Informativo Dívida Pública Boletim Trimestral no 7 Outubro de 2001 Secretaria do Tesouro Nacional Estratégia de Financiamento Interno As incertezas geradas em torno da situação econômico-financeira da Argentina, o desenrolar das negociações do governo brasileiro junto ao FMI e os ataques aos Estados Unidos nortearam as atenções do mercado financeiro ao longo do terceiro trimestre deste ano. A desaceleração da economia norte-americana, assim como o desaquecimento da economia brasileira, impulsionado, dentre outros, pela crise de energia, também influenciaram a volatilidade no período analisado. Houve fortes pressões sobre o câmbio nestes três meses, tendo a moeda brasileira se desvalorizado cerca de 14,9% no acumulado de julho a setembro. A conjuntura econômica levou à manutenção dos juros domésticos - pelo segundo mês consecutivo - no patamar de 19% a.a pelo Copom, em reunião realizada nos dias 18 e 19 de setembro. Alongamento da Dívida Pública Mobiliária Federal Interna -DPMFi A estratégia de alongamento dos títulos públicos foi mantida, resultante principalmente das emissões de LFT - títulos remunerados pela taxa Selic - com prazo de vencimento de 60 meses e NTNC - títulos remunerados pelo IGP-M. As emissões de LFT e NTN-C totalizaram no terceiro trimestre, R$ 23,6 bilhões e R$ 1,6 bilhão, respectivamente. Como pode ser verificado no gráfico a seguir, o prazo médio do estoque da DPMFi apresentou aumento significativo passando de 27,13 meses em dezembro de 1999 para 35,66 meses em setembro deste ano. Set/01 Jun/01 Mar/01 Dez/00 Set/00 Jun/00 Mar/00 Prazo Médio da DPMFi 40 35 30 25 Dez/99 Em 04 julho, foi publicado decreto com a consolidação da regulamentação que trata das características dos títulos públicos da Dívida Pública Mobiliária Federal Interna. Dentre as principais alterações, destacam-se a criação dos seguintes títulos: Nota do Tesouro Nacional – série B e; Certificado Financeiro do Tesouro, série G, ambos remunerados pelo IPCA Índice de Preços ao Consumidor Amplo, e Certificado Financeiro do Tesouro – série H, remunerado pela TJLP- Taxa de Juros de Longo Prazo. em meses Decreto 3.859 Financiamento Externo 3 Em decorrência da volatilidade do mercado, o Tesouro Nacional interrompeu o processo de emissão de títulos prefixados em 10 de julho por quatro semanas consecutivas, voltando a emiti-los na segunda semana de agosto até a primeira semana de setembro (04/09), quando reiniciou o processo de alongamento do prazo de emissão das LTN, de 145 dias em média nos leilões de agosto para 210 dias. Porém, novamente a conjuntura internacional levou o Tesouro à decisão de não ofertar LTN nos dias 11, 18 e 25 de setembro, motivada pelos ataques aos Estados Unidos na manhã de 11 de setembro. Em virtude da elevada volatilidade do mercado financeiro, o custo médio de emissão dos títulos prefixados - prazo médio de 150 dias - no terceiro trimestre foi de 23,01 % a.a. Resultado Fiscal 4 Composição da DPMFi Novo Sistema de Pagamentos Brasileiro 4 O Novo Acordo com o FMI 5 Orçamento da União e a Dívida Mobiliária Federal 5 Nesta edição: Estratégia de Financiamento Interno Programa de Fortalecimento das Instituições Financeiras Federais Calendário Econômico 1, 2 6 7 Como conseqüência dos fatos acima mencionados, observou-se uma queda na participação dos títulos prefixados em relação ao total da DPMFi em mercado, de responsabilidade do Tesouro Nacional e Banco Central, diminuindo de 10,83% em junho para 9,09% em setembro. Em contrapartida, a forte desvalorização do câmbio de 15,9% no trimestre, associada à emissão líquida de NTN-D e NBC-E no montante de R$ 11,3 bilhões, levou a um aumento do percentual de títulos remunerados pelo câmbio sobre a DPMFi, passando de 26,80% em junho de 31,37% em