Português Atividades Adicionais Módulo 4 1.(PAS-UPE) Nada na língua é por acaso Tudo o que acontece numa língua viva, falada por seres humanos, tem uma razão de ser. E essa razão de ser não tem nada a ver com a preguiça, o descaso, a corrupção moral, a falta de inteligência, a mistura de raças, e outras alegações preconceituosas que vêm sendo repetidas desde antes de Cristo. A língua é uma instituição social, ela é parte integrante da vida em sociedade; por isso as mudanças que ocorrem na língua resultam da ação coletiva de seus falantes, uma ação impulsionada pelas necessidades que esses falantes sentem de se comunicar melhor, de dar mais precisão ao que querem dizer, de enriquecer as palavras já existentes com novos sentidos (principalmente os sentidos figurados, metafóricos), de criar novas palavras para dar uma ideia mais precisa de seus desejos de interação, de modificar as regras gramaticais da língua para que novos modos de pensar e de sentir, novos modos de interpretar a realidade sejam expressos por novos modos de dizer. A mudança linguística é resultado da interação entre fatores internos – os mecanismos cognitivos que processam a linguagem dentro de nosso cérebro – e fatores externos à língua, ou seja, fatores sociais e culturais. As mudanças linguísticas não ocorrem aleatoriamente. (...) Quando as pessoas sem conhecimento específico dos processos de mudança falam de “erro”, na verdade o que elas estão chamando de “erro” é algum fenômeno de transformação pelo qual a língua está passando. Uma transformação que nada tem de fortuito, de casual, nem de aleatório. E que é fruto, insisto, da ação dos falantes sobre a língua. Marcos Bagno. Não é errado falar assim. São Paulo: Parábola, 2009, p. 44-45. Adaptado. Considerando o material linguístico com que se constitui o texto em análise, podemos fazer as observações explicitadas a seguir. I. O texto fala em: “alegações preconceituosas que vêm sendo repetidas desde antes de Cristo”. O verbo sublinhado, em outro contexto, também estaria corretamente conjugado em: ‘alegações preconceituosas que vierem repetidas’. II.Em: “desejos de modificar as regras gramaticais da língua para que novos modos de pensar sejam expressos”, o segmento sublinhado poderia ser corretamente substituído por ‘para que hajam novos modos de pensar’. III. Observe a regência verbal em: “Uma transformação que nada tem de fortuito”. Desconsiderando o sentido do texto, também estariam corretas as regências em: “Uma transformação a que nada corresponde”. Ou: “Uma transformação a que ninguém se submete”. IV.Em: “as mudanças que ocorrem na língua resultam da ação coletiva de seus falantes”, o verbo sublinhado também poderia estar no singular para concordar com o sujeito posposto ‘ação coletiva’. V. A afirmação do autor em: “Uma transformação que nada tem de fortuito, de casual, nem de aleatório”, é taxativa. Pode revelar a condição de ‘certeza’ que o autor admite para sua afirmação. Estão corretas as afirmações que constam apenas nos itens: a)I, III e V. b)I, II e V. c)II, IV e V. d)II, III e IV. e)I, III, IV e V. 2.(PAS-UFAM) Assinale a opção em que falta o acento indicativo da crase da preposição a com o demonstrativo a: a)Das miniaturas que coleciono, esta coruja é a que mais aprecio. b)Esta camisa é muito parecida a que ganhei de aniversário. c)Esta história infantil foi a que sua professora recomendou? d)Das cirandas que se apresentaram, a primeira é a que merece ser campeã. e)Esta pasta é a que perdeste na semana passada? 3.(PAS-UFAM) Assinale a opção em que falta o acento indicativo de crase: a)Uma a uma, as candidatas a modelo desfilaram na passarela. b)Para obter a informação, dirigi-me a várias pessoas da cidade. 201 1 c)Os torcedores se levantaram a uma para comemorar o gol. d)Fui a Campina Grande no mês passado. e)Contei o sucedido a uma moça muito supersticiosa. 4.(PAS-UFAM) Assinale a opção em que o acento indicativo de crase é indevido: a)Isto me cheira à negociata entre as partes. b)A cidade de Manaus está ligada à de Itacoatiara por meio de rodovia. c)Plantou laranjeiras em seu sítio, às quais muito carinho dedica. d)À que melhor trabalho fizer, oferecerei o Novo Aurélio. e)O ideal é sempre aliar a teoria à prática. 5.(PAS-UFAM) Assinale a opção em que o objeto direto vem preposicionado para assegurar a clareza da frase, isto é, para evitar que seja tomado como sujeito: a)Temos amigos a quem muito prezamos. b)Observe sempre o primeiro mandamento: Amai a Deus sobre todas as coisas. c) No último festival, venceu o Caprichoso ao Garantido. d)Que bom seria se todos cumprissem com o seu dever. e)A quantos o destino trai! 6.(PAS-UFAM) Assinale a opção em que o acento indicador de crase foi indevidamente colocado: a)A criação de santuários ecológicos salva a floresta, mas acaba com a fonte de renda das pessoas ligadas às madeireiras. b)A Turquia ainda não conseguiu ser integrada à União Europeia, como pleiteia, por falta de identidade cultural com a Europa. c)Para combater a exploração ilegal de madeira na Amazônia, é necessário criar mecanismos que garantam renda efetiva à população. d)O número de mortos em ataques terroristas aumentou de modo alarmante em relação à década passada. e)Como o mundo é movido à petróleo e o petróleo abunda no Oriente Médio, buscam-se hoje aceleradamente novos combustíveis, a fim de neutralizar o poder dos xeques. b)“ela não incorpora à motivação mais importante do cientista”. c) “encontra-se uma pessoa tentando transcender às barreiras imediatas da vida diária”. d)“capacidade da razão humana de poder entender o mundo à sua volta”. e)“Talvez isso venha à chocar muita gente”. 8.(PAS-UPE) Fixando-nos em padrões sintáticos da concordância e da regência verbal e nominal do português, analise os seguintes comentários: I.Em: “Podem haver línguas que mudem mais que outras, a concordância verbo-nominal apresenta problemas, pois se trata de uma locução, cujo verbo principal é impessoal. II. O segmento: “São várias as razões para que não se perceba a constante alteração da língua” também apresentaria uma formulação sintática correta em: “São várias as razões as quais não se percebe a constante alteração da língua”. III.No trecho: “Os sons, a gramática, o vocabulário: tudo pode mudar na língua”, o verbo fica no singular, pois o pronome indefinido ‘tudo’ tem um valor resumitivo. IV.Em: “basta pegar textos antigos”, também estaria correta a formulação “Bastam pegar textos antigos”, uma vez que o núcleo do sujeito do verbo ‘bastar’ é ‘textos antigos’. V. O trecho “a escrita, [...] serve de referência para a imagem que o falante tem da língua” poderia ser corretamente parafraseado por: “a escrita, [...] serve de referência para a imagem o qual o falante tem da língua”. Estão corretos: a)I e II. b)I e III. c)II e IV. d)III, IV e V. e)I e V. 9.(PAS-UFVJM) Analise esta tirinha: 7.(PAS-UPE) De acordo com a norma-padrão, o uso do acento grave indicativo da crase é facultativo em algumas construções. Assinale o trecho no qual, sem comprometer o sentido, o referido acento também poderia ser utilizado. a)“um grupo de pessoas que corrompe à beleza da Natureza ao analisá-la matematicamente”. 201 2 De acordo com essa tirinha, é correto afirmar que: a)as personagens utilizaram a forma culta da linguagem o que se pode confirmar, principalmente, no segundo quadro. b)uma personagem utilizou “torcer” como verbo transitivo direto o que foi entendido pela outra personagem como verbo transitivo indireto. c)a confusão relacionada ao sentido do verbo só aconteceu porque a linguagem oral não nos permite esclarecer a nossa intenção ao utilizar as palavras. d)a tirinha representa uma personagem que desconhece a língua e não consegue dar sentido à fala das pessoas. 10. (PAS-UFAM) Assinale a opção correspondente à frase cuja lacuna não pode ser preenchida pela preposição entre parênteses: a)Há pessoas quem é melhor que sejamos amigos. (de) b)Há pessoas cujas ideias não é possível concordar. (com) c)Há pessoas cuja orientação devemos divergir. (de) d)Há pessoas cuja vida podemos sem receio espelhar-nos. (em) e)Há pessoas cuja autoridade nos insurgimos. (a) 11. (PAS-UFAM) Assinale a opção em que não há erro de qualquer natureza: a)Entrou no gabinete recem pintado. O cheiro de tinta fresca lhe fez espirrar. b)Lembrei-me que, certa vez, me disseste que a agitação das grandes cidades preferias a paz dos campos. Confirmas? c) Recomendei-lhes que deixassem bem fechadas a porta e as janelas. d)Ele sempre trazia as unhas o mais aceadas possível. e)Anexo a presente, segue a relação dos títulos em duplicata em nossa biblioteca. 12. (FUVEST) Assinale a alternativa em que a crase é obrigatória: a)Referiu-se a V. Exa. b)O trem partia as nove da noite. c)Este ano muitos brasileiros irão a Roma. d)Não tenho tempo de ir a casa para almoçar. e)Foi a ela que deste a notícia. 13. (UERJ) “Mas a decisão sobre quais conhecimentos a sociedade ou os cientistas devem concentrar seus esforços implica a consideração de outros valores.” O trecho destacado apresenta um problema de regência. Esse problema seria corrigido se fosse feita a seguinte alteração: a)“... implica a consideração sobre outros valores.” b)“... implica com a consideração de outros valores.” c)“... a decisão sobre os conhecimentos nos quais a sociedade...“ d)“Mas a decisão de quais conhecimentos a sociedade ou os cientistas...” 14. (MACK) Indique a letra correspondente à alternativa que completa, com as preposições adequadas, as lacunas do seguinte período: “Pareci muito aflita tua mudança inexplicável, porque não me encontrava apta nova situação, nem sou imune choques emocionais. Confesso-te que estou ansiosa ver-te com os pensamentos situados esferas mais tranquilas.” a)para com – a – a – de – entre b)por – a – à – por – nas c)para – à – à – de – em d)com – à – a – para – em e)sobre – a – aos – por – entre 15. (PUC) Assinale a alternativa que preencha, pela ordem, corretamente as lacunas a seguir: I.A espécie nova borboleta. II.A espécie nova borboleta. III.A espécie nova uma borboleta. IV.A espécie nova borboleta. se referia Meyer era uma Meyer tratava era uma Meyer se maravilhava era Meyer descobriu era uma a)que – de que – com que – que b)a que – de que – que – de que c)a que – que – com que – a que d)a que – de que – com que – que e)de que – a que – que – a que 16. (ITA) Assinalar a alternativa que corretamente preenche as lacunas: Quando dois dias disse ela que ia Itália para concluir meus estudos, pôs-se a chorar. a)a – a – a – a b)há – à – à – a c)a – à – a – à d)há – a – à – a e)há – a – a – à 201 3 17. (FATEC) Segundo os princípios da norma culta, a passagem em que falta preposição é: Texto 2 Evocação do Recife a)... aquele malvado de operário que viera, cachorro! dizer que estava com má sorte. b)... Eu corri pra chorar (...), abafando os soluços no travesseiro sozinho. c)... era impossível saber o que havia em mim. d)... um gosto maltratado (...) que eu sofria arrependido. e)... justamente a que eu gostava. “A vida não me chegava pelos jornais nem pelos livros Vinha da boca do povo na língua errada do povo Língua certa do povo Porque ele é que fala gostoso o português do Brasil Ao passo que nós O que fazemos É macaquear A sintaxe lusíada...” 18. (ITA) Assinale a alternativa correta: “O garoto, não dando mínima admoestação dos pais, agarrou-se caixa destinada decoração do pinheirinho e jogou contra menina que o provocara, na escola, hora do recreio.” BANDEIRA, Manuel. Estrela da vida inteira. Rio de Janeiro: Nova Fronteira, 2007. a)à – à – à – à – a – à – a b)a – à – à – a – a – à – a c)a – à – à – à – a – a – à d)a – à – a – à – à – à – à e)a – a – a – à – a – à – à 19. (FCC) Assinale a alternativa correta: O professor pediu mim e colega que trabalhássemos também noite. a)à – à – à b)à – à – a c)a – à – à d)a – a – à e)a – a – a 20. (PUC) a)Explique o uso da crase em: “Se estátuas em voo à beira de um mar;” b)Use a crase, quando necessário, nas orações a seguir: I. Não vai a festas nem a reuniões. II.Chegamos a Universidade as oito horas. 