IV Encontro Nacional da Anppas
4,5 e 6 de junho de 2008
Brasília - DF – Brasil
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O USO DA TERRA DA MESSORREGIÃO SUL GOIANO E SEUS
IMPACTOS AMBIENTAIS
Divina Aparecida Leonel Lunas Lima
Economista e Doutoranda em Desenvolvimento Econômico – UNICAMP
Professora da Faculdade de Ciências Econômicas da Universidade de Rio Verde – FESURV.
e-mail: [email protected]
Cínara Lopes de Moraes
Economista e Mestre em Economia – UFPB
Professora da Faculdade de Ciências Econômicas da Universidade de Rio Verde – FESURV.
e-mail: [email protected]
RESUMO
O estudo demonstrou que a ocupação agrícola na messorregião Sul Goiano é intensa,
com destaque para a cultura da soja. Os dados indicam que a ocupação tem provocado a
incorporação de áreas de preservação, com alto risco, para a região analisada, de
extinção da vegetação nativa. Os novos sistemas agroindustriais instalados nesta região
tendem a agravar este fato, caso do setor sucroalcooleiro que concentrou seus
investimentos na mesma. Visando a sustentabilidade econômica e ambiental das
atividades agroindustriais da região é necessário uma política de planejamento
comandada pelo Estado, caso não ocorra uma regulamentação no uso da terra pode-se
concluir pela extinção das matas nativas e o agravamento das questões ambientais nesta
área.
Palavras-chaves: ocupação agrícola – preservação – uso da terra
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1. INTRODUÇÃO
A produção agrícola do Estado de Goiás destacou-se pela incorporação de um alto padrão
tecnológico nas suas principais culturas, caso da soja, milho e com maior intensidade a partir de
2000 da cana-de-açúcar. O uso da terra na Messorregião Sul Goiano é altamente intensivo na
busca de ganhos de produtividade e aumento das áreas de produção agrícola, com isso tem-se
um cenário de devastação ambiental que atinge as bacias hidrográficas da região e favorece um
processo de desertificação em algumas áreas. O objetivo deste artigo é demonstrar a utilização do
uso da terra na Messorregião Sul Goiano, destacando as principais lavouras e atividades
agropecuárias da região e a distribuição do solo nesta área bem como, salientar resumidamente
os impactos ambientais causados pelo modelo adotado no processo de incorporação das áreas
na região. A metodologia utilizada foi uma análise dos dados disponíveis sobre as principais
culturas da região analisada, participação na produção estadual e ocupação do solo. Os dados
sobre as lavouras foram retirados do sistema SIDRA do IBGE. E da SEPLAN foram retirados os
dados preliminares do Censo Agropecuário de 2006.
2. METODOLOGIA
Para a metodologia do estudo foi feito um levantamento dos dados secundários da Mesorregião
Sul Goiano, analisando a evolução das principais culturas e o modelo de produção adotado com
os conseqüentes impactos ambientais. As culturas selecionadas para a análise foram: algodão,
arroz, feijão, cana-de-açúcar, milho, sorgo, tomate e soja. As variáveis coletadas sobre estas
culturas foram confrontadas com os dados do Estado de Goiás, visando à identificação da
importância desta região. Para a caracterização do uso da terra nesta área em estudo foram
trabalhados os dados preliminares do Censo Agropecuário de 2006, disponibilizados pela
SEPLAN.
3. CARACTERIZAÇÃO DO ESTADO DE GOIÁS
A adoção do padrão agrícola brasileiro feito no modelo de desenvolvimento da década de 70
baseava-se na necessidade de incorporar um padrão tecnológico para elevar a produtividade da
terra. O principal instrumento que viabilizou este processo foi a utilização do crédito rural
garantindo capital para a compra de tecnologias e mesmo de terras em novas regiões de
fronteiras. O Estado de Goiás teve sua ocupação marcada por este processo. A partir das
correções feitas nos solos da região caracterizados como de Cerrado Goiás apresentou condições
positivas para favorecer o avanço da modernização agrícola no país. Rapidamente a soja tornouse a principal cultura do Estado gerando efeitos positivos nas atividades industriais, através da
entrada de empresas esmagadoras do grão no Estado. Com a consolidação do padrão agrícola
goiano, baseado em grandes áreas com alta tecnologia, outras culturas foram sendo favorecidas,
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caso do milho, sorgo e tomate. O Estado destaca-se, com esta conjuntura modernizadora do setor
agropecuário, no cenário nacional como um importante produtor de grãos.