setembro. Maturação da DPMFi Um grande avanço quanto à política de financiamento do Tesouro Nacional se reflete na significativa queda do percentual da DPMFi a vencer em 12 meses, que vem apresentando, há quase dois anos, tendência decrescente. O volume de títulos públicos federais em poder do público a vencer em 12 meses caiu para 26,08% em setembro deste ano, contra 53,01% em dezembro de 1999. A dimi- Informativo Dívida Pública Página 2 Estratégia de Financiamento Interno — cont. nuição substancial, decorrente das emissões de títulos com pra- e R$ 625 mihões em NTN-C (leilão de 27 e 28 de setembro). zos longos, principalmente LFT e NTN-C, evidencia a preocupaLeilões de NTN-C ção do Tesouro quanto à desconcentração de vencimentos, condizente com a estratégia de alongamento gradual do prazo médio Os três leilões de NTN-C, títulos remunerados pelo IGP-M, da dívida pública. com liquidação financeira em julho, agosto e setembro, contemplaram a emissão de cerca de R$ 1,9 bilhão em títulos com vencimenVencimentos da DPMFi - em 12 meses to em 2005, 2010 e 2020, como pode ser visto no quadro abaixo. 60% A economia em termos de valor presente dos fluxos financeiros da 50% permuta para as três ofertas foi da ordem de R$ 235 milhões. 40% As operações com NTN-C estão em consonância com a estratégia do Tesouro Nacional de alongamento do prazo médio da dívida pública e aperfeiçoamento do mercado secundário, na medida em que estão sendo criados pontos de médio e longo prazos (originalmente emitidos com prazo de vencimento de 3, 5, 7, 10, 20 e 30 anos) nas curvas de juros destes títulos. 30% 20% 10% set/01 jun/01 mar/01 dez/00 set/00 jun/00 mar/00 dez/99 0% O mês de julho foi o último mês no ano com forte concentração - R$ 29,8 bilhões considerando apenas vencimentos do Tesouro Nacional. Como pode ser observado no gráfico a seguir (posição de set/01), de setembro a dezembro de 2001, o volume de vencimentos de títulos públicos passa a apresentar trajetória declinante. Observa-se também que o volume de vencimentos da DPMFi em poder do público, de responsabilidade do Tesouro Nacional e Banco Central, ao longo de 2002 - ano das eleições presidenciais - e 2003 é confortável, com relação tanto ao volume total de títulos públicos maturando, quanto à melhor distribuição de vencimentos. Maturação da DPMFi em mercado Tesouro e Bacen R$ milhões 40.000 30.000 20.000 Resultados dos Leilões de NTN-C Tx. Liquidação Qde vendida Juros Financeira (1000 un.) Troca (a.a.) 1/7/01 2005 330,0 10,39% 0,00% 2011 333,7 10,48% 19,09% Troca: - Ganhos a VPL de R$ 213,7 milhões - Aumento de 36,77 meses (duration ) 1/8/01 2021* 600,0 10,50% 0,00% 1/9/01 2005 388,40 10,21% 12,77% 2011 261,20 10,35% 0,00% Troca: - Ganhos a VPL de R$ 21,6 milhões - Aumento de 34,90 meses (prazo médio) * Não houve demanda na segunda etapa do leilão Leilões de NTN-D 10.000 Dez/03 Jul/03 Fev/03 Set/02 Abr/02 Nov/01 Jun/01 Jan/01 - Cronograma de Leilões – Outubro 2001 Em prosseguimento à estratégia de aperfeiçoamento dos mercados primário e secundário, por meio do aumento da transparência e previsibilidade, o Tesouro Nacional divulgou em nota à imprensa, seu cronograma de leilões para o mês de outubro. Serão ofertados até R$ 8 bilhões em LTN e até R$ 8 bilhões em LFT. Haverá também leilão de NTN-C, em continuidade à estratégia de ofertas regulares destes títulos, iniciada em dezembro de 1999. De acordo com a Lei de Responsabilidade Fiscal, o Banco Central estará impedido de emitir títulos de sua responsabilidade a partir de maio de 2002, passando, então, a fazer suas atuações em mercado somente com títulos de responsabilidade do Tesouro Nacional. Dessa forma, ficou acordado entre o Tesouro e o Banco Central que haveria um período de transição, a