1 ATIVIDADE DOCENTE NO CURSO TÉCNICO EM ENFERMAGEM: UM RELATO DE EXPERIÊNCIA Mirian Lúcia Dutra de Campos1 Patrícia Bitencourt Toscani Greco2 Introdução: Conforme a Lei de Diretrizes e Base (LDB) nº 9.394, de 20 de dezembro de 1996, a educação abrange todos os processos de formação desenvolvidos na vida familiar, na convivência humana, no trabalho, nas instituições de ensino e pesquisa, nos movimentos sociais, organizações da sociedade civil, nas manifestações culturais, e a educação escolar deverá vincular-se ao mundo do trabalho e a prática social, sendo que ela ocorre predominantemente em instituições próprias. O estado e a família têm dever de oferecer a educação baseada em princípios de solidariedade e liberdade, tendo como objetivo o desenvolvimento do educando pautado no exercício da cidadania e sua qualificação para o trabalho1. Nesse sentido as Diretrizes Curriculares Nacionais do curso Técnico em Enfermagem conforme sugerido nos documentos oficiais (Parecer CNE/CEB 16/99 Resolução CNE/CEB 04/99). Voltadas para a construção de competências, com a capacidade de mobilizar, articular e colocar em ações valores, conhecimentos habilidades necessárias para o desempenho eficiente e eficaz de atividades requeridas pela natureza do trabalho2. Possibilitando assim a formação profissional para o exercício de técnico em enfermagem contribuindo para uma atuação, com senso de responsabilidade social e compromisso com a cidadania, como promotor da saúde integral do ser humano 3. Para contemplar as Diretrizes Curriculares nacionais do Técnico em Enfermagem, a aprendizagem e a posição que o professor deve assumir uma relação com aluno pautada no respeito mútuo, na confiança, na percepção do aluno como ser integral, que possa perceber a si e ao outro, e como consequência exercer melhor seu papel como profissional de Técnico em enfermagem 4. Então cabe ao professor buscar correntes que orientem sua prática pedagógica, e determinem o modo de ensinar e aprender, sendo necessário o professor refletir sobre a sua prática, questionando-se de qual modo se aproxima sua prática pedagógica5. Nesse sentido este trabalho tem o objetivo de apresentar o relato de experiência da aplicação do ensino libertador nas atividades práticas em um curso técnico em enfermagem. Metodologia: Trata-se de um relato de experiência pautado na relação docente discente em atividade prática do curso técnico em enfermagem. Esse curso técnico em enfermagem tem uma duração de 18 meses distribuídos em aulas teórico-práticas e estágio supervisionados, onde para possibilitar um primeiro contato com os cenários de atuação são realizadas visitas nas diversas instituições de saúde do município. As práticas hospitalares são realizadas no hospital do município. Os alunos cumprem uma carga horária de 70h no período dez dias, após terem concluído o módulo teórico conforme ementa da instituição. Já no local da prática, os discentes discutem o manual onde constam informações sobre: ética, uso do uniforme, apresentação pessoal, alimentação, material de bolso, horário de chegada e término das práticas. Discussão: As práticas de ensino possuíam uma tendência pedagógica centrada no conhecimento do professor, tendo este como detentor do saber conforme 6, porém nessa tendência pedagógica o professor torna-se limitador de conhecimentos, e do próprio sujeito discente. Da forma como foi organizado o programa de atividades práticas 1 Enfermeira. Coordenadora do Curso Técnico em Enfermagem da Escola da Universidade Integrada do Alto Uruguai. Santiago. Rio Grande do Sul. Brasil. 2 Enfermeira. Mestranda do Programa de Pós-Graduação em Enfermagem da Universidade Federal de Santa Maria. Rio Grande do Sul. Brasil. 2 dessa instituição, ele proporciona um momento de discussão entre docentes e alunos no que diz respeito às normas de atividades prática. As práticas hospitalares apresentam-se como importante cenário para efetiva integração entre a teoria e a prática e docente discente, estabelecendo assim a troca de saberes e a reflexão a cerca do cuidado. Essa troca de saberes proporciona a busca de soluções adequadas para a resolução de problemas acreditando assim no potencial de um aluno transformador da realidade. Desta forma o aluno compromete-se a um cuidado embasado no compromisso na ética e responsabilidade, tornando assim suas práticas de campos de estágio uma proposta de mudanças de o próprio ser e assim contribuindo para um cuidado humanizado. No ensino libertador/criativo, o aluno assume postura ativa, capaz de assumir responsabilidades e ser autossuficiente. Além disso, há o diálogo aberto, onde muitas respostas surgem das experiências, e alunos e professores avaliam o trabalho e as atitudes uns dos outros 5. O processo da educação ocorre por meio da aquisição, trocas e reconstrução de conhecimentos entre sujeitos. Usuários, cidadãos, profissionais, técnicos, todos são portadores de saberes diversos, advindos de um complexo aprendizado social 6.. Considerações finais: A utilização do ensino libertador como prática docente possibilita a participação ativa dos discentes na construção do conhecimento e de sua identidade profissional. Assim as instituições formadoras possuem papel importante na sensibilização dos docentes no sentido de valorizar os conhecimentos, experiências, valores advindos do mundo dos discentes. Referências 1. Brasil Leis e Decretos. Lei nº 9394/96. Diretrizes e Bases da Educação Nacional. Porto Alegre: CORAG. Assessoria de Publicações Técnicas. 6 ed. 2006. 2. Brasil Ministério da Saúde. Secretária de Formação e Desenvolvimento Profissional (SEFOR). Habilidades, questão de competências? Brasília: SEFOR, 1996. mimeo. 3. Brasil Conselho Nacional de Educação. Câmara de Educação Superior. Resolução CNE/CES 3/2001. Diário Oficial da União, Brasília, 9 de Novembro de 2001. Seção 1, p. 37. Disponível em: http://portal.mec.gov.br/cne/arquivos/pdf/CES03.pdf. Acesso em 15 de junho de 2010. 4. Esperidião EH. Só na teoria: a trama dos sentimentos do acadêmico de enfermagem sobre sua formação. [Dissertação]. Ribeirão Preto (SP): Escola de Enfermagem de Ribeirão Preto-SP/ USP; 2001. 5. Reibnitz KS, Prado ML. Em busca de metodologias ativas: possibilidade e desafios da metodologia problematizadora. In: Reibnitz KL. Inovação e educação em Enfermagem. Florianópolis: Cidade Futura, 2006. p.223-239. 6. Moraes CAM. Enfermeiro Educador, Enfermeiro Professor: Formação e Prática Educativas/ Carlos Alberto Martins de Moraes – Campinas, SP: [S,N], 2004 Palavras- chave: Educação, Enfermagem, Ensino libertador.