O modelo de desenvolvimento do Estado de Goiás teve suas origens nas intensas políticas
públicas desenvolvimentistas utilizadas na década de 60 e 70 para modernizar o setor agrícola e
ocupar as terras de fronteiras brasileiras. Este modelo desenhou um espaço configurado por alta
exploração da terra através da tecnificação e uso intensivo de tecnologias. Os ganhos de
produtividade intensificaram e as instalações de vários complexos agroindustriais fizeram a
ligação entre as cadeias produtivas e o capital industrial.
Apesar, dos avanços produtivos e os indicadores de crescimento apresentarem variações
positivas anuais, isto não significou menos problemas ambientais e sociais da herança do modelo
adotado. Ao contrário, os impactos sociais e ambientais são intensivos e tem se agravado à
medida que a exploração eleva-se nestas terras do cerrado, fragilizadas pelas suas características
naturais. Outro fator é a disputa crescente pela ocupação do solo entre as culturas da região.
Este fato é visualizado nitidamente em dois complexos em Goiás, a soja e a cana-de-açúcar. A
soja em Goiás é considerada o produto responsável pela incorporação das principais regiões
produtoras de grãos, além de ser o produto mais importante da pauta de exportações goianas. No
entanto o processo de crise do setor agrícola, principalmente a partir de 2001 fez com que esta
cultura perdesse o interesse para os grandes produtores da região, que perceberam na cana-deaçúcar a oportunidade de maior rentabilidade.
Este sistema de competição pela terra, em Goiás, tem feito expandir o sistema de arrendo para as
agroindústrias de cana-de-açúcar. Outro fato apresentado na região é que a produção comercial
da cana-de-açúcar tem se tornado uma das opções dos produtores. Considerando a grande
escala de produção das usinas de açúcar e álcool percebe-se que para que este complexo tenha
sustentabilidade haverá uma mudança na estrutura produtiva, pois a expansão das agroindústrias
devem elevar a competição pela matéria-prima.
Esta competição entre estas duas culturas tem sido favorável para a soja, no entanto as
mudanças e pressões pela utilização de alternativas de combustíveis, como o álcool, pode
reverter este quadro.
O setor sucroalcooleiro tem investido em sua expansão de industrialização no Brasil. Além da
diversidade de produtos derivados da cana-de-açúcar que torna este produto ainda mais atrativo,
A produção de grãos também beneficiou a entrada de outros sistemas agroindustriais na região. O
sistema agroindustrial de aves e suínos tem avançado no Estado de Goiás à medida que
consolida-se os investimentos da empresa Perdigão. Este sistema altamente dependente da soja
e do milho foi atraído para Goiás, devido a dois fatores principais: a disponibilidade da matériaprima para a produção de rações e a capacidade empresarial dos produtores rurais do Estado
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com disponibilidade de áreas e capital para o investimento inicial do projeto. Este projeto
assentava-se em um modelo completamente diferenciado do utilizado no Sul do país pela
empresa. Em Goiás temos uma escala de produção e um sistema produtivo que visa ganhos de
escalas de produção, incompatíveis com a pequena propriedade.
Outro movimento de investimentos produtivos no setor agroindustrial no Estado é a cultura da
cana-de-açúcar que apresenta um boom de expansão a partir de 2000 com projeções de
investimentos em várias áreas goianas. Os investimentos projetados indicam que a capacidade
industrial de Goiás poderá duplicar em menos de cinco anos, para isso será necessário a
incorporação de áreas para a produção de cana-de-açúcar.
O Estado de Goiás caracteriza-se como uma região de produção de grãos, principalmente soja e
milho, que consolidaram-se com o processo de modernização agrícola brasileiro adotado a partir
da década de 70. De acordo com Shiki (1997) a agricultura intensiva com utilização de alto padrão
tecnológico e através da mecanização tratorizada em extensas áreas, principalmente da cultura
da soja, tomou impulso na década de 80.
As bases deste processo foram alicerçadas na década de 70 com os programas públicos de
crédito rural e ocupação de regiões de fronteiras agrícolas, mas apenas na década de 80 têm-se
uma alteração de base produtiva e o processo de modernização altera toda a estrutura produtiva
da região.