começar em setembro/2001, em que o Tesouro passaria a refinanciar os vencimentos dos títulos cambiais em mercado, função até então exercida pela autoridade monetária. Ao mesmo tempo, será efetuada a adequação da carteira de títulos do Banco Central com títulos do Tesouro Nacional para que, a partir de maio de 2002, não haja descontinuidade na condução das políticas monetária e cambial. Nesse sentido, o Tesouro Nacional voltou a ofertar em leilão Estão previstos, para o mês, vencimentos de títulos de resNTN-D (título cambial) em 31 de agosto, tendo emitido aproximaponsabilidade do Tesouro Nacional no montante de R$ 15 bidamente R$ 9 bilhões nos leilões de agosto e setembro. lhões, dos quais R$ 10,0 bilhões de títulos prefixados, R$ 1,0 bilhão de pós-fixados, 2,6 bilhões referentes a títulos da dívida securitizada (80% compostos de papéis pós-fixados), e R$ 1,2 bilhão em títulos remunerados pelo câmbio, dentre outros. Até o final da terceira semana de outubro, foram emitidos R$ 3,2 bilhões em LTN, R$ 1,7 bilhão em LFT, R$ 11,8 bilhões em NTN-D Informativo Dívida Pública Página 3 FINANCIAMENTO EXTERNO Com esta emissão, a República totalizou cerca de US$ 8,9 bilhões relativamente a lançamentos de títulos no mercado internacional neste ano, dos quais aproximadamente 24,2% representaram operações de troca de Bradies. Como pode ser visto no gráfico a seguir, a participação dos títulos da dívida renegociada em relação ao total da dívida externa de responsabilidade do Tesouro Nacional vem decrescendo continuamente. Em dezembro de 1996, o percentual era de 69,48%, enquanto que atualmente - setembro 2001- sua participação é de apenas 26,32%. 100% Dívida Externa Renegociada 80% 60% 40% 20% dez/96 mar/97 jun/97 set/97 dez/97 mar/98 jun/98 set/98 dez/98 mar/99 jun/99 set/99 dez/99 mar/00 jun/00 set/00 dez/00 mar/01 jun/01 set/01 0% CRISE INTERNACIONAL Fatores como o agravamento da crise econômico-financeira da Argentina e as incertezas geradas quanto aos eventuais conflitos militares no Oriente Médio e seu conseqüente impacto sobre o crescimento da economia mundial têm causado fortes pressões sobre o risco Brasil, particularmente nos últimos três meses. Tanto o risco para os países emergentes (EMBI+ -spread do Emerging Market Bond Index Plus ) quanto o risco Brasil (spread da porção Brasil no índice) foram impactados negativamente, como ilustrado no gráfico a seguir tendo mantido um patamar médio de 977 bps para o Brasil e 909 bps para os países e- mergentes no período de julho a setembro deste ano. Brazil 02/10/01 02/09/01 02/08/01 02/07/01 02/06/01 02/05/01 02/03/01 02/02/01 02/04/01 S p r e a d E m b i + 2001 1300 1200 1100 1000 900 800 700 600 500 02/01/01 No trimestre, o governo brasileiro emitiu 200 bilhões de ienes (cerca de US$ 1,6 bilhão) em bônus samurai com prazo de vencimento de dois anos no dia 30 de agosto (data da entrada dos recursos financeiros). O título, lançado ao par, apresenta cupom nominal de 3,75% a.a. O spread de emissão foi de 358 bps acima da libor de prazo equivalente para a moeda japonesa. Do total vendido, cerca de 75% foi comprado pelo mercado de varejo. O lançamento é o maior em se tratando de bônus de países emergentes em ienes no mercado japonês. E M B I+ Da mesma forma, a volatilidade no mercado acarretou a alteração das perspectivas de rating da dívida soberana por duas agências de classificação de risco: Fitch e Standard & Poor’s, respectivamente nos dias 17 de julho e 09 de agosto. Na primeira mudança, realizada pela Fitch, foi alterada a perspectiva de crédito da dívida brasileira soberana de longo prazo em moeda estrangeira de estável para negativa. As notas da dívida soberana de curto e longo prazos permaneceram no mesmo patamar, B e BB-, respectivamente. A