UNIVERSIDADE FEDERAL DE CAMPINA GRANDE
CENTRO DE FORMAÇÃO DE PROFESSORES
UNIDADE ACADÊMICA DE ENFERMAGEM
CURSO BACHARELADO EM ENFERMAGEM
JUCILENE ALVES FEITOSA
GERLANE CRISTINNE BERTINO VÉRAS
ELAINE CRISTINA BATISTA TAVARES
DOUGLAS MENDES CAVALCANTE
JÉSSICA TAVARES DE ASSIS
PERCEPÇÃO DOS PROFISSIONAIS SOBRE A RELEVÂNCIA DA ASSISTÊNCIA
MULTI E INTERDISCIPLINAR AO PORTADOR DE DIABETES
CAJAZEIRAS-PB
2015
JUCILENE ALVES FEITOSA
GERLANE CRISTINNE BERTINO VÉRAS
ELAINE CRISTINA BATISTA TAVARES
DOUGLAS MENDES CAVALCANTE
JÉSSICA TAVARES DE ASSIS
PERCEPÇÃO DOS PROFISSIONAIS SOBRE A RELEVÂNCIA DA ASSISTÊNCIA
MULTI E INTERDISCIPLINAR AO PORTADOR DE DIABETES
CAJAZEIRAS-PB
2015
RESUMO
Introdução: O diabetes melito (DM) é um conjunto de doenças metabólicas
relacionadas a alterações na produção ou ação de insulina e tem por característica a
elevação do nível de glicose na corrente sanguínea. É considerado um problema de
saúde pública devido as suas consequências, tais como: interferência na qualidade
de vida do indivíduo, aumento da incidência/prevalência de morbimortalidade e
elevados custos financeiros, tanto para a família quanto para a sociedade. Mediante
estes problemas, é necessária uma assistência integral e contínua aos indivíduos
portadores de DM no serviço primário à saúde, o qual deve dispor da participação de
equipe multiprofissional com interdisciplinaridade. Objetivo: Avaliar a percepção dos
profissionais sobre a relevância da assistência multiprofissional e interdisciplinar ao
portador de DM. Metodologia: Estudo exploratório e descritivo, com abordagem
quali-quantitativa, que foi desenvolvido em uma Unidade Básica de Saúde. Os
dados foram coletados nos meses de janeiro e fevereiro de 2015, por meio de um
roteiro pré-elaborado e entrevistas gravadas. Resultados: Foram entrevistados 10
profissionais, destes, 90% do sexo feminino, 60% com faixa etária entre 26 a 37
anos, 60% com estado civil solteira, 40% com ensino médio completo, 50% ACS’s,
40% com formação complementar na área de atuação, e 50% com tempo de serviço
entre 10 a 17 anos. Constatou-se que os profissionais entrevistados percebem a
relevância da atuação da equipe multiprofissional com interdisciplinaridade na
assistência ao portador de DM, e que esta forma de assistência melhora a adesão
dos pacientes ao tratamento, além de satisfazer suas necessidades e melhorar a
atuação de cada profissional. Contudo, foi constatado que a referida equipe
geralmente não atua com interdisciplinaridade, demonstrando necessidade de maior
interação entre seus membros para prestar um melhor atendimento ao portador de
DM. Conclusão: Fica evidente que para evitar uma prestação de assistência
fragmentada, a equipe multiprofissional deve ser estimulada a trabalhar com
interdisciplinaridade, visando satisfazer as necessidades biopsicossociais dos
pacientes, inclusive para qualificar a atuação de cada profissional. A enfermagem
pode intervir significativamente na construção das relações interpessoais saudáveis
entre os membros da equipe de saúde em busca de novas estratégias para a
promoção e proteção da saúde e prevenção de agravos para o
indivíduo/comunidade.
Palavras – chave: Diabetes melito. Equipe multiprofissional. Interdisciplinaridade.