Ressalta-se, contudo, que além das mudanças no processo de produção têm-se também uma
alteração no que se é produzido. Conforme Ortega (1997, p. 325):
... de uma produção primária de produtos agroalimentares básicos e de pouca
transformação industrial até chegar ao mercado, como o arroz, feijão e milho,
passou-se a uma priorização da produção mais integrada à agroindústria, como é
o caso dos sucos de fruta, café, soja, e mesmo aqueles que já eram produzidos
anteriormente, como a carne, o leite e o milho, passam agora por um maior
processamento. Além disso, ressalta-se que boa parte desta produção tem na
exportação um importante mercado.
O que se tem na região é uma alteração completa de toda a economia do setor rural. A integração
e a busca de mercados internacionais fizeram com que o setor agrícola se adaptasse às
exigências e diretrizes da gestão do processo produtivo altamente tecnificado com capacidade de
responder as mudanças de demandas mundiais.
A elevação da demanda da soja na década de 80 e 90 fez do cerrado a região de expansão da
cultura para atender a esta mudança na procura. Este modelo acaba por ser incorporado em
todas as culturas da região. Contudo, o modelo adotado apresenta pouca preocupação social ou
ambiental dos impactos causados e que se aceleram à medida que se expande a modernização
na região. Ressaltando os efeitos nocivos do processo a Superintendência do desenvolvimento da
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Região do Centro-Oeste - SUDECO (1986, p. 82) comenta que “esse tipo de produção não
constitui um sistema estável, o que vem proporcionando, dentre outros fatores, violento êxodo
rural na sub-região (Rio Verde, Rondonópolis e a Vertente Goiana do Paraíba)”.
O problema do êxodo rural já detectado no final da década de 80 na região analisada, agravou-se
e intensificou um processo de urbanização desordenado que atraiu para as cidades os mesmos
problemas enfrentados pelos habitantes da zona rural. A falta de infra-estrutura, de saneamento
básico, moradia, educação e saúde passaram a ser problemas dos municípios da região. E os que
apresentaram indicadores de crescimento mais acentuados enfrentavam a migração para sua
região o que intensificava os problemas, casos dos municípios de Rio Verde, Itumbiara e Jataí.
4. DISCUSSÁO DOS RESULTADOS
A Mesorregião Sul Goiana é formada pela união de 82 municípios, agrupados em seis
microrregiões, são elas: Catalão, Meia Ponte, Pires do Rio, Quirinópolis, Sudoeste de Goiás e
Vale do Rio dos Bois. Esta Mesorregião é a mais rica de Goiás, sendo que os municípios de maior
PIB per capita estão localizados na mesma. Entre eles destacam-se São Simão com um PIB per
capita de R$ 57.715, Chapadão do Céu com R$ 43.303 e Catalão com R$ 35.974.
A área da Mesorregião Sul Goiano é de 131.579,001 Km2, tendo uma população de 1.661.348
habitantes de acordo com estimativas de 2006. Com IDH classificado como médio de 0,807
(PNUD/2006). O PIB 15.404.396.527 (SEPLAN, 2008).
Diante dos dados das várias culturas goianas, um importante componente de discussão é a
utilização do uso do solo no Estado de Goiás. Pode-se indicar que houve uma concentração na
Messorregião Sul Goiano responsável por 83% da área colhida de soja na safra 2006/2007. Na
produção de cana-de-açúcar e sorgo a área desta messorregião representa respectivamente 54%
e 83%, indicando uma grande concentração da produção nesta região favorecendo a competição
pelo uso da terra e o agravamento dos efeitos ambientais, já que o sistema agroindustrial de aves
e suínos também se localiza nesta região. A Figura 1 apresenta o mapa do Estado de Goiás e em
destaque está a Mesorregião Sul Goiano.
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Fonte: SEPLAN (2007)
FIGURA 1 – Mapa de Goiás e a Mesorregião Sul Goiano.
A disputa pelas terras na região e a ausência de um marco regulatório para a utilização das
mesmas e a expansão de cultura sobre determinadas áreas consolidadas tem motivado iniciativas
isoladas do poder público municipal, caso de Rio Verde, que buscando garantir as áreas de
culturas de grãos, como a soja e o milho, estipularam áreas de cultivo para a cana-de-açúcar
dentro das propriedades rurais do município. Destaca-se que conforme alerta Rodrigues, E.;
Rodrigues, S.; Pasqualetto (2003, s.p.) “com o avanço tecnológico de análise do solo é possível
verificar que para gerar um excedente agrícola não há necessidade de se ocupar toda a
superfície, o que poderia provocar, além da extinção da fauna e flora, risco de degradação do solo
com sua conseqüente erosão”.
