação Nativa 7.875,91 787.591,00 50,67 4.652,22 465.222,00 29,93 Pastagem 609,87 6.0987,00 3,92 189,70 18.970,00 1,22 Reflorestamento 4.305,27 430.527,00 27,70 5.046,65 504.665,00 32,47 Solo Exposto 2.277,65 227.765,00 14,65 4.829,68 482.968,00 31,07 Total 15.543,3 155.433,00 100 15.543,3 155.433,00 100 Fonte: Da Pesquisadora, 2012 Em análise dos dados obtidos através da quantificação dos dois períodos temporais, alguns fatores são notórios e chamam atenção, justificando a apresentação de algumas observações: o primeiro deles refere-se ao aumento da área coberta por corpos d’água no mapeamento de 2010 e isso se explica face ao período de estiagem ocorrido no ano de 1996, em que o Reservatório de Água da PCH existente da APA é utilizado totalmente, uma vez que empresa particular emprega-o para geração de energia, fator este já foi verificado em anos posteriores. Outro fator que também chama atenção, no comparativo dos dados, refere-se à relação entre extratos da Floresta Nativa e Reflorestamentos. Destaca-se que no ano de 1996, 50,67% da Unidade de Conservação era coberta por vegetação nativa, contudo, no levantamento de 2010, essa área foi reduzida para 29,93%. Em 14 anos, os espaços naturais da Unidade de Conservação perderam 3.223,69 ha, que foi sendo ocupado por outras atividades de valor econômico agregado, a exemplo dos Reflorestamentos que tiveram um acréscimo de área ocupada e de solo exposto, que praticamente dobrou a sua área ocupada, salientando que as áreas de solo exposto poderiam anteriormente estar ocupadas por Reflorestamentos e nesse período poderiam ter sido colhidos para utilização nos mais diversos fins da indústria madeireira. 15 Curso de Especialização em Conservação da Natureza e Educação Ambiental Em estudo anterior, Wegner (2000), que se baseou em Imagens de Satélite do ano de 1999, também mapeou o uso do solo da APA e dividiu território onze categorias, conforme demonstrado na Tabela II. Tabela II. Uso do Solo da Área de Proteção Ambiental da Represa Alto rio Preto ano de 2000 Classes Área (m²) % 1.306,369 0,79 Área industrial 540,513 0,33 Camping 188,513 0,11 Ação antrópica 7.629,607 4,65 Pastagens/Culturas 11.332,484 6.92 Reflorestamentos 78.409,054 47,86 Vegetação nativa 52.875,873 32,27 Banhados 1.988,727 1,21 Solo exposto 3.867,066 2,36 Represa 5.664,953 3,45 Pedreira 5,697 0,003 163.808,883 100 Área urbana Total Fonte: WEGNER, 2000, p.121 Wegner (2000) igualmente apontou como um dos aspectos importantes do levantamento, a utilização do espaço por Reflorestamentos e a verificação de Floresta Nativa no Local. Colocou que é notória a grande proporção da área ocupada por reflorestamentos, que como constatado em campo, constituem-se em sua grande maioria por florestas monoespecíficas de Pinus sp. Acrescentou ainda que a presença de vegetação nativa ocupa uma área relativamente grande se comparada a outras áreas do Estado, entretanto, nas visitas a campo foi verificado que nesta APA, pouco resta de vegetação nativa em seu estado original, pois há alterações profundas, devido à retirada de árvores de porte, para aproveitamento econômico. (Wegner, 2000). A substituição de vegetação nativa por florestas monoespecíficas é uma característica fortemente encontrada na região, e generalizada a quase todo o território do Planalto Norte Catarinense. Logicamente, o território da APA da Represa Alto rio Preto, segue uma tendência deste espaço de terra catarinense. Isto é fortemente confirmado por Rosa (2012), 16 Curso de Especialização em Conservação da Natureza e Educação Ambiental que atribui característica peculiar à região, quando coloca que ao contemplar a paisagem local, se constata um contraste entre campos e vales preenchidos por pinheiros brasileiros, casebres e vilas rurais em meio à extensa floresta de pinheiro-americano