desvalorização do real, associada ao conseqüente aumento das taxas de juros domésticas e o agravamento da situação econômica da Argentina foram os principais fatores que nortearam a alteração de perspectiva. A Standard & Poor’s também modificou a perspectiva de crédito das dívidas soberanas de curto e longo prazo, de estável para negativa. Possíveis pressões fiscais em 2002, aliadas ao desaquecimento da economia global e à continuidade da volatilidade financeira nos mercados emergentes foram apontadas como fatores para a mudança da perspectiva. Ainda segundo a agência, a vulnerabilidade gerada pelo déficit nominal governamental, a crise de energia elétrica e a estrutura da dívida pública permanecem preocupantes. A esse respeito, ressaltamos que os saldos da balança comercial vêm apresentando melhoras significativas nos últimos meses. Desde abril deste ano, vêm sendo observados saldos positivos, tendo acumulado no ano (janeiro a setembro) o montante de US$ 1 bilhão. Além disso, as previsões para o ano de 2002, tanto do saldo da balança comercial quanto dos fluxos de capitais ao país, apontam para uma recuperação, o que reduzirá consideravelmente a necessidade de recursos externos adicionais. Informativo Dívida Pública Página 4 RESULTADO FISCAL O setor público consolidado alcançou, no acumulado até agosto de 2001, superávit primário de R$ 36,6 bilhões (4,8% do PIB), contra R$ 31,2 bilhões (4,4% do PIB) no mesmo período em 2000. No mesmo período, os juros nominais, apropriados pelo critério de competência, totalizaram R$ 55,9 bilhões (7,2% do PIB), menor que o registrado de janeiro a agosto de 2000 em termos do PIB, R$ 53,9 bilhões (7,6% do PIB). Quanto às despesas do Tesouro Nacional, estas atingiram o montante de 10% do PIB, contra 9,4% PIB em idêntico período de 2000, como decorrência, principalmente: do aumento dos repasses de recursos destinados a ações na área da Saúde; da elevação das despesas com subsídios à agricultura e às exportações; do realinhamento do salário de algumas carreiras típicas de Estado e dos servidores das Forças Armadas e da aplicação da regra do duodécimo nos primeiros meses de 2000, sem corresponNo que se refere ao déficit nominal, observa-se dência em 2001. uma redução no acumulado do ano, R$ 19,1 bilhões (2,5% do PIB), comparativamente aos R$ 22,7 bilhões Relativamente ao resultado da Previdência Social, (3,2% do PIB) observados de janeiro a agosto de 2000. observou-se um incremento de 0,1 ponto percentual do PIB A redução pode ser explicada pela queda no montante no déficit para o período de janeiro a agosto de 2001 comde juros nominais e aumento do resultado primário em parativamente ao mesmo período de 2000. O déficit totali2001 relativamente ao mesmo período do ano passado. zou, até agosto deste ano, o equivalente a 0,8% do PIB estimado para o período. Considerando o acumulado dos meCom relação ao governo central, o superávit ses de janeiro a agosto, a arrecadação líquida registrou um primário acumulado registrado no ano foi de R$ 22,1 crescimento de 12,4% em relação a igual período de 2000. bilhões, equivalente a 2,8% do PIB estimado para o peEsse crescimento observado deveu-se ao esforço de recuríodo, contra 19,4 bilhões (2,7% do PIB) no mesmo peperação de receitas e ao impacto dos reajustes ocorridos ríodo de 2000. na tabela de contribuições, a partir de maio de 2001. Com Observou-se no acumulado do ano incremento relação às despesas com benefícios previdenciários, houve da receita bruta do Tesouro Nacional, superando em aumento nominal de 14,9% relativamente ao mesmo perío0,4 ponto percentual o montante registrado no mesmo do de 2000. Esse aumento decorreu, principalmente, do período do ano 2000. Esse aumento da receita teve reajuste