DISCURSO DE POSSE COMO VICE-REITOR DA PUC
Sala do Conselho Universitário, 09 de março de 1995
(Na mesa, Dom Romer, representando o Cardeal, Pe. Hortal, Pe. Laércio e os ViceReitores Setoriais.)
Agradecimento a Deus, fonte de todo o bem, a quem me consagrei na minha juventude e a quem procuro servir, apesar de tantas faltas e deficiências. Agradecimento a
D. Eugênio, pela nomeação e ao Pe. Hortal, pela indicação.
Disposição de ânimo ao tomar posse: desejo de servir. Assumo esta função com
muita disposição de me dedicar da melhor maneira possível ao bem desta Universidade, que tanto amamos.
Este desejo de servir é, no meu caso, dever de gratidão. Antes mesmo de entrar nesta PUC, como aluno de engenharia em 1954, aluno ainda do curso científico do Colégio Santo Inácio, já "vibrava" com a PUC. Entrei na PUC na mesma turma de Nelson Janot Marinho e Sérgio Quintella, também muito ligados à PUC. Desde então
minha vida ficou, por assim dizer, atrelada pelos laços de amor de gratidão e obediência jesuítica a esta Universidade, apesar dos muitos anos em que estive fora, seja
na minha formação para o Sacerdócio na Companhia de Jesus (Noviciado, Juniorado, Filosofia, Teologia), seja mais tarde, já como Professor, no Doutoramento, Pósdoutorado e anos sabáticos.
Agradeço à PUC o fato de ter me permitido desabrochar, dentro das minhas limitações, a dupla paixão da minha vida, Religião e Ciência. Tive o privilégio de, por
anos a fio, poder me dedicar intensamente à atividade acadêmica, pesquisa e ensino,
galgando todos os graus e categorias, tendo chegado há 8 anos atrás `categoria de
Professor Titular no excelente Departamento de Engenharia Elétrica do Centro Técnico Científico. Cabe aqui também uma palavra de agradecimento e afeto a todos os
meus colegas, professores e aos funcionários do DEE. Não se trata de uma despedida, porque continuarei a ministrar um curso por semestre.
A Universidade é "universitas magistrorum et scholarium". Estamos todos comprometidos com este maravilhoso processo de procura e transmissão da verdade. Pesquisa e ensino, nesta ordem, porque é preciso primeiro pesquisar e achar a verdade,
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para despis transmití-la. Caracterizada por este ideal, a Universidade se credencia
como a mais bela e nobre das instituições humanas, porque ao atingir a verdade e
contemplá-la, o ser humano encontra o melhor de si mesmo, processo que leva, confortado pela graça, à contemplação de Deus ainda nesta vida, culminando na outra na
visão face a face dAquele que é.
Mas a verdade é não somente objeto de contemplação, ela nos liberta. Aliás nos liberta, em última análise, porque é o objeto da inteligência humana. (Temos que dar
mais uma vez razão a São Tomás de Aquino e afirmar que o amor que não é iluminado pela razão, é cego e facilmente se transforma no seu antípoda, que é o ódio).
Verdade como objeto de contemplação, verdade que nos liberta. Antes da era
moderna, esta libertação era vista primordialmente no âmbito individual, da libertação do pecado. Entrados na modernidade, ela se refere sempre mais e mais ao âmbito
social, seja nos seus aspectos éticos, seja na vitória e domínio do ser humano sobre o
universo, através do desenvolvimento fantástico da ciência e da tecnologia.
Ao perseguir, encontrar e transmitir a verdade que nos liberta e confere ao homem
crescente domínio sobre o cosmos, a Universidade credencia-se não somente como a
mais bela e nobre, mas também como a mais bem sucedida e sólida das instituições
humanas.
O binômio verdade como objeto de contemplação / verdade que nos liberta é o mesmo, quando visto de outro ponto de vista, que o binômio pesquisa pura / pesquisa
aplicada. Estamos numa fase da história em que se acentua a importância esta última,
diminuindo-se os recursos financeiros para a outra. Dir-se-ia que o acúmulo dos resultados obtidos pela ciência pura é bem mais do que suficiente e necessário para
manter a pesquisa aplicada, sendo bom lembrar que esta se alimenta daquela, de acordo com o velho ditado "a melhor prática é uma boa teoria". Neste contexto a PUC
se revela mais uma vez extremamente ágil, bem mais ágil do que as outras melhores
universidades brasileiras, na tomada de consciência e empenho para que esta nova
ênfase se realize também entre nós.
Nosso Magnífico Reitor, Pe. Hortal, na tomada de posse há 3 dias, revelava que temos muitos motivos, desconhecidos até então para muitos de nós, para sermos otimistas, apesar das dificuldades por que estamos passando. Acho que é notável o que
foi conseguido nestes dois anos e meio, um aumento de cerca de 40% do número de
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alunos de graduação, sem prejuízo, muito pelo contrário, da qualidade. Mas acho que
estes motivos de satisfação, realização e otimismo não podem no fazer esquecer que
temos que continuar a trabalhar com denodo na busca da excelência acadêmica, juntamente com a sua viabilização financeira.
A gestão moderna é altamente participativa, envolvendo o esforço adulto e responsável de todos. Quando a um problema têm acesso várias mentes, todas empenhadas
na busca da sua solução, a probabilidade de se encontrar o melhor caminho é bem
maior do que se ao mesmo problema têm acesso poucas pessoas. À Direção da Universidade cabe coordenar estes esforços, procurando sempre somá-los, zelando ao
mesmo tempo para que ela permaneça fiel às suas raízes e princípios inspiradores.
Neste trabalho de coordenar esforços teremos sempre como mestre o Pe. Laércio
Dias de Moura, que regeu esta Universidade em dois períodos totalizando 21 anos,
inexcedível na sua capacidade de conciliação e virtude da prudência. Faço também
questão de registrar que é para mim uma honra e alegria ser Vice-Reitor do Pe. Jesus
Hortal Sánchez, nosso Magnífico Reitor, notável pela retidão de caráter, inteligência
de escol e bondade de coração.
Concluo com um agradecimento a todos os presentes pelo apoio moral que, estou
certo, reverterá para o bem desta Universidade, para maior glória de Deus.
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