Quedas de UFOs II
Prefácio convidado
Uma obra
imprescindível
Kevin D. Randle
P
ouco tempo depois de o mundo começar a ter conhecimento
sobre a existência dos discos voadores, surgiram rumores
de que um deles havia sido encontrado próximo à pequena
cidade de Aztec, no estado norte-americano do Novo México.
Uma das primeiras histórias sobre quedas de UFOs foi publicada por Frank Scully, colunista do jornal Variety, uma publicação devotada
às notícias de Hollywood e da comunidade cinematográfica. Obviamente,
o primeiro artigo que Scully escreveu sobre o assunto não tinha um tom
sério. Isso mudou quando ele começou a ter mais informações vindas de
Silas Newton e de um homem que dizia ser um cientista do governo dos
Estados Unidos e que coordenaria 1.700 outros cientistas. Para Scully, isso
seria uma evidência de que a história era verdadeira.
Ele escreveu o livro Behind Flying Saucer [Henry Holt and Company,
1950], no qual relatava o caso da queda de um disco voador e seu resgate.
A publicação tornou-se um best seller nos Estados Unidos e deu início a
uma grande controvérsia devido à afirmação de que uma nave alienígena
havia sido resgatada pelos militares, além dos corpos de seus pequenos
ocupantes. Dois anos depois, J. P. Cahn publicou um trabalho sobre o
Caso Aztec na revista masculina True, na qual levantava a suspeita de que
todo o caso tinha sido uma fraude criada por dois homens, como parte
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Thiago Luiz Ticchetti
de um negócio que abririam no Colorado. O artigo era tão destrutivo
que por décadas não se ouviu mais nada sobre quedas de UFOs.
Leonard Stringfield, ufólogo que vivia em Ohio, começou a coletar relatos de quedas de discos voadores e, em 1978, apresentou suas
pesquisas em um simpósio da Mutual UFO Network (MUFON), onde
sugeria que algumas histórias mereciam uma análise mais profunda. Pouco
tempo antes ele havia entrevistado Jesse Marcel, que dissera ter segurado
pedaços de um disco voador quando estava servindo na Base Aérea de
Roswell, no fim dos anos 40. Investigações posteriores, conduzidas pelos
ufólogos William Moore e Stanton Friedman, confirmaram que Marcel
estava em Roswell em julho de 1947 e que a notícia de que o Exército
dos Estados Unidos tinha capturado um UFO acidentado havia sido
publicada em centenas de jornais de todo o mundo.
Com tamanha credibilidade das testemunhas, muitas delas
oficiais militares do alto escalão, ainda que com poucos documentos
disponíveis e a confirmação de que realmente a imprensa mundial
havia noticiado o evento em Roswell, mais pesquisadores começaram
a aceitar a ideia de que algumas histórias de quedas de UFOs poderiam
ser verdadeiras. Ainda nos Estados Unidos, o Center for UFO Studies
(CUFOS) decidiu começar uma investigação para revelar a verdade
sobre o Caso Roswell — depois de quase duas décadas, a conclusão
a qual se chegou é a de que alguma coisa de outro planeta tinha caído
aqui. O major Jesse Marcel, oficial de Inteligência da Base Aérea de
Roswell na época, foi citado em vários documentários afirmando:
“Foi algo que caiu na Terra, mas não foi construído aqui”. O documento original de Stringfield e sua pesquisa adicional convenceram muitos de nós de que talvez houvesse algo a mais naqueles contos sobre
discos voadores. Stringfield, no início de 1978, começou a publicar a série
de trabalhos chamada Relatórios de Momento, que continha informações sobre
quedas de UFOs e sua captura em várias partes do mundo, muitas delas na
América do Sul. Enquanto estava claro que muitos relatos eram, na verdade,
interpretações errôneas, fenômenos da natureza ou destroços de projetos
secretos, um pequeno número se mostrava ainda um grande mistério.
Investigações de ufólogos ao redor do mundo conseguiriam explicações para muitos casos, deixando em aberto apenas um pequeno número
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de excelentes acontecimentos, os quais apresentam múltiplas testemunhas,
documentos do governo e evidências sólidas. Um dos melhores pesquisadores
sobre o fenômeno ufológico e sobre quedas de UFOs em particular é Thiago
Luiz Ticchetti, que está envolvido nesta pesquisa há muitos anos.
Há algum tempo eu estava revendo casos ufológicos na América do
Sul e pedi ajuda a Ticchetti. Suas informações e insights foram essenciais para
a minha pesquisa. Suas respostas são sempre diretas e corroboradas por
evidências que clarificaram os casos para mim. Como exemplo, eu estava
trabalhando com relatos de avistamentos nos quais as testemunhas tinham
sofrido algum tipo de ferimento causado por um disco voador e um deles
envolvia os soldados do Caso Forte de Itaipu. O ufólogo pioneiro doutor
Olavo Fontes foi um dos que investigou o episódio e forneceu as informações para Jim e Coral Lorenzen, da Aerial Phenomena Research Organization
(APRO), semanas após o ocorrido. Entretanto, o evento só foi mencionado
na literatura ufológica em 1959 e depois publicado no APRO Bulletin.
Parecia que não havia informação nenhuma, além do relatório
feito por Fontes e entregue aos Lorenzen. Os arquivos do Projeto Blue
Book, da Força Aérea Norte-Americana (USAF), de 1957, mencionou
o evento como “outro avistamento relatado” (não um caso). Isso significa
que eles tinham conhecimento do fato, mas não o investigaram — e sabendo que tinha ocorrido no Brasil, não é surpresa alguma. Eles tinham
recebido o jornal que falava sobre o assunto, tomaram conhecimento,
mas misteriosamente esse clipping sumiu.
A solução para o dilema era simples para mim. Eu enviei um e-mail
para meu amigo perguntando se ele tinha alguma informação sobre o
episódio e recebi, rapidamente, dados muito relevantes e atualizados,
que me deram a evidência que eu precisava para a minha investigação,
incluindo passagens que não eram conhecidas pelos Lorenzen em 1957.
Isso permitiu a mim — assim como a outros pesquisadores em todo o
mundo — conhecer algo novo sobre o caso.