do salário mínimo cujo impacto no caixa deu-se influência no superávit do governo central, especial- em maio (para beneficiários que recebem o piso) e julho mente devido ao incremento na arrecadação de impos- (para benefícios com valores superiores ao salário mínitos e contribuições (com destaque para o Imposto de mo). Renda e a Cofins, cujos recolhimentos passaram de 5,2% e 3,5% do PIB, no ano 2000, para 5,4% e 3,9%, * O fator que contribuiu para o aumento na arrecadação do em 2001,respectivamente*) e ao aumento nas receitas Imposto de Renda foi a depreciação da taxa de câmbio, que afetou as relacionadas ao pagamento de dividendos à União. receitas do IRRF sobre capital relacionada à operações de swap e o IRRF sobre remessas ao exterior. Com relação à Cofins, o acréscimo na arrecadação ocorreu devido a mudanças na forma de tributação do setor de combustíveis. NOVO SISTEMA DE PAGAMENTOS BRASILEIRO O atual Sistema de Pagamentos Brasileiro (SPB) é composto por quatro câmaras de compensação * que liquidam diretamente as reservas bancárias no Banco Central. Em nenhuma delas, no entanto, há mecanismos de gerência de riscos capaz de absorver a insolvência de um dos seus participantes. De maneira geral, as mensagens de liquidação financeira enviadas por elas à autoridade monetária não são criticadas quanto ao saldo, sendo possível a manutenção de saques a descoberto em reservas bancárias ao longo do dia, na expectativa de acerto do saldo com lançamento de outra origem. A solução para esse problema motivou o projeto de reestruturação do sistema de pagamentos brasileiro. O objetivo da reestruturação do SPB é basicamente a redução do risco sistêmico. Dentro do programa de reestruturação - com lançamento previsto para 22 de abril 2002 - estão incluídas: adoção de base legal adequada; redução do risco de crédito do Banco Central; criação de sistema para transferências de grandes valores liquidando pelo valor bruto e em tempo real; adoção de instrumentos de gerência de riscos para evitar a ocorrência de risco sistêmico nas câmaras de compensação; redução na defasagem de tempo entre a contratação e a liquidação da operação; conhecimento, pelos participantes, dos riscos envolvidos nos sistemas em que operam; e garantia de finalização dos pagamentos, mesmo antes da transferência de fundos no Banco Central. As principais conseqüências dessas medidas são a assunção do risco privado pelo próprio setor **; a implementação de um sistema financeiro moderno e seguro e a disponibilidade de recursos em tempo real. * Selic – Sistema de Liquidação e Custódia; Cetip – Central de Custódia e de Liquidação Financeira de Títulos; Compe – Serviço de Compensação de Cheques e Outros Papéis; e Câmbio – Sistema de Câmbio. ** Mecanismo: o Banco Central disciplinará a utilização das reservas bancárias, evitando os saques a descoberto sem a sua permissão. Algumas formas de controle: contrato de utilização das reservas, monitoramento dos saldos ao longo do dia e imposição de filtros, que criticarão os lançamentos de forma a evitar saque a descoberto sem que corresponda a um crédito concedido pela autoridade monetária segundo regras preestabelecidas. Informativo Dívida Pública Página 5 O NOVO ACORDO COM O FUNDO MONETÁRIO INTERNACIONAL O governo federal decidiu em agosto deste ano cancelar o acordo Stand-By (SBA) com o FMI de 1998 e solicitar um novo SBA para vigorar até dezembro de 2002. Nos últimos três anos, o país tem cumprido com sucesso as metas fiscais estabelecidas com o Fundo, tendo completado, em 30 de setembro deste ano, o décimo segundo trimestre com estrito cumprimento das metas fiscais. No entanto, a percepção de mudanças no contexto internacional e nacional, principalmente relativamente ao desaquecimento da