SUMÁRIO
1 INTRODUÇÃO........................................................................................................05
2 OBJETIVOS............................................................................................................07
2.1 GERAL ............................................................................................................. 07
2.2 ESPECÍFICOS ................................................................................................. 07
3 MÉTODO................................................................................................................ 08
4 RESULTADOS ....................................................................................................... 09
4.1 CARACTERIZAÇÃO SOCIODEMOGRÁFICA DOS PARTICIPANTES DA
PESQUISA ............................................................................................................. 09
4.2 DELINEAMENTO DAS CATEGORIAS ............................................................. 10
4.2.1 Categoria 1 – Fluxo de atendimento .......................................................... 11
4.2.2 Categoria 2 – Adesão ao tratamento ......................................................... 12
4.2.3 Categoria 3 - Satisfação das necessidades dos pacientes ........................ 13
4.2.4 Categoria 4 - Assistência do profissional ................................................... 13
5 DISCUSSÃO...........................................................................................................15
6. CONSIDERAÇÕES FINAIS .................................................................................. 18
REFERÊNCIAS......................................................................................................................20
5
1 INTRODUÇÃO
O DM é um grupo de doenças metabólicas, caracterizado pela elevação dos
níveis de glicose na corrente sanguínea, decorrente de uma deficiência total ou
parcial na produção de insulina (AMERICAN DIABETES ASSOCIATION, 2012).
A etiologia desta doença está relacionada a múltiplos fatores, tais como: estilo
de vida, idade, terapia com medicamentos que elevam os níveis de glicose,
obesidade, hipertensão arterial, história familiar, sedentarismo e fatores genéticos
(REBOUÇAS JÚNIOR; GALDINO; SOUSA, 2014).
Quanto à classificação, o DM pode ser subdividido em quatro categorias:
Diabetes Melito tipo 1 (DM1), quando a produção de insulina pelo pâncreas é
insuficiente para a sobrevivência; Diabetes Melito tipo 2 (DM2), decorrente de uma
resposta inapropriada do organismo à insulina; DM relacionado a outros fatores, tais
como: doenças do pâncreas, endocrinopatias e defeitos genéticos na produção de
insulina; e DM Gestacional (DMG) (MARASCHIN et al., 2010).
O número de casos de DM vem aumentando a cada ano, estima-se que em
2030, o número de pessoas com DM alcance o valor de 360 milhões no mundo. Este
aumento está relacionado com o crescimento e envelhecimento da população, como
também ao estilo de vida não saudável. No Brasil, estima-se que 11,3 milhões de
pessoas serão acometidas, sendo os idosos os mais atingidos, principalmente, a
partir de 65 anos de idade (BRUNNER; SUDDARTH, 2009; MENDES et al., 2011).
Os portadores de DM passam por mudanças que podem comprometer a sua
qualidade de vida. Diante disto, Cantos et al. (2012), afirmam que o trabalho
multiprofissional com interdisciplinaridade é relevante na assistência a estes
pacientes frente a estas mudanças, por ter a participação de profissionais que atuam
em diferentes áreas, trabalhando com trocas de conhecimentos considerando o ser
em sua totalidade e suprindo suas necessidades.
Considerando-se a relevância do trabalho em equipe multiprofissional de
saúde em benefício aos portadores de DM, Oliveira; Zanetti (2011) enfatizam sobre
a necessidade da assistência contínua aos pacientes com esta doença. Nesta
perspectiva, vale ressaltar, o desenvolvimento de ações educativas voltadas aos
pacientes e cuidadores, com a finalidade de prepará-los a enfrentar as complicações
decorrentes da doença.
Para a equipe alcançar as metas e objetivos almejados em suas ações
educativas é relevante o envolvimento dos pacientes e cuidadores acerca do
6
conhecimento sobre a doença. Sendo assim, o trabalho multiprofissional, por ser
desenvolvido por profissionais com formações em diferentes áreas, contribuirá nas
trocas de conhecimentos entre a equipe, pacientes e cuidadores (FARIA et al.,
2013).