Na Tabela 1 encontra-se dados preliminares do Censo Agropecuário de 2006 que demonstram a
importância da região analisada para a produção agrícola do Estado de Goiás.
Percebe-se que a região representa em 63,5% da área total do Estado utilizada para as lavouras
temporárias e permanentes o que indica a intensa ocupação do solo da região. Destacando ainda
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o alto padrão tecnológico da região, entende-se que os investimentos dos produtores têm sido
feitos para a maximização dos rendimentos dentro da área agricultável disponível nesta área.
TABELA 1 – Área dos estabelecimentos agropecuários por utilização das terras em ha.
Área geográfica
Total
Lavouras
Pastagem
Matas e
Natural
Florestas
Goiás
24.983.002
3.590.579
15.524.699
5.239.876
Mesorregião Sul
10.448.455
2.279.808
6.058.128
1.861.578
Goiano
%
Participação
41,8
63,5
39
35,5
da Mesorrregião
no Estado
Fonte: SEPLAN (2008).
Outro fator que deve ser destacado é que a área total da região corresponde a aproximadamente
13.157.900 ha, observando-se que 10.448.455 ha, ou seja, 79% da área são pertencentes a
estabelecimentos agropecuários, o que já indica uma intensa utilização do solo da região para as
práticas agropecuárias, com isso há uma necessidade crescente de utilizar de maneira mais
eficiente estas terras.
A própria disputa entre as culturas nesta região provocará uma organização também nas áreas de
pastagens naturais. Na Tabela 1 esta área representa 58% da área total, com o aumento de
tecnologia e a utilização de confinamento para a pecuária da região, pode-se ter uma liberação de
terras para o aproveitamento na agricultura. Contudo não haveria uma melhoria da qualidade
ambiental, já que tanto a pecuária intensiva, quanto a agricultura na região tem intensificado o
desmatamento na região estudada.
De acordo com Ferreira; Ferreira; Lobo (2007, p. 93)
Devido à intensa ocupação do Cerrado goiano, houve também uma intensa
fragmentação da vegetação nativa, resultando em uma grande quantidade de
pequenos fragmentos que, por muitas vezes, estão localizados próximos de áreas
já antropizadas, como é o caso das rodovias e das localidades de grande
densidade populacional, elevado índice de desenvolvimento humano e alto
produto interno bruto. Tais áreas podem ainda apresentar um relevo favorável às
práticas agro-pastoris. Desta forma, 86% dos fragmentos de Cerrados
remanescentes em Goiás estão correndo alto risco de serem desmatados. Isto
2
equivale a uma área aproximada de 105.612,30 Km ....
Os dados do trabalho citado acima indicam que a Mesorregião Sul Goiana encontra-se entre as
que apresentam os maiores riscos para o agravamento do desmatamento. Figura 2, retirada deste
trabalho faz uma comparação entre as mesorregiões do estado e os riscos apresentados de
conversão das áreas de cerrados.
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99%
100
97%
97%
91%
90
80
70
57%
60
50
40
30
20
10
0
Centro
Goiano
Leste
Goiano
Noroeste
Goiano
Norte
Goiano
Sul Goiano
Fonte: Ferreira; Ferreira; Lobo (2007, p. 93).
FIGURA 2 – Áreas de cerrado remanescente com alto risco de conversão em cada Mesorregião
do Estado de Goiás.
A Figura 2 indica que as áreas de cerrado remanescentes da Mesorregião Sul Goiano enfrentam
uma alto risco de incorporação ao sistema produtivo agropecuário e as áreas urbanas. Fatores
como o avanço de atividades do setor agroindustrial de soja, carnes (bovinos, suínos e aves) e do
setor sucroalcooleiro tendem a intensificar a incorporação de áreas de cerrados antes não
ocupadas. O próprio crescimento populacional da região também é mais um fator agravante para
a intensificação do uso do solo na região analisada.