economia global, exigiram do governo uma série de medidas, dentre elas, uma política monetária mais rígida, ativa atuação do Banco Central no mercado de câmbio e maior austeridade na política fiscal. O cancelamento do SBA de 1998 e solicitação de um novo acordo vêm em apoio a estas medidas. O volume estabelecido no acordo, que monta a quatro vezes a cota brasileira no Fundo Monetário Internacional, foi fechado em menos de duas semanas, fato que demonstra a percepção internacional de que o Brasil tem capacidade de alavancar crescimento para honrar seus compromissos. O mercado reconhece a solidez do sistema bancário brasileiro e o esforço nacional em cumprir os acordos. No intuito de continuar atendendo as metas fiscais, o governo continuará atuando com rigidez quanto às despesas, acompanhando a evolução das receitas, o desempenho das empresas públicas e dos governos regionais nos termos da Lei de Diretrizes Orçamentárias e da Lei de Responsabilidade Fiscal. Além disso, com relação à estratégia do Tesouro Nacional na gestão da dívida, esta será mantida no sentido de diminuir a exposição líquida a juros, substitu- indo os títulos pós-fixados por prefixados e alongando os prazos médios de vencimento. Em função das mudanças nas projeções de juros e câmbio, as metas para o resultado primário do setor público consolidado para 2001 e 2002 foram revistas. Para 2001, a meta é de 3,35% do PIB (contra os 3% originalmente estabelecidos) e para 2002, a meta é de 3,5% (contra os 2,7% originais). A necessidade de uma política fiscal mais austera levou a um aumento também das metas indicativas de resultado primário para 2003 e 2004. Busca-se, com a consecução destes maiores níveis de superávit primário, queda gradual da relação da dívida pública líquida em relação ao PIB entre 2001 e 2004. A projeção desta relação para 2002 é de haja estabilidade em cerca de 54% do PIB. O novo acordo abrange um valor de DES 12,144 bilhões (equivalente a cerca de US$ 15,650 bilhões) para um período de 15 meses. Em 28 de setembro, o Brasil desembolsou a primeira parcela do acordo, correspondente a DES 3,69 bilhões ( US$ 4,6 bilhões aproximadamente), para fins de composição das reservas internacionais. Na tabela a seguir, podem ser visualizadas as metas acertadas com o Fundo para este ano e 2002: Metas do SBA acertado em Agosto/2001 Metas 2001 2002 Resultado Primário 3,35% 3,50% Inflação (banda larga) de 3,8% a 7,8% ** de 2,2% a 6,2% ** Reservas Internacionais US$ 25 bi US$ 20 bi Dívida Líquida Interna do Setor Público* R$ 700 bi (dez/01) R$ 750 bi ** Dívida Líquida Externa do Setor Público US$ 94,8 bi (dez/01) US$ 97,6 bi ** * Setor Público é a União, os Estados, os Municípios e as empresas públicas ** setembro de 2002 ORÇAMENTO DA UNIÃO E A DÍVIDA MOBILIÁRIA FEDERAL Pelo projeto de Lei do Orçamento da União, enviado ao Congresso Nacional no fim de agosto do ano corrente, a estimativa do estoque da Dívida Pública Mobiliária Federal Interna - DPMFi para o final do exercício de 2002 é de R$ 755,9 bilhões, contra R$ 689 bilhões ao fim de 2001. Com relação à Dívida Pública Federal Externa, o Projeto de Lei do Orçamento da União estima que o estoque dessa dívida de responsabilidade da União deverá ser de R$ 170,8 bilhões em 2001 e que, em 2002, chegar-se-á a R$ 181 bilhões. O total das despesas com a DPMFi previstas para 2002 monta a R$ 281,1 bilhões. O financiamento de tais despesas dar-se-á por meio de emissões de títulos no montante de R$ 230,9 bilhões e utilização de R$ 50,2 bilhões em recursos orçamentários . A estratégia para a dívida externa é buscar o alongamento dos prazos, a redução dos custos e a abertura de novos mercados para títulos brasileiros. Pretende-se também dar continuidade ao processo de substituição