21. (PAS-UPE) Texto 1 Pronominais Dê-me um cigarro Diz a gramática Do professor e do aluno E do mulato sabido Mas o bom negro e o bom branco Da Nação Brasileira Dizem todos os dias Deixa disso camarada Me dá um cigarro. SCHWARTZ, Jorge (Org.). Literatura Comentada Oswald de Andrade. São Paulo, Nova Cultural, 1985. Considerando os textos 1 e 2, analise as afirmativas a seguir: I.Os textos tratam da mesma questão: um jeito brasileiro de falar mais autêntico; livre da rigidez normativa, que advém da tradição do idioma imposto desde a época da colonização. Em ambos os casos, é explícita a exaltação à fala coloquial defendida por outros modernistas, como Mário de Andrade. II.“Me dá um cigarro” é “língua errada”, mas é a representação da “língua certa do povo”, que se opõe à “sintaxe lusíada”, referida por Bandeira, poeta modernista, praticante da irregularidade métrica e do lirismo repleto de cenas do cotidiano, que oscilava entre a vida e a morte. III.Em: “É macaquear / A sintaxe lusíada...”, há o que se pode compreender como oposição à forma exigida pela gramática normativa de “Dê-me um cigarro”, de Oswald de Andrade, cuja produção poética vai do penumbrismo simbolista à ironia e ao humor do Movimento Pau-Brasil e da Antropofagia. IV.“Ao passo que nós / O que fazemos / É macaquear / A sintaxe lusíada” são versos que expressam a opinião do eu lírico sobre as diferenças existentes entre o português falado pelo povo no Brasil e o português falado pelos lusitanos. Isso deixa explícita a posição do eu lírico quando da comparação entre os dois modos de perceber a língua. V.“Porque ele é que fala gostoso o português do Brasil” é um verso que traduz a ironia presente na literatura de Manuel Bandeira, fazendo notar que a acidez do poeta o distancia do lirismo, já não muito relevante em sua poesia densa e propensa à crítica social. Está correto o que se afirma em: a)I, II e III. b)I, II e IV. c)II, III e IV. d)II, III e V. e)III, IV e V. 201 4 22. (PAS-UPE) O projeto literário do Modernismo, inaugurado em 1922, com a Semana de Arte Moderna, tinha como objetivo criar uma arte libertária, representativa da identidade nacional e da espontaneidade criativa. Os primeiros títulos, inspirados nos princípios defendidos no Teatro Municipal de São Paulo, em a Semana, foram Pauliceia Desvairada (1922), de Mário de Andrade; Memórias Sentimentais de João Miramar (1923), de Oswald de Andrade, e Ritmo Dissoluto (1924), de Manuel Bandeira, os quais mostravam a conciliação da arte erudita com a popular. Assinale a alternativa abaixo que apresenta um texto modernista, porém não produzido pelos três autores citados. a)“Estou farto do lirismo comedido Do lirismo bem comportado Abaixo os puristas Todas as palavras sobretudo os barbarismos universais Todas as construções sobretudo as sintaxes de exceção Todos os ritmos sobretudo os inumeráveis” b)“Quando o português chegou Debaixo de uma bruta chuva Vestiu o índio Que pena! Fosse uma manhã de sol O índio tinha despido O português” c)“Se tu me amas, ama-me baixinho Não o grites de cima dos telhados Deixa em paz os passarinhos Deixa em paz a mim! Se me queres, enfim, tem de ser bem devagarinho, Amada, que a vida é breve, e o amor mais breve ainda...” d)“Aprendi com meu filho de dez anos Que a poesia é a descoberta das coisas que nunca vi” e)“Quando hoje acordei, ainda fazia escuro (Embora a manhã já estivesse avançada) Chovia Chovia uma triste chuva de resignação Como contraste ao calor tempestuoso da noite. Então me levantei, Bebi o café que eu mesmo preparei, Depois me deitei novamente, acendi um cigarro e [fiquei pensando... – Humildemente, pensando na vida e nas mulheres [que amei.” 23. (PAS-UNIUBE) Fräulein engole quase um remorso porque se apanha a divagar. Queixumes do deus encarcerado (...): a profissão dela se resume a ensinar primeiros passos, a abrir olhos, de modo a prevenir os inexperientes da cilada das mãos dos rapaces. E evitar as doenças, que tanto infelicitam o casal futuro. Profilaxia. (...). Mas porém deverá parolar, quando mais chegadinho o convívio, sobre essas “meretrizes” que chupam o sangue do corpo sadio. O sangue deve ser puro. Vejam por exemplo a Alemanha, que-dê raça mais forte? Nenhuma. E justamente porque mais forte e indestrutível neles o conceito da família. Os filhos nascem robustos. As mulheres são grandes e claras. São fecundas. O nobre destino do homem é se conservar sadio e procurar esposa prodigiosamente sadia. De raça superior, como ela, Fräulein. Os negros são de raça inferior. Os índios também. Os portugueses também. Mas esta última verdade Fräulein não fala aos alunos. Foi decreto lido a vez em que um trabalho de Reimer lhe passou pelas mãos: afirmava a inferioridade dos latinos. Legítima verdade, pois quem é Reimer? Reimer é um grande sábio (...) É coisa que se ensine o amor? Creio que não. Ela crê que sim. (...). Quer mostrar que o dever supera os prazeres da carne, supera. ANDRADE, Mário de. Amar, Verbo Intransitivo – Idílio. 16. ed. Belo Horizonte: Villa Rica, 1995. Com base no fragmento acima, assinale a alternativa incorreta: a)A narrativa, nesse fragmento, é feita na terceira pessoa, por um narrador onisciente (sabe de tudo) e onipresente (está sempre presente). b)Percebe-se claramente, nesse fragmento, que o autor não se coloca dentro do livro para fazer suas numerosas observações marginais (comentar, criticar, expor ideias, concordar ou discordar). c)Andrade usa uma linguagem cheia de elipses que obrigam o leitor a ligar e completar os pensamentos. Ao invés de dizer e de explicar tudo, apenas sugere em frases curtas, mínimas. d)Há uma referência ao racismo alemão, principalmente depois que Fräulein leu um trabalho de Reimer, em que se afirmava a inferioridade da raça latina. e)Fräulein irá dirigir a sexualidade do rapaz contra os perigos da cidade (corporificado no preconceito e na forma estereotipada com que Elza se refere às prostitutas) e salvaguardar a pureza moral do corpo físico e social da nova geração da burguesia. 201 5 Senhoras: 24. (PAS-UNIUBE) “Boião de leite que a noite leva com mãos de treva pra não sei quem beber. E que embora levado bem devagarinho vai derramando pingos brancos pelo caminho.” Cassiano Ricardo Em “... que a noite leva com mãos de treva” há a mesma figura de linguagem presente em: a)Os edifícios dançavam ao longe, sob a chuva cinzenta. b)Na escuridão da noite todos choravam rios de lágrimas. c)“Deus, ó Deus, onde estás que não respondes?” d)“Sua boca era um pássaro escarlate.” e)“Amor morto motor da saudade...” 25. (PAS-UNIUBE) Os primeiros modernistas dedicaram-se especialmente à revisão da cultura brasileira e, em uma perspectiva nacionalista e crítica, retomaram momentos decisivos da história do Brasil. Ao mesmo tempo, em suas obras, representaram o impacto da cultura européia na dinâmica da vida urbana brasileira, nas primeiras décadas do século XX. Marque a alternativa correta. Em Brás, Bexiga e Barra Funda, Alcântara Machado: a)desenvolve um estudo histórico e étnico-social da raça italiana e seus descendentes no Brasil. b)faz uma sátira aos costumes dos imigrantes italianos e alemães que trabalhavam no Brasil. c) representa o sentimento nacionalista e xenófobo de seus contemporâneos que não admitiam dividir a terra brasileira com os novos imigrantes europeus. d)representa aspectos da vida íntima, familiar e cotidiana dos novos mestiços brasileiros. e)faz um alerta às autoridades políticas sobre o risco da hegemonia da cultura européia, em decorrência da imigração italiana, no Brasil. 26. (PAS-UNIUBE) Leia um trecho do capítulo IX da obra Macunaíma, “Carta pras Icamiabas”. “Às mui queridas súbditas nossas, Senhoras Amazonas. Trinta de Maio de Mil Novecentos e Vinte e Seis, São Paulo. Não pouco vos surpreenderá, por certo, o endereço e a literatura dessa missiva. Cumpre-nos, entretanto, iniciar estas linhas de saudade e muito amor, com desagradável nova. É bem verdade que na boa cidade de São Paulo – a maior do universo, no dizer de seus prolixos habitantes – não sois conhecidas por “icamiabas”, voz espúria, sinão que pelo apelativo de Amazonas; e de vós, se afirma, cavalgardes ginetes belígeros e virdes da Hélade clássica; e assim sois chamadas. Muito nos pesou a nós, Imperator vosso, tais dislates da erudição porém heis de convir conosco que, assim, ficais mais heróicas e mais conspícuas, tocadas por essa plátina respeitável da tradição e da pureza antiga”. ANDRADE, Mário de. Macunaíma. Belo Horizonte: Villa Rica Editoras Reunidas, 2000, p. 71. A leitura do fragmento nos permite considerar corretas todas as alternativas, exceto: a)Mário de Andrade utiliza-se da paródia, ora misturando português clássico (dos cronistas quinhentistas) com a linguagem falada, ora cometendo erros gramaticais intencionalmente. b)Mário de Andrade liberta a linguagem literária, aproveitando termos indígenas, africanos e regionais, cria neologismos, para superar os galicismos e lusitanismos que proliferavam na literatura brasileira. c)Neste capítulo, Macunaíma escreve, às amigas icamiabas, uma carta em português clássico, dando notícias sobre a recuperação da muiraquitã. d)O trecho lido é, na verdade, uma colagem de outro livro feita pelo autor, para demonstrar sua indignação com a literatura que se fazia na época no Brasil. 27. (PAS-UNIUBE) Considere as seguintes afirmações sobre a literatura brasileira no século XX: I.O interesse pela paisagem nacional e pelos temas ligados ao cotidiano, o verso livre e a linguagem coloquial são procedimentos comuns à poesia dos modernistas. II.A Semana de Arte Moderna foi uma reação aos ataques de poetas parnasianos que consideravam a obra dos primeiros poetas modernistas um tanto incipiente. III.Definem a poética de João Cabral de Melo Neto: a elaboração de uma linguagem concisa, elíptica, de acentuada economia de meios e a preocupação de fazer da imagem o núcleo do poema. Está correto o que se afirma: a)apenas em I. b)apenas em I e III. c)apenas em I e II. d)em I, II e III. 201 6 28. (PAS-UFSM) Manuel Bandeira relembra seu tempo de menino e a profissão que seu pai escolhera para ele. Criou-me, desde eu menino, Para arquiteto meu pai. Foi-se-me um dia a saúde... Fiz-me arquiteto? Não pude! Sou poeta menor, perdoai. Em Manuel Bandeira, como o poema indica, I.a questão biográfica, frequentemente, transforma-se em matéria poética. II.o problema de saúde gera melancolia, decorrendo daí as amarras simbolistas que caracterizam o conjunto de sua obra. III.‘‘poeta menor’’ é uma autodenominação de Bandeira, que tinha preferência pelo cotidiano e pelos gestos simples da existência. Considerando os textos 1 e 2, assinale a alternativa incorreta. a)De acordo com o texto 1, o processo de colonização brasileira deixou marcas no português falado daquela época, o que acontece até os dias atuais. b)O texto 2 apresenta a possibilidade que os falantes têm de modificar a língua quando a utilizam. c)O texto 1 aponta a colonização como o principal fator que influi no sotaque de uma região, desconsiderando a possibilidade de modificação da língua, temática presente no texto 2. d)De acordo com os textos 1 e 2, a língua falada pode ser modificada a todo momento e sofre diversas influências, como o modo de falar de pessoas de outros lugares ou a necessidade de comunicar dos falantes. 30. (PAS-UNIUBE) Está(ão) correta(s) Poética a)apenas I e II. b)apenas I e III. c)apenas II. d)apenas III. e)I, II e III. Estou farto do lirismo comedido Do lirismo bem comportado Do lirismo funcionário público com livro de ponto [expediente protocolo e manifestações de apreço [ao Sr. Diretor. 