Vá Brincar Lá Fora Por Jack Penland, Brain & Psychology, 16 de março de 2009 Sentindo-‐se como se estivesse sofrendo de esgotamento cerebral e incapaz de se concentrar? Os psicólogos agora descobriram que dispender certo tempo interagindo com a natureza, mesmo com o tempo frio, pode tornar-‐lhe um tanto mais inteligente. A Mãe Sabe o que é Melhor Será que você está sentindo a pressão do trabalho? Você perdeu o foco e a sua mente sente-‐se tão afiada quanto aquelas réguas de madeira que você usava no primário? Os cientistas têm um conselho para você. Conselho este que, na verdade, sua mãe já lhe disse há muito tempo atrás: Vá brincar lá fora. Ocorre entretanto que a sua mãe estava apenas parcialmente correta. John Jonides, professor de psicologia e neurociência da Universidade de Michigan, e o estudante de graduação Marc Berman acrescentam um grande porém a esse conselho: uma caminhada na natureza aguça a mente, mas uma caminhada na cidade não. Esses dois pesquisadores descobriram isso fazendo um experimento publicado na revista Psychological Science. Eles deram a voluntários testes de memória e atenção, e em seguida pediram para que saíssem numa caminhada. Em alguns casos esses voluntários foram instruídos a caminhar nas dependências urbanas da universidade, em Ann Arbor, e em outros foi pedido que caminhassem por um arboreto situado nas proximidades. Berman diz que esses voluntários foram então novamente submetidos a testes de memória e atenção, e verificou-‐se que “quando os participantes retornaram da caminhada na natureza, eles mostravam 20% de melhora nos testes, mas não indicavam qualquer melhora quando voltavam das caminhadas urbanas”. Mas por que essa diferença? Isso tem a ver com algo chamado “Teoria da Restauração da Atenção”. Essa teoria diz que todos nós temos dois tipos de atenção. Atenção direcionada é aquela com a qual quando prestamos atenção a alguma coisa porque precisamos fazê-‐lo – como no trabalho, ou na escola, ou em algo que requeira muita concentração. Só que esse tipo de atenção acaba eventualmente nos cansando, frequentemente perdemos o foco e precisamos de uma pausa. O outro tipo é o que se chama de “atenção involuntária”. Essa modalidade captura a sua atenção simplesmente porque interessa a você. O que é interessante pode variar de pessoa a pessoa, mas conforme diz Berman, “você não ouve muita gente dizer: ‘Cara, eu realmente fiquei cansado olhando para aquela cachoeira! ’” Berman ainda acrescenta: “A ideia por trás dessa teoria é que quando você está num ambiente rico com estimulação inerentemente interessante, isso irá ativar a atenção involuntária e permitir que a atenção direcionada descanse”. 1 Mas uma caminhada urbana pode ter um monte de coisas interessantes, então por que ela não funciona? Responde Jonides: “Quando você está caminhando num ambiente urbano você precisa ter cuidado para não ser atropelado, você tem que atentar para não esbarrar em alguém andando na mesma calçada que você”. Em outras palavras, seu cérebro ainda está no modo de trabalho. Mas numa caminhada na natureza, diz Berman, “tipicamente não há esse estímulo de distração, de modo que a pessoa pode ‘desfocar’ por assim dizer, ou vaguear a mente”. Embora os pesquisadores tenham testado somente uma caminhada na natureza versus na cidade, poderiam existir outras formas de desfocar temporariamente. Berman nota que “um museu pode ter efeitos similares”, porque há um estímulo interessante sem distrações “com as quais você precisa ser vigilante”. Pode-‐se cogitar que os voluntários foram melhores nos testes porque a caminhada os colocou num melhor humor, mas os pesquisadores também testarem o humor dos voluntários antes e depois das caminhadas, e descobriram que não houve correlação com os resultados. De fato, os pesquisadores também testaram esses mesmos voluntários em todos os tipos de clima, desde prazerosos verões até os ásperos invernos de Ann Arbor. Conta Berman: “quando as pessoas caminharam no frio do inverno elas desfrutaram da mesma melhora (cognitiva) do que no tempo quente do verão. Elas apenas não desfrutaram das caminhadas tanto quanto”. Mas e se você não puder ir lá fora? Os pesquisadores fizeram um segundo experimento em que as pessoas ficaram quietas simplesmente olhando para fotografias. Assim como nas caminhadas, quando as fotos eram de natureza, os resultados cognitivos foram melhores, mas quando os voluntários observaram apenas paisagens urbanas, não houve aprimoramento. Berman diz que isso tem implicações para os planejadores e arquitetos, “em termos de como eles estão desenhando os ambientes de moradia”, ou para aqueles que projetam ambientes de trabalho visando a que os mesmos “aumentem a produtividade de seus empregados”. http://www.sciencentral.com/video/2009/03/16/go-‐play-‐outside/ 2