O acompanhamento ao portador de DM pela equipe multiprofissional além de
facilitar a assistência, proporciona melhores resultados nas ações, tendo em vista a
questão multifatorial do desenvolvimento da patologia (COSTA; CASTRO, 2013).
Segundo Pereira; Rivera; Artmann (2013), o trabalho multiprofissional é uma
das principais ferramentas no desenvolvimento de práticas e ações na Estratégia
Saúde da Família (ESF), através de um trabalho estruturado e articulado entre a
equipe, para tanto, se faz necessário que as relações interpessoais sejam
saudáveis.
No âmbito do trabalho em equipe, as relações interpessoais são
estabelecidas a partir da interação entre os membros, estabelecendo vínculos
profissionais no intuito de alcançar as metas almejadas, por meio de um trabalho
coletivo e harmonioso, contribuindo para as atividades desenvolvidas na equipe
(WAGNER, 2009).
No contexto da saúde, entende-se por relação interpessoal um processo que
envolve a interação entre a equipe e pacientes, através da comunicação, esta sendo
verbal ou não, expressa pela postura corporal, olhares e tom de voz (ARAÚJO;
SILVA, 2012).
No que diz respeito às relações interpessoais no trabalho em equipe
multiprofissional e interdisciplinar, estas promovem o crescimento do profissional e
consequentemente da equipe, contribuindo na resolução dos problemas (MARTINS
et
al.,
2012).
Mediante este contexto, surgiu um questionamento “Como os profissionais de
uma Unidade Básica de Saúde percebem a atuação multiprofissional e
interdisciplinar ao paciente portador de DM?” Respondendo a esta questão, esperase que os profissionais de saúde repensem suas práticas na assistência,
compreendendo a relevância do trabalho envolvendo a equipe multiprofissional e
interdisciplinar na assistência ao portador de DM.
7
2 OBJETIVOS
Este estudo teve como objetivo geral avaliar a percepção dos profissionais de
saúde sobre a atuação da equipe multiprofissional utilizando a interdisciplinaridade
na assistência ao portador de DM, e como objetivos específicos, caracterizar a
amostra; verificar como ocorre o fluxo de atendimento e acompanhamento de
portadores de DM na Unidade Básica de Saúde (UBS); identificar se há o trabalho
em equipe com interdisciplinaridade; averiguar se o trabalho em equipe
multiprofissional com interdisciplinaridade interfere na adesão e acompanhamento
dos portadores de DM do ponto de vista do profissional; e perceber dos profissionais
se a interdisciplinaridade na assistência ao paciente com DM satisfaz as reais
necessidades dos pacientes e dos profissionais.
8
3 MÉTODO
Trata-se de uma pesquisa exploratória e descritiva, com abordagem qualiquantitativa. Foi realizada em uma UBS do município de Cajazeiras-PB. Tendo como
amostra, dez profissionais.
O projeto foi submetido ao Comitê de Ética em Pesquisa em Seres Humanos
da Universidade Federal de Campina Grande/Centro de Formação de Professores,
de acordo com os critérios exigidos pela Resolução Nº 466 de dezembro de 2012, e
aprovado sob parecer nº CAAE 39138514.0.0000.5575.
Para a coleta dos dados, foi utilizada a técnica de entrevista gravada,
utilizando-se para tal um gravador de voz e um formulário pré-elaborado contendo
questões objetivas e subjetivas para a obtenção de dados referentes às informações
sociodemográficas
e
à
percepção
dos
profissionais
quanto
ao
trabalho
multiprofissional e interdisciplinar voltados para o portador de DM. A coleta foi
desenvolvida nos meses de janeiro e fevereiro de 2015, os participantes foram
entrevistados individualmente, com intuído de amenizar um possível desconforto e
constrangimento, após receberem informações sobre o estudo e assinarem o Termo
de Consentimento Livre e Esclarecido-TCLE, em duas vias.