No Quadro 1 apresentam-se as usinas e os municípios de localização de cada uma, bem como a
denominação e municípios dos projetos de implantação ou recuperação deste segmento
industrial. Este levantamento foi feito através dos dados disponibilizados pela Secretaria de
Planejamento do Estado de Goiás – SEPLAN no mês de janeiro de 2008. Percebe-se que o
aumento do número de usinas é acentuado no Estado, com a entrada de vários grupos
tradicionais de outras regiões, especificamente São Paulo e Nordeste. A implantação destas
usinas concentra-se na Mesorregião Sul Goiana.
No Quadro 1 identificou-se também a Microrregião e a Mesorregião que pertence cada empresa,
comprovando a concentração acentuada na Mesorregião Sul Goiana. Dos indicativos de previsão
de funcionamento das usinas pode-se destacar a elevada concentração dos grupos empresariais
na região destacada. Dos 31 grupos registrados e previstos para entrar em atividade até a safra
2009/2010, 23 estão localizados nesta Mesorregião.
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QUADRO 1 – Usinas e destilarias do Estado de Goiás
Nº
Destilarias/Usinas
Município
1
Usina Canadá S/A (Prev. op. Em
Acreúna
2008)
2
Cotril Açúcar e Álcool Ltda (Prev.
Acreúna
op. em 2009)
3
Anicus S/A Álcool e Derivados
Anicuns
4
Nardini Agroindustrial Ltda (Prev.
Aporé
op. em 2010)
5
CRV Industrial Ltda
Carmo do Rio
Verde
6
Usina Porto das Águas (Prev. op.
Chapadão do
em 2009)
Céu
7
Jalles Machado S/A
Goianésia
8
Usina Goianésia S/A
Goianésia
9
GOIASA – Goiatuba Álcool Ltda
Goiatuba
10
Centroálcool S/A – CENASA
Inhumas
11
LASA – Lago Azul S/A
Ipameri
12
Vale Verde Empreendimentos
Itapaci
Agrícola Ltda
13
Energética do Cerrado Açúcar e
Itarumã
Álcool Ltda (Prev. op. em 2010)
14
Tropical Bionergia S/A (Prev. op.
Itumbiara
em 2008)
15
Vale do Verdão S/A – Usina
Itumbiara
Panorama ((Prev. op. em 2007)
16 DENUSA – Destilaria Nova União
Jandaia
S/A
17
COSAN – Centro-Oeste S/A
Jataí
Açúcar e Álcool (Prev. op. em
2009)
18
Destilaria Serra do Caiapó S/A
Montividiu
(Prev. op. em 2008))
19
20
21
22
23
24
25
26
COSAN – Centro-Oeste S/A
Açúcar e Álcool (Prev. op. em
2009)
Usina CAMEM (Prev. op. em
2009)
COSAN – Centro-Oeste S/A
Açúcar e Álcool (Prev. op. em
2009)
Usina Quixabá Fab. de Açúcar e
Álcool (Prev. op. em 2010)
Usina Boa Vista S/A (Prev. op.
em 2009)
Usina São Francisco
DECAL – Destilaria Catanduva
Ltda
COOPER –RUBI – Coop.
Agroind. De Rubiataba
Microrregião
Vale do Rio
dos Bois
Vale do Rio
dos Bois
Anicuns
Sudoeste de
Goiás
Ceres
Mesorregião
Sul Goiano
Sul Goiano
Centro Goiano
Sul Goiano
Centro Goiano
Sudoeste de
Goiás
Ceres
Ceres
Meia Ponte
Anápolis
Catalão
Ceres
Centro Goiano
Centro Goiano
Sul Goiano
Centro Goiano
Sul Goiano
Centro Goiano
Quirinopólis
Sul Goiano
Meia Ponte
Sul Goiano
Meia Ponte
Sul Goiano
Vale do Rio
dos Bois
Sudoeste de
Goiás
Sul Goiano
Sudoeste de
Goiás
Sul Goiano
Montividiu
Sudoeste de
Goiás
Sul Goiano
Morrinhos
Meia Ponte
Sul Goiano
Paraúna
Vale dos Rio
dos Bois
Sul Goiano
Pontalina
Meia Ponte
Sul Goiano
Quirinopólis
Quirinopólis
Sul Goiano
Quirinopólis
Rio Verde
Quirinopólis
Sudoeste de
Goiás
Ceres
Sul Goiano
Sul Goiano
Rubiataba
Sul Goiano
Sul Goiano
Centro Goiano
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29
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Usina Santa Helena de Açúcar e
Álcool S/A
Energética Serranópolis Ltda
Santa Helena de
Goiás
Serranópolis
Usina Ouro Verde S/A (Prev. op.
em 2009)
Vale do Verdão S/A
Silvânia
31
Caçú Ind. e Comércio de Açúcar
e Álcool Ltda (Prev. op. em 2010)
Fonte: SEPLAN (2008).