29. (PAS-UFVJM) Texto 1 Colonização interferiu na fala do brasileiro. Por que o sotaque muda conforme as diferentes regiões do país? O principal fator que influi no sotaque de uma região é a língua falada pelos nativos e por aqueles que migraram pra lá. No Brasil, os colonizadores vieram de muitos lugares, alterando a forma de falar em diferentes partes do país. Algumas influências foram fortes e mais ou menos homogêneas, como é o caso dos negros, principalmente os bantos. Na língua banto não há palavras com duas consoantes. Graças a essa influência, muitas vezes pneu transforma-se em “peneu” e advogado vira “adevogado”. Fonte: Revista Superinteressante, Nov. de 1996; Fragmento. Texto 2 Neologismo Manuel Bandeira Beijo pouco, falo menos ainda. Mas invento palavras Que traduzem a ternura mais funda E mais cotidiana. Inventei, por exemplo, o verbo teadorar. Intransitivo: Teadoro, Teodora. Estou farto do lirismo que para e vai averiguar no [dicionário o cunho vernáculo de um vocábulo. Abaixo os puristas. Todas as palavras sobretudo os barbarismos universais Todas as construções sobretudo as sintaxes de exceção Todos os ritmos sobretudo os inumeráveis Estou farto do lirismo namorador Político Raquítico Sifilítico De todo lirismo que capitula ao que quer que seja fora [de si mesmo. De resto não é lirismo Será contabilidade tabela de co-senos secretário do [amante exemplar com cem modelos de cartas e [as diferentes maneiras de agradar às mulheres, etc. Quero antes o lirismo dos loucos O lirismo dos bêbados O lirismo difícil e pungente dos bêbados O lirismo dos clowns de Shakespeare. – Não quero mais saber do lirismo que não é libertação. BANDEIRA, Manuel. Libertinagem & Estrela da manhã. Rio de Janeiro: Nova Fronteira, 2000. p. 32. 201 7 Este poema pode ser considerado como um verdadeiro manifesto da estética defendida pelos modernistas. Relacionando o poema ao estilo de época a que pertence, julgue (V) verdadeiras ou (F) falsas as alternativas: ( ) Privilegia a contenção lírica, o vocábulo requintado e o culto da forma. ( )Satiriza o lirismo praticado por velhas escolas literárias. ( ) Defende a subversão das regras gramaticais e a espontaneidade do discurso. ( ) Caracteriza-se pela ironia, sarcasmo e irreverência. Assinale a alternativa que contém a sequência correta: a)F – V – V – V b)V – F – F – F c)V – F – F – V d)F – V – V – F 31. (PAS-UNIUBE) Manuel Bandeira escreve: A vida não me chegava pelos jornais (nem pelos livros Vinha da boca do povo na língua errada (do povo Língua certa do povo Porque ele é que fala gostoso o português (do Brasil. Ao passo que nós O que fazemos É macaquear A sintaxe lusíada. Evocação do Recife. (in: Libertinagem) Haroldo de Campos escreve: “Defesa da inventividade popular (‘o povo é o inventa-línguas’, Maiakóvski) contra os burocratas da sensibilidade, que querem impingir ao povo, caritativamente, uma arte oficial, de ‘boa consciência’, ideologicamente retificada, dirigida”. E acrescenta: “Mas o povo cria, mas o povo engenha, mas o povo cavila. O povo é o inventa-línguas, na malícia da mestria, no matreiro da maravilha. O visgo do improviso, tateando a travessia, azeitava o eixo do sol... O povo é o melhor artífice”. Circuladô de Fulô (in: Isto não é um livro de viagem) Manuel Bandeira, no fragmento de Evocação do Recife, e Haroldo de Campos, no fragmento de Circuladô de Fulô, enfocam a espontaneidade da “língua do povo” e aspectos da inventividade presentes na arte popular. Com base na leitura dos fragmentos, analise as afirmativas a seguir e marque a opção incorreta. a)“Língua certa do povo/ Porque ele é que fala o português do Brasil”, expressões de Manuel Bandeira, reforçam aspectos positivos da linguagem popular. A crítica ao descaso por essa linguagem aparece mais nitidamente em “Ao passo que nós/ O que fazemos/ é macaquear/ A sintaxe lusíada”. b)Haroldo de Campos dá mais ênfase à sua crítica, enquanto se coloca em “defesa da inventividade popular (...) contra os burocratas da sensibilidade, que querem impingir ao povo, caritativamente, uma arte oficial”. E elogia a inventividade da linguagem popular quando afirma que “o povo é o melhor artífice”. c)Manuel Bandeira, como em geral todos os modernistas, criticou e denunciou as formas livres de expressão, valorizando enormemente a chamada “literatura oficial”, que chegava pelos jornais e livros, contrapondo a linguagem escrita à oral. d)Nas afirmações “mas o povo cria, mas o povo engenha, mas o povo cavila. O povo é o inventa-línguas, na malícia da mestria”, Haroldo de Campos destaca a qualidade do falante que cria e improvisa. 32. (PAS-UFSM) Macunaíma, de Mario de Andrade, é considerado um livro revolucionário, porque compõe o perfil de um herói multifacetado e inspira-se no folclore indígena da Amazônia, embora o espaço da narrativa não possa ser resumido à região amazônica. Macunaíma: I.é o símbolo do povo brasileiro e corresponde à imagem do herói apresentada nos romances indianistas. II.não tem caráter e, durante a narrativa, não há nenhuma referência a uma característica positiva da personagem. III.transforma-se durante a narrativa, assumindo as feições das diferentes raças que deram origem ao povo brasileiro (índio, negro e europeu). Está(ão) correta(s): a)apenas I. b)apenas I e II. c)apenas I e III. d)apenas II e III. e)apenas III. 33. (PAS-UFSM) Com as estéticas realista e naturalista, que negavam a idealização romântica, inaugura-se um novo olhar sobre o Brasil. Essa nova forma de conhecer o país vai-se intensificar no pré-Modernismo e culminará com a necessidade de resgatar a verdadeira alma nacional. No Modernismo, 201 8 a)os artistas concordavam com a ideia de que a arte cristalizada e conservadora, baseada em antigos padrões, era coisa do passado. b)as vanguardas surgem, no início do século XIX, sem apresentarem um projeto próprio e sem uma intenção em comum. c) a produção artística se mostra, em 1922, de modo ruidoso, enquanto o público rejeita as propostas, que, no entanto, não rompiam com a tradição. d)os artistas estavam mais preocupados em questionar as elites do que em professar uma autêntica brasilidade. e)todas as características do Romantismo voltam, principalmente a idealização da mulher. 34. (PAS-UFAM) A respeito do Surrealismo, um dos movimentos de vanguarda relacionados ao Modernismo brasileiro, pode-se afirmar: a)Pierre Garnier, que o sistematizou, declarava que as profundezas de nosso espírito abrigam forças capazes de superar o aparente equilíbrio da superfície. b)Sua história se confunde com a de seu líder, Marinetti, que, em 1909, lançou em Paris o manifesto do movimento. c)Teve como líder o romeno Tristan Tzara, que privilegiava a exploração do inconsciente, as narrações dos sonhos, as experiências hipnóticas. d)Tendo como referência o pintor Picasso, seus adeptos pregavam a deformação dos objetos naturais, privilegiando a subjetividade do artista. e)André Breton, que lançou o manifesto do movimento em 1924, considerava o racionalismo absoluto como algo absolutamente desprezível. 35. (PAS-UnB) Com as Memórias Sentimentais de João Miramar, Osvaldo de Andrade se incorporou praticamente ao grupo dos modernistas brasileiros. Afinal, Os Condenados eram mais uma contemporização. No fundo obra realista. Na forma, o discurso corria lento, arreado de bugingangas sonoras. (...) Com as Memórias dentro da roupa, o corpo é já moderno. Subsiste, é certo, a formação analítico-realista. No fundo o eterno sentimentalismo. Não faz mal. Sentimental é o brasileiro. Realista é Joyce. Osvaldo de Andrade permitiu ao prefaciador das Memórias Sentimentais que expusesse algumas intenções do escritor. Francamente construtivas. O livro saiu a mais alegre das destruições. Quase dada. Pretendeu a “volta ao material”. Isso indicava respeitar o material e trabalhá-lo. Ou pelo menos a apresentação do material literário puro, em toda a sua infante virgindade. Mário de Andrade. In: Oswald de Andrade. Memórias Sentimentais de João Miramar. São Paulo: Globo, 2004, p. 8-9. À guisa de prefácio João Miramar abandona momentaneamente o periodismo para fazer sua entrada de homem moderno na espinhosa carreira de letras. E apresenta-se como o produto improvisado, e portanto imprevisto e quiçá chocante para muitos, de uma época insofismável de transição. Como os tanks, os aviões de bombardeio sobre as cidades encolhidas de pavor, os gases asfixiantes e as terríveis minas, o seu estilo e a sua personalidade nasceram das clarinadas caóticas da guerra. Porque eu continuarei a chamar guerra a toda esta época embaralhada de inéditos valores e clangorosas ofensivas que nos legou o outro lado do Atlântico com as primeiras bombardas heroicas da tremenda conflagração europeia. Machado Penumbra. In: Oswald de Andrade. Memórias Sentimentais de João Miramar. São Paulo: Globo, 2004, p. 69. Entrevista entrevista — Com que então o ilustre homem pátrio de letras não prossegue suas interessantíssimas memórias? — Não. — Seria permitido ao grosso público ledor não ignorar as razões ocultas da grave decisão que prejudica assim a nossa nascente literatura? — Razões de estado. Sou viúvo de D. Célia. — Daí? — Disse-me o dr. Mandarim que os viúvos devem ser circunspectos. — O dr. Mandarim, com perdão da palavra, é uma besta! — Engano seu. (...) Adoto-o. Oswald de Andrade. Memórias Sentimentais de João Miramar. São Paulo: Globo, 2004, p. 69. Considerando os fragmentos acima bem como o romance Memórias Sentimentais de João Miramar, de Oswald de Andrade, julgue os itens a seguir: ( ) No que se refere à estrutura linguística, o prefácio de Machado Penumbra apresenta crítica à linguagem parnasiana, o que permite afirmar que, nesse caso, há coincidência entre as opiniões de João Miramar, Machado Penumbra e Oswald de Andrade. 201 9 ( ) Machado Penumbra parte da premissa de que o romance prefaciado é criação singular de um indivíduo dotado de genialidade, razão pela qual estaria aterrorizando a sólida tradição clássica. ( ) Da análise da situação de fala que envolve o entrevistador e João Miramar, depreende-se a orientação ideológica oswaldiana no sentido de crítica a determinada concepção de língua portuguesa em que prevaleciam padrões de correção e erudição. 36. (PAS-UNIUBE) “Voltou à alcova. Luísa permanecia na sua modorra; a manga do chambre arregaçada descobria o braço mimoso, com a sua penugem loura; a face escarlete reluzia; as pestanas longas pousavam pesadamente, no adormecimento das pálpebras finas; um anel do cabelo caíra-lhe sobre a testa, e pareceu a Jorge adorável e tocante com aquela cor, a expressão de febre. Pensou, sem saber por que, que outros a deveriam acha linda, desejá-la, dizer-lho, se pudessem... Para que lhe escreviam da França? Quem?” QUEIRÓS, Eça de. O Primo Basílio, São Paulo: Editora Martin Claret, 2002, p. 351. O discurso indireto livre é um dos aspectos importantes do estilo de Eça de Queirós e do Realismo. Assinale a alternativa em que ocorre esse tipo de discurso: a)“Voltou à alcova.” b)“... a face escarlete reluzia...” c)“... um anel do cabelo caíra-lhe sobre a testa...” d)“Para que lhe escreviam da França”? 