Atividades grupais com estomizados intestinais definitivos ATIVID ADES G RUP AIS DE P OR TADORES TIVIDADES RUPAIS ORT DE E STOMA INTESTINAL D EFINITIVO: A BUSC A DA ACEIT AÇÃO BUSCA CEITAÇÃO GROUP ACTIVITIES OF PATIENTS WITH DEFINITIVE INTESTINAL STOMAS: THE SEARCH FOR ACCEPT ANCE CCEPTANCE Adriana Pelegríni dos Santos Pereira* Nilza Teresa Rotter Pelá** RESUMO: Este trabalho objetivou conhecer as razões que levam os estomizados intestinais a freqüentarem um grupo de discussão em um ambulatório. Participavam da reunião 19 adultos portadores de um estoma intestinal definitivo. É um estudo de natureza qualitativa, exploratória e descritiva, realizado em hospital ambulatório escola, na cidade de São José do Rio Preto-SP, em 2004. A coleta dos dados ocorreu através de observação participante, cujo discurso foi orientado pela questão: O que vieram buscar no grupo? A discussão foi gravada, transcrita e examinada segundo análise de prosa. Da análise desses registros emergiram temas e tópicos. São razões para participar desse grupo de discussão: buscar conhecimentos, bem-estar e criar vínculos com pessoas na mesma situação, no caso, o estoma intestinal. Conclui-se que o grupo é considerado pelos clientes um espaço social, no qual trocam experiências, buscam novidades, distração, companheirismo, cumplicidade e aceitação da sua condição. Palavras-chave: Grupo de apoio; colostomia; enfermagem; comunicação. ABSTRACT ABSTRACT:: The aim of this work was to discover the reasons that lead ostomated patients to attend to a group of discussion in a hospital school. Nineteen adults with permanent colostomy used to attend to the meeting. It’s a qualitative, exploratory and descriptive study, accomplished in São José do Rio Preto, SP, Brazil, in 2004. Data were obtained by means of participant observation, guided by the question: What do you seek in this group? The discussion was recorded, transcribed and analyzed according to speaking approach. From the speech analysis, themes and topics have emerged. The reasons that lead the colostomy patients to participate in that group of discussion were: seeking knowledge, well being and being in contact with people who are in the same situation, is this case, colostomy. The group is considered by its components as a social space in which they exchange experiences and seek novelties, distraction, companionship, complicity and acceptance of their condition. Keywords: Self-help group; colostomy; nursing; communication. I NTRODUÇÃO A abertura de um estoma intestinal é a cau- sa responsável por determinar mudanças nítidas no estilo de vida de seus portadores, devido às alterações que ocorrem no seu esquema corporal, à perda de controle de eliminações e à necessidade de dispositivos para coletar as fezes1. Revela-nos a história da humanidade que há milênios incorporamos em nosso elenco de conhecimento a idéia segundo a qual o único local por onde se deve exteriorizar o trato intestinal é o períneo2, e que um ânus artificial visível no abdome é repugnante para a própria pessoa e para os outros3. A perda do controle da eliminação de fezes e gases, condição essencial para a vida em sociep.574 • R Enferm UERJ, Rio de Janeiro, 2006 out/dez; 14(4):574-9. dade, pode acarretar o isolamento psicológico e social, baseado em sentimentos negativos que permeiam as relações interpessoais. Essas pessoas deparam-se com a mutilação de sua imagem corporal e auto-estima, com sentimentos de repugnância de si mesmas, de desprestígio diante da sociedade e de não serem capazes de enfrentar tal situação4. Essas mudanças levam os pacientes portadores de um estoma intestinal a enfrentarem dificuldades de inserir-se socialmente após a cirurgia, pois a reinserção social acaba tornando-se um desafio para o estomizado na medida que a confecção de um estoma representa e supõe uma Pereira