Turvelândia
Vicentinopólis
Sudoeste de
Goiás
Sudoeste de
Goiás
Pires do Rio
Vale do Rio
dos Bois
Meia Ponte
Sul Goiano
Sul Goiano
Sul Goiano
Sul Goiano
Sul Goiano
O setor sucroalcooleiro beneficiou-se no Estado de Goiás dos incentivos fiscais e do Programa
“Produzir” que tem potencializado os investimentos. Beneficiam-se também de terras baratas e
áreas propícias, principalmente da pecuária extensiva, que podem ter sua ocupação otimizada,
além do preço de arrendamento ser considerado baixo em relação aos outros estados. Todos os
fatores parecem indicar que este processo terá uma continuidade e tende a agravar a gestão do
território em Goiás.
A Mesorregião Sul Goiana com a implantação destes grupos consolidará-se como a região mais
importante do setor sucroalcooleiro. Cabendo salientar que esta região já é a mais importante na
produção de grãos. Na Tabela 2 apresenta-se o ranking das principais Microrregiões e a
Mesorregião Sul Goiano produtoras de grãos no Estado de Goiás.
Os dados da Tabela 2 indicam que a Mesorregião Sul Goiano representa 76% da produção
estadual de grãos, pressupõe-se que com a entrada dos grupos do setor sucroalcooleiro na região
poderá haver uma nova organização do espaço produtivo desta área. Com culturas anuais o
processo de organização e decisão de produção é feito de acordo com as tendências de preços e
do mercado nos períodos de entressafra. Por isso há uma mudança acentuada para culturas que
tenham preços melhores. Na cultura da cana-de-açúcar esta mobilidade não existe. Com a
entrada da cultura na Mesorregião Sul Goiano o processo produtivo tenderá a uma rigidez maior,
pois o modelo adotado no setor é do fornecimento pela própria usina com a integração vertical,
caracterizado pelo contrato de arrendamento por um período mínimo de cinco anos ou a compra
de terras pelas usinas. Para maiores esclarecimentos sobre as relações deste complexo com a
propriedade fundiária ver Ramos (1999).
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TABELA 2 – Ranking da produção de grãos no Estado de Goiás e regiões selecionadas, 2006.
Produção de grãos
Participação
Ranking
Estado/Microrregião/Mesorregião
(t)
(%)
Goiás
10.581.453
100
Mesorregião Sul Goiano
8.042.787
76
-
Sudoeste de Goiás
4.551.015
43,01
1º
Meia Ponte
1.360.972
12,86
2º
Entorno de Brasília
1.308.179
12,36
3º
Vale do Rio dos Bois
731.699
6,91
4º
Catalão
709.328
6,70
5º
Pires do Rio
499.058
4,72
6º
Anápolis
282.625
2,67
7º
Porangatu
215.025
2,03
8º
Quirinópolis
190.715
1,80
9º
Chapada dos Veadeiros
135.599
1,28
10º
Microrregiões
Fonte: IBGE
Retirada: SEPLAN-GO/SEPIN/Gerência de Estatística Socioeconômica – 2007
A análise dos dados sobre as culturas selecionadas (algodão, arroz, feijão, cana, milho, sorgo,
tomate e soja) indica que houve uma mudança estrutural na produção agrícola da região. A
cultura tradicional do cerrado, o arroz, perdeu áreas para serem substituídas por culturas como a
soja, cana, algodão, feijão e tomate. Na safrinha o sorgo disputa espaço com o milho, que era a
principal opção do produtor goiano. Esta disputa pode ser visualizada nitidamente na Figura 3
onde apresentam-se os dados sobre a área plantada do sorgo e milho, do período de 1990 a
2006.