Após a coleta, os dados quantitativos foram apresentados em tabelas e os
qualitativos organizados e categorizados utilizando-se a técnica de análise de
conteúdo elaborada por Laurence Bardin, ambos foram analisados à luz da literatura
pertinente. Foi atribuído aos participantes o pseudônimo “P”, no intuito de resguardar
sua identificação, e numerados de acordo com a sequência da realização das
entrevistas.
9
4 RESULTADOS
O presente estudo evidenciou uma prevalência do sexo feminino, sendo 09
(90%) e 01 (10%) masculino. Quanto à idade, percebe-se que 06 (60%) têm entre 26
a 37 anos, 03 (30%) com idade entre 38 a 49 anos e 01 (10%) entre 50 a 60 anos. A
idade média foi 37,9 anos, sendo a idade mínima 26 e máxima 60 anos,
correspondendo à idade produtiva (tabela 1).
Tabela 01 - Distribuição dos participantes conforme sexo e idade.
VARIÁVEIS
f
%
SEXO
Masculino
Feminino
01
09
10
90
IDADE
26 a 37
38 a 49
50 a 60
06
03
01
60
30
10
TOTAL
10
100
Fonte: Pesquisa direta (2015).
Quanto ao estado civil, a tabela 02 mostra que 03 (30%) dos entrevistados
são casados, 06 (60%) solteiros e 01 (10%) viúvo. Em relação à escolaridade, 03
(30%) possuem o ensino superior completo, 04 (40%) nível médio completo, 01
(10%) ensino fundamental completo e 02 (20%) cursando o ensino superior.
Tabela 02 - Distribuição dos participantes de acordo com o estado civil e
escolaridade.
VARIÁVEIS
f
%
ESTADO CIVIL
Casado (a)
03
30
Solteiro (a)
06
60
Viúvo (a)
01
10
ESCOLARIDADE
Não alfabetizado
00
00
Fundamental incompleto
00
00
Fundamental completo
01
01
10
Médio completo
Médio incompleto
04
00
Superior completo
03
TOTAL
10
40
00
30
100
Fonte: Pesquisa direta (2015).
A tabela 03 revela que dos profissionais entrevistados, 01(10%) é Médico, 01
(10%) Enfermeiro, 01 (10%) Técnico de Enfermagem, 01 (10%) Auxiliar em
Consultório Dentário e 06 (60%) são Agentes Comunitários de Saúde (ACS’s).
Quanto à formação complementar, os valores mostram que 05 (50%) não
possuem nenhum tipo de formação complementar e 05 (50%) possuem algum tipo
de formação complementar na área de atuação.
Em relação ao tempo de atuação dos profissionais na Atenção Básica, os
dados relevaram que 04 (40%) têm entre 2 a 9 anos de experiência, 05 (50%) entre
10 a 17 anos e 01 (10%) entre 18 a 23 anos.
Tabela 03 - Distribuição dos participantes segundo a função que exercem, formação
complementar na área de atuação e tempo de atuação na atenção básica.
VARIÁVEIS
f
%
FUNÇÃO QUE EXERCE
Médico (a)
Enfermeiro (a)
Técnico (a) de Enfermagem
Auxiliar de Consultório Dentário
Agente Comunitário de Saúde
01
01
01
01
06
10
10
10
10
60
FORMAÇÃO COMPLEMENTAR NA ÁREA DE
ATUAÇÃO
Nenhuma
Capacitação para agente comunitário de saúde
Capacitação em vacinas
Residência médica em saúde família
Especialização em saúde da família
05
02
01
01
01
50
20
10
10
10
TEMPO DE ATUAÇÃO NA ATENÇÃO BÁSICA
02 a 09 anos
10 a 17 anos
18 a 23 anos
04
05
01
40
50
10
11
TOTAL
Fonte: Pesquisa direta (2015).