e que em muito se comenta que a região é conhecida como “rota da fome” por onde passam caminhões carregados em toras de madeira. Em uma perspectiva de Planalto Norte Catarinense, é importante apontar esclarecimento quanto à veracidade do relatado referente à intensa substituição dos ecossistemas naturais da Floresta Ombrófila Mista por Florestas monoespecíficas, conforme dados compilados por Rosa (2012) e apresentados através da Figura 4, que demonstra que na região, do ano de 1960 ao ano de 2006, a atividade de reflorestamentos aumentou do uso de cerca de 10.000 ha para cerca de 140.000 ha de terras. Figura 4. Ocupação em hectares dos principais produtos da lavoura temporária e reflorestamentos no Planalto Norte Catarinense. Fonte: ROSA, 2012, p.48 Contraditoriamente à notória fragmentação de habitats dessa região do Estado, o Inventário Florístico Florestal de Santa Catarina, divulgado pelo Governo do Estado de Santa Catarina e finalizado no ano de 2010, apontou que os municípios componentes da Secretaria de Desenvolvimento Regional de Mafra, também pertencente ao Planalto Norte Catarinense e que compõe os municípios de Campo Alegre, São Bento do Sul, Rio Negrinho, Mafra, Itaiópolis, Papanduva e Monte Castelo, possuem seus territórios ocupados por 42,59% de floresta nativa e apenas 18,19% ocupado por Reflorestamento, conforme detalhamento em Figura 5. Vale apontar que em último levantamento feito em parceria com o Instituto 17 Curso de Especialização em Conservação da Natureza e Educação Ambiental Nacional de Pesquisas Espaciais – INPE e a Organização Não Governamental SOS Mata Atlântica, divulgado no ano de 2009, o Município de Itaiópolis foi apontado como o segundo município que mais desfloresta suas áreas naturais. Figura 5. Mapa de Uso do Solo do Planalto Norte Catarinense, onde está inserida a região de estudo. Fonte: Inventário Florístico Florestal de Santa Catarina, 2010. Como etapa fundamental à verificação das ações antrópicas inadequadas no território da APA da Represa Alto rio Preto, foi também consultado o principal órgão de fiscalização presente na região, a 6ª Companhia de Polícia Militar Ambiental de Santa Catarina. Através de consulta aos registros de processos motivados por infrações ambientais, pesquisados desde o ano de 2005 ao ano de 2012, foi constatado registro somente no ano de 2011, conforme detalhamento em Quadro 1. Em análise se constata que o principal causador de infrações ambientais de deve a crimes cometidos contra a flora local, seguido de crimes contra a fauna, diante de pesca predatória ou de forma inadequada. 18 Curso de Especialização em Conservação da Natureza e Educação Ambiental Quadro 1. Ocorrências registradas pela 6ª Companhia de Polícia Militar Ambiental (Unidade de Canoinhas) na Área de Proteção Ambiental da Represa Alto rio Preto Ano* Infringência da Legislação/Dano Causado na Unidade de Conservação Art.47, §1º e §2º¹ do Decreto Federal 6.514, de 22 de julho de 2008. Art.462 do Decreto Federal 6.514, de 22 de julho de 2008. 2011 Art.503 do Decreto Federal 6.514, de 22 de julho de 2008. Art.76 I4 do Decreto Federal 6.514, de 22 de julho de 2008. Art.365 do Decreto Federal 6.514, de 22 de julho de 2008 (em duas áreas diferenciadas) Fonte: 6ªCompanhia de Polícia Militar Ambiental (Unidade de Canoinhas/SC), 2012, organizado pela autora *Foi realizado levantamento entre os anos de 2005 a 2012. 