A entrada do sorgo na safrinha goiana pode indicar que o produtor rural do Estado tem uma
preocupação acentuada com sua rentabilidade e diante da rusticidade da cultura e dos lucros que
em alguns anos apresentou-se maior que a do milho, pode ser um indicativo de migração de
áreas plantadas de milho para a de sorgo. Este fato poderá agravar a questão do fornecimento de
matéria-prima para o principal complexo de carnes da região analisada, aves e suínos. No
entanto, como é uma decisão de planejamento de curto prazo do produtor rural, uma reversão do
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preço do milho com a melhora da rentabilidade desta cultura poderá levar a retomada das áreas
700
625
600
569 565
500
491
658
617
574 587
566 554
472 469
462
417
400
442
453
382
300
288 267
200
100
92
Sorgo
195
123
2006
2004
2003
2002
2001
2000
1999
1998
1997
1996
1995
1994
1993
1991
1990
222
20 43 32 46
5
1992
7
4
0
160 168
135
180
2005
Milhares
plantadas desta cultura na região pesquisada.
Milho
Fonte: IBGE (2008).
FIGURA 3 – Área plantada em mil ha de sorgo e milho na Mesorregião Sul Goiano, 1990 a 2006.
As demais culturas analisadas apresentaram dados semelhantes de crescimento em proporções
diferenciadas. O algodão perde área plantada, a partir de 1998, de forma acentuada, o que pode
indicar a saída desta cultura da região. A cana-de-açúcar teve um crescimento persistente,
contudo sem taxas que pudessem indicar uma expulsão de outras culturas. O arroz nitidamente é
uma cultura secundária na região com perdas acentuadas. O feijão apresenta um crescimento
instável de áreas, com alguns anos de elevação e outros de redução. O tomate obteve
indicadores de crescimento e a soja tem uma redução de sua área na safra 2005 para 2006 de
165.003 ha o que pode ser devido a crise agrícola de grãos vivenciada a partir de 2001 ou a
mudança para outras culturas com maior rentabilidade.
Na Tabela 3 optou-se por apresentar os dados da área plantada destas culturas, excluindo o
sorgo e o milho, para uma melhor visualização do movimento de expansão e retração entre as
culturas analisadas.
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TABELA 3 – Área plantada em ha de culturas selecionadas para a Mesorregião Sul Goiano, 1990
a 2006.
Ano
Soja
Cana
Algodão
Arroz
Feijão
Tomate
1990
802.120
60.335
35.421
140.516
22.121
788
1991
647.528
60.962
43.105
129.826
21.934
1.334
1992
674.465
60.641
53.756
182.163
20.401
678
1993
824.067
68.770
37.855
137.372
25.141
756
1994
919.810
69.432
53.754
131.760
29.261
1.572
1995
951.329
73.287
69.361
121.747
30.166
1.202
1996
756.697
70.638
81.257
76.539
27.516
1.787
1997
905.335
65.275
82.976
61.423
40.897
2.372
1998
1.219.895
88.656
185.948
50.171
41.606
1.969
1999
1.196.957
94.096
115.708
103.214
67.159
5.703
2000
1.341.432
87.155
91.023
66.246
30.153
4.679
2001
1.385.524
77.566
94.936
41.166
55.895
4.356
2002
1.694.935
126.574
92.466
37.217
45.912
5.212
2003
1.894.284
92.206
89.597
35.262
48.983
4.594
2004
2.204.330
92.084
131.254
59.117
35.705
4.714
2005
2.223.166
106.411
139.333
81.279
24.905
4.231
2006
2.058.163
127.671
60.149
34.455
35.149
4.615
Fonte: IBGE (2008).
Outra questão que emerge da ocupação do solo com estas culturas apresentadas na Tabela 3 é
que o somatório das áreas indica que a ocupação atinge 2.320.202 ha, acima inclusive da área de
lavouras detectadas nos dados preliminares do Censo Agropecuário de 2006. Isto pode indicar
que o avanço das áreas plantadas de lavouras na região é contínuo e poderá se estender sobre
áreas da pecuária extensiva.
5. CONSIDERAÇÕES FINAIS
Conclui-se pela necessidade urgente de uma política ambiental comandada pelo poder público
estatal para garantir a sustentabilidade do sistema econômico da Messorregião Sul Goiano. Os
dados indicam que o avanço produtivo tem prejudicado as áreas de cerrado da região, que
encontram-se quase extintas e o problema atinge de forma acentuada as áreas de reservas legais
e as matas ciliares.