da dívida externa reestruturada por novos títulos. Informativo Dívida Pública Página 6 PROGRAMA DE FORTALECIMENTO DAS INSTITUIÇÕES FINANCEIRAS FEDERAIS O Governo Federal estabeleceu em 22 de junho de 2001, por meio da Medida Provisória nº 2.155, a criação do Programa de Fortalecimento das Instituições Financeiras Federais e da Empresa Gestora de Ativos – EMGEA. O objetivo é a adequação patrimonial dos bancos federais, em face das regulamentações bancárias estabelecidas pelo Conselho Monetário Nacional (CMN) nas Resoluções 2.099/94 e 2.682/99. Essas Resoluções baseiam-se nos padrões internacionais consagrados no Acordo de Basiléia para prover solidez ao sistema financeiro e buscam a implementação de coeficientes mínimos entre ativos e passivos, além de um novo sistema de provisionamento de risco de créditos. Dentre as medidas para a regulação prudencial das instituições financeiras estão: (i) a elevação de 8% para 11% do índice mínimo de adequação do capital, (ii) o aumento do percentual de ponderação de risco sobre créditos tributários de 20% para 300% e (iii) a definição de novos critérios de classificação de risco de crédito e de novos níveis de provisão para assegurar solidez às instituições. Em Inspeção Geral Consolidada- IGC, realizada pelo Banco Central do Brasil, nos quatro bancos federais, a saber: Banco do Brasil S.A - BB, Caixa Econômica Federal - CAIXA, Banco da Amazônia S.A – BASA e Banco do Nordeste do Brasil – BNB, constatou-se a urgência quanto à elaboração de medidas saneadoras, com vistas a assegurar liquidez e a adequada estrutura patrimonial desses bancos. respectivamente. A capitalização da CEF ocorreu por meio da remissão de dívida, da Caixa pela União. Houve também medidas complementares, adotadas pelas instituições financeiras, tais como mudanças nos estatutos dos bancos e reprecificação de produtos e serviços. Além dessas medidas, deverão constar no Orçamento Federal os subsídios concedidos no âmbito das operações de crédito destinadas a projetos sociais, principalmente às áreas de habitação, saneamento e agricultura. O Programa de Fortalecimento das Instituições Financeiras Federais elevou a Dívida Líquida do Setor Público em R$ 12,3 bilhões, aproximadamente 1% do PIB, com emissão líquida de títulos de R$ 29,8 bilhões, conforme demonstrado no quadro abaixo. Cerca de 85% da emissão líquida total correspondeu a títulos remunerados pela taxa média Selic (LFT) e o restante a títulos cambiais (NTN-D). As emissões concentraram-se principalmente nos meses de junho e julho. Impacto do Programa sobre a Dívida Líquida do Setor Público R$ bilhões Emissão Dívida Instituições Financeiras Líquida Líquida Caixa Econômica Federal - CEF 21,06 8,9 Banco do Brasil - BB 5,33 0,3 Banco do Nordeste do Brasil - BNB 2,1 2,1 Banco da Amazônia S.A - BASA 1,35 1,35 Total 29,84 12,3 O Programa de Fortalecimento das Instituições Pela Resolução 2.682/99, os bancos federais Financeiras Federais vem ao encontro de um conjunto foram obrigados a fazer provisões dos créditos conde medidas que vêm sendo tomadas para sanear o sisforme o risco. Essas provisões estavam incompatítema financeiro brasileiro desde junho de 1997, quando veis com a estrutura de capital dessas instituições. foi instituído o Programa de Fortalecimento do Sistema Para adaptar o patrimônio das instituições Financeiro Nacional (PROER), tendo sido seguido, em financeiras estabeleceram-se na MP três instrumen- julho de 2000, pelo Programa de Redução da Presença tos: transferência do risco de créditos para o Tesou- do Setor Público Estadual na Atividade Financeira Banro Nacional ou para empresa não financeira deno- cária (PROES). minada EMGEA; troca de ativos de pouca liquidez Vale ressaltar também que, apesar de o