APS, Pelá NTR agressão à integridade física e psíquica com severas repercussões nos planos da imagem corporal e autoconceito5. Diante dessa situação, entendemos que uma das formas de inserção do estomizado na sociedade é incluí-los em atividades grupais, pois percebemos, na atualidade, a necessidade da grupalidade em quase todos os tipos de ambientes e situações em que convivemos. Compartilhamos com Munari e Rodrigues6 quando afirmam que o trabalho de grupo consiste em um espaço onde a solidão, o pessimismo, a depressão e outros efeitos psicológicos advindos da doença poderiam ser aliviados pelo suporte emocional existente em um grupo estável de pessoas com preocupações e experiências semelhantes. E segundo essas autoras, estudar os grupos é de uma importância incontestável. Informam que um trabalho desenvolvido por Pratt, no Hospital Geral de Massachussets, nos Estados Unidos, em 1905, é considerado um marco histórico no que concerne às primeiras experiências de utilização de grupo como recurso terapêutico. A enfermagem é por natureza uma profissão que desenvolve trabalho em grupo tanto na assistência como nas atividades gerenciais e educacionais de sua equipe, junto às equipes multiprofissionais, durante a passagem de plantão, executando atividades educativas com grupos específicos da população, como no ensino, realizando grupos de discussão de casos ou estratégias em disciplina nas quais os grupos funcionam como parte de aprendizagem6. A inserção nos grupos proporciona um ambiente de convivência social e integração7. Com isso, este estudo tem como objetivo: conhecer as razões que levam os estomizados intestinais a freqüentarem um grupo de discussão para atendimento dessa clientela em um hospital ambulatório escola, bem como identificar sua importância para esse grupo. REFERENCIAL TEÓRICO Lopes8 faz uma retrospectiva histórica situ- ando o surgimento dos grupos a partir da Grécia antiga e o seu desenvolvimento através dos tempos. Esse trabalho, em particular, reporta-se ao momento em que as experiências empíricas da utilização dos grupos como recurso terapêutico começaram a surgir. A literatura sobre os grupos aponta-nos a importância do papel social que esses desem- penham na sociedade e do caráter decisivo dos movimentos por eles desencadeados no contexto social9. Os estudos sobre grupos são importantes pelo seu próprio propósito. Busnello10:20 ressalta que [...] em todo o mundo se trata de buscar o trabalho cooperativo e em equipe, para atingir o aperfeiçoamento das instituições sócias que procuram a melhoria das condições da sociedade humana10:20. Do ponto de vista conceitual, observamos na literatura que, ao mesmo tempo em que grupo é um termo utilizado sem uma precisão definida, também possui uma grande variedade de concepções. Segundo Fonseca11:117, “na prática, os grupos têm existido à revelia da carência de uma maior precisão conceitual”. Zimerman12 indica algumas condições básicas para caracterizarmos um grupo, quer seja sua natureza operativa ou terapêutica. Parte dessas condições pontua que um grupo não é um mero somatório de indivíduos; pelo contrário, ele se constitui como uma nova entidade, com leis e mecanismos próprios e específicos. Todos os seus integrantes estão reunidos em torno de uma tarefa e objetivos comuns. Além de ter os objetivos claramente definidos, o grupo deve levar em conta uma estabilidade de espaço (local das reuniões), de tempo (horários, férias...), algumas regras e outras variáveis equivalentes que delimitam e normatizam a atividade grupal proposta. As investigações de Pratt foram o fundamento básico desse método que pressupunha que os resultados do tratamento dependiam da influência benéfica de uma pessoa sobre a outra dentro de um grupo13. Os primeiros trabalhos mais sistematizados sobre os grupos que os delimitam como um campo