Isso também sugere que Ticchetti não estava interessado em reforçar
suas crenças pessoais ou em vender uma ideia para todos — ele está somente interessado em encontrar a verdade sobre os UFOs e prefere investigar
a debater. Essa é uma rara e importante qualidade para qualquer um que
pesquise o fenômeno ufológico e queira determinar o que está acontecendo.
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Thiago Luiz Ticchetti
Nesse seu mais novo trabalho, vemos uma investigação não passional
sobre as evidências de quedas de UFOs. Ticchetti fez um trabalho fantástico a procura de evidências e as apresenta de forma clara, inteligível e um
tanto persuasiva. Para aqueles que estão interessados em saber o que está
acontecendo, conhecer as mais recentes descobertas e alguns dos casos mais
excitantes, este é um dos melhores livros sobre o tópico.
Os avistamentos de UFOs são um fenômeno mundial, com relatos de quedas em todos os continentes. Temos alguns pesquisadores
que investigam ativamente esses casos em seus países. Frequentemente,
quando eles têm alguma dúvida sobre os casos ocorridos no Brasil ou
na América do Sul, eles procuram Ticchetti para obterem respostas.
Não consigo pensar em um elogio melhor para um investigador que
tem admiradores em todo o mundo.
Em seu novo livro ele destaca vários casos, incluindo o famoso evento
ocorrido em 1897, próximo a Aurora, no estado do Texas. A controvérsia
ainda impera nesse episódio, com algumas pessoas acreditando que tudo
não passou de uma fraude inventada por um jornalista com o intuito de
promover a sua cidade natal, enquanto outros creem que existam evidências
que comprovam que uma espaçonave alienígena caiu naquela região.
Ele examina o intrigante caso de Cape Girardeau, no Missouri, relatado por Charlette Mann, que contou sobre o envolvimento de seu pai nas
operações de resgate em 1941, muito antes do Caso Roswell. Mann entregou
documentos e deu informações para Stringfield, que dividiu com demais
pesquisadores. É claro que Ticchetti também dá uma atenção especial aos
eventos ocorridos no Brasil e na América do Sul — e um dos mais famosos
é o de Varginha, no qual criaturas alienígenas foram vistas e cuja espaçonave
foi recuperada. Sua redação revela novas e importantes informações sobre
o caso que pode até mesmo persuadir alguns céticos.
Um espetacular acidente foi reportado em Salta, Argentina, onde
milhares viram um disco voador manobrar sobre suas cabeças. Interceptado
por aviões, o objeto triangular foi atingido por mísseis militares e caiu. Para
complicar ainda mais o caso, um piloto privado sobrevoou o local da queda
e sofreu um acidente aéreo. Ele disse que algum tipo de efeito eletromagnético afetou a navegabilidade de seu avião. Militares argentinos e estrangeiros
isolaram a área e removeram o UFO e os corpos de seus ocupantes.
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Em mais um caso que demonstra que esse fenômeno não tem fronteiras, ele cita a queda de um objeto em Tarija, na Bolívia. Tenho um interesse
particular por ele, pois além de apresentar evidências físicas, houve o deslocamento de um grupo do Projeto Moon Dust, diretamente dos Estados
Unidos para o país sul-americano. Como observação aos leitores, a equipe do
Moon Dust era acionada em eventos que envolviam destroços espaciais de
países estrangeiros ou de origem desconhecida. Nesse caso, a segunda opção
é a que se encaixa melhor nas descrições e testemunhos dos fatos. Esses são
somente alguns poucos exemplos dos casos mencionados no livro. É uma
pesquisa original e as conclusões fazem da obra algo especial. A ênfase em
casos na América do Sul é algo que era necessário há muito tempo e dá uma
pequena amostra do que está à nossa frente.
Este trabalho, portanto, é a compilação de sua pesquisa sobre
as quedas de discos voadores em todo o mundo, que nos dá uma
perspectiva única e evidente de que alguma coisa extraordinária está
acontecendo. O livro de Thiago Luiz Ticchetti está destinado a se tornar
um dos melhores trabalhos sobre esse intrigante aspecto do fenômeno
ufológico e será um guia imprescindível para todos aqueles que desejam
pesquisar sobre as quedas de UFOs.
Kevin D. Randle,
ufólogo e escritor norte-americano
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Quedas de UFOs II
Capítulo 1
O incidente de
Roswell
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esde o início, acreditava-se que o acidente em Roswell ocorreu na noite do dia 02 de julho de 1947. Essa data baseia-se
no testemunho de Dan Wilmot, morador de Roswell, que
relatou ter visto um objeto em forma de disco sobrevoar
a cidade e partir em direção nordeste. Sem outra data, os
investigadores assumiram que o objeto observado por Wilmot era o
mesmo que havia caído na fazenda de Brazel, um fazendeiro residente
a sudeste da cidade de Corona, em Lincoln County, Novo México. Tal
suposição estava errada. O avistamento de Wilmot não teve nada a ver
com o acidente na propriedade de Brazel, em 02 de julho. Na verdade, os
militares já estavam rastreando o objeto antes daquela data. Por quatro
dias o UFO “entrava e saía” do espaço aéreo mexicano, ao sul do país.
Os radares naquela região e na cidade de Albuquerque detectaram-no e
perderam-no na noite do dia 04 de julho. Os militares em Roswell sabiam
que o UFO tinha no mínimo descido a menos de 60 km da cidade.
William Woody, que vivia a leste de Roswell em julho daquele ano,
estava na varanda de sua casa, juntamente com seu pai, na noite do dia
04, quando viu um brilhante objeto no céu mergulhar em direção ao solo.
Ele disse que era uma luz branca muito brilhante, com linhas vermelhas,
e o objeto demorou a cair, diferentemente dos meteoros que já havia
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Thiago Luiz Ticchetti
observado anteriormente. Não havia nenhuma forma por trás da luz e
nenhum som foi associado àquilo. Um ou dois dias depois, Woody e seu
pai procuraram encontrar o local onde o objeto tinha caído. Dirigiram-se
pela Rodovia 285, ao norte de Roswell, mas sempre que tentavam entrar
na pista eram impedidos por um cordão de isolamento militar, pois todos
os acessos às estradas estavam bloqueados.