1 Art. 47. Receber ou adquirir, para fins comerciais ou industriais, madeira serrada ou em tora, lenha, carvão ou outros produtos de origem vegetal, sem exigir a exibição de licença do vendedor, outorgada pela autoridade competente, e sem munir-se da via que deverá acompanhar o produto até final beneficiamento. § 1o Incorre nas mesmas multas quem vende, expõe à venda, tem em depósito, transporta ou guarda madeira, lenha, carvão ou outros produtos de origem vegetal, sem licença válida para todo o tempo da viagem ou do armazenamento, outorgada pela autoridade competente ou em desacordo com a obtida. § 2o Considera-se licença válida para todo o tempo da viagem ou do armazenamento aquela cuja autenticidade seja confirmada pelos sistemas de controle eletrônico oficiais, inclusive no que diz respeito à quantidade e espécie autorizada para transporte e armazenamento. 2Art. 46. Transformar madeira oriunda de floresta ou demais formas de vegetação nativa em carvão, para fins industriais, energéticos ou para qualquer outra exploração, econômica ou não, sem licença ou em desacordo com as determinações legais. 3Art. 50. Destruir ou danificar florestas ou qualquer tipo de vegetação nativa ou de espécies nativas plantadas, objeto de especial preservação, sem autorização ou licença da autoridade ambiental competente. 4Art. 76. Deixar de inscrever-se no Cadastro Técnico Federal de que trata o art.17 da Lei 6.938, de 1981. 5Art. 36. Pescar mediante a utilização de explosivos ou substâncias que, em contato com a água, produzam efeitos semelhantes, ou substâncias tóxicas, ou ainda, por outro meio proibido pela autoridade competente. (BRASIL, 2008) A fragilidade do sistema de fiscalização na Unidade de Conservação é facilmente percebida através dos dados apontados no Quadro 1, uma vez que mesmo diante da fragmentação dos ambientes naturais, percebido por meio da interpretação do uso e ocupação do território local e já apresentado acima, poucas infrações foram registradas e isto apresenta uma possível concepção da realidade local: impunidade à ações antrópicas inadequadas. Esta impunidade é justificada não pela falta de atuação da 6ªCompanhia de Polícia Militar Ambiental, uma vez que os dados da Tabela III e IV se opõe a isso, mas pela ausência de fiscalização específica para a Unidade de Conservação, assim como pela abrangência de atendimento da Companhia, uma vez que é de sua competência o atendimento de uma área de 8.177,40 Km², com um número aproximado de 229,676 mil habitantes e com uma equipe de apenas 15 Policiais Militares. 19 Curso de Especialização em Conservação da Natureza e Educação Ambiental Tabela III. Autos de Infração Lavrados na Região de Atendimento da 6ª Companhia de Polícia Militar Ambiental – Relação Município, Quantidade de Autos e Ano de Ocorrência Município 2009 2010 2011 2012 Total Canoinhas 3 27 44 9 83 Três Barras 0 11 13 7 31 Major Vieira 2 5 9 11 27 Papanduva 5 16 9 3 33 Monte Castelo 0 5 0 0 5 Rio Negrinho 5 16 47 9 77 Mafra 1 48 44 22 115 Itaiópolis 6 42 45 8 101 Bela Vista do Toldo 1 39 16 2 58 Irineópolis 1 22 21 11 55 Porto União 14 15 31 3 63 Matos Costa 9 3 7 4 23 Santa Cecília 0 23 7 4 34 Fonte: 6ªCompanhia de Polícia Militar Ambiental (Unidade de Canoinhas/SC), 2012 Tabela IV. Áreas Degradadas na Região de Atendimento da 6ª Companhia de Polícia Militar Ambiental – Relação Município, Ano de Ocorrência e Área Degradada Município 2009 2010 2011 2012 Total APP FORA APP FORA APP FORA APP FORA Canoinhas 0.6 0 6.22 7.33 2.7 28.32 0.71 3.95 49.839 Três Barras 0 0 0 26.8 0 0.6 0.101 3.4 30.901 Major Vieira 0 0 0 5.16 0.49 1.8 0 0 7.45 Papanduva 3.3 0.42 6.34 6.27 0.22 6.48 0 3 26.03 Monte Castelo 0 0 0 1.2 0 0 0 0 1.2 Rio Negrinho 0.09 13.55 1.42 8.46 3.7548 16.06 0 0.3 43.6348 Mafra 0 0.89 0.84 53.74 5.9 28.04 2.18 2.6 94.19 Itaiópolis 0.5 9.9 7.69 37.77 0.98 33.604 0 0.3 90.744 Bela Vista do Toldo 0 0 1.18 5.19 3.1752 7.64 0 0 17.1852 Irineópolis 0 0.33 0.39 5.715 2.016 9.44 5.08 46.75 69.721 Porto União 9.53 5.08 18.35 0.77 10.778 24.63 0 0 69.138 Matos Costa 13.18 3.79 6.32 2.89 0.67 1.829 0 2.97 31.649 Santa Cecília 0 0 5.39 13.13 1 1 0.75 0 21.27 Fonte: 6ªCompanhia de Polícia Militar Ambiental (Unidade de Canoinhas/SC), 2012 