de estudo e pesquisa datam também da década de 30 e são marcados pela contribuição de Kurt Lewin. A expressão dinâmica de grupo foi criada por ele e popularizou-se desde a Segunda Guerra Mundial. O seu trabalho obteve, na época, nos EUA, apoio e incentivos importantes e decisivos para que pesquisas e novos conceitos fossem desenvolvidos14. A abordagem de Lewin sobre o grupo é diferenciada daquelas apresentadas até o momento, pois na sua perspectiva O grupo não é meramente uma coleção de indivíduos, mas uma entidade em si mesma, com qualidades que podem diferir daquelas de cada membro em particular7:49. R Enferm UERJ, Rio de Janeiro, 2006 out/dez; 14(4):574-9. • p.575 Atividades grupais com estomizados intestinais definitivos Essa perspectiva de Lewin diferenciava-se do que era comum na época, pois até então os grupos eram utilizados com finalidades estritamente terapêuticas. Lewin e seus seguidores desviaram-se do modelo médico, pois sua ênfase no trabalho com pequenos grupos era voltada para o contexto educacional. O papel do enfermeiro nesse contexto consiste em propiciar que benefícios terapêuticos possam emergir e não simplesmente apresentar aos clientes a sua solução, uma vez que é fundamental que cada indivíduo tenha a sua percepção e que possa aprender a transportar seus insights para o seu cotidiano. Outro aspecto a ser valorizado e estimulado pelo enfermeiro é a possibilidade de o indivíduo não só receber suporte do grupo, mas de ser capaz de se exercitar em colocar-se para o grupo, expondo suas experiências, e dar feed-back às outras pessoas. “O grupo pode ser utilizado para diminuir a dependência do indivíduo em relação aos variados recursos interpessoais e sociais de que dispõe” 15:14. M ETODOLOGIA O presente estudo foi desenvolvido em um hospital ambulatório escola na cidade de São José do Rio Preto, onde foi implantado um grupo de discussão com adultos portadores de estomas intestinais definitivos e profissionais da saúde. Os critérios de inclusão no grupo de discussão foram: idade igual ou superior a 18 anos; portador de estoma intestinal definitivo; não hospitalizado e aceitação da participação. Os dados foram coletados após a aprovação do projeto pelo Comitê de Ética em Pesquisa da instituição hospitalar, conforme Resolução do Conselho Nacional de Saúde 196/96. A população foi composta de 19 pacientes adultos portadores de estomas intestinais definitivos que, através de um Termo de Consentimento Livre e Esclarecido, aceitaram fazer parte do estudo, e profissionais da saúde especialistas no cuidado ao estomizado intestinal, como uma enfermeira estomaterapeuta (pesquisadora, coordenadora e mentora do grupo), uma docente de enfermagem (observadora não -participante), um médico proctologista e uma psicóloga. O grupo iniciou em abril de 2004 e os encontros aconteceram mensalmente, com duração de 2h. Os temas abordados foram inicialmente p.576 • R Enferm UERJ, Rio de Janeiro, 2006 out/dez; 14(4):574-9. sugeridos pelos participantes segundo suas necessidades. No quinto encontro, através de uma questão norteadora: O que vieram buscar no grupo?, todas as falas foram gravadas, transcritas e submetidas à análise de prosa16, pela pesquisadora do grupo. Essa análise é uma forma de investigação dos significados dos dados qualitativos; inclui mensagens intencionais e não-intencionais; explícitas e não-explícitas; verbais e nãoverbais; alternativas e contraditórias. Os estudos qualitativos [...] envolvem a obtenção de dados descritivos, obtidos no contato direto do pesquisador com a situação estudada; enfatiza mais o processo do que o produto e se preocupa em retratar a perspectiva dos participantes17:13. O material pode ser tanto o registro de observações e entrevistas como outros materiais coletados durante o trabalho de campo, como documentos, fotos, um quadro, um