Somente junto aos primeiros raios de Sol do dia 05 de julho os militares
encontraram o local do acidente — eles isolaram a área, mantendo todos os
civis e pessoas não autorizadas afastadas. Durante todo aquele dia recolheram
os corpos de cinco vítimas do acidente, vários caminhões carregaram os
destroços do objeto e em seguida dirigiram-se para a base militar. No final
do dia, já haviam retirado quase tudo da área. No dia seguinte, foram trazidos
especialistas em acobertamento. Os militares queriam eliminar qualquer traço
visível da queda e da operação de resgate.
Na tarde do dia 05 algo inusitado aconteceu. Glenn Dennis, funcionário da Funerária Ballard, recebeu o primeiro de uma série de estranhos
telefonemas da base aérea militar. O oficial funerário da base perguntou-lhe
sobre o tamanho e os tipos de caixões que poderiam ser lacrados hermeticamente. Dennis respondeu que possuía quatro caixões de 1,20 m, mas
que poderia conseguir um menor na cidade de Amarillo. O oficial apenas
mencionou que voltaria a ligar para ele. Trinta ou quarenta minutos depois,
o oficial ligou novamente e perguntou sobre a preparação dos cadáveres. Ele
queria saber como preparar um corpo decomposto e como tratar cadáveres
queimados em casos muito traumáticos. Enfim, como preservar um cadáver
sem alterar a composição química do sangue ou dos fluídos. “Eu sabia que
algo tinha acontecido. Algo para o qual não estavam preparados. Pensei que fosse uma
pessoa muito importante. Então lhes disse que poderia ir até lá e ajudá-los, mas o oficial
falou que a informação era para futuras referências”, comentou.
Uma hora depois do último telefonema, Dennis voltou a receber outra
ligação do oficial, que agora lhe pedia para que fosse socorrer um militar
que havia sofrido um acidente na cidade. O soldado tinha apenas algumas
escoriações e o nariz quebrado. Depois do socorro, Dennis dirigiu-se até a
Base Aérea de Roswell. Chegando lá, ingressou pelo portão da frente e foi em
direção à entrada de emergência do hospital. No local estavam estacionadas
três ambulâncias antigas, do tipo caixote, e ao lado de cada uma havia um
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policial militar. Dennis conduziu o soldado ferido pela rampa de acesso à sala
de emergência, e enquanto passava pelas ambulâncias, viu que no interior de
uma delas havia pedaços de alguma coisa que não soube definir — pensou,
a princípio, que fossem os destroços de um avião. Na segunda ambulância
havia coisas parecidas — na terceira, no entanto, Dennis acredita que não
possuía nada, apesar de um policial militar a estar vigiando.
O agente funerário explicou que durante o resgate de corpos de
um acidente aéreo, alguns destroços são colocados nas ambulâncias de
maneira rotineira. Por isso, não estava surpreso com o que acabara de
observar. E, ainda, que aquelas ambulâncias antigas eram utilizadas para
vários fins, inclusive carregar materiais. Dennis tentou aproximar-se
de uma delas: “O que vi lembrou-me a frente de uma canoa, com uns 95 cm de
largura, e estava deitada de lado. Havia algumas inscrições, de uns 6 cm. Pareciam
inscrições egípcias”. Com o soldado já recebendo os cuidados médicos na
sala de emergência, Dennis, que conhecia a maioria dos médicos, decidiu
ir tomar um refrigerante no saguão. Enquanto andava pelo corredor, uma
das enfermeiras o reconheceu. Ela estava muito apreensiva e perguntou
ao rapaz qual a razão de estar ali, sugerindo-lhe que deveria ir embora
o mais rápido possível. Depois entrou em uma sala e desapareceu. Mas
Dennis não saiu de imediato. Um militar, aparentando seus 45 anos,
surgiu repentinamente no corredor do hospital e o questionou sobre
a razão de sua presença naquele local. “Então lhe disse que trabalhava na
Funerária Ballard e que tinha acabado de atender um soldado. Estava indo pegar
um refrigerante no saguão e resolvi fazer o comentário: ‘parece que vocês tiveram
um acidente aéreo aqui, pois vi alguns destroços nas ambulâncias’. Foi quando
percebi que havia arranjado problemas”.
O militar pediu para o rapaz esperar um momento, entrou em uma
das salas e logo depois saíram dois policiais militares. “Ele disse aos policiais
para me tirarem dali o mais rápido possível. Quando estávamos saindo, ouvi uma voz
pronunciar: ‘eu ainda não terminei com esse filho da puta. Tragam-no de volta’”. Dennis
retornou e ficou cara-a-cara com o capitão de cabelos ruivos. “Havia com ele
um sargento, um homem negro, que segurava uma prancheta. O capitão de cabelos ruivos
então disse: ‘não houve nenhum acidente aqui. Você não viu nada. Não vai voltar para a
cidade e dizer que viu alguma coisa, pois terá sérios problemas’”. Naquele momento,
Dennis ficou muito irritado, ainda mais por ter sido ofendido pelo capitão.
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Thiago Luiz Ticchetti
Mas respondeu ao militar que não poderia fazer nada contra sua pessoa, já
que era um civil, e mandou todos para o inferno. “Essas foram exatamente as
minhas palavras. Lembro-me claramente”, comentou.
O militar de cabelos ruivos então respondeu: “Não brinque consigo
mesmo, meu jovem. Alguém estará recolhendo seus ossos no deserto. Ou você será uma
excelente refeição para os cachorros”. Em seguida, conduziram-no para fora do
hospital, em direção à sua ambulância e seguiram-no até à funerária — tudo
isso acontecia enquanto Brazel checava suas pastagens e encontrou o campo
cheio de destroços metálicos. Ele carregou alguns e foi mostrá-los aos seus
vizinhos mais próximos, Floyd e Loretta Proctor. Loretta disse que o metal
parecia ser extremamente forte, leve e resistente ao fogo. Para a senhora
Proctor, o objeto lembrava plástico, mas era muito mais resistente. O casal
sugeriu a Brazel que alertasse o xerife sobre os destroços. Ele então foi até
Corona e falou com algumas pessoas. Tudo indica que foi com o xerife ou
com militares. Para o fazendeiro, o que havia encontrado podiam ser os
restos de algum tipo de experimento secreto.