10
100
Mediante a questão norteadora “Percepção do profissional quanto ao
trabalho multiprofissional e interdisciplinar na assistência ao portador de DM”
e leitura cuidadosa e exaustiva das entrevistas foram construídas quatro categorias,
a saber:
Categoria 1 – Fluxo de atendimento
Nesta categoria, objetivou-se identificar se há envolvimento dos profissionais
para que haja uma assistência ao portador de DM de forma multiprofissional e
interdisciplinar. Considerou-se como base para a construção desta categoria a
organização do serviço dos profissionais de saúde frente ao atendimento aos
portadores de DM.
Identificou-se por meio do discurso de 09 (90%) dos profissionais
entrevistados, que a UBS referenciada trabalha de forma multiprofissional para
atender os portadores de DM, como pode ser observado dos discursos a seguir.
O paciente chega aqui na unidade, o técnico faz o exame de
glicemia passa para a enfermeira e ela já passa para o médico
(P 1).
Bem, o paciente é orientado para vim a unidade de saúde e
passar pelo médico, pela enfermeira e chega ao técnico de
enfermagem para fazer o devido acompanhamento, em relação
aos testes e as orientações, no que diz respeito ao agente de
saúde, a parte dele é a visita domiciliar acompanhamento,
orientações (P 8).
Dos 10 (100%) entrevistados, 01 (10%) afirma que não há o trabalho
multiprofissional completo na referida UBS, fato este justificado pela não
participação direta no fluxo de atendimento aos portadores de DM pelo serviço de
odontologia.
12
Nem todos participam, a dentista não participa, o auxiliar não
participa (...) (P 1).
Por meio dos discursos dos entrevistados constatou-se que há fragilidades
quanto ao entendimento do conceito e da prática da interdisciplinaridade, além disto,
foram
mencionados
como
fator
coadjuvante
de
interferência
no
trabalho
multiprofissional e interdisciplinar a alta demanda do atendimento e escassez de
recursos materiais.
(...) questão da comunicação entre a equipe, eu posso passar o
caso para o médico, o médico passa para o enfermeiro e assim
vira aquele círculo de informação entre a equipe (P 1).
(...) tem muita coisa para fazer no PSF, muitas famílias para
serem acompanhadas, mas o que a gente pode fazer para o
paciente a gente faz (P 1).
(...) a maioria deles são agoniados para poder ir para casa,
chega aqui e não quer ficar esperando pela enfermeira e acaba
indo embora (...) (P 1).
Categoria 2 – Adesão ao tratamento
A presente categoria foi formulada no intuito de averiguar se há uma melhor
adesão dos portadores de DM ao seu tratamento decorrente de uma assistência
multiprofissional e interdisciplinar.
Quanto à influência do trabalho multiprofissional com interdisciplinaridade na
questão da adesão dos portadores de DM ao tratamento constatou-se que 09 (90%)
dos profissionais entrevistados acreditam que o trabalho multiprofissional associado
à interdisciplinaridade interfere positivamente na aceitação do tratamento por parte
dos pacientes, além de contribuir na relação entre profissional e paciente.
Se todo mundo ajudar ou se preocupar sim (...) ajudaria no
tratamento (...) o acompanhamento fica bem mais completo
com esta assistência multiprofissional porque assim, o paciente
fica tendo contato com o enfermeiro, com o médico, técnico em
enfermagem o A.C. S, quando eles buscam junto esta solução
o tratamento fica bem completo (P 4).
13
(...) Sim, porque quando eles vêem que a equipe toda está
envolvida com o problema dele, eles se interessam mais com o
tratamento (P 5).
Constatou-se que a equipe da unidade utilizou como estratégia o atendimento
no bairro do domicílio dos pacientes com DM, onde 08 (80%) dos profissionais
participaram no desenvolvimento das atividades.
Assim, como tava tendo uma dificuldade de captar demanda na
unidade a gente usou como estratégia fazer o atendimento na
área onde os pacientes residem, no caso o bairro, às vezes
toda equipe participa (...) teve ocasião que a gente foi para o
bairro com o médico enfermeira e agente comunitário de saúde
(...)(P 6).