filme, expressões faciais, mímicas etc. E os tópicos e temas são gerados a partir do exame dos dados e de sua contextualização no estudo, sendo freqüentemente revistos, questionados, reformulados na medida em que a análise se desenvolve, tendo em vista os princípios teóricos e os pressupostos da investigação. A pesquisa geralmente tem início com uma série de questões ou problemas considerados importantes, que servem de guia para coleta e análise inicial dos dados, mas, conforme o estudo se desenvolve, podem surgir novas idéias e questões de interesse do grupo, que devem ser incorporadas, mas exigem o estabelecimento de novos procedimentos de investigação. É preciso que o método de análise permita a identificação de tópicos e temas principais na situação estudada, mas que também ajude a questionar as interpretações, além de oferecer interpretações alternativas. RESUL TADO ESULT E DISCUSSÃO O material, nesse caso que foi o registro das gravações de falas durante a participação do grupo, e através das transcrições, permitiu que emergissem três temas e nove tópicos que estão apresentados na Figura 1. A seguir são discutidos cada tema com seus tópicos, registrando com fidedignidade o depoimento de cada participante, representado por seu nome fictício. Pereira APS, Pelá NTR FIGURA 1: Temas e tópicos gerados das falas dos participantes Tema: P articipar de um Grupo P ermite Participar Permite Adquirir Conhecimentos A inserção em um grupo permite aos integrantes compartilhar suas histórias, suas vivências, as maneiras de superar obstáculos oferecendo conselhos e encorajamentos. É um espaço que possibilita a manifestação de dúvidas e dificuldades de cada um e de todos. Isso porque trabalha a partir de uma situação concreta expressa no aqui e agora do grupo, o que facilita o entendimento e a adesão aos conhecimentos (re)velados por parte das pessoas envolvidas18. Esse tema desvelou os tópicos destacados a seguir. Facilidade de acesso Essa convivência ajuda os participantes a quebrarem barreiras, especialmente pela possibilidade de receberem feed-back e sugestões construtivas de outras pessoas que vivenciam os mesmos problemas. Além disso, permite ao homem o desenvolvimento de suas habilidades nas suas realizações pessoais, execução de tarefas, divertirse, oferecer e receber ajuda. É comum, no interior do grupo, o desenvolvimento de um clima de solidariedade, companheirismo e troca de experiências comuns6. Zimerman12 e Osório18 relatam que, para uma melhor reabilitação de mulheres mastectomizadas, têm sido criados grupos de discussão, por serem esses grupos terapêuticos e homogêneos, pois congregam pessoas que passam por sofrimentos idênticos. São grupos também conhecidos como self – help, fundamentam-se em ajudar pessoas a resolver problemas relacionados a traumas decorrentes de distúrbios provocados por doenças de natureza aguda e, em especial, crônicas. Por todo benefício proporcionado pelo grupo como conhecimentos, esclarecimento de dúvidas, troca de experiência e outros. No interior do grupo, muitos sanam suas ansiedades e necessidades, somente por compartilhar suas dificuldades, compartilham experiências, aprendem formas de resolução de problemas por estarem freqüentando as reuniões sem ter que marcar consultas e esperar em filas. [...] eu vim para tirar dúvidas... não precisa madrugar para marcar uma consulta. (Padilha) Tema: P articipar de um Grupo P ermite Participar Permite Buscar o Bem – Estar [...] eu, por exemplo, vim buscar aquilo que eu não estava, assim... consciente das minhas idéias, não é? Vim aqui aprender mais alguma coisa que eu não [...] sem noção nenhuma para conseguir a minha batalha...e eu estou conseguindo graças a Deus. (Pedro) Da análise deste tema emergiram os tópicos: distração, satisfação e aceitação. Distração Troca de experiência [...] o que eu mesma