No domingo, dia 06 de julho, o fazendeiro fez uma viagem de três
horas até Roswell e mostrou ao xerife do município de Chaves, George
Wilcox, uma caixa cheia dos estranhos objetos metálicos. Mais tarde seria
determinado pelos militares que os destroços eram parte de uma aeronave
acidentada, mas, naquela hora, nem Brazel ou Wilcox sabiam exatamente o
que o fazendeiro tinha encontrado. Sabiam apenas que era algo incomum,
mas não conseguiram identificar a sua origem. Wilcox então decidiu que o
melhor a fazer era alertar os militares e telefonou para o oficial de Inteligência
do 509º Grupamento de Bombardeiro, major Jesse A. Marcel. “Eu estava
almoçando quando recebi o telefonema do xerife dizendo que queria conversar comigo.
Que estava na delegacia um fazendeiro que tinha lhe contado uma história estranha. Em
seguida, disse que tinha encontrado alguma coisa que havia se acidentado e que eles não
sabiam do que se tratava. Achei que deveria investigar melhor aquilo”.
O coronel William Blanchard, do 509° Grupamento aconselhou
Marcel a ir até a cidade para dar uma olhada no que haviam encontrado.
Deveria levar consigo um conhecido seu, que era agente da Contrainteligência. O escolhido foi o capitão Sheridan Cavitt. “Ele dirigia o jipe e eu o
meu carro. Nós seguimos o caminhão do fazendeiro. Chegamos à fazenda ao anoitecer.
Como estava muito tarde para procurarmos algo, decidimos pernoitar por lá”. Quando
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foi entrevistado pelo pesquisador Kevin Randle, Cavitt afirmou que não
tinha estado no local. Apenas mencionou que durante a primeira semana de
julho de 1947 encontrava-se em viagem. Entretanto, quando entrevistado
no final de 1994 pelo coronel da Força Aérea Norte-Americana (USAF),
Richard Weaver, Cavitt confirmou que estava envolvido com o caso, mas
que, entretanto, não tinha dirigido o jipe sozinho até a fazenda. Na verdade,
Cavitt não se lembrava de ter ao menos conhecido Brazel, mas recordavase de que havia se dirigido para o norte de Roswell.
Sem mais nada a fazer, Marcel inspecionou um grande pedaço de
metal que Brazel tinha trazido até o seu celeiro. Em uma entrevista dada
em 1978 para Leonard Stringfield, Marcel comentou que não tinha encontrado sinais de radioatividade no material. Quando viu pela primeira vez os
destroços no campo, estava claro que alguma “coisa” devia ter se chocado
contra o solo. Com Cavitt e Brazel, verificou a área e pôde determinar de
qual direção o objeto veio e para qual se dirigiu. Havia descoberto um
padrão que mostrava onde começavam e onde terminavam as marcas
do impacto do objeto. Eles vasculharam a área toda. Marcel disse que os
pedaços estavam espalhados por uma grande extensão, que estimou em
200 m ou 300 m de comprimento e algumas dezenas de metros de largura.
“Nós encontramos alguns metais e os recolhemos”. Para ele era algo fabricado. “Eu
queria queimar um pedaço daquilo, mas só tinha um isqueiro comigo... Então o acendi
e coloquei embaixo de uma porção, mas o objeto nem sequer ficou escuro”.
Marcel também descreveu estruturas em forma de I, tão sólidas que
não era possível dobrá-las ou quebrá-las, mas que não se pareciam com
metal. “Eu me lembro que tinham uns 6 cm de comprimento por 0,25 cm de espessura.
A maior de todas possuía cerca de 120 cm e não tinha peso algum. Você nem percebia
que estava segurando uma delas”, exclamou. Também contou ao investigador
Stringfield que havia encontrado vários fragmentos metálicos, parecidos com
pergaminhos. Quando questionado se havia marcas nos objetos, respondeu
afirmativamente. Algumas delas eram indecifráveis. “Eu nunca tinha visto nada
igual antes. Não sei se foram decifrados ou não. Ao longo de alguns deles havia pequenos
desenhos de duas cores... Como escrita chinesa. Mas nada com o que você pudesse comparar”.
Cavitt, por outro lado, negou em suas primeiras entrevistas com
os pesquisadores Kevin Randle e Don Schmitt que esteve presente no
local do incidente. Continuou dizendo que não sabia por que Marcel
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Thiago Luiz Ticchetti
tinha dito que estivera em sua presença. Mas quando entrevistado
por um coronel da USAF, Cavitt não só confirmou que havia estado
no local, como também que, no instante em que viu os destroços,
percebeu que eram de um balão. Não explicou, no entanto, porque
nunca havia mencionado isso anteriormente a Marcel, ou então porque
passou um dia inteiro no campo cheio de pedaços de um “balão”.
Marcel disse que ele e Cavitt recolheram o máximo de material que
puderam. Embora tenham carregado muita coisa, a maior parte ainda
ficou espalhada na área. Marcel então mandou Cavitt de volta à base e
retornou ao local do acidente para recolher mais destroços, enchendo
o seu carro. Antes disso, porém, passou em casa.
Contou mais tarde que ficou tão impressionado com os destroços
que quis que sua família também visse aquilo, mesmo que tivesse que
acordá-los. Ficou claro que aqueles pedaços não eram parte de nenhum
tipo de míssil, avião ou balão meteorológico. “Eu nunca vi nada igual. Não
sabia o que estava recolhendo. E ainda não sei... Aquilo não podia ser parte de um
avião ou de um balão, e mesmo que fosse de um balão não poderia ser poroso como era.
Já vi foguetes sendo lançados da Base de Testes de White Sands e definitivamente aquilo
não era parte de um foguete, míssil ou avião”.