Categoria 3 - Satisfação das necessidades dos pacientes
Esta categoria foi estruturada para averiguar se as necessidades dos
portadores de DM são contempladas por meio de uma assistência multiprofissional e
interdisciplinar.
No que concerne à satisfação das necessidades dos portadores de DM 09
(90%) profissionais entrevistados reconheceram a importância do envolvimento da
equipe multiprofissional com assistência interdisciplinar para melhorar a qualidade
do atendimento e acompanhamento dos pacientes. Uma vez que, o envolvimento de
vários profissionais poderá satisfazer maior número de necessidades e com melhor
qualidade.
É importante com vários profissionais juntos para satisfazer as
necessidades dos pacientes porque eles não ficam só de
medicação (...) precisa de orientações com a parte de
educação e saúde (...), além disto, muitas vezes tem
problemas psicológicos (...) principalmente quando está
descobrindo o diagnóstico muito precoce (...) tudo isso é
importante
para
que
a
equipe
esteja
junta
multiprofissionalmente (P 10).
Categoria 4 - Assistência do profissional de saúde
14
A presente categoria foi elaborada objetivando identificar se o enfoque
multiprofissional e interdisciplinar na assistência aos pacientes com DM favorece a
atuação dos profissionais.
Com relação à assistência do profissional ao paciente, percebeu-se no
pronunciamento da equipe que as ações em conjunto colaboram para a construção
e ampliação dos conhecimentos entre os profissionais, consequentemente em
melhores resultados no acompanhamento dos pacientes, além disso, ajuda na
prevenção de agravos ocasionados pela doença.
(...) A união faz a força, então três ou quatro é bem mais fácil
conseguir algo que apenas um a união (...) tem um poder de
facilitar ou resolver a causa do paciente (P 8).
(...) então assim (...) necessito muito, realmente que todos os
outros profissionais realizem seus trabalhos também juntos
com o paciente, enfermeira, nutricionista e psicólogo, isto vai
ajudar muito para o paciente quanto ao nosso trabalho em
equipe porque aí a gente teria bons resultados e diminuiria
mais inclusive os agravos que virão surgir no futuro (P 10).
15
5 DISCUSSÃO
Em relação ao sexo, houve predominância do feminino, corroborando com
estudo realizado por Tomasi et al. (2008) que ao delinear o perfil sociodemográfico e
epidemiológico dos trabalhadores da atenção básica à saúde nas regiões Sul e
Nordeste do Brasil, constatou que 81% dos profissionais são do sexo feminino e
apenas 19% do sexo masculino. Comprovando assim, que as mulheres estão
gradativamente ocupando o mercado de trabalho (IBGE, 2015).
No que se refere ao estado civil, constatou-se que a maioria dos profissionais
entrevistados são solteiros divergindo com os dados da pesquisa realizada por
Zanetti et al. (2010), no qual constata predominância de casados entre os
profissionais da ESF, tendo como justificativa o fato destes estarem na idade adulta,
o que implica na formação de núcleos familiares. O resultado do presente estudo
pode estar relacionado às modificações sociodemográfica da população brasileira.
Quanto à escolaridade, verificou-se que os profissionais entrevistados estão
distribuídos em nível fundamental, médio e superior o que condiz com a exigência
mínima estabelecida para cada profissional inserido na ESF, como também a busca
por outras formações quando em nível profissionalizante.
Os profissionais entrevistados foram: médico, enfermeiro, técnico de
enfermagem, auxiliar em consultório dentário e os ACS´s, os últimos em maior
quantidade, como em toda ESF.
Em relação à formação complementar na área de atuação constatou-se que,
os valores correspondentes à formação complementar foram distribuídos de forma
igualitária para as modalidades, nenhuma formação e pelo menos, uma formação na
área de atuação. Segundo Costa et al. (2013) em estudo realizado sobre busca de
especialização na área de atuação é explicada pelo incentivo por parte do Ministério
da Saúde e Educação, para que os profissionais possam adquirir mais habilidades
em sua atuação.