Todos os dados apontados acima rementem a claros conflitos existentes na Unidade de Conservação. A sua criação, no ano de 1998 objetivava: I - proteger o conjunto de ecossistemas que compõem a Represa Alto Rio Preto tendo em vista a manutenção da 20 Curso de Especialização em Conservação da Natureza e Educação Ambiental qualidade da água; II - harmonizar o desenvolvimento sócio-econômico com as necessidades de conservação da área; III - incentivar o desenvolvimento regional integrado; IV - fomentar o uso sustentado dos recursos naturais, o turismo ecológico, a Educação ambiental e a recreação não destrutiva; V - proteger a fauna silvestre (RIO NEGRINHO, 1998). Os ecossistemas que compõe a Represa do Alto rio Preto estão totalmente vulneráveis, o que contraria e conflita com o primeiro objetivo de criação da Unidade de Conservação (Proteger o conjunto de ecossistemas que compõem a Represa Alto Rio Preto tendo em vista a manutenção da qualidade da água), uma vez que a maioria de suas margens não possui vegetação nativa protetora e é coberta, em grande parte de sua extensão, por Reflorestamentos, conforme apontado em Figura 3, além da existência de locais com urbanização inadequada nas margens da represa para fins de lazer e recreação. Quanto aos objetivos de harmonizar o desenvolvimento sócio-econômico com as necessidades de conservação da área, incentivar o desenvolvimento regional integrado e fomentar o uso sustentado dos recursos naturais, o turismo ecológico, a Educação ambiental e a recreação não destrutiva, não há dados concisos que possam afirmar a real existência de conflitos, contudo, uma vez que não há legislação de uso e controle do solo específico para a área, valendo sempre normas gerais de proteção dos recursos naturais, o uso sustentável dos recursos naturais encontra-se vulnerável como qualquer outra região do território nacional e não há assim, regramentos específicos que protejam os atributos excepcionais da Unidade de Conservação. A proteção e conservação da fauna silvestre, por sua vez, conforme objetiva também a Unidade de Conservação foco de estudo, depende da proteção de seus habitats naturais, no caso, é claro, da conservação in situ da biodiversidade, o que é uma das principais funções de Unidades de Conservação. A fragilidade e vulnerabilidade dos ecossistemas que compõe a APA da Represa Alto rio Preto já muito comentada, a impossibilidade e a ausência de mecanismos específicos, neste caso o respectivo Plano de Manejo, induzem que a fauna silvestre também se encontra vulnerável à degradação e com a consequente existência de conflitos, contudo, não há dados concisos e pesquisas de levantamento de fauna local que possam comprovar tal fator. A fragilidade de todo o ambiente natural do território que compõe a APA da Represa Alto rio Preto é evidente e justificado pelas fortes pressões antrópicas que ocorrem em virtude do uso do local para fins econômicos. A proteção integral, não mais sustentável de alguns 21 Curso de Especialização em Conservação da Natureza e Educação Ambiental resquícios da Floresta Ombrófila Mista existente dentro da APA é premente frente aos dados de fragmentação apresentados. Assim, nesta última etapa, cabe apresentar duas áreas que ainda possuem potencial de existência de considerável diversidade biológica e que merece políticas públicas de proteção integral. Figura 6. Identificação de fragmentos de Floresta Ombrófila Mista prioritários à conservação. AREA 1 AREA 1 AREA 2 AREA 2 A área 1 possui papel importante ao ecossistema aquático, uma vez que margeia a Represa do Alto rio Preto, é composta por vários fragmentos, que não estão totalmente integrados e a sua proteção, neste caso, é fundamental, com vistas a recuperação dos espaços degradados entre os fragmentos protegidos, minimizando efeitos