Seu filho, Jesse Marcel Júnior, lembra-se de ter sido acordado por seu
pai tarde da noite — sob hipnose, conduzida posteriormente pelo doutor
John Watkins, em maio de 1990, Jesse Júnior contou que estava confuso
por ter sido acordado àquela hora. Ele então se levantou e o seguiu até o
carro, para pegarem uma caixa cheia de fragmentos metálicos. De volta,
pai e filho espalharam os pedaços no chão da cozinha, tentando encaixar
alguns deles, como se fossem um enorme quebra-cabeça. Os objetos tomaram quase todo o piso, desde a porta dos fundos até o corredor. Jesse
Júnior descreveu chapas e vigas em forma de I e alguns pequenos pedaços
que pareciam plásticos, de cor escura, mais finos do que as chapas, só que
muito fortes. Pareciam baquelite [Nome comercial de um plástico termofixo obtido
pelo aquecimento, sob pressão, de uma mistura de fenol e formol].
Enquanto tentavam juntar as peças, a esposa de Marcel, Viaud,
pegou uma das pequenas vigas e comentou: “Tem alguma coisa escrita
nisso”. Sob hipnose, Jesse Júnior relatou que aquilo era de cor púrpura, estranha, com formas geométricas, como círculos. Os símbolos
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eram brilhantes e pequenos, menores do que uma unha. Havia várias
figuras separadas. Para ele, era um disco voador. “Eu perguntei ao meu
pai o que era um disco voador, pois não tinha conhecimento”.
Quando acabaram de examinar o material, Jesse Júnior ajudou seu pai
a colocá-los de volta na caixa e de novo no carro. Marcel estava pronto para
retornar à base. Ao chegar, encontrou-se com Blanchard e mostrou-lhe os destroços, explicando-lhe que não conseguiu identificar qual era a sua origem. Na
manhã do dia 08 de julho, o coronel Blanchard mandou-o para Roswell, para
conversar com o general Ramey, comandante da 8ª Força Aérea. “O comandante
disse-me para voar até o Campo Aéreo de Wright-Patterson, em Ohio, mas, chegando lá,
não encontrei o general Ramey”. Segundo Robert Porter, tripulante do voo para
Fort Worth, só havia quatro pequenas caixas no avião. A tripulação fez a préchecagem do voo em um B-29 e um carro trouxe o material. A caixa maior
tinha 120 cm de comprimento por 10 cm espessura e uma forma triangular.
As outras três possuíam o tamanho de caixas de sapato e eram muito leves
— uma vez que elas já estavam dentro do avião, a tripulação foi impedida de
se aproximar do compartimento de bagagens.
Ao chegarem à Base Aérea do Exército em Fort Worth, Porter
e outro recruta receberam ordem para permanecer no avião até que
soldados se postassem. Quando isso foi feito, a tripulação foi liberada
para o almoço. Em seguida, as caixas foram transferidas para um avião
B-25, que partiu para a Base Aérea de Wright Field. Quando Porter
e os outros militares voltaram ao avião, disseram-lhes que dentro da
caixa havia pedaços de um balão meteorológico, mas que não deviam
comentar com ninguém sobre o voo. Walter Haut, oficial de relações
públicas da Base de Roswell, ao conversar com Marcel anos depois do
evento, disse-lhe que ele tinha levado alguns pedaços dos destroços
até o escritório de Ramey, para que ele desse uma olhada. O material
foi colocado em cima da mesa do general. Ele então pediu para que
Marcel mostrasse o local exato da área do acidente, depois os dois
foram até uma sala no final do corredor. Quando retornaram, os
destroços que estavam em cima da mesa tinham sumido e um balão
meteorológico encontrava-se espalhado no chão. Algumas fotos de
Marcel ajoelhado próximo aos restos do balão foram tiradas pelo
major Charles A. Carson, relações públicas de Fort Worth.
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Thiago Luiz Ticchetti
Marcel deixou o escritório por alguns minutos. Enquanto estava fora,
o repórter do jornal Fort Worth Star Telegram J. Bond Johnson entrevistou o
general Ramey. De acordo com Johnson, “... eu posei com Ramey ao lado dos
destroços. Naquela hora ele me disse que o que foi encontrado não era um disco voador e
sim um balão meteorológico”, afirmou o repórter. Johnson é o autor de quatro
fotografias do episódio, divulgadas pelo mundo todo. De volta à redação do
jornal, ele escreveu a história, que foi publicada no dia seguinte. No último
parágrafo aparecia: “Depois de ver os destroços, Ramey declarou que aquilo era um
balão meteorológico. O oficial meteorológico confirmou isso”. No final daquela noite,
Ramey deu uma entrevista coletiva sobre o evento. Embora Marcel estivesse
presente, ele foi impedido de falar sobre o assunto. Os repórteres queriam
entrevistá-lo, mas somente o general comentou sobre o episódio.
Presente à coletiva também estava o subtenente Irving Newton, um
oficial de meteorologia da Base Aérea do Exército em Fort Worth. Ele ficou
sozinho na sua sala quando Ramey mandou que viesse ao seu escritório.
Newton comentou que havia sido solicitado a ele que identificasse os destroços espalhados no chão e que fora alertado por um coronel de que “... o
pessoal de Roswell acha que encontraram um disco voador, mas o general acredita que seja
um balão meteorológico. Ele quer que você dê uma olhada nisso”. Newton chegou e
encontrou um balão espalhado no chão. Estava quase totalmente destruído.
“O general Ramey perguntou-me o que achava que era e eu lhe respondi. Parecia que queria
ridicularizar Marcel por não ter conseguido identificar um simples balão”.
Depois que Newton identificou os destroços, Ramey ordenou que
um voo especial fosse cancelado. Ninguém deveria ir para a Base Aérea de
Wright Field. Ainda assim, soube-se que um documento do FBI, datado
do dia 08 de julho, relatava que um “disco e um balão estão sendo transferidos
para Wright Field, em um voo especial”. O documento também revelava que
o major Curtin Kirton havia informado que o objeto se assemelhava a
um balão meteorológico para grandes altitudes, com um refletor de radar.