37. (PAS-UNIUBE) Conversinha mineira – É bom mesmo o cafezinho daqui, meu amigo? – Sei dizer não senhor: não tomo café. – Você é dono do café, não sabe dizer? – Ninguém tem reclamado dele não senhor. – Então me dá café com leite, pão e manteiga. – Café com leite só se for sem leite. – Não tem leite? – Hoje, não senhor. – Por que hoje não? – Porque hoje o leiteiro não veio. – Ontem ele veio? – Ontem não. [...] SABINO, Fernando. Conversinha Mineira In: Para Gostar de Ler. Crônicas. v. 5. São Paulo: Ática. p. 28. Após a leitura do fragmento, analise as afirmativas a seguir. Marque V para verdadeiro e F para falso: ( )O discurso indireto é usado para caracterizar a forma de falar dos mineiros. ( )O dono do estabelecimento restringe-se em responder as perguntas do cliente, mostrando ser uma pessoa comedida e reservada. ( )As respostas curtas e objetivas, do dono do estabelecimento, remetem-nos à mineiridade. ( ) O dono do estabelecimento tenta enganar o cliente, com respostas curtas. Em seguida, assinale a afirmativa correta: a)V – V – V – V b)V – V – F – F c)F – V – V – F d)F – V – V – V e)F – F – V – V (PAS-UNIUBE) O fragmento de texto, a seguir, pertence ao livro Quarto de despejo, escrito por Carolina de Jesus. Leia-o para responder à questão 38. “20 DE MAIO, O dia vinha surgindo quando eu deixei o leito. A Vera despertou e cantou. E convidou-me para cantar. Cantamos. O João e o José Carlos tomaram parte. Amanheceu garoando. O Sol está elevando-se. Mas o seu calor não dissipa o frio. Eu fico pensando: tem epoca que é o Sol que predomina. Tem epoca que é a chuva. Tem epoca que é o vento. Agora é a vez do frio. E entre eles não deve haver rivalidades. Cada um por sua vez. Abri a janela e vi as mulheres que passam rapidas com seus agasalhos descorados e gastos pelo tempo. Daqui a uns tempos estes palitol que elas ganharam de outras e que de há muito devia estar num museu, vão ser substituidos por outros. É os politicos que há de nos dar. Devo incluir-me, porque eu tambem sou favelada. Sou rebotalho. Estou no quarto de despejo, e o que está no quarto de despejo ou queima-se ou joga-se no lixo. ... As mulheres que eu vejo passar vão nas igrejas buscar pães para os filhos. Que o Frei Luiz lhes dá, enquanto os esposos permanecem debaixo das cobertas. Uns porque não encontram emprego. Outros porque estão doentes. Outros porque embriagam-se. ... Eu não preocupo-me com os homens delas. Se fazem bailes eu não compareço porque não gosto de dançar. Só interfiro-me nas brigas onde prevejo um crime. Não sei a origem desta antipatia por mim. Com os homens e as mulheres eu tenho um olhar duro e frio. O meu sorriso, as minhas palavras ternas e suaves, eu reservo para as crianças.” JESUS, Carolina Maria de. Quarto de Despejo. 8 ed. São Paulo: Ática, 2001. p. 33-34. 201 10 38. Identifique dois traços característicos da escrita de Carolina que se encontram presentes nesse fragmento e marque a alternativa correta. a)Aproveitamento da escrita de outros; emprego do discurso indireto; b)Utilização de gírias; predomínio de marcas temporais; c)Predomínio de descrição; emprego de neologismos; d)Alternância entre língua culta e língua coloquial; aproximação de contrastes; e)Ausência de comparações; uso intenso de intertextualidade. (PAS-UNIUBE) Leia com atenção o fragmento para responder à questão 39. Sempre fui de muito ler, não por virtude, mas porque em nossa casa livro era um objeto cotidiano, como o pão e o leite. Lembro de minhas avós de livro na mão quando não estavam lidando na casa. Minha cama de menina e mocinha era embutida em prateleiras. Criança insone, meu conforto nas noites intermináveis era acender o abajur, estender a mão, e ali estavam os meus amigos. Algumas vezes acordei minha mãe esquecendo a hora e dando risadas com a boneca Emília, de Monteiro Lobato, meu ídolo em criança: fazia mil artes e todo mundo achava graça. Lya Luft . Brasileiro não gosta de ler? Revista Veja, 12/08/09. 39. De modo geral, os textos apresentam certas especificidades que nos permitem um imediato reconhecimento de sua tipologia. Assim, é correto dizer que o fragmento de Lya Luft trata-se de: a)um texto descritivo que caracteriza pessoas da mesma família e faz uso de uma linguagem objetiva e denotativa. b)um texto narrativo que envolve personagens, tempo e espaço, com uso de discurso indireto. c)um texto dissertativo expositivo com informações sobre a vida de crianças leitoras e seus brinquedos. d)um texto dissertativo argumentativo em que se apresentam opiniões que tentam convencer o leitor sobre a importância da leitura. e)um texto injuntivo que orienta e aconselha as mães a respeito de bonecas, livros e amigos dos filhos. 40. (PAS-UNIUBE) Texto A “Retórica dos namorados, dá-me uma comparação exata e poética para dizer o que foram aqueles olhos de Capitu. Não me acode imagem capaz de dizer, sem quebra da dignidade do estilo, o que eles foram e me fizeram. Olhos de ressaca? Vá, de ressaca. É o que me dá ideia daquela feição nova. Traziam não sei que fluido misterioso e enérgico, uma força que arrastava para dentro, como a vaga que se retira da praia nos dias de ressaca. Para não ser arrastado, agarrei-me às outras partes vizinhas, às orelhas, aos braços, aos cabelos espalhados pelos ombros; mas tão depressa buscava as pupilas, a onda que saía delas vinha crescendo, cava e escura, ameaçando envolver-me, puxar-me, tragar-me.” ASSIS, Machado de. Dom Casmurro, São Paulo: Scipione, 1997, p. 37. Texto B “Não, ele não sabia a que comparar aqueles olhos de Capitu. Olhos de ressaca? Isso mesmo, de ressaca: é o que lhe dava ideia aquela feição nova. Traziam não sabia que fluido misterioso e enérgico, uma força que arrastava para dentro, como a onda que se retira da praia, nos dias de ressaca. Para não ser arrastado, ele se agarrou às partes vizinhas, às orelhas, aos braços, aos cabelos espalhados pelos ombros. Tão logo, porém, voltava aos olhos, a onda que saía deles vinha crescendo, cava e escura, ameaçando envolvê-lo, puxá-lo e tragá-lo”. SABINO, Fernando. Amor de Capitu, São Paulo: Ática, 1998, p. 53. Relacionando os dois textos, todas as alternativas estão corretas, exceto: a)O texto A, narrado em primeira pessoa, mostra-se mais intenso na descrição, demonstrando a emoção do narrador diante dos olhos da amada. b)O texto B, narrado em terceira pessoa, recorre ao discurso indireto livre para expressar a sensação da personagem diante dos olhos da amada. c)Os dois textos apresentam semelhança quanto ao foco narrativo, indicando alterações apenas na forma de contar o fato. d)O texto A revela uma preocupação do narrador quanto ao estilo, enquanto o texto B apenas narra, sem preocupar-se com originalidade. 41. (PAS-UnB) Tibério estava de tal modo entusiasmado com a vitória de seu candidato que, para pasmo geral da família e dos amigos, resolveu “dar um pulo” a Brasília para assistir à posse do presidente que ajudara a eleger. Passou três dias na chamada “nova capital”. Quando voltou para Antares, um dos filhos lhe perguntou: — Que tal Brasília? — Uma bosta. Não sei por que escolheram aquele lugar pra essa tal de Novacap. Decerto muita gente 201 11 andou ganhando dinheiro por baixo do poncho da transição. Não vi nada que justificasse a escolha. Naquelas paragens, só existem arbustos minguados, nenhuma árvore de mérito. Terra porosa. É como se Brasília tivesse sido construída em cima dum cupim. E sabem duma coisa? Naquele deserto, nem passarinho tem! — E que nos diz do Jânio? — Temos que primeiro esperar, para ver o que o homem faz. (...) No dia 25 de agosto de 1961, exatamente sete anos e um dia do suicídio de Getúlio Vargas, chegou a Antares a notícia de que Jânio Quadros acabava de apresentar ao Congresso Nacional a sua renúncia ao cargo de presidente da República. Dona Briolanja Vacariano, com palpitações de coração, fez o que nunca jamais fizera em toda a sua vida de esposa exemplar: acordou o marido da sesta vinte minutos antes da hora marcada e deu-lhe a notícia. (...) Tibério Vacariano estava perturbado. “Agora temos de engolir Jango Goulart como presidente”, pensava. “É o fim da picada! É o fim da picada!” E, repetindo esta frase, ele atravessou a praça em diagonal e entrou na sede do diretório do PSD, onde só encontrou caras alarmadas e interrogativas. Um dos seus correligionários disse: — Segundo a Constituição, o Jango tem de assumir. — A Constituição que vá pro diabo! Érico Veríssimo. Incidente em Antares. São Paulo: Círculo do Livro, p. 113-14. Tendo como referência os trechos acima, extraídos da obra Incidente em Antares, de Érico Veríssimo, julgue o item seguinte. ( ) Nos fragmentos apresentados da obra Incidente em Antares, verifica-se o emprego do discurso direto, recurso que permite presentificar a fala e as opiniões do personagem Tibério Vacariano, as quais, embora não totalmente em favor da eleição, expressam o ponto de vista da classe dominante da cidade de Antares. 42. (PAS-UnB) Bonitão (autoritário) — Marli, me obedeça! Marli — Está querendo bancar o machão na frente dela? (...) Bonitão (segura Marli por um braço, violentamente) — Vamos para casa! Marli — Não! Primeiro quero tirar isso a limpo. Quero que essa vaca saiba que você é meu. (com orgulho) Meu! (grita para Rosa) Esta roupa foi comprada com o meu dinheiro! Esta e todas que ele tem! Bonitão (perde a paciência, ameaçador) — Se você não for para casa imediatamente, nunca mais eu deixo você me dar nada! Marli (deixando-se arrastar por ele na direção da direita) — Ele é meu, ouviu? Fique com seu beato e deixe ele em paz! É meu homem! É meu homem! Dias Gomes. O pagador de promessas. Rio de Janeiro, Ediouro, 2005, p. 59. A partir do fragmento acima, julgue o item a seguir. ( ) Predominam, no fragmento acima, as seguintes funções da linguagem: função emotiva, evidenciada na alta expressividade dos personagens; e função apelativa, manifesta por meio do emprego do modo imperativo e da segunda pessoa do discurso. 43. (PAS-UnB) Quando em 1934 o Brasil adotou uma nova Constituição e Getúlio Vargas foi eleito Presidente da República pela Assembleia Constituinte, por um período de quatro anos, Tibério Vacariano fez sua primeira visita ao Rio de Janeiro. Teve um rápido colóquio com o Presidente, que o recebeu com afabilidade, no Palácio do Catete, declarando-lhe: “O senhor, coronel, é o meu homem de confiança em Antares”. Tibério aproveitou a oportunidade para conseguir com o chefe da nação bons empregos em repartições públicas federais para alguns de seus parentes e amigos. Fez esses pedidos como quem quer dar a entender que ele, Vacariano, não queria nada para si mesmo, pois “Deus me livre, Presidente, de abusar duma amizade...”. Érico Verissimo. Incidente em Antares. São Paulo: Globo, 1991, p. 43. Considerando o fragmento de texto acima e o romance Incidente em Antares, do qual ele faz parte, bem como a amplitude do tema que ele aborda, julgue o item a seguir. ( )A frase em discurso direto ao final do texto foi recurso produtivo para o efeito de ironia. 44. (PAS-UFU) Texto para as questões 44 e 45. Texto 1 Caboclo é bão de enxada "Entre as raças de variado matiz, uma existe a vegetar de cócoras, incapaz da evolução. Feia e sorna, nada a põe de pé." Jeca Tatu, de Monteiro Lobato, um caipira dito atrasado e cheio de vadia5 gem, resolveu garrar na enxada, cuspir na palma da mão e vir espiar o que andam espalhando a respeito da sua pessoa por aí. O caipira é do jeito que é, assim meio quietão, e tem lá suas razões. O so201 12 10 15 20 25 30 35 ciólogo José de Souza Martins rebate as palavras de Lobato: ”O caipira preguiçoso estereotipado contrasta radicalmente com a profunda valorização do trabalho entre as populações caipiras do Alto Paraíba, nas vizinhanças da mesma região montanhosa em que Lobato trabalhou“. Ou seja, quem enxerga o caipira como quem não tem o que fazer deve estar é ruim das vistas. Nunca vi, que nem o sitiante, sujeito tão ligeiro pra carpir uma roça e cuidar dos bichos, nem tão disposto a ajudar a vizinhança num mutirão pra colheita. Cheio de honra na sua palavra, o Jeca recebe de bom grado a mesma ajuda que, a troco de serviço, retribui no sítio dos parceiros. Porque na roça é tudo assim: trabalho é o que não falta e o que se recebe é pra Deus. Nada de vadiagem pra quem abriu esse Brasil na enxada e na coragem. O professor Antonio Candido explica melhor: “Da formação histórica de São Paulo resultou uma sociedade cujo tipo humano ideal foi o aventureiro, [...] irmanando-se na vida precária imposta pela mobilidade [...] que deixou no caipira certa mentalidade de acampamento”. Na beira dos desbravadores do tempo das Bandeiras, o lavrador desbandeirizado foi ficando pelas veredas, capengando no ócio. Marginalizados, se tornariam agregados dos afazendados na cana, fincando pé como sitiantes nas roças de toco, cuidando só do de comer e lavrando assim a raiz da cultura caipira. BRASIL – Almanaque de Cultura Popular – TAM. Ano 10, no 110, Junho – 2008. p. 20. De acordo com o Texto 1, marque para as alternativas abaixo (V) Verdadeira, (F) Falsa ou (SO) Sem Opção. 