Ressaltando-se que ações isoladas são insuficientes pela magnitude dos problemas apresentados
e considerando que os investimentos em diversos setores, especificamente o da cana-de-açúcar
que também se concentra na região é necessário que haja um planejamento da utilização do solo
nesta área da Messoregião Sul Goiano.
Outro fator que tem demonstrado a importância de uma política ambiental na região é que esta
concentração tem esgotado o solo e a água da mesma. Alguns municípios da região enfrentam o
abastecimento por caminhões do poder público estatal para ter garantido o fornecimento de água.
Outra conseqüência é a incorporação de áreas de matas ciliares e a reserva legal para a
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produção agropecuária, agravando o desmatamento e a possibilidade de desertificação na área
analisada.
Uma política ambiental, numa área de intensa ocupação agrícola e urbana como a da
Mesorregião Sul Goiano, pressupõe a capacidade do Estado de organizar interesses econômicos
conflitantes entre diversas cadeias produtivas e estímulo a políticas ambientais de recuperação
das áreas devastadas. Entende-se que a partir de uma política ambiental orientada pelo Estado as
iniciativas privadas poderão ser incentivadas a implantar um planejamento agropecuário que insira
a organização do espaço produtivo de forma a aproveitar as áreas de preservação estipuladas por
lei.
Outra questão que deve ser salientada é que diante da fragilidade do bioma Cerrado, caso não
haja uma política de longo prazo, possivelmente o quadro não possa ser revestido diante da
devastação apresentada, não só pela ocupação agropecuária, mas também devido a densidade
populacional da região analisada. Como a região apresenta um dos melhores índices de
desenvolvimento humano do Estado e é uma das maiores receptoras de pessoas, isto pressiona
ainda mais o agravamento das questões ambientais.
6. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
FERREIRA, Nilson Clementino; FERREIRA, Manuel Eduardo; LOBO, Fábio Carneiro. Riscos de
desmatamentos e potencial de regeneração da vegetação nativa: definindo prioridades e
estratégias territoriais. UFG, Goiânia, Goiás, Boletim Goiano de Geografia, v. 27, n. 1, p.83-96,
2007. (Edição Especial).
IBGE. INSTITUTO BRASILEIRO DE GEOGRAFIA E ESTATÍSTICA. Produção agrícola Municipal,
Sistema IBGE de Recuperação Automática – SIDRA. Disponível em
<http://www.sidra.ibge.gov.br/>. Acesso em: 28 jun. 2007, 20 jan. 2008.
ORTEGA, Antonio César. Meio ambiente e representação de interesses na agricultura do cerrado
mineiro. In: SHIKI, Shigeo; SILVA, José Graziano da; ORTEGA, Antonio César (Orgs.).
Agricultura, meio ambiente e sustentabilidade do cerrado brasileiro. Uberlândia:
UFU, 1997. 372p.
SEPLAN. Dados e mapas disponíveis em <http://www.seplan.go.gov.br/>acessado entre os
períodos de: 15 de dezembro de 2007 a 20 de janeiro de 2008.
SHIKI, Shigeo. Sistema agroindustrial nos cerrados brasileiros: caminhando para o caos? In:
SHIKI, Shigeo; SILVA, José Graziano da; ORTEGA, Antonio César (Orgs.). Agricultura, meio
ambiente e sustentabilidade do cerrado brasileiro. Uberlândia: UFU, 1997. 372p.
SUDECO - SUPERITENDÊNCIA DO DESENVOLVIMENTO DA REGIÃO CENTRO-OESTE.
Plano de Desenvolvimento da Região Centro-Oeste. Brasília: SUDECO, 1986. 263p.
RAMOS, Pedro. Agroindústria canavieira e propriedade fundiária no Brasil. São Paulo:
Hucitec, 1999. 245p. (Economia e Planejamento; 36; Série Teses e Pesquisas; 21).
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RODRIGUES, Elyne; RODRIGUES, Simone; PASQUALETTO, Antônio. O desmatamento legal
em Goiás para atividade de agricultura e pecuária de 2000 a 2002. UCG, Goiânia, GO. 2003.
Disponível em
<http://agata.ucg.br/formularios/ucg/docentes/eng/pasqualeto/artigos/pdf/artigo_19.pdf> Acessado
em 20 de abril de 2008
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o uso da terra da messorregião sul goiano e seus