Quanto ao tempo de atuação na atenção básica de saúde constatou-se que a
maior parte dos profissionais entrevistados trabalham na UBS a mais de dois anos,
semelhante à pesquisa de Tomasi et al. (2008), onde constataram que 48% dos
trabalhadores atuavam na unidade há mais de dois anos.
No que se refere ao fluxo de atendimento, constatou-se que este se baseia na
função exercida por cada profissional de forma desarticulada com os outros
profissionais, fazendo com que o paciente seja atendido em suas necessidades de
16
forma fragmentada, o que compromete a qualidade desta assistência com
possibilidade de agravamento do seu quadro clínico ou mesmo complicações
futuras. No estudo de Andrade et al. (2012), encontram-se algumas das causas que
justificam esta desarticulação entre os membros de uma equipe, como o excesso da
demanda e a falta de comprometimento por parte de alguns profissionais.
Em relação à participação da equipe multiprofissional na assistência ao
portador de DM constatou-se que o serviço de odontologia não trabalha com
interdisciplinaridade na assistência destes pacientes. Semelhante a pesquisa de
Sousa; Nóbrega, Araki (2014) na atenção primária à saúde, cujo objetivo foi à
avaliação da integralidade da equipe no atendimento aos portadores de DM
realizado em um município do interior da região Nordeste, mostrando que a maior
parte dos pacientes são acompanhados pelo médico e enfermeiro (96,7%) enquanto
que apenas 0,7% referiram ser acompanhados por odontólogo. De acordo com
Boareto (2011), este contexto pode estar relacionado à inserção posterior deste
profissional na ESF e/ou a sua formação profissional tecnicista e individualista.
Ao se tratar do conceito de equipe multiprofissional e a interdisciplinaridade
percebeu-se que a maior parte da equipe de saúde entrevistada, atribui o mesmo
significado para ambos os termos, excluindo apenas um participante, este fato
decorre, segundo Cutolo; Madeira (2010) pela falta de documentos do MS que
conceitue claramente os termos multiprofissionalidade e interdisciplinaridade e que
promova o direcionamento para a efetivação destes, na prática da atenção primária
à saúde.
Observou-se que, a equipe é consciente que o atendimento multiprofissional e
interdisciplinar ao portador de DM contribui significativamente para a sua adesão ao
início do tratamento e continuidade deste, além de contribuir em um menor tempo de
espera para o paciente, deixando-o satisfeito.
O trabalho em conjunto possibilita a aproximação entre os membros da
equipe e destes com os pacientes, tendo em vista a atuação multiprofissional de
saúde em um mesmo serviço, podendo evitar diversas complicações decorrentes da
doença e o encaminhamento destes, para níveis de atendimento mais complexos.
Comprovando assim, a importância de uma assistência multiprofissional e
interdisciplinar para atender as necessidades biopsicossociais dos portadores de
DM. Esta, além de aprimorar a assistência ao paciente, promove um aumento do
conhecimento profissional e possibilita uma maior interação entre os membros da
17
equipe, uma vez que os profissionais passarão a criar vínculos para discutir as
situações na busca por soluções.
18
6 CONSIDERAÇÕES FINAIS
O trabalho em equipe multiprofissional na atenção primária à saúde intervém no
processo saúde-doença do indivíduo, no entanto pode ser susceptível a fragmentar suas ações.
Para evitar esta fragmentação, a proposta de unir a interdisciplinaridade com a equipe
multiprofissional vem sendo estimulada a ser implantada nos serviços de saúde, inclusive
pelas modificações do modelo assistencial e perfil dos usuários.