1.( )O texto dialoga com o estereótipo negativo do caipira de modo a contestá-lo; para tanto, o autor do texto, ao atribuir ao caipira características positivas, estabelece uma relação de sinonímia entre as designações Jeca Tatu, caipira, caboclo e sitiante. 2. ( ) No texto, a expressão “ou seja” (linha 14), além de estabelecer uma relação de equivalência de sentido entre dizeres, expande o que é dito no enunciado anterior, por meio de um exemplo generalizante. 3. ( ) A mesma opinião sobre o caipira é apresentada no texto, por meio do uso de discursos diretos atribuídos a diferentes autores. 4.( )No texto, usam-se os dois-pontos (linha 22) para indicarem a introdução de discurso direto e para explicarem um termo antecedente e se usam reticências entre colchetes (linha 28) para indicarem a supressão de trechos no texto. 45. Texto 2 As mariposa As mariposa quando chega o frio fica dando vorta em vorta da lâmpida pra si isquentá Elas roda, roda, dispois si senta Em cima do prato da lâmpida pra discansá 5 Eu sou a lâmpida E as muié é as mariposa Que fica dando vorta em vorta de mim Todas as noites, só pra mi beijá − Boa noite, lâmpida! 10 − Boa noite, mariposa! − Pelmita-me oscular-lhe as alfácias? − Pois não, mas rápido porque daqui a pouco eles mi [apaga. Adoniran Barbosa. As mariposa. In: Série Bis: Adoniran Barbosa. São Paulo, 2005. Compare o Texto 1 com o Texto 2 e, em seguida, marque para as alternativas abaixo (V) Verdadeira, (F) Falsa ou (SO) Sem Opção. 1.( ) A temática dos Textos 1 e 2 permite levar para espaços reservados (o do texto jornalístico e o do texto poético), principalmente, à norma padrão, uma variedade linguística estigmatizada, o que é uma forma de valorá-la positivamente. 2.( ) Há nos Textos 1 e 2 a alternância de uso das variedades linguísticas padrão e não-padrão. Como exemplo de uso da variedade padrão, tem-se no Texto 1: “Nunca vi, que nem o sitiante, sujeito tão ligeiro pra carpir [...]” (linhas 16-17) e, no Texto 2: “Todas as noites, só pra mi beijá” (linha 08). Como exemplo de uso da variedade não-padrão, tem-se no Texto 1: “Jeca Tatu [...] resolveu garrar na enxada [...]” (linhas 03-05) e, no Texto 2: “E as muié é as mariposa.” (linha 06) 3.( ) Embora os autores empreguem nos dois textos o discurso direto com a mesma intenção comunicativa, esses são marcados diferentemente: no Texto 1, pelo uso das aspas e, no Texto 2, pelo uso do travessão. 4.( ) O Texto 1 e o 2 apresentam como tema grupos sociais marginalizados. Esses grupos são descritos a partir de uma perspectiva positiva. No entanto, a descrição dos mesmos se faz de forma diferente: enquanto no Texto 1, o caipira é descrito a partir da comparação de duas imagens antagônicas atribuídas a ele, no Texto 2, as meretrizes são descritas a partir do uso de metáfora. 201 13 46. (PAS-UFU) Os seres humanos são muito diferentes. Variam na cor da pele, na altura, na forma dos olhos, no cabelo, no sexo e em muitas outras características físicas. Nós diferimos também em nossas crenças religiosas, nossos valores, nossos modos de estabelecer os laços familiares, no modo como assumimos os papéis de homem e mulher e em tantos outros aspectos da organização da vida em sociedade. Também somos diversos nas características de nosso mundo subjetivo. Dentro de uma sociedade, ainda, o acesso às riquezas materiais e simbólicas resulta em diferentes possibilidades de organizar a vida. Isso sem falar naquelas diferenças que existem entre povos que vivem dentro de uma mesma nação e naquelas que existem entre nações. Nesse sentido, uma questão bastante intrigante surge: por que nós, humanos, embora sejamos uma única espécie biológica, desenvolvemos modos de vida tão diferentes e conflitantes? Ao se explorar algumas possibilidades de explicação, pode-se pensar também nas formas de convívio com as diferenças humanas para o desenvolvimento de nosso modo de viver. Nós não nascemos inteiramente prontos para viver. Ao contrário, só nos tornamos de fato humanos na medida em que convivemos e aprendemos com outras pessoas em uma dada cultura. Por meio desse aprendizado na vida social, formamos nossa personalidade e elaboramos nossos planos de vida, nossos sentimentos e desejos. Nossa vida só pode acontecer verdadeiramente se participarmos de um mundo cultural, se partilharmos um conjunto de referências sociais. Todas as culturas humanas criaram modos de viver coletivamente, de organizar sua vida política, de se relacionar com o meio ambiente, de trabalhar, distribuir e trocar as riquezas que produzem. Mais ainda, todos os povos desenvolveram linguagens, manifestações artísticas e religiosas, mitologias, valores morais, vestuários e moradias. Portanto, a pluralidade cultural indica, antes de tudo, um acúmulo de experiências humanas e das conquistas humanas que é patrimônio de todos nós, pois pode enriquecer nossa vida ao nos ensinar diferentes maneiras de existir socialmente e de criar o futuro. No entanto, nem todas as diferenças são positivas. Quando elas se transformam em desigualdades precisam ser encaradas criticamente. Dentro das sociedades e entre povos há relações de desigualdade e dominação em que alguns grupos sociais acumulam bens materiais, saberes, prestígio e poder ao mesmo tempo em que impedem o amplo acesso de outros grupos a essas riquezas. Essa desigualdade é nefasta, porque, se alguns grupos em uma sociedade ou algumas culturas se afirmam em detrimento de outras, é sinal de que uma parcela dessa diversidade está sendo reprimida, constrangida ou até mesmo eliminada. A importância de imperativos éticos válidos mundialmente e que assegurem o direito à manifestação da diversidade cultural fica ainda mais clara se levarmos em conta que nenhuma cultura humana se desenvolveu sem estabelecer relações de troca, aproximação e diferenciação com seus vizinhos. Muitas mudanças nos modos de viver de um grupo não ocorreram a partir de alguma necessidade do próprio grupo, mas, sim, da necessidade de imitação ou de diferenciação em relação a outro grupo. Entretanto, além de proporcionar o intercâmbio de valores, línguas, conhecimentos, instrumentos e artes, esse convívio pode, muitas vezes, se manifestar de forma violenta, com uso de dominação e marcada por preconceitos. Uma das fontes de tratamento preconceituoso e discriminatório para outras culturas é a crença de que as sociedades que tiveram um maior desenvolvimento técnico e econômico são superiores às outras. Essa crença se baseia na ideia de que o progresso tecnológico e o crescimento econômico são sinônimos de desenvolvimento civilizatório e um salto evolutivo da humanidade. É verdade que o aprimoramento das técnicas e das relações econômicas aumentou sem dúvida a nossa capacidade de ação sobre a natureza. Há que se questionar, no entanto, se esse desenvolvimento representa, por si só, um avanço qualitativo da vida humana. Salta aos olhos a evidente contradição entre as enormes possibilidades de vida geradas pelo progresso tecnológico e econômico e a miséria em que vive parte expressiva da humanidade. Ao longo da história ocidental, embora a invenção de novas tecnologias respondesse às necessidades humanas que surgiam, ela tem sido associada prioritariamente ao aumento da eficiência na produção de mercadorias. Além disso, o desenvolvimento tecnológico e econômico que se verifica em alguns países capitalistas responde apenas à parte das necessidades humanas. Se considerarmos critérios diferentes, observamos que outros povos, em alguns campos, atingiram graus de desenvolvimento indiscutivelmente mais sofisticados do que as sociedades ocidentais. As civilizações do Oriente e do Extremo-Oriente desenvolveram conhecimentos extremamente complexos sobre o corpo humano. Os povos indígenas do Brasil Central e da Amazônia detêm conhecimentos valiosos sobre a floresta e seus mistérios. Constata-se, assim, que não há um único modo de organizar a existência nem de fazer a história. A pluralidade cultural é também um foco constante de conflitos, pois traz consigo concepções que questionam profundamente nossas crenças e valores. Por esse motivo, a realização das possibilidades de desenvolvimento humano depende do enfrentamento de um desafio: como reconhecer o direito à diversidade quando há discordância de condutas e pensamentos? 201 14 Para dar conta disso, tem havido um esforço grande para se desenvolver uma ética universal que afirme valores morais para a regulação do comportamento entre os diversos grupos culturais e as pessoas que manifestam essas diferenças. A formação histórica brasileira é marcada pela atuação de muitos povos, culturalmente muito diversos. Somos um povo que se vê como pertencente a uma nação e a um Estado, é verdade. Entretanto, há uma vasta pluralidade cultural entre nós, que se expressa, por exemplo, nas diferenças entre os modos de viver do Norte e do Sul, do litoral e do Centro-Oeste, entre os grupos originários de outros continentes, entre as populações rurais e urbanas, entre os jovens e os adultos, entre os meios letrados e as manifestações da tradição oral. Existe entre nós uma riqueza de experiências humanas que constitui um dos maiores patrimônios nacionais. Entretanto, o predomínio da discriminação, as imensas desigualdades sociais, políticas e econômicas, os preconceitos e a intolerância reduzem muito as possibilidades de essa pluralidade se manifestar. Por isso criar condições para a afirmação da pluralidade que marca nossa formação cultural é a melhor maneira de compartilhar esse acervo de experiências humanas, esse patrimônio cultural existente no Brasil. Assim podemos encontrar respostas inesperadas aos limites e às potencialidades do presente e abrir novos caminhos para o nosso futuro. Disponível em: <http://www.educarede.org.br/educa/index. cfm?pg=oassuntoe.interna&id_tema=10&id_subtema=1>. Acesso em: 12 de set. 2010. (Texto modificado) Marque, para as afirmativas abaixo, (V) Verdadeira, (F) Falsa ou (SO) Sem Opção. 1.( ) No texto, há a adesão explícita à ideia de que por meio da ética é possível respeitar, aceitar e valorizar as diferenças culturais. 2.( ) A noção semântica de proporcionalidade está presente no seguinte trecho: “[...] só nos tornamos de fato humanos na medida em que convivemos e aprendemos com outras pessoas em uma dada cultura.” (Parágrafo 3o) 3. ( ) Pelo uso do discurso na 1a pessoa do plural, o autor evita o tom impositivo e muito pessoal e confere distanciamento entre autor e leitor. 4.( )O último parágrafo do texto se desenvolve como ilustração da opinião do autor, desenvolvida no parágrafo anterior. 47. (PAS-UFPB) A questão abaixo pode apresentar mais de uma afirmativa correta. 