Universidade Federal de Juiz de Fora (UFJF) Instituto de Ciências Exatas Depto. de Química Métodos Espectroanalítcos Aula 3 – Interferências em FAAS Julio C. J. Silva Juiz de Fora, 2015 Processo de dissociação • E(d) 3 – 7 eV (289-750 Kj/mol) (moléculas diatômicas) • E(d) 3,5 eV (350 Kj/mol) • E(d) 6,0 eV (580 Kj/mol) • Fatores que influenciam: – Temperatura – Solvente • Mecanismo de geração de átomos livres radicais formados na chama • MO + Radical M + O • Termodinâmica (G: -480 e -600 KJ) Interferências • Perturbações pelas espécies químicas presentes na amostra/chama na resposta do analito de interesse • Pertubações toda e qualquer modificação do sinal analítico devido a presença do meio sujeito à análise. • Efeito de matriz conjunto de efeitos de um meio complexo sobre o elemento a ser determinado • Interferências e características analíticas: – EXATIDÃO – PRECISÃO – SENSIBILIDADE Interferências em FAAS • Não Espectrais Qualquer interferência a qual afeta o sinal da amostra diferentemente aos padrões de calibração • Espectrais Interferências que ocorrem quando a absorção medida na amostra é errônea devido a presença de outra espécie a qual também absorve radiação no mesmo comprimento de onda Interferências em FAAS • Não espectrais – Matriz (físicas) – Química – Ionização Interferências de matriz (físicas) • Mudanças nas propriedades físicas das soluções • IUPAC – Alimentação do nebulizador • Densidade • Viscosidade • Tensão superficial – Temperatura da chama Interferências de matriz Taxa de aspiração Nebulizador Tamanho das gotas 1% HNO3 5% H2SO4 MIBK ................. Viscosidade e a tensão superficial afetam a: •Taxa de aspiração •Tamanho das gotas •Sensibilidade Interferências de matriz Interferências de matriz Interferências de matriz Interferências de matriz Interferências de matriz Interferências de matriz • Interferências de distribuição espacial – Partículas sólidas – Produtos de combustão – Expansão lateral da chama Interferências em FAAS - Correção • Ajuste de matriz (matrix matching) ajustar os padrões e o branco de acordo com a amostra • Analisar usando Método da Adição Padrão Adição de padrão • Uma quantidade conhecida do analito é adicionada na amostra • O instrumento é calibrado na presença do interferente • Parte-se do pressuposto de que o interferente irá afetar a amostra e o padrão igualmente • O padrão adicionado deve estar na mesma faixa de concentração das amostras • Todos os volumes finais devem ser mantidos constantes • Todas as amostras devem estar na faixa linear Adição de padrão amostra sem adição concentração da amostra Adição de padrão - Limitações • Todas as soluções devem estar dentro da faixa linear de trabalho • A preparação da amostra é demorada • O resultado da amostra é extrapolado – degrada a precisão e a exatidão, se as quantidades adicionadas não estiverem nas mesmas proporções a das amostras • Não compensa as absorções devido ao background e interferências espectrais • Pode não compensar interferências de matriz muito severas Interferências químicas e de ionização Interferências de ionização • A temperatura da chama pode ser alta o suficiente para excitar alguns dos átomos ou até mesmo remover os elétrons (ionização), criando íons • Isto faz com que o número de átomos no estado fundamental seja menor, diminuindo a absorção da radiação • Afeta as intensidades de absorção e emissão, principalmente de metais alcalinos, causando decréscimo na sensibilidade Interferência de Ionização Cao N2O-C2H2 Ca+ + e- Interferências de ionização Interferências de ionização Interferências de ionização - Correção • Pequena em chamas que usam ar como oxidante • Interferências de ionização são corrigidas através da adição de elementos facilmente ionizáveis • Adicionar 0.2-0.5% de K em todas as soluções • Elementos facilmente ionizáveis produzem grande quantidade de elétrons para deslocar o equilíbrio no sentido da formação de átomos livres Cao Ca+ + e- Ko K+ + e- Cao Ca+ + e- Interferências de ionização - Correção Interferências de ionização - Correção Interferências Químicas • A amostra pode conter componentes que formam compostos termicamente estáveis que não irão se decompor com a energia/temperatura disponível na