Com o final da coletiva para a imprensa, Marcel foi dispensado e mandado de volta a Roswell. Embora Ramey tivesse cancelado o voo especial,
aparentemente houve outros voos para Wright Field. O local era, à época,
o centro dos laboratórios e locais de pesquisas das forças armadas. Se
fosse descoberta alguma coisa incomum, aquele era o lugar ideal para os
cientistas a estudarem. O general Arthur Exon afirmou que os destroços
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FOX
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O impressionante Caso Roswell é até hoje um dos mais importantes fatos da
Ufologia Mundial, suplantado apenas pelo Caso Varginha, ocorrido no Brasil,
em 1996, e discutido mais à frente nesta obra
foram, sim, para Wright Field. Ele servia na base como tenente-coronel
e lembrava-se dos voos que chegavam a toda hora naquela data. A ideia
de que o balão seria o acobertamento surgiu com o general brigadeiro
Thomas DuBose. Em julho de 1947, DuBose era o comandante do 8ª
Comando da Força Aérea. “Aquilo foi uma história para acobertar o caso. Era
a que queríamos que o público e a imprensa acreditassem”, afirmou.
Os militares tentaram convencer a imprensa de que o objeto encontrado próximo a Roswell não era nada mais do que um balão, mas os oficiais
que estavam a cargo disso na época confirmaram que tudo não passava de
uma grande mentira. Os militares em Roswell também tentaram enterrar os
fatos. Frank Joyce, repórter da estação de rádio KGFL, de Roswell, falou com
Brazel no domingo, após encontrar os destroços. Ele não revelou o conteúdo
da conversa, mas afirmou que não era a primeira vez que discorriam sobre
o incidente. No entanto, a conversa que tiveram na primeira e na segunda
vez teve um tom bem diferente desta última.
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Thiago Luiz Ticchetti
Joyce contou que Brazel fora até a estação de rádio à noite escoltado
por militares. Enquanto esperavam do lado de fora, Brazel entrou na sala
de rádio onde Joyce estava trabalhando. Por um momento não disse uma
palavra. Ele se agachou e apoiou as costas na parede. Para Joyce, Brazel
estava muito estressado. Apenas disse que se não cooperasse, as coisas
não sairiam bem. Depois contou a sua nova versão, agora envolvendo o
balão e os membros da sua família, que também tocaram nos destroços.
Joyce articulou que essa história não era a mesma que ele havia contado
anteriormente, mas Brazel insistiu nessa nova versão.
Depois de longos minutos antes de deixar a sala de rádio, ele
finalizou: “Sabe daquela história que as pessoas falam sobre homenzinhos verdes?
Bem, eles não são verdes”. E foi embora. Os militares não estavam contentes
em só controlar as pessoas envolvidas diretamente com o incidente. Eles
começaram uma campanha para silenciar as testemunhas civis também.
No dia 07 de julho, o xerife George Wilcox dirigiu-se até a casa do pai de
Dennis Glenn. Wilcox disse que Glenn tinha se metido em problemas na
base. Ele não sabia o que Dennis havia feito, mas certo sargento o havia
informado na delegacia, e Wilcox deveria alertar seu pai para conversar
com o filho, a fim de manter a boca fechada. Quando o pai lhe perguntou
o que havia acontecido, Glenn alegou que não tinha feito nada. Então
seu pai mencionou que um sargento negro havia lhe perguntado sobre
seus irmãos e irmãs. Ele foi o único a fazer ameaças contra a sua família. Barbara Dugger, neta do xerife Wilcox, também comentou sobre as
ameaças que a família de seu avô havia sofrido.
Pelo conhecimento do público, Wilcox não teve muito envolvimento
com o caso e nem tinha visto nada. Marcel disse que Wilcox só havia ligado
para a base naquela data. Mas Dugger sugeriu que ele sabia algo mais. Em
uma entrevista realizada em março de 1991, Barbara contou que sua avó havia
lhe relatado uma intrigante história no início dos anos 70. O xerife havia sido
chamado para uma área ao norte de Roswell — não no lugar dos destroços,
mas mais perto da cidade, onde os corpos e a nave foram encontrados. Ela
afirmou que seu falecido avô fora testemunha de tudo. “Ela me pediu para
não contar para ninguém, então perguntei se minha mãe sabia de alguma coisa, mas ela
respondeu que não”. Barbara também comentou que seus avós foram ameaçados
de morte pelos militares, tal como a família de Glenn.
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Outro episódio semelhante ocorreu naquele ano, desta vez com Frank
Rowe, de apenas 12 anos. Seu pai era tenente dos bombeiros e, certo dia,
estava na garagem do Esquadrão quando um grupo de homens apareceu
com um pedaço de metal. Seu pai então falou: “Amigos, vocês não vão acreditar
no que trouxemos. E tirou do seu bolso um pedaço de metal. Era áspero. Todos tentaram
cortá-lo, queimá-lo ou arranhá-lo, mas ninguém conseguiu”. A parte mais importante
da história de Frank aconteceu alguns dias depois, quando ela estava em casa.
Naquele dia, toda a família estava reunida quando militares apareceram. Eles
mandaram Suzy, Donnie e Pat para fora e perguntaram à sua mãe quem tinha
sido a menina que estava no Corpo de Bombeiros no dia em que seu pai
havia chegado com o objeto. Sua mãe apontou para Frank. Um dos soldados
levou as outras crianças para fora e mãe e filha ficaram sentadas no sofá. “Ele
não mediu suas palavras. Disse que poderia nos levar para o deserto e ninguém nunca
mais iria nos encontrar. Ou havia outra opção: poderia nos mandar para Orchard Park
ou Artesia, nos campos de prisioneiros japoneses”.
Voltando à história de Glenn Dennis, depois que ele ouviu as ameaças
dirigidas a seu pai, não se intimidou mais, e enquanto o xerife visitava seu pai
foi até o hospital da base para obter maiores informações. Ele encontrou
uma enfermeira conhecida e perguntou-lhe se poderiam se encontrar mais
tarde para conversar. A enfermeira ligou marcando um encontro no clube
dos oficiais. Eles conversaram por algum tempo, quando então ela disse a
Dennis: “Quero lhe contar o que está acontecendo, mas você tem que prometer que nunca vai
relatar para ninguém, ou terei problemas. Não acredito no que vi. É a coisa mais horrível!”