1 Casa de Pensão (fragmento) Às oito horas, quando entrou em casa tinha já resolvido não ficar ali nem mais um dia. − Era fazer as malas e bater quanto antes a bela plumagem! Mas também, se por um lado não lhe convinha ficar em companhia do Campos; por outro, a ideia de se meter na república do Paiva não o seduzia absolutamente. Aquela miséria e aquela desordem lhe causavam repugnância. Queria liberdade, a boêmia, a pândega − sim senhor! tudo isso, porém, 10 com um certo ar, com uma certa distinção aristocrática. Não admitia uma cama sem travesseiros, um almoço sem talheres e uma alcova sem espelhos. Desejava a bela crápula, − por Deus que desejava! mas não bebendo pela garrafa e dormindo 15 pelo chão de águas-furtadas! − Que diabo! − não podia ser tão difícil conciliar as duas coisas! ... Pensando deste modo, subiu ao quarto. Sobre a cômoda estava uma carta que lhe era dirigida; abriu-a logo: 5 20 “Querido Amâncio. Desculpe tratá-lo com esta liberdade; como, porém, já sou seu amigo, não encontro jeito de lhe falar doutro modo. Ontem, quando combinamos no Hotel dos Príncipes a sua visita para do25 mingo, não me passava pela cabeça que hoje era dia santo e que fazíamos melhor em aproveitá-lo; por conseguinte, se o amigo não tem algum compromisso, venha passar a tarde conosco, que nos dará com isso grande prazer. Minha família, depois 30 que lhe falei a seu respeito, está impaciente para conhecê-lo e desde já fica à sua espera.” Assinava “João Coqueiro” e havia o seguinte post-scriptum: “Se não puder vir, previna-mo por duas palavrinhas; mas venha. Resende n ... ” Amâncio hesitou em se devia ir ou não. O Co35 queiro, com a sua figurinha de tísico, o seu rosto chupado e quase verde, os seus olhos pequenos e penetrantes, de uma mobilidade de olho de pássaro, com a sua boca fria, deslabiada, o seu nariz agudo, o 40 seu todo seco egoísta, desenganado da vida, não era das coisas que mais o atraíssem. No entanto, bem podia ser que ali estivesse o que ele procurava, − um cômodo limpo, confortável, um pouquinho de luxo, e plena liberdade. Talvez aceitasse o convite. 45 − Esta gente onde está? perguntou, indicando o andar de cima a um caixeiro que lhe apareceu no corredor, com a sua calça domingueira, cor de alecrim, o charuto ao canto da boca. − Foram passear ao Jardim Botânico, respon50 deu aquele, descendo as escadas. − Todos? ainda interrogou Amâncio. − Sim, disse o outro entre os dentes, sem voltar o rosto. E saiu. 201 15 − Está resolvido! pensou o estudante. − Vou à casa do Coqueiro. Ao menos estarei entretido durante esse tempo! E voltando ao quarto: − Não! É que tudo ali em casa do Campos já lhe cheirava mal!... Olhassem para o ar impertinente 60 com que aquele galeguinho lhe havia falado! ... E tudo mais era pelo mesmo teor. − Uma súcia d'asnos! Começou a vestir-se de mau humor, arremessando a roupa, atirando com as gavetas. O jarro vazio causou-lhe febre, sentiu venetas de arrojá-lo 65 pela janela; ao tomar uma toalha do cabide, porque ela se não desprendesse logo, deu-lhe tal empuxão que a fez em tiras. − Um horror! resmungava, a vestir-se furioso, sem saber de quê. 70 − Um horror! E, quando passou pela porta da rua, teve ímpetos de esbordoar o caixeiro, que nesse dia estava de plantão. 55 AZEVEDO, Aluísio. Casa de Pensão. São Paulo: Ática, 2009, p. 59-60. No fragmento “– Era fazer as malas e bater quanto antes a bela plumagem!” (linhas 2-3), o narrador faz uso do discurso indireto livre. Identifique os fragmentos em que ocorre essa mesma forma de discurso: I.“Aquela miséria e aquela desordem lhe causavam repugnância.” (linhas 7-8) II.“Queria liberdade, a boêmia, a pândega – sim senhor! tudo isso, porém, com um certo ar, com uma certa distinção aristocrática.” (linhas 8-11) III.“Desejava a bela crápula, – por Deus que desejava! mas não bebendo pela garrafa e dormindo pelo chão de águas-furtadas!” (linhas 13-15) IV.“Sobre a cômoda estava uma carta que lhe era dirigida; [...]” (linhas 17-18) V.“– Foram passear ao jardim Botânico, respondeu aquele, descendo as escadas.” (linhas 49-50) 48. (PAS-UFS) Poema I Lira XVIII Não vês aquele velho respeitável, Que, à muleta encostado, Apenas mal se move, e mal se arrasta? Oh! quanto estrago não lhe fez o tempo, O tempo arrebatado, Que o mesmo bronze gasta. Enrugaram-se as faces e perderam Seus olhos a viveza; Voltou-se o seu cabelo em branca neve Já lhe treme a cabeça, a mão, o queixo, Não tem uma beleza Das belezas que teve. Assim também serei, minha Marília, Daqui a poucos anos, Que o ímpio tempo para todos corre. Os dentes cairão e os meus cabelos, Ah! sentirei os danos, Que evita só quem morre. Poema II A Maria de Povos, sua futura esposa Discreto e formosíssima Maria, enquanto estamos vendo a qualquer hora, em tuas faces a rosada Aurora, em teus olhos e boca, o Sol e o dia; enquanto com gentil descortesia, o ar, que fresco Adonis te namora, te espalha a rica trança brilhadora, quando vem passear-te pela fria; goza, goza da flor da mocidade, que o tempo trata a toda ligeireza, e imprime em cada flor a sua pisada. Oh não aguardes que a madura idade te converta essa flor, essa beleza, em terra, em cinza, em pó, em sombra, em nada. Assinale como verdadeiras as frases que fazem uma afirmação correta e como falsas aquelas em que isso não ocorre. 1.( ) A função da linguagem predominante em ambos os poemas é a apelativa, pois os poetas se dirigem diretamente às suas amadas, valendo-se da segunda pessoa do discurso. 2.( )O Poema II trata de tema recorrente na poesia, que é o carpe diem, ou seja, o incitamento a aproveitar o momento presente, pois a passagem do tempo tudo destrói. 3.( )A linguagem e os recursos linguísticos presentes nos dois poemas indicam serem eles de autores de mesmo estilo de época. 4.( )A mesma figura literária está presente nos versos Voltou-se o seu cabelo em branca neve (Poema I) e enquanto estamos vendo a qualquer hora, / em tuas faces a rosada Aurora (Poema II). 5.( ) A expressão aquele velho respeitável (Poema I) tem sentido idêntico à madura idade, que aparece no Poema II. 201 16 49. (PAS-UFS) A questão baseia-se no texto a seguir. Chegando a seu aposento, Seixas nem teve tempo de sentar-se. Arrimou-se como um ébrio à cômoda que estava próxima ao corredor, e ali ficou no estupor da alma, violentamente subvertida pela crise tremenda. Parecia uma criatura fulminada, na qual arqueja apenas um último sopro. Sua respiração angustiada sibilava-lhe nos lábios, como as vascas do moribundo. E era este o único sinal de vida, nessa organização jovem e rica de seiva. De repente saiu daquele torpor, mas foi preciso um esforço supremo para arrancar-se à insânia que o invadia. Em seu rosto desenhou-se o pavor que dele se havia apoderado com a ideia de que a vida o abandonava, ou pelo menos que a luz da alma ia apagar-se. – Deus! Não me tires a vida neste momento. Agora mais do que nunca preciso de minha razão. Seixas arrojou-se pelo aposento a passos precípites, esbarrando-se nos trastes, batendo de encontro às paredes, alucinado e ao mesmo tempo impelido pelo desejo de arrebatar-se à obsessão que o aniquilara. Correu pela casa um olhar ansiado, buscando algum objeto a que seu espírito se agarrasse, como o náufrago que trava do menor fragmento no meio das ondas em que se debate. O rico toucador, esclarecido por duas arandelas de cristal com velas cor-de-rosa, ostentava os primores do luxo. (...) Seixas aproximou-se do toucador, levado por indefinível impulso; e entrou a contemplar minuciosamente os objetos colocados em cima da mesa de mármore: lavores de marfim, vasos e grupos de porcelana fosca, taças de cristal lapidado, joias do mais apurado gosto. José de Alencar. Senhora. Assinale como verdadeiras as frases que fazem uma afirmação correta e como falsas aquelas em que isso não ocorre. 1.( )“Seixas pediu a Deus que não lhe tirasse a vida naquele momento em que mais do que nunca precisava de sua razão” – é a transposição para discurso indireto da fala de Seixas. 2.( ) ... que o aniquilara – o emprego da forma verbal grifada indica uma ação passada, anterior a outra, também passada. 3.( ) ... sibilava-lhe nos lábios – o pronome pessoal átono oblíquo está empregado com sentido possessivo, sendo essa frase equivalente a sibilava nos seus lábios. 4.( ) ... para arrancar-se à insânia que o invadia. As três palavras grifadas na frase acima classificam-se como pronomes. 5.( ) O rico toucador, esclarecido por duas arandelas de cristal ... O vocábulo grifado está empregado com o sentido de enfeitado. 50. (PAS-UFS) 1. “Vais encontrar o mundo, disse-me meu pai à porta do Ateneu. Coragem para a luta.” 2. Bastante experimentei depois a verdade deste aviso, que me despia, num gesto, das ilusões de criança educada exoticamente na estufa de carinho que é o regime do amor doméstico, diferente do que se encontra fora, tão diferente, que parece o poema dos cuidados maternos um artifício sentimental, com a vantagem única de fazer mais sensível a criatura à impressão rude do primeiro ensinamento, têmpera brusca da vitalidade na influência de um novo clima rigoroso. Lembramo-nos, entretanto, com saudade hipócrita, dos felizes tempos; como se a mesma incerteza de hoje, sob outro aspecto, não nos houvesse perseguido outrora e não viesse de longe a enfiada das decepções que nos ultrajam. 3. Eufemismo, os felizes tempos, eufemismo apenas, igual aos outros que nos alimentam, a saudade dos dias que correram como melhores. Bem considerando, a atualidade é a mesma em todas as datas. Feita a compensação dos desejos que variam, das aspirações que se transformam, alentadas perpetuamente do mesmo ardor, sobre a mesma base fantástica de esperança, a atualidade é uma. Sob a coloração cambiante das horas, um pouco de ouro mais pela manhã, um pouco mais de púrpura ao crepúsculo − a paisagem é a mesma de cada lado beirando a estrada da vida. 4. Eu tinha onze anos. 5. Frequentara como externo, durante alguns meses, uma escola familiar do Caminho Novo, onde algumas senhoras inglesas, sob a direção do pai, distribuíam educação à infância como melhor lhes parecia. Entrava às nove horas, timidamente, ignorando as lições com a maior regularidade, e bocejava até às duas, torcendo-me de insipidez sobre os carcomidos bancos que o colégio comprara, de pinho e usados; lustrosos do contato da malandragem de não sei quantas gerações de pequenos. Raul Pompéia. O Ateneu. São Paulo: Melhoramentos, 1997, p. 11. Assinale como verdadeiras as frases que fazem uma afirmação correta e como falsas aquelas em que isso não ocorre. 1.( ) A 1a frase do texto, por reproduzir uma fala, está redigida em linguagem estritamente coloquial. 201 17 2.( ) A fala inicial do texto está corretamente transposta para o discurso indireto em: Disse-me meu pai, à porta do Ateneu, que eu ia encontrar o mundo. Que tivesse coragem para a luta. 3.( ) Bastante experimentei depois a verdade deste aviso ... Bastantes anos depois, experimentei a verdade deste aviso ... Era o Vidigal um homem alto, não muito gordo, com ares de moleirão; tinha o olhar sempre baixo, os movimentos lentos, e voz descansada e adocicada. Apesar deste aspecto de mansidão, não se encontraria por certo homem mais apto para o seu cargo, exercido pelo modo que acabamos de indicar. Manuel Antônio de Almeida. Memórias de um sargento de milícias. São Paulo: Klick, O Estado de S. Paulo, 1997. p. 26. O emprego das palavras grifadas está correto em ambas as frases, pois classificam-se, respectivamente, como advérbio e adjetivo. Assinale como verdadeiras as frases que fazem uma afirmação correta e como falsas aquelas em que isso não ocorre. 4.( ) ... e não viesse de longe a enfiada das decepções. (final do 2o parágrafo) 1.( ) − O Vidigal! disseram todos a um tempo, tomados do maior susto. Da mesma maneira que o verbo VIR da frase acima, conjuga-se o verbo VER. A correta transcrição da frase acima para discurso indireto é: Todos, tomados do maior susto, disseram a um tempo que era o Vidigal. 5.( ) ... que é o regime do amor doméstico ... (início do 2o parágrafo) Observe o significado do verbete: Regime. S. m. 1. Regimento. 2. Sistema político pelo qual é regido um país. 3. Modo de viver, de exercer uma atividade. 4. Dieta. No texto, o sentido da palavra regime está mais próximo ao de número 3. 