Os resultados dessa pesquisa revelaram que os profissionais entrevistados percebem a
relevância da atuação da equipe multiprofissional com interdisciplinaridade na assistência ao
portador de DM, no entanto, a maioria demonstrou por meio de seus discursos, que o trabalho
multiprofissional e a interdisciplinar de têm as mesmas características.
O fluxo de atendimento ocorre de acordo com a função exercida por cada profissional.
Os portadores de DM são atendidos pela maior parte da equipe, ressaltando apenas a não
participação direta de dois profissionais de saúde pertencentes ao setor de odontologia.
A equipe sistematiza sua assistência com característica multiprofissional, porém a
interdisciplinaridade está presente apenas em alguns casos de assistência ao portador de DM.
Constatou-se que a equipe reconhece que o trabalho multiprofissional em consonância
com a interdisciplinaridade interfere significativamente para a adesão e acompanhamento dos
portadores de DM pela unidade de saúde. Segundo os profissionais, a troca de informações
entre a equipe facilita a aceitação do paciente frente aos obstáculos ocasionados pela
patologia.
Com este estudo, pode-se comprovar que a interdisciplinaridade é fundamental para
satisfação das necessidades dos pacientes, pois abrange os aspectos biopsicossociais destes,
ficando evidente a contribuição desta assistência para melhor atuação de cada profissional
de saúde.
Mediante os dados obtidos, o estudo alcançou os objetivos propostos, além de
evidenciar a não participação direta do serviço de odontologia da unidade de saúde aos
portadores de DM, fato relevante, visto que os portadores desta doença são susceptíveis a
problemas bucais que podem evoluir e ter graves consequências na sua saúde.
A enfermagem por desenvolver ações de prevenção, promoção e proteção da saúde da
comunidade, pode intervir significativamente na construção das relações interpessoais
saudáveis entre os membros da equipe de saúde em busca de novas estratégias em benefício
da comunidade.
19
O estudo apresentou viabilidade técnica e prática, obedeceu ao tempo estabelecido, no
entanto surgiram alguns impasses na realização da pesquisa, devido a dificuldade em
entrevistar alguns profissionais e a acessibilidade da rede eletrônica. Por meio desta pesquisa,
objetivou-se contribuir para o desenvolvimento de novos estudos, pois o tema abordado
poderá ser aplicado não somente aos portadores de diabetes, mas na assistência aos pacientes
com outras patologias. Além de instigar, a Secretaria de Saúde a incentivar mais reuniões,
entre os membros da equipe e a interação com outros profissionais.
20
REFERÊNCIAS
ANDRADE, L. M. B. et al. Análise da implantação dos Núcleos de Apoio à Saúde da
Família no interior de Santa Catarina. Saúde Transform. Soc. [online]., vol.3, n.1,
pp. 18-31, 2012. Disponível em: <http://pepsic.bvsalud.org/scielo.php?pid=S217870852012000100005&script=sci_arttext>. Acesso em: 10 jun. 2015.
ARAÚJO, M. M. T.; SILVA, M. J. P. Estratégias de comunicação utilizadas por
profissionais de saúde na atenção à pacientes sob cuidados paliativos.Rev. esc.
enferm. USP. v.46, n.3, pp. 626-632. 2012. Disponível em:
<http://www.scielo.br/pdf/reeusp/v46n3/14.pdf.>. Acesso em: 20 fev.2015.
AMERICAN DIABETES ASSOCIATION. Diagnosis and Classification of Diabetes
Mellitus. DIABETES CARE, VOLUME 35, SUPPLEMENT 1, JANUARY, 2012 .
Disponível em:
<http://care.diabetesjournals.org/content/35/Supplement_1/S64.full.pdf+html>.
Acesso em: 12 jan. 2015.
BOARETO, P. P. A inclusão da equipe de saúde bucal na estratégia saúde da
família (ESF). Dissertação (Especialização em Atenção Básica a Saúde da Família).
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<https://www.nescon.medicina.ufmg.br/biblioteca/imagem/2630.pdfAcesso> em: 10
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esso em :13 de fev.2015.
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