chama Interferências Químicas • Diminui a atomização (sensibilidade) • ânions: fosfato, sulfato e fluoreto Ca3(PO4)2; CaSO4; AlF3, CaF2 • cátions: (menos comum) Al interfere na determinação de Mg formação de óxido duplo estável termicamente MgAl2O4 • CaTiO3; FeCr2O4, FeTiO3, etc... Interferências Químicas • Formação de óxidos e/ou hidróxidos metálicos – MO – M(OH)2 M+O M + 2OH • Óxidos de metais alcalino-terrosos são estáveis • Bandas moleculares mais intensas que linhas atômicas, • Exceto a altas temperaturas Interferências Químicas Interferências Químicas • Temperatura da chama ar-C2H2 : 2100 - 2400oC • Temperatura da chama N2O-C2H2 : 2650 - 2800oC Interferências na chama ar-C2H2 : CaCl2 Cao Ca3(PO4)2 Cao Interferências Químicas Interferências Químicas Interferências Químicas Interferências Químicas – correção • Adicionar reagentes que liberem o analito – Adicionar 0.2-0.5% de La para todas as soluções • Adicionar La para combinar com fosfato e permitir a formação de átomos livres de Ca na chama Ca3(PO4)2 LaCl3 CaCl2 air-C2H2 Cao • agentes protetivos EDTA, 8-hidroxiquinolina espécies estáveis e voláteis – Ex.: EDTA elimina interf. de Al, Si, sulfato e fosfato na determinação de Ca Interferências Químicas – correção Interferências Químicas – correção • Outra alternativa para corrigir interferências químicas é utilizar chamas mais quentes • O uso da chama de óxido nitroso eliminará interferências do fosfato sobre o Ca através do deslocamento do equilíbrio no sentido da formação de átomos livres Ca3(PO4)2 Ca3(PO4)2 ar-C2H2 N2O-C2H2 Cao Cao Interferências Químicas – correção Interferências Químicas – correção Interferências em FAAS • Espectrais – Sobreposição espectral – Absorção de background (BG) Interferências espectrais • Sobreposição de linhas atômicas • Quando a qualidade da lâmpada é boa e é monoelementar, a ocorrência de interferências espectrais é rara • Sobreposições espectrais podem ocorrer quando são usadas lâmpadas multi-elementares ou fendas muito largas – Pode ser necessário a seleção de fendas mais estreitas para eliminar a linha interferente Interferências espectrais • Sobreposição de linhas atômicas Linha de Emissão do analito (nm) Elemento Matriz (nm) Razão Matriz:Analito Al 208.150 Fe 217.903 Ga 403.298 Hg 253.652 Sb 231.147 Si 250.690 V 208.211 Pt 271.904 Mn 403.307 Co 253.649 Ni 231.097 V 250.690 200:1 500:1 3:1 8:1 3:1 8:1 Interferências espectrais • • Sobreposição de linhas atômicas Diluir a matriz – Diminui a concentração de elementos que emitem • Se possível, usar chama ar-acetileno – a chama emite menos • Usar fendas menores – diminui a quantidade de radiação emitida pela chama que chega até o detector Interferências espectrais Sobreposição de bandas moleculares – Produtos de reação com bandas de absorção largas Ca(OH)2 determinação de Ba Absorção/emissão relativa • Ca(OH)2 emissão Ca(OH)2 absorção 5600 5580 5560 5540 5520 5500 5480 5536 Ba > T chama decomposição do Ca(OH)2 Interferências espectrais • Produtos particulados que espalham a radiação - Óxidos refratários de Ti, Zr e W: partículas com diâmetros maiores que o comprimento de onda da radiação – Combustão incompleta da matriz orgânica Interferências em FAAS • Absorção do background (BG) – Resultante de absorções não específicas da radiação no comprimento de onda de interesse devido a presença de moléculas não dissociadas ou partículas que causam: • Absorção com banda larga • Dispersão da radiação Interferências em FAAS • Absorção do background AA AA Background BG Absorção do Background • Não ocorre com muita frequência na AA por chama • Absorção do background ocorre quando: – O comprimento de onda é menor que 250 nm – A quantidade de sólidos dissolvidos é maior que 1% • A absorção do background é mais acentuada quando o analito está presente em baixas concentrações – Para baixos níveis de absorvância, mesmo uma pequena absorção do background irá proporcionalmente representar uma contribuição significativa em relação ao sinal total Background - Correção • • Elimina o efeito da “absorção” causada pela dispersão da radiação, compostos moleculares, etc As três técnicas de correção de background mais utilizadas são: – Correção de fundo baseada na auto-absorção: Smith-Heftje – Correção por fonte contínua (Deutério) – Correção por efeito Zeeman Background - Correção • Smith-Hieftje Baseado na auto-absorção da radiação emitida pela LCO, quando operada em alta corrente: – LCO baixa corrente AA + BG – Pulso a alta corrente (ms) – Correção é feita pela diferença entre os 2 sinais Background - Correção Background - Correção • Vantagens – Simplicidade – Correção em um amplo intervalo de comprimento de onda • Limitações – Vida da lâmpada é reduzida – Sistema possui somente uma fonte (problemas com alinhamento) Background - Correção • Fonte contínua – – – Assumindo que a absorção do background é constante ao longo da banda espectral, esta é absorvida igualmente pela radiação primária e contínua A absorção atômica ocorre em uma porção tão pequena da banda espectral que é insignificante em relação a larga banda de emissão produzida pela fonte contínua. Entretanto, a absorção atômica é potencialmente significativa em relação a estreita banda produzida pela fonte de radiação primária Subtraindo o sinal da fonte contínua apenas (background) do sinal da fonte primária (AA+BG) obtém-se o sinal de AA corrigido Background - Correção • Fonte contínua – A radiação proveniente da fonte contínua é passada alternadamente através do feixe da amostra e referência Background - Correção • Fonte contínua Background - Correção • Fonte contínua – eficiência 140 Relative Intensity 0 190 275 400 500 Wavelenegth, nm 600 700 Background - Correção • Fonte contínua – vantagens – Simples – Baixo custo – Não há perda de sensibilidade – Não requer fontes primárias especiais – Boa exatidão para a maioria das determinações por chama Background - Correção • Fonte contínua – desvantagens: – Requer fonte de radiação adicional e eletrônica associada – O corretor tradicional de deutério apresenta faixa de comprimento de onda limitado (perdas significativas acima de 320 nm). Para comprimentos de onda maiores pode ser necessário a fonte de tungstênio – É necessário alinhar a fonte primária com a fonte contínua para obter correções exatas e precisas Background - Correção • Fonte contínua – desvantagens: – A intensidade da fonte primária e da fonte contínua devem ser aproximadamente iguais – Pode ser inexato ou não adequado para correções de certas matrizes que produzem: Background estruturado Background irregular Interferências espectrais Background (estruturado) Background (estruturado) Fonte: Silva, T.V. Unesp, 2014. Referências •Manual de Operação Espectrofotômetro de Absorção Atômica SOLAAR Série S - Thermo Electron Corporation, 1999-2005. •Welz, B., Sperling. Atomic Absorption Spectrometry. 3a Ed. Wiley-VCH, 1999. •HGA 900 Users Manual – Perkin Elmer •Krug, F.J., Nobrega, J.A., Oliveira, P.V. Espectrometria de Absorção Atômica. Parte I: Fundamentos e Atomização com Chama. 2004. •Lepri, F.G. Espectrometria de Absorção Atômica (AAS) e AAS de Alta Resolução com Fonte Contínua: fundamentos, características e aplicações. Curso. Pelotas, 2010. •Krug, F.J. Espectrometria de Absorção Atômica – ETAAS (FANII). •Perkin Elmer. Aanalist 600/800 – Atomic Absorption Spectrmeters. • Silva, T.V. Dissertação de Mestrado. “Determinação de Sb e Pb em embalagens de poli(tereftalato) de etileno (PET) por espectrometria de absorção atômica com fonte contínua e de alta resolução em forno de grafite empregando amostragem direta de sólidos.” UNESP. 2014. •Faria, L.C. Notas de Aula. Instituto de Química. UFG. 1995. •D. A. SKOOG, F. J. HOLLER e T. A. NIEMAN – Princípios de Análise Instrumental, 5a ed., Saunders, 2002. •Junior, I.M.R. Notas de Aula. Instituto de Química. Unicamp. 2003. • James N. Miller & Jane C. Miller. Statistics and Chemometrics for Analytical Chemistry, fourth edition. Person Education. •A. I. VOGEL - Análise Analítica Quantitativa, LTC, 6ª ed., Rio de Janeiro. •D. A. SKOOG, D. M. WEST e F. J. HOLLER – Fundamentals of Analytical Chemistry, 6a ed., Saunders, 1991. •Galen W. Ewing. Métodos Instrumentais de Análise Química (Volume 1). Editora Edgard Blücher/Ed. da Universida •Nascentes, C.C. Notas de Aula. Instituto de Química. UFMG. 2005. •“Espectrometria de Emissão Atômica com Plasma Acoplado Indutivamente (ICP-AES)”. CPG/CENA-USP, 1998; Giné, M.F