51. (PAS-UFS) De repente sentiram bater levemente na porta de fora, e uma voz descansada dizer: − Abra a porta. − O Vidigal! disseram todos a um tempo, tomados do maior susto. O som daquela voz que dissera “abra a porta” lançara entre eles, como dissemos, o espanto e o medo. E não foi sem razão; era ela o anúncio de um grande aperto, de que por certo não poderiam escapar. Nesse tempo ainda não estava organizada a polícia da cidade, ou antes estava-o de um modo em harmonia com as tendências e idéias da época. O Major Vidigal era o rei absoluto, o árbitro supremo de tudo que dizia respeito a esse ramo de administração; era o juiz que julgava e distribuía a pena, e ao mesmo tempo o guarda que dava caça aos criminosos; nas causas da sua imensa alçada não havia testemunhas, nem provas, nem razões, nem processo; ele resumia tudo em si; a sua justiça era infalível; não havia apelação das sentenças que dava, fazia o que queria, e ninguém lhe tomava contas. Exercia enfim uma espécie de inquisição policial. Entretanto, façamos-lhe justiça, dados os descontos necessários às ideias do tempo, em verdade não abusava ele muito de seu poder, e o empregava em certos casos muito bem empregado. 2.( ) ... lançara entre eles, como dissemos, o espanto e o medo. Os substantivos grifados acima estão empregados como sinônimos, considerando-se o contexto. 3.( ) O som daquela voz que dissera “abra a porta” ... ... era ela o anúncio de um grande aperto ... Os verbos grifados acima estão, ambos, flexionados nos mesmos tempo e modo verbais. 4.( ) Criminosos escondidos na mata foram caçados pela polícia. Vários políticos tiveram seus direitos cassados no regime militar. Os vocábulos grifados acima classificam-se como homônimos, que são homófonos, mas não homógrafos. 5.( ) ... e o empregava em certos casos muito bem empregado. As palavras acima classificam-se corretamente da seguinte maneira: e e em são preposições; o é artigo definido masculino singular; certos e muito são pronomes indefinidos; bem é advérbio. (PAS-UFS) Texto para as questões 52 e 53. Mas naquela noite ela estava tão mal! Doía-lhe tudo. Que tinha? Por que lhe deram de beber tantos remédios diferentes...? [...] E por que lhe aplicaram aquelas coisas chamadas sinapismos, que no dia seguinte lhe deixavam tamanha bolha um pouco acima dos calcanhares? 201 18 E por que não adiantava nada a ternurinha ciciosa de Dentinho de Arroz, que lhe mostrava figuras muito coloridas, muito cheirosas de tinta, figuras lustrosas de moças de olhos pretos, saídas das caixas de passas? Por que era também inútil a voz grossa de Maria Maruca: “Trata de ficares boa! Anda, fica boa depressa, que te dão uma boneca! Fica boa, para chupares bala de coco: chegou agora mesmo um cartuchão!”? Por que era vã, completamente, a presença de Boquinha de Doce, pensativa e serena, acendendo uma vela diante do Senhor Santo Cristo? E por que veio Có, e lhe falou baixinho, e lhe levantou da testa o cabelo tão suado, e lhe consertou o travesseiro, e lhe apalpou por baixo das cobertas o corpinho mole, magro e ardente, e lhe sorriu com a sua boca muito sinuosa, de lábios largos, e girando os olhos para o lado lhe perguntou quase sem voz: “Mas cadê ela?” E por que a fez sorrir doridamente, naquele abatimento triste, longe dos bichos, das plantas, do sol...? E por que lhe pediu que dormisse, com tão bom modo, e diminuiu a luz, e sentou-se à beira da cama, e tomou nas suas a mãozinha sem força, gasta de tanto calor...? Cecília Meireles. Olhinhos de gato. São Paulo: Moderna, 2003, p. 94-95. 52. Assinale como verdadeiras as frases que fazem uma afirmação correta e como falsas aquelas em que isso não ocorre. 1.( ) A repetição insistente da conjunção e no 6o e no último parágrafos aponta para o desconforto e as dúvidas de Olhinhos de Gato. 2.( )O reiterado emprego do pronome lhe no 6o parágrafo refere-se ao Senhor Santo Cristo, marcando o sentimento religioso presente nas relações familiares de Olhinhos de Gato. 3.( ) ... e lhe consertou o travesseiro ... (6o parágrafo) Considerando-se a forma consertar, no sentido de restaurar, recompor e a forma concertar, que significa estar em harmonia, concordar, é correto identificá-las como palavras homônimas. 4.( ) ... a ternurinha ciciosa de Dentinho de Arroz ... (3o parágrafo) O emprego do sufixo diminutivo no vocábulo ternurinha imprime conotação à frase, caracterizando afetividade. 5.( ) ... a voz grossa de Maria Maruca: Trata de ficares boa! ... que te dão uma boneca! A frase acima está corretamente transposta para discurso indireto em: A voz grossa de Maria Maruca lhe dizia que tratasse de ficar boa, que lhe dariam uma boneca! 53. Assinale como verdadeiras as frases que fazem uma afirmação correta e como falsas aquelas em que isso não ocorre. 1. ( ) Os verbos que aparecem no 3o parágrafo, flexionados no pretérito imperfeito do indicativo, denotam fatos ocorridos num tempo determinado e concluído no passado. 2.( ) “Mas cadê ela?” (6o parágrafo) O emprego do pronome pessoal do caso reto sugere que se trata de transcrição da língua falada. 3.( ) Anda, fica boa depressa, que te dão uma boneca! (4o parágrafo) De acordo com a norma culta, a frase está incorreta, devido à mistura de pessoas do discurso, entre a flexão verbal e o pronome de 2a pessoa. 4.( ) ela estava tão mal! − ela estava tão bem! naquele abatimento triste − naquela prostração melancólica Nas alterações havidas nos pares acima identificam-se, respectivamente, antônimos e sinônimos. 5.( ) com tão bom modo As palavras acima classificam-se, na sequência, como preposição, advérbio, adjetivo e substantivo. 54. (PAS-UFS) Fosse como fosse, certo é que, com os bilhetes de boa nota, comprava-se uma saída, e isso era o importante, como nos países de más finanças: desde que o papel tem curso, de que vale o valor? Inútil é dizer que me não chegavam nunca as saídas de prêmios. Tanto melhor me sabiam as outras. Durante a primeira quinzena de colégio, o pensamento de um feriado e regresso à família inebriou-me como a ansiedade de um ideal fabuloso. Quando tornei a ver os meus, foi como se os houvesse adquirido de uma ressurreição milagrosa. Entrei em casa desfeito em pranto, dominado pela exuberância de uma alegria mortal. Surpreendia-me a ventura incrível de mirar-me ainda nos olhos queridos, depois da eternidade cruel de duas semanas. Não! A magnanimidade do cataclismo temido favorecera o meu teto. Deus permitira, na largueza pródiga da suma bondade, que eu revisse a nosa casa sobre os alicerces, o nosso tão lembrado teto e a chaminé tranquila a fumar o spleen infinito das coisas imóveis e elevadas. Com o tempo habituei-me à feliz probabilidade de achar na mesma os prezados lares, e ousei nos momentos da cisma colegial fundamentar projetos de 201 19 divertimento sobre a esperança de que, abusando a minha ausência e só para me atormentar o coração, a terra se não havia de abrir e devorar exata e exclusivamente o que me era mais caro. *spleen – palavra inglesa que significa tédio, melancolia. Raul Pompéia. O Ateneu. São Paulo: Klick, 1997, p. 60. Assinale como verdadeiras as frases que fazem uma afirmação correta e como falsas aquelas em que isso não ocorre. 1.( ) O ponto de vista narrativo, em 1a pessoa, reproduz sentimentos e percepções da personagem principal, Sérgio, nos anos vividos num internato. 2.( )A linguagem do trecho se aproxima da que se observa no estilo romântico, pela emotividade e subjetividade nele assinaladas. 3.( ) A frase Entrei em casa desfeito em pranto configura, dentro do 3o parágrafo, o clímax de uma situação que vem sendo narrada. 4.( )A questão colocada no 1o parágrafo do texto, corretamente transposta para discurso indireto, deverá ser: de que valeria o valor, desde que o papel tivesse curso, era o que ele perguntava? 5.( )As referências a determinados aspectos da casa, como alicerces, teto e chaminé, permitem afirmar que há elementos descritivos marcantes em todo o trecho. 55. (PAS-UFS) Capítulo XXXI Tal era aquele casal de políticos. Um filho, se eles tivessem um filho varão, podia ser a fusão das suas qualidades opostas, e talvez um homem de Estado. Mas o céu negou-lhes essa consolação dinástica. Tinham uma filha única, que era tudo o contrário deles. Nem a paixão de D. Cláudia, nem o aspecto governamental de Batista distinguia a alma ou a figura da jovem Flora. Quem a conhecesse por esses dias, poderia compará-la a um vaso quebradiço ou à flor de uma só manhã, e teria matéria para uma doce elegia. Já então possuía os olhos grandes e claros, menos sabedores, mas dotados de um mover particular, que não era o espalhado da mãe, nem o apagado do pai, antes mavioso e pensativo, tão cheio de graça que faria amável a cara de um avarento. Põe-lhe o nariz aquilino, rasga-lhe a boca meio risonha, formando tudo um rosto comprido, alisa-lhe os cabelos ruivos, e aí tens a moça Flora. Nasceu em agosto de 1871. A mãe, que datava por ministérios, nunca negou a idade da filha: − Flora nasceu no ministério Rio Branco, e foi sempre tão fácil de aprender, que já no ministério Sinimbu sabia ler e escrever corretamente. Era retraída, modesta, avessa a festas públicas, e dificilmente consentiu em aprender a dançar. Gostava de música, e mais do piano que do canto. Ao piano, entregue a si mesma, era capaz de não comer um dia inteiro. Há aí o seu tanto de exagerado, mas a hipérbole é deste mundo, e as orelhas da gente andam já tão entupidas que só à força de muita retórica se pode meter por elas um sopro de verdade. Até aqui nada há que extraordinariamente distinga esta moça das outras, suas contemporâneas, desde que a modéstia vai com a raça, e em certa idade é tão natural o devaneio como a travessura. Flora, aos quinze anos, dava-lhe para se meter consigo. Aires, que a conheceu por esse tempo, em casa de Natividade, acreditava que a moça viria a ser inexplicável. − Como diz? inquiriu a mãe. − Verdadeiramente não digo nada, emendou Aires; mas, se me permite dizer alguma coisa, direi que esta moça resume as raras prendas de sua mãe. − Mas eu não sou inexplicável, replicou D. Cláudia sorrindo. Machado de Assis, Esaú e Jacó. Rio de Janeiro: Jackson, 1961. p. 122-124. Assinale como verdadeiras as frases que fazem uma afirmação correta e como falsas aquelas em que isso não ocorre. 1.( ) – Mas eu não sou inexplicável, replicou D. Cláudia sorrindo. A frase acima está corretamente transposta para discurso indireto da seguinte forma: D. Cláudia replicou sorrindo que ela, porém, não era inexplicável. 2.( ) ... e dificilmente consentiu em aprender a dançar. O significado original da frase acima está corretamente reproduzido em “foi com muita dificuldade que aprendeu a dançar”. 3.( ) Aires, que a conheceu por esse tempo... O pronome grifado na frase acima substitui corretamente, considerando-se o contexto, o substantivo próprio Flora. 4.( ) − Verdadeiramente não digo nada, emendou Aires. Por tratar-se de uma conversa descompromissada, entre amigos, a frase é exemplo de língua falada. 201 20 5.( ) ... que só à força de muita retórica se pode meter por elas um sopro de verdade. Tocar piano sempre foi um prazer para aquela moça que vivia muito só. As palavras grifadas nas frases acima apresentam o mesmo significado e classificam-se na mesma categoria gramatical. 56. (PAS-UFPI) Leia o trecho a seguir e assinale o que é correto afirmar. “Nunca ouvira com tanta nitidez a voz de sua mulher. Ela estava ali na cela ao seu lado, apontando-lhe o dedo acusador – para que se importar com os outros se já vivemos com tanta dificuldade? Jeremias, você não pode se lamentar pelos outros. Não pode, não pode, não pode. Sim, não posso sem tirar de mim mesmo”. (p. 119) 1. ( ) O trecho, todo construído em discurso indireto, narra, em terceira pessoa, o drama do personagem Jeremias. 2. ( ) No trecho, observam-se as vozes do narrador onisciente, do personagem Jeremias e da mulher dele. 3.( )O discurso direto estrutura todo o trecho como um diálogo entre os personagens. 4.( ) O trecho inicia-se com a voz do narrador onisciente e termina com a fala do personagem. 