senti eu queria expor, não passa de receber e passar alguma experiência... (Lorena) É principalmente troca de experiência... com o pessoal participante do grupo. (Lucas) Mas[...]porqueeuvimtrocarconhecimento...escutara dúvida do outro, e melhorar a vida. (Mário) Busca de novidades [...] onde alguém fala em prol dos ostomizados, sempre existe uma novidade. (Flávio) [...] eu vim para distrair a minha cabeça... porque é bonitoverumaturmareunida,pessoatudocarente,não é? (Donizete) [...] Então, distrair também a cabeça, e ser referência para as outras pessoas... que a vida não acabou! (Amélia) Satisfação [...] a maioria das pessoas que está freqüentando, olha a cara de cada um! Tudo alegre, tudo feliz, tudo satisfeito, quer melhor que isso? (Jacaré) [...] bom isso aí...desde a primeira vez que você me convidou, eu gostei de participar, e me sinto satisfeito em vir ao grupo... (Flávio) Toda vez que eu venho à reunião, eu saio cada vez mais R Enferm UERJ, Rio de Janeiro, 2006 out/dez; 14(4):574-9. • p.577 Atividades grupais com estomizados intestinais definitivos mos uma corrente, e um ajuda o outro. (Mara) contente... cada vez que eu venho para cá eu saio daqui grande. (Lucas) O grupo permite que seus membros conquistem maior autonomia e independência, aumentando a capacidade de gerenciar a própria vida e melhorando a auto-estima através da interação, dando suporte uns aos outros. Aceitação [...] depois que eu passei a vir aqui...eu vou ainda me conformar... (José) [...] quero ficar mais segura, e assim, aceitar mais ainda. (Beatriz) E aceitação, como agora graças a deus eu aceitei bem, porque a minha aceitação já é por amor a vida. (Lorena) Os integrantes do grupo expressam e valorizam o sentimento de pertença, acolhimento, e bem-estar no grupo, por se sentirem aceitos e entendidos pelos demais. A inserção em um grupo proporciona uma ambiente de convivência social e integração. Realizam diferentes tarefas propostas pelos grupos e socializam informações e conhecimentos, desenvolvendo o relacionamento interpessoal, proporcionando satisfação, facilitando o diálogo e, assim, dissipando a solidão19. Ouvir sobre os problemas dos outros e não se sentir como o único a ter problemas facilita o sentimento de universalidade. Tema: P articipar de um Grupo P ermite Participar Permite Criar Vínculos Esta temática abrangeu três tópicos: amizade, cumplicidade e companheirismo. Amizade [...] fazer amizades que eu acho mais importante, quando operei eu nãoconhecianinguém...nãotivenenhuma referência. (Amélia) [...] eu vim conversar com os amigos, assistir o que estão falando, e ver se nós conseguimos [...] essa turma que nós estamos, para sempre. (Donizete) Cumplicidade [...]euvimbuscarumacumplicidadequeagentevêaqui entre todos. Eu olho para todos, e sei que passaram pelo que eu passei, não é? (Aline) Então é isso que ela acabou de falar, essa troca de cumplicidade, novos amigos que a gente fica conhecendo e acaba aprendendo mais com novas experiências. (Fernando) Companheirismo [...] eu vim ajudar aqueles que precisam...então formap.578 • R Enferm UERJ, Rio de Janeiro, 2006 out/dez; 14(4):574-9. [...] eu principalmente achei apoio de pessoas que tem uma história, uma lição de vida muito bonita. (Elza) Em um trabalho de grupo realizado com esquizofrênicos, Durão20 refere que esse espaço (grupo) permite que os integrantes compartilhem suas histórias e seus problemas com os outros, descarregando assim, afetos carregados de emoções. No grupo, os pacientes e familiares reconhecem que não são os únicos a terem problemas, percebem que outros membros do grupo possuem problemas iguais ou maiores que os seus, percebem que não estão sozinhos com seus problemas e sentimentos. A possibilidade de manter vínculo de amizade com outras pessoas portadoras, dialogar e compartilhar os problemas que comumente estão