de borda para a conservação de espécies que não resistem a ambientes como estes, ou seja, que se caracterizam por habitats de maiores extensões e que não se caracterizam em viverem em margens de fragmentos. Além disso, como margeia a Represa do Alto rio Preto, a conservação dessa área, levará à maior proteção da fauna que depende deste ambiente aquático para sobrevivência. A área 2, por sua vez, também possui importância fundamental, não apenas à APA da Represa do Alto rio Preto, mas também à territórios vizinhos, uma vez que se aproxima de Reserva Biológica Estadual do Sassafrás, criada em fevereiro de 1977, com uma área de cerca de 5.229 hectares e tem sua importância justificada por se encontrar em zona de transição entre a Floresta Ombrófila Mista e a Floresta Ombrófila Densa, enriquecendo a biodiversidade da região. Também se aproxima dessa região, a Reserva Indígena Duque de 22 Curso de Especialização em Conservação da Natureza e Educação Ambiental Caxias, criada no ano de 1996 e localizada entre os municípios de José Boiteux, Vitor Meirelles e Doutor Pedrinho e atualmente conta com área de 14.084,89 hectares. Inegavelmente, tanto a Área 1 quanto a Área 2 demandam de estudos específicos, assim como quantificação, de modo a efetivar a proposta de proteção integral destes ambientes, contudo, ressalva-se a sua importância para a APA da Represa Alto rio Preto, uma vez que já perdeu, nestes últimos anos, quase todo o seu território coberto de floresta nativa. 4. CONCLUSÃO É notório que os interesses difusos, devem transcender os interesses meramente individuais. O ambiente é um bem comum e de interesse e direito difuso. A Carta Magma promulgada em 1988 (Constituição Federal) já aponta isso como prerrogativa essencial “Art. 225. Todos têm direito ao meio ambiente ecologicamente equilibrado, bem de uso comum do povo e essencial à sadia qualidade de vida, impondo-se ao Poder Público e à coletividade o dever de defendê-lo e preservá-lo para as presentes e futuras gerações” (C.F., 1988). Ora, dessa forma devem atuar as políticas públicas, defendendo interesses difusos e para tal, criando instrumentos de conservação do ambiente, uma vez que este é um bem comum. Nessa perspectiva devem ser consideradas as Unidades de Conservação, espaços de defesa de um bem coletivo, de um direito e interesse de todos, contudo, a realidade não se apresenta neste formato utópico. A Unidade de Conservação foco desta pesquisa, Área de Proteção Ambiental da Represa Alto rio Preto foi criada com o intuito de defesa dos interesses coletivos, contudo, a efetivação dos objetivos de criação deste espaço não estão ocorrendo. Um dos principais fatores preocupantes ao local e que justifica o não cumprimento das funções desta Unidade é a ausência de regramentos específicos para a APA, o que permitiria a regulação do uso e ocupação do solo e assim, a proteção dos fragmentos naturais e o uso sustentável dos recursos ambientais que ali se encontram. No âmbito da legislação Brasileira, este regramento se dá através do Plano de Manejo da Unidade de Conservação, que irá constituir a regulamentação da APA. A Unidade de Conservação foi criada no ano de 1988, contudo, até o presente não foi iniciado o processo de regulamentação. 