prograpor outros líquidos e remunerados à taxa de mercama de fortalecimento e outras medidas de controle do do; aumento de capital da CAIXA, do BNB e do BAdesequilíbrio financeiro dos bancos federais não esgotaSA. rem as providências para a reestruturação dos bancos Essas ações permitiram que as instituições federais, o governo considera que essas instituições esfederais ficassem desobrigadas de assumir o risco tarão aptas a competir, em igualdade de condições, com de operações de crédito efetuadas no âmbito dos os bancos privados em um mercado financeiro cada vez programas de governo. O risco de crédito de tais o- mais exigente, sem comprometer sua função de desenperações passa a ser de responsabilidade do Te- volvimento social e econômico. souro Nacional. Com relação à capitalização das instituições, a utilização de recursos orçamentários será necessária apenas para a capitalização do BNB e BASA, nos montantes de R$ 2,1 bilhões e R$ 1,1 bilhão, Informativo Dívida Pública Dia Página 7 Calendário Econômico- Brasil Novembro Outubro Dezembro 1 2 3 4 IPC FIPE (Set) 5 IPC FIPE (Nov) 6 IPC FIPE (Out) 7 8 9 10 IGP-M (FGV) 1ª prévia IGP-M (FGV) 1ª prévia IGP-DI (FGV) Set IPCA IBGE (Set) IPCA IBGE (Out) IGP-M (FGV) 1ª prévia 11 IPC FIPE 1ª quadrissemana 12 IGP-DI (FGV) Nov IGP-DI (FGV) Out IPC FIPE 1ª quadrissemana IPCA IBGE (Nov) IPC FIPE 1ª quadrissemana 13 14 15 Divulgação, na segunda quinzena, do Divulgação, na segunda quinzena, do Relatório da Dívida Pública Federal Relatório da Dívida Pública Federal Interna (referente a setembro) - Interna (referente a outubro) Tesouro e Bacen Tesouro e Bacen Divulgação, na segunda quinzena, do Relatório da Dívida Pública Federal Interna (referente a novembro) Tesouro e Bacen 16 15:00h Copom (início) 17 16:30h Copom (término) IGP-M (FGV) 2ª prévia 18 IPC FIPE 2ª quadrissemana 15:00h Copom (inicio) IGP-M (FGV) 2ª prévia IPC FIPE 2ª quadrissemana 16:30h Copom (termino) Resultado do Tesouro Nacional (nov) Setor Externo(Nov) - Bacen Política Monetária(Nov) - Bancen Política Fiscal (Nov) - Bacen 19 20 15:00h Copom (inicio) 21 16:30h Copom (termino) IGP-M (FGV) 2ª prévia IPC FIPE 2ª quadrissemana 22 23 Divulgação, na semana de 24/12 a 28/12, do cronograma de emissões de títulos do Tesouro Nacional para janeiro de 2002. 24 25 Resultado do Tesouro Nacional (set) 26 Setor Externo (Set) - Bacen Política Monetária (Set) - Bacen IPC FIPE 3ª quadrissemana 27 Setor Externo (Out) - Bacen Política Monetária (Out) - Bacen Divulgação, na semana de 26/11 a 30/11, do cronograma de emissões de títulos do Tesouro Nacional para dezembro. IPC FIPE 3ª quadrissemana IGP-M (FGV) 3ª prévia 28 Resultado do Tesouro Nacional (out) 29 Divulgação, na semana de 29/10 a Política Fiscal (Out) - Bacen 02/11, do cronograma de emissões de títulos do Tesouro Nacional para novembro. IGP-M (FGV) 3ª prévia 30 IGP-M (FGV) 3ª prévia Política Fiscal (Set) - Bacen Boletim Trimestral Ministério da Fazenda / Secretaria do Tesouro Nacional Esplanada dos Ministérios, bloco P, edifício anexo, ala B, sala 152 CEP 70.048-900 Brasília - DF Brasil http://www.tesouro.fazenda.gov.br no 7 Elaboração: Relacionamento Institucional Tel: +55 61 412-1521 Fax: +55 61 412-1565 E-mail: [email protected] Equipe: Aline Dieguez B. M. Silva Danielle Ayres Delduque Lena Oliveira de Carvalho Pedro Érik Arruda Carneiro Outubro de 2001 Secretário-Adjunto Dívida Pública: Rubens Sardenberg Coordenador-Geral de Planejamento Estratégico da Dívida Pública: Anderson Caputo Delfino Silva Coordenador: Otavio Ladeira de Medeiros - Relacionamento Institucional: Aline Dieguez Silva - Acompanhamento Macroeconômico e Planejamento Estratégico da Dívida Pública: Manuel Augusto A. Silva - Gerenciamento de Risco: Viviane Aparecida da Silva