presentes na vida desses indivíduos faz com que expressem que obtiveram resultados na sua reabilitação. CONSIDERAÇÕES FINAIS A o buscar conhecer de que forma os estomizados percebem a importância de participar de um grupo de discussão, constatamos que várias são as razões tais como: necessidade de interagir com outras pessoas, mais especificamente, pessoas com as mesmas situações, no caso, o estoma. Ter um espaço para conversar, fortalecer laços e fazer novas amizades. A necessidade de interagir com outras pessoas é um dos motivos apontados por eles. Pois, ao participarem de um grupo, percebem que a rotina de sua vida mudou, principalmente a superação da solidão. Compartilhar alegrias, afetos, amor, tristezas e ações que são reconhecidas como importantes por proporcionar conhecimentos, suporte incentivando-os a continuar na busca de seu ajustamento. Constatamos que existe uma interação positiva no grupo, uma vez que cada um se vê no outro por serem portadores de problemas semelhantes. Essa identificação os libertam da solidão e lhes faculta o companheirismo que é de grande valor terapêutico. A distração, a satisfação e a aceitação tornam-se possíveis, o que favorece o resgate da esperança, a busca contínua por melhor qualidade de vida. O envolvimento dos enfermeiros com o trabalho em grupo mostra, apesar das dificuldades Pereira APS, Pelá NTR na sua execução, que o campo de atuação está em franca expansão e promete consolidar-se na prática de enfermagem. REFERÊNCIAS 1. Cesaretti IUR, Leite MG, Filippin MJ. Primeira eliminação intestinal pós-fechamento do estoma: expectativas e percepções dos pacientes. Rev Estoma. 2004; 2(4):15-20. 2. Arruda MR. Reflexões sobre a colostomia. Tribuna Médica. 1969; 3:349-66. 3.DavisF,EardleyA.Copingwithacolostomy:theimportance of the nurse. Nursing Times. 1974;70(16):580-2. 4. 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Grupo de acompanhamento de pacientes portadores de esquizofrenia medicados com clozapina e de seus familiares: o impacto sobre o cotidiano de suas vidas [dissertação de mestrado]. Ribeirão Preto (SP): Universidade de São Paulo; 1999. ACTIVID ADES GRUP ALES DE POR TADORES DE ESTOMA INTESTINAL DEFINITIV O: LA BÚSQUED A DE CTIVIDADES RUPALES ORT EFINITIVO BÚSQUEDA LA ACEPT ACIÓN CEPTA RESUMEN: El objetivo de este trabajo fue conocer las razones que llevan los estomizados intestinales a frecuentar un grupo de discusión en un dispensario. Participaban de la reunión 19 adultos con colostomía permanente. Es un estudio de naturaleza cualitativa, exploradora y descriptiva, cumplido en hospital dispensario escuela, en la ciudad de São José do Rio Preto-SP-Brasil, en 2004. La recolección de datos fue hecha a través de observación participante, cuyo discurso fue regido por la pregunta: ¿Qué usted viene buscar en el grupo? La discusión fue grabada, trascrita y analizada según el análisis de prosa. Del análisis de los discursos han emergido temas y tópicos. Entre las razones que llevan los estomizados a frecuentar un grupo de discusión está la necesidad de buscar conocimientos, bienestar y establecer lazos con personas en la misma situación, en este caso, la colostomía. El grupo es considerado un espacio social, en lo cual cambian experiencias, buscan novedades, distracción, camaradería, cumplicidad y aceptación de su condición. Palabras Clave: Grupo de autoayuda; colostomía; enfermería; comunicación. Recebido em: 20.08.2006 Aprovado em: 09.11.2006 Notas * Enfermeira Estomaterapeuta. Docente de Enfermagem da FAMERP e Mestre pela USP-Ribeirão Preto. Rua Duarte Pacheco, 1400 c:100, Higienópolis, CEP: 15085-140, São José do Rio Preto /São Paulo, e-mail: [email protected]. ** Enfermeira Professora Titular de Enfermagem de Ribeirão Preto/USP e orientadora deste trabalho. R Enferm UERJ, Rio de Janeiro, 2006 out/dez; 14(4):574-9. • p.579