Dennis mencionou que a enfermeira sempre levava consigo um bloco de
anotações e que em uma folha desenhou o que tinha visto. Naquele dia, ela
estava trabalhando no hospital e resolveu entrar em uma sala de exames para
pegar alguns medicamentos. Quando abriu a porta, viu dois médicos nunca
antes notados no hospital. Um deles lhe falou: “Fique aqui, vamos precisar de
você”. Lá dentro ela sentiu um cheiro horrível. “Os médicos examinavam três corpos
‘estrangeiros’”, foi o termo utilizado pela enfermeira — dois deles estavam em
péssimo estado, mas um parecia que havia sobrevivido ao acidente e estava
inteiro. Parecia ter morrido aparentemente depois da queda.
Estava difícil permanecerem na sala por causa do cheiro. Os médicos
trabalhavam nos corpos com a ajuda da enfermeira, mas ela teve que retirar-se,
pois não estava sentindo-se bem. Eles reagiram da mesma forma, colocaram
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os corpos em sacos mortuários e saíram. A descrição dos seres era a seguinte: eram magros, cumpridos e finos. A anatomia do braço era diferente da
dos humanos. A distância entre o pulso e o cotovelo era maior do que do
cotovelo ao ombro. Ela tinha visto só quatro dedos nas mãos, pequenos e
estreitos. Quando os médicos viraram uma das mãos, a enfermeira disse não
ter observado polegares. Na ponta dos dedos havia pequenas almofadas de
sucção, assim como nos tentáculos dos polvos.
Os ossos não se pareciam com os dos seres humanos, pois eram muito
frágeis e pareciam cartilagem. A cabeça de um deles era maior do que a nossa.
Como se sabe, a cabeça humana expande-se quando exposta ao calor extremo,
mas não havia evidências de que esses corpos tinham sido expostos ao fogo.
Os olhos eram bem fundos, o nariz não era convexo, mas sim côncavo, com
dois pequenos orifícios. Não havia orelhas, mas dois pequenos buracos em
um dos lados da cabeça e dois lóbulos que pareciam proteger os “ouvidos”.
Nada que se assemelhasse a uma orelha humana. A boca era um pequeno
traço, muito fina. Os ossos da cabeça eram muito flexíveis, parecidos com
a moleira de uma criança recém-nascida.
Dennis perguntou à enfermeira se eles eram machos ou fêmeas. “Não
prestei atenção nisso, pois estava muito enjoada”, respondeu. Para ela, os médicos
deviam saber alguma coisa, mas simplesmente não deu atenção a este detalhe, pois saiu da sala antes que chegassem nessa parte — ela acredita que
talvez eles nunca tenham tentado determinar o sexo das criaturas. Dennis
fez várias perguntas à enfermeira, mas ela não sabia todas as respostas.
Ela não viu nenhuma roupa e não sabia se os seres estiveram em algum
momento vestidos. Continuava dizendo que estava enjoada, razão de seu
afastamento do local. “Ela estava em estado de choque. Dizia o tempo todo que
‘eles eram muito horríveis’. Nem tocou na comida”.
Eles conversaram mais alguns minutos, tempo em que a enfermeira
desenhou um esboço dos alienígenas. Depois, ela disse que tinha que voltar
para o hospital, que estava passando muito mal e precisava se deitar. Dennis a acompanhou até a saída do clube dos oficiais e ficou observando-a
entrar no alojamento. Essa foi a última vez que viu sua amiga. Três meses
depois, o rapaz recebeu uma carta da moça, na qual a amiga mencionava
que estava trabalhando em uma base norte-americana na Inglaterra, e pedia
para que ele lhe escrevesse sempre que pudesse. Depois de enviar várias
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correspondências e não receber resposta, Dennis conseguiu a informação
de que a enfermeira tinha morrido em um acidente de avião com outras
cinco colegas, em algum lugar do Reino Unido.
Outro detalhe extremamente estranho tem relação com um voo
especial ocorrido no dia 09 de julho. Segundo Robert Slusher, tripulante
do referido voo, naquele dia a tripulação teve somente alguns minutos
para se preparar para a decolagem. Um contêiner de madeira foi colocado
a bordo do avião para ser transportado para a Base de Fort Worth. Ninguém, a não ser Felix Martucci, o artilheiro do B-29, estava autorizado a
olhar para o compartimento de bombas. Na verdade, os outros membros
da tripulação não podiam sequer se aproximar do compartimento. De
acordo com Slusher, esse procedimento não era normal. As circunstâncias
que rodearam o voo é que o tornam especial. Quando aterrissaram em
Fort Worth, havia um comitê de recepção na pista de pouso, que incluía
vários oficiais da 8ª Força Aérea. Existem especulações de que os corpos
dos alienígenas estavam dentro do mencionado contêiner. Martucci reconheceu um dos membros do comitê — era um “papa-defunto”. Enquanto
retornavam a Roswell, Martucci comentou: “Nós vamos entrar para a história”.
O problema é que os corpos alienígenas saíram de Roswell no dia 09 de
julho. De acordo com Frank Kauffmann, membro do 509º Batalhão, os
corpos tinham sido levados dois dias antes, em dois aviões diferentes.
Eles teriam ido para a Base Aérea do Exército em Andrews, Washington,
para que os altos oficiais do governo e Forças Armadas pudessem vê-los.
Depois seguiram para Wright Field. O general Exon sugeriu que alguns
deles fossem levados para Denver, Colorado.
Mesmo que o comentário de Slusher seja apenas uma brincadeira,
isso mostra quão importantes foram os eventos acontecidos em Roswell.