23 Curso de Especialização em Conservação da Natureza e Educação Ambiental A ausência de regramentos específicos para a APA da Represa Alto rio Preto já tem demonstrado consequências ao ambiente natural e conforme objetivo traçado, a principal consequência se refere à fragmentação dos habitats e a substituição destas áreas por outros usos econômicos e o principal deles é para a utilização em reflorestamentos, face também à característica econômica da região, e a existência de diversas reflorestadoras no município. Essa fragmentação dos ambientes naturais leva, logicamente a outras consequências, como a perda da biodiversidade da fauna e flora local. Estes dois fatores apontados apresentam o principal conflito do objetivo de criação da Unidade de Conservação com a realidade atual, se buscava a proteção dos ambientes naturais mais efetivamente não acontece e apresentam também, conforme já apontado, a principal consequência diante da falta de regulamentação da APA. Secundariamente, a Área de Proteção Ambiental da Represa Alto rio Preto apresenta outros problemas que, não aparentando relevância primordial, diante da situação encontrada na região, podem contribuir para a criação/efetivação das políticas de proteção, e, de forma elementar, cita-se inicialmente a fragilidade no sistema de fiscalização, agregados a outros como a ausência de destinação de recursos, de infraestrutura básica e funcionários atuantes na elaboração das políticas e estratégias, além de praticamente toda a área pertencer a proprietários particulares. Todos estes fatores implicam na falsa proteção e conservação do local e em uma real fragilidade e vulnerabilidade do ambiente. Contudo, apesar da existência de fatores negativos que apontam a vulnerabilidade do ambiente natural na APA, há muitas potencialidades que devem ser utilizadas como justificativa para enfim efetivar seus objetivos, alguns foram apontados, como a existência de duas áreas de proporção considerável e com existência de vegetação nativa da Floresta Ombrófila Mista e as proximidades da APA de duas reservas, a Reserva Biológica Estadual do Sassafrás e a Reserva Indígena Duque de Caxias. É premente que as políticas públicas locais avancem mais fortemente para a defesa dos direitos difusos e coletivos da sociedade rionegrinhense, através da proteção do ambiente natural, e que neste contexto se dará através da iniciação do processo de regulamentação da Área de Proteção Ambiental da Represa Alto rio Preto e que este seja apenas o “início” do processo democrático de seguimento do que preceitua a Lei máxima brasileira. 24 Curso de Especialização em Conservação da Natureza e Educação Ambiental AGRADECIMENTOS “As tarefas que nos propomos, devem conter exigências que pareçam ir além de nossas forças. Caso contrário, não descobrimos nosso poder, nem conhecemos nossas energias escondidas e assim deixamos de crescer”. Leonardo Boff As tarefas desenvolvidas e que resultaram neste trabalho, logicamente, não dependeram de um esforço único e a gratidão, é o mínimo que posso oferecer. Assim, sou grata, pelo auxílio de todas as instituições/empresas que disponibilizaram os dados que subsidiaram a pesquisa, à Secretaria de Planejamento e Meio Ambiente, especialmente às amigas Eloize, Eloah e Leoni, à Battistella Florestal, especialmente ao Alexandre e à 6ªCompanhia de Polícia Militar Ambiental de Santa Catarina, especialmente ao Sargento Veiga. Sou grata àqueles que dedicaram horas de seu tempo para auxiliar na compilação de dados importantes, especialmente ao Emerson (Nino), ao Henri e às ajudas do Prof.Pyramonn. Muito Obrigada! REFERÊNCIAS ____________. Inventário Florístico Florestal de Santa Catarina, 2010. Disponível em: <http:// www.iff.sc.gov.br.htm>. Acesso em 10 de outubro de 2012. BRASIL. Lei n°9.985, de 18 de julho de 2000. Regulamenta o Art.225, §1°, incisos I, II, II e VII da Constituição Federal, institui o Sistema Nacional de Unidades de Conservação da Natureza e dá outras providências. 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Dissertação (Mestre em Engenharia Ambiental) apresentada ao Programa de PósGraduação em Engenharia Ambiental. Universidade Federal de Santa Catarina, Florianópolis. PÓS-GRADUANDO: CHAIANE SCHOEN ASSINATURA:____________________________ ORIENTADOR: ALMIR PETERSON BARRETO ASSINATURA: ____________________________ DATA:___ /___/___ 27