Se tudo o que fora encontrado se referia a um balão meteorológico, por
que tantos voos decolaram de Roswell? Por que tantas precauções com
um simples voo, com guardas armados e um comitê de recepção? Obviamente o Exército estava esperando algo muito importante. Uma vez que
o contêiner foi enviado para outro lugar, Marcel retornou para Roswell
na mesma noite. Quando chegou em casa, disse à mulher e ao filho para
não comentarem mais sobre o assunto. Eles deveriam esquecer o que
havia acontecido. Mas Marcel não estava satisfeito com o desfecho da
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história. Ele sabia que o que tinha encontrado na fazenda de Brazel não
era um balão meteorológico. “Eu sabia muito bem sobre tudo o que estava nos
céus naquela época, não somente sobre as armas norte-americanas, mas também de
outros países, e ainda acredito que aquilo não era da Terra”, comentou. Marcel
não foi o único a sentir-se assim. O general Exon também comentou,
anos mais tarde, que os destroços eram de algo não construído na Terra.
“Roswell foi o resgate de uma nave espacial”, finalizou.
Marcel voltou para a base e encontrou-se com Cavitt e o sargento
Lewis Rickett no escritório da Inteligência. Marcel aproximou-se de
Cavitt e perguntou-lhe se tinha preparado o relatório. Cavitt respondeu
que sim, mas que não poderia vê-lo. Aquela atitude deixou Marcel furioso, o que lhe compeliu a dizer: “Eu te ordeno que me mostre o relatório”.
Cavitt respondeu que tinha recebido ordens diretas de Washington
e que se Marcel não estivesse satisfeito, que tomasse as providências
necessárias contra aquilo. Marcel nada podia fazer. Essa foi a última
vez que ouviu falar sobre os destroços. Nunca ficou sabendo nada a
respeito dos corpos dos seres descritos pela amiga enfermeira. Se o
coronel Blanchard sabia de algo, não lhe foi revelado.
Mas aquela não foi a última vez que se ouviu falar dos intrigantes
pedaços metálicos. Dois anos depois do incidente, Bill Brazel, filho do
homem que encontrou os destroços, disse que havia descoberto pequenos pedaços daquilo em sua propriedade. Mostrou alguns deles para seus
vizinhos, incluindo Sally Tadolini — ela se lembra até hoje de que era uma
porção pequena, e que quando a amassava, voltava à sua forma original.
Infelizmente, Bill não guardou os objetos. Militares foram até a sua casa e
disseram que seu pai tinha feito um grande favor para os Estados Unidos
e que seu filho deveria seguir o mesmo exemplo. Depois daqueles dias de
julho de 1947, o acidente não foi mais discutido pela imprensa mundial.
Somente 30 anos depois, quando o corajoso Jesse Marcel veio a público
contar a sua história, o mundo novamente deu atenção ao maior acobertamento já feito por uma nação em relação aos UFOs.
Em novembro de 2014, durante um painel de discussão patrocinado
pela Universidade Americana, nos Estados Unidos, o ufólogo Thomas Carey, que desde 1991 tem pesquisado o Caso Roswell, afirmou ter recebido
alguns slides Kodachrome que mostravam um ser alienígena deitado em um
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invólucro de vidro. Carey também disse que estava planejando publicar os
slides no início de 2015, mas a apresentação acabou ocorrendo apenas em
05 de maio deste ano. Segundo ele, tudo começara em 1998, quando a filha
de um amigo de Alam Dew, cinegrafista e repórter esportivo, ao limpar uma
casa na cidade de Sedona, no Arizona encontrou, entre várias coisas antigas
guardadas no porão da residência, uma caixa com vários slides Kodachrome — por ter achado interessante manter consigo o achado, guardou-o na
garagem de sua própria casa e esqueceu-se dele.
Em 2008, a mulher estava de mudanças e, ao limpar a garagem, encontrou a caixa, que, devido à umidade, estava desmontando. Ela olhou as
imagens e achou que seria interessante mantê-las, uma vez que havia fotos
de artistas famosos como Clark Gable e Bing Crosby, além de algumas fotos
do então já falecido presidente Dwight Eisenhower, batidas bem de perto.
Sem saber o que fazer com os slides, ela falou com seu pai que, então, colocou-a em contato com Dew, que adquiriu as fotos. O interessante para nós,
entretanto, é que quando a tampa da caixa quebrou, mais alguns slides caíam
dela. Diferentemente dos outros que mostravam cenas de viagens, paisagens
e pessoas famosas, esses tinham imagens perturbadoras.
“As imagens mostravam um extraterrestre. Ele também descreveu um ser
com cabeça de inseto, medindo entre três e 4 m de altura. A cabeça estava cortada e
parecia ter havido uma autópsia parcial. As vísceras foram retiradas e acreditamos
que o cadáver foi embalsamado, pelo menos no momento em que esta foto foi tirada”,
disse Carey, referindo-se às informações recebidas de Dew.
O apresentador e jornalista mexicano Jaime Maussán começou a investigar o caso e após o relatório de três cientistas forenses bateu o martelo:
as imagens mostravam realmente um ser não terrestre, possivelmente um dos
alienígenas resgatados da queda do UFO em Roswell. No dia 05 de maio de
2015, data em que o México comemora a vitória na Batalha de Puebla, mais de
6.000 pessoas pagaram 20 dólares cada para estarem presentes no auditório.
Quando a imagem foi mostrada, um misto de espanto e decepção estampou o
rosto dos presentes, entre eles os pesquisadores convidados, Donald Schmitt,
Tom Carey, Richard Dolan. Segundos depois a internet repercutia, de forma
negativa, todo evento — aquela imagem não era de um ser extraterrestre,
mas sim de uma múmia. Por meses houve uma verdadeira corrida para se
descobrir que múmia era aquela. Por fim, chegou-se à conclusão de que as
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fotos eram na verdade de uma criança indígena mumificada que por anos
foi exibida no Museu do Parque Nacional de Mesa Verde, no Colorado.
Todos os envolvidos no Caso Kodachrome, como o episódio
ficou conhecido, voltaram atrás em suas conclusões e se renderam aos
fatos, com exceção de Maussán. O que seria a prova derradeira do Caso
Roswell foi enterrada. Entretanto, esse fato não arranhou um milímetro
sequer a crença de que o que caiu naquele mês de julho de 1947 foi
certamente um objeto voador extraterrestre, posteriormente capturado
pelo governo dos Estados Unidos em uma das maiores operações de
acobertamento que se tem notícia até hoje.
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