57. (PAS-UFS) 11 de novembro de 1855 Estou decidido a não escrever hoje a minha revista, e como os meus leitores não quererão dispensar o seu folhetim dos domingos, não há remédio; vou fazer um romance. Um romance! Não é qualquer coisa, é uma história dividida em capítulos, que principia rindo e acaba chorando, ou vice-versa; e na qual devem entrar necessariamente um namorado, uma moça bonita, um homem mau, e diversas outras figurinhas de menos importância. Um romance só pode começar de manhã ao romper do dia, de tarde ao rugido da tempestade, e de noite ao despontar da lua; excetuam-se os romances domésticos que não têm hora certa, e que se regulam pelo capricho do autor. Ora, o romance que eu pretendo fazer está inteiramente fora da regra, porque não tem começo, nem fim; e quanto aos personagens limitam-se a dois unicamente. Enfim, sem mais preâmbulo, vou contá-lo aos meus leitores, que lhe darão o apreço que entenderem. Foi há muito tempo. A Malibran, a bela e poética Malibran, cismava sozinha, com a cabeça indolentemente caída sobre o ombro, e os grandes olhos negros e melancólicos vagando no espaço. A noite estava límpida e serena; as estrelas cintilavam no azul do céu; o vento que suspirava na ramagem das árvores mal quebrava o silêncio das horas mortas. De repente os lábios da artista se entreabriram num sorriso, e um gorjeio sonoro, um trilo brilhante começou a brincar nas covinhas da boca, e por fim foi aninhar-se no cálice de uma margarida que crescia num vaso. Um momento depois, o olhar da Malibran animou-se, a graça e a faceirice do sorriso desapareceram com a expressão ardente e apaixonada que iluminou o seu semblante. A voz desprendeu-se vibrante e profunda do seio que palpitava, e soltou-se numa dessas volatas magníficas, num desses gritos d‘alma que não se exprimem. A nota pairou um momento nos ares; depois oscilou ao sopro da brisa, e caiu entre as folhas de um botão de rosa, como uma gota do orvalho da noite. Até aqui o meu romance é muito simples e nada tem que admire. José de Alencar. Ao correr da pena. 2. ed. São Paulo: Melhoramentos. p. 298-299. Obs: A transcrição segue as normas ortográficas vigentes. Assinale como verdadeiras as frases que fazem uma afirmação correta e como falsas aquelas em que isso não ocorre. 1.( ) Está inteiramente irregular a divisão do texto em parágrafos, considerando-se que, por tratar-se de uma dissertação, deveria apresentar apenas três deles: o 1o, tal como está; o 2o, que abrangeria toda a sequência relativa ao romance; e o 3o, a partir de Foi há muito tempo. 2.( ) Todo o 1o parágrafo, em que o autor se dirige diretamente ao público leitor, está vazado nos moldes da língua falada, para garantir perfeito entendimento do que é exposto. 3.( ) Estou decidido a não escrever hoje a minha revista. Transposta corretamente para o discurso indireto, a frase deverá ser: O romancista afirmou que estava decidido a não escrever naquele dia a sua revista. 4.( ) ... a graça e a faceirice do sorriso desapareceram ... Um sorriso faceiro grassa em seu semblante. As palavras grifadas constituem exemplo de homonímia, porque soam de modo idêntico, apesar da grafia e do sentido diferenciados. 201 21 5.( ) A linguagem do parágrafo 10 apresenta sentido predominantemente conotativo, com emprego de personificação, figura que se encontra em um trilo brilhante começou a brincar nas covinhas da boca, e por fim foi aninhar-se no cálice de uma margarida que crescia num vaso. 58. (PAS-UFPI) Leia o trecho a seguir. “Assim, concluiu: era noite, e como o frio apertava na espinha agora, concluiu: era madrugada, e como o cheiro do ar entrava em suas narinas, filtrado através do que quer que fosse, concluiu: a manhã estava próxima, e como o estômago reclamava o vazio estertor, concluiu: faz mais de vinte e quatro horas que não me alimento”. (p. 12) Sobre o trecho acima, pode-se dizer que: 1.( )como muitos escritores modernistas, o autor faz uso do discurso indireto livre. 2.( ) na sequência, o uso da terceira pessoa e o da primeira pessoa são, respectivamente, marcas formais dos discursos direto e indireto. 3.( )a liberdade na estruturação sintática desse tipo de discurso promove uma narrativa mais fluente. 4.( )a ausência de sinais de pontuação para marcar a passagem de discurso indireto para discurso direto tem como efeito uma aproximação psicológica com o personagem. 59. (PAS-UFS) A sede da fazenda estava no alto, num descampado. A visão para os quatro cantos. Era assim que se sentia protegido. Seu Leobino, daquela bodega da estrada de Nossa Senhora da Glória, resolveu visitá-lo um dia. À noite. Num faça outra besteira desta, compadre, que, no escuro, a gente não sabe de quem é o carro. Venha pelo dia, mandando avisar antes. O compadre adivinha o motivo, indivíduos ruins que existem muito por estas bandas. A gente tem de estar prevenido, porque o medo de lhe fazerem o que mandava operar nos outros não desgrudava de sua cabeça um só instante. Tudo girava em seus olhos, de frente para trás, de trás para frente, as imagens tão quentes como o sol que impregnava suas terras. O cavalo andando, ao sabor do comando que dava, já acostumado às veredas de que se utilizava. Evitava a mata fechada onde, atrás de uma croá, podia estar alguém escondido. Ou podia lhe aguardá-lo no galho de um juazeiro, o rifle apontado para sua cabeça. Não. Ainda derrubaria o matagal que lhe dava medo, para plantar capim. Livrar-se-ia daquela mata escura, onde as folhas dos cajazeiros se entrelaçavam com as da jurema preta, o gravatá em cada tronco se misturando à bola de cupim que também lhe causava arrepio. O umbuzeiro regurgitava de umbu, mas não ia, com desculpa de não gostar da fruta, melhor deixar para o boi comer, justificava-se, mudando de assunto. O olhar não pairava sobre aquele mundão de quebra-faca, de imburana-de-cambão, de aroeira, de unha-de-gato, de quina-quina, de mucunã. Deixasse o diabo quieto na mata e no capoeirão. E, ia chegando. Suado. O chapéu encardido. O vaqueiro se encarregaria de tirar a sela do cavalo, que era de seu ofício. A bota fazendo barulho na varanda da casa. A mulher do vaqueiro solícita à espera. Meu senhor, que tristeza, na dispensa só tem farinha. Aqui, em casa, feijão velho com toucinho requentado, que sei que o senhor não come. Nem um pedaço de carne para se mastigar com a farinha que nois têm. Que desgraça! O senhor quer que eu mate uma galinha? Em uma hora, o prato tá na mesa. O senhor quer? Tem galinha gorda no pasto. Quer que eu pegue uma? Pensou. Tirou o chapéu. Olhou para a mulher com os seios caídos, o vestido sujo, os pés no chão. A voz lenta, devagar, se arrastando, medindo as palavras: − Não, minha fia. Matar uma galinha, não. Puxar o pescoço da bichinha, não. Me dá um aperto no coração. Para ser sincero, me dá uma pena. Eu como a farinha com ovo, que ovo deve ter por aí. Não tem problema. Deixe as bichinhas aí no terreiro que elas não fizeram mal a ninguém. Vladimir Souza Carvalho. Piedade. In: Água de cabaça. Curitiba: Juruá, 2006. p. 20-21). Assinale como verdadeiras as frases que fazem uma afirmação correta e como falsas aquelas em que isso não ocorre. 1.( ) Considere as frases: O vaqueiro deveria selar o cavalo. Após selar a carta, colocou-a na caixa dos Correios. As palavras grifadas em ambas constituem exemplos de homonímia. 2.( ) Por seu significado, os vocábulos mata e matagal são percebidos como sinônimos no texto. 3.( ) só tem farinha − que nois têm O acento circunflexo nas formas verbais diferencia singular e plural, respectivamente, do presente do indicativo do verbo ter. 4.( ) Tem galinha gorda no pasto. Quer que eu pegue uma? Todas as palavras grifadas acima incluem-se na mesma classe de palavras. 201 22 5. ( ) Ele respondeu para a mulher que não havia problema. Que ela deixasse as bichinhas lá no terreiro, que elas não tinham feito mal a ninguém. Lê-se acima a correta transposição para discurso indireto das duas últimas frases do texto. 60. (PAS-UFS) Seguiu-se um alto silêncio, durante o qual estive a pique de entrar na sala, mas outra força maior, outra emoção... Não pude ouvir as palavras que tio Cosme entrou a dizer. Prima Justina exortava: “Prima Glória! prima Glória!” José Dias desculpava-se: “Se soubesse, não teria falado, mas falei pela veneração, pela estima, pelo afeto, para cumprir um dever amargo, um dever amaríssimo!” José Dias amava os superlativos. Era um modo de dar feição monumental às ideias; não as havendo, servir a prolongar as frases. Levantou-se para ir buscar o gamão, que estava no interior da casa. Cosi-me muito à parede, e vi-o passar com as suas calças brancas engomadas, presilhas, rodaque e gravata de mola. Foi dos últimos que usaram presilhas no Rio de Janeiro, e talvez no mundo. Trazia as calças curtas para que lhe ficassem bem esticadas. A gravata de cetim preto, com um aro de aço por dentro, imobilizava-lhe o pescoço; era então moda. O rodaque de chita, veste caseira e leve, parecia nele uma casaca de cerimônia. Era magro, chupado, com um princípio de calva; teria os seus cinqüenta e cinco anos. Levantou-se com o passo vagaroso do costume, não aquele vagar arrastado dos preguiçosos, mas um vagar calculado e deduzido, um silogismo completo, a premissa antes da consequência, a consequência antes da conclusão. Um dever amaríssimo! Machado de Assis. D. Casmurro. Transpondo-se corretamente para o discurso indireto a fala de José Dias, obtém-se: 1.( )José Dias desculpava-se, que se eu soubesse, não teria falado, mas eu falara pela veneração... 2.( ) Levantou-se com o passo vagaroso do costume. Seu costume era de chita, mas parecia de cerimônia. O emprego da palavra costume nas frases acima assinala um caso de polissemia. 3.( ) Amaríssimo é a forma de superlativo do adjetivo amargo, havendo na língua outros sufixos de origem culta, como em paupérrimo, de pobre. 4.( ) ... imobilizava-lhe o pescoço. O pronome pessoal grifado está empregado com sentido possessivo. 5.( ) O rodaque de chita, veste caseira e leve – os termos grifados são, respectivamente, expressão adjetiva e dois adjetivos. 61. (PAS-UFPI) Leia o trecho a seguir. “Hoje é meu aniversário, tenho quarenta e dois anos, estou ficando velho, faço exercícios pela manhã e à noite, nada de exagero, olhe o coração, vou ao ginásio uma vez por semana, Tudinha gosta de nadar, ela está uma moça, uma bela moça, no fim do ano levo os alunos para o ar livre, Sócrates fazia assim, não queremos saber de seus amigos ou de sua família”. (Assis Brasil. Os que bebem com os cães, p. 149) Sobre o trecho, é correto afirmar que: 1.( ) a sequência de orações justapostas, sem elos formais reproduz a recuperação da memória de Jeremias a partir da lembrança de imagens desconexas. 2.( ) todas as orações da sequência constituem-se de predicados atribuídos ao mesmo referente – o personagem Jeremias. 3. ( ) a sequência de orações do trecho se caracteriza pela manutenção e desenvolvimento de um mesmo tópico. 4. ( ) não há uma pontuação específica que registre a passagem para o discurso direto na introdução do enunciado no imperativo. 62. (PAS-UFPI) Quem foi a primeira pessoa a passar no vestibular no Brasil? Não houve uma primeira pessoa, mas, sim, uma primeira leva, com os vários candidatos que se deram bem no concurso de 1911, ano em que o vestibular foi criado por um decreto do governo. Nessa data, o teste 5 passou a ser adotado pelas escolas federais, como as Faculdades de Medicina do Rio e da Bahia e a Faculdade de Direito de São Paulo. Até então, só tinham acesso ao ensino superior os alunos aprovados nos cursos preparatórios realizados pelas faculdades ou 10 os que tinham passado nos exames de madureza, espécie de prova feita ao final do ensino médio. “Quando foi criado, contudo, o vestibular não causou grande impacto junto aos estudantes, pois, além de a faculdade ser algo ao alcance de poucos, já havia um con15 junto de exames de admissão que continuaram valendo até 1925”, diz Tatiana Tessye, professora da Universidade Metropolitana de Santos (Unimes-SP) e autora de tese de doutorado sobre o acesso à educação superior no Brasil. Aliás, foi devido a seu caráter 20 de “peneira” exclusivista que, com o tempo, o exame ganhou o apelido de vestibular – trata-se de uma referência à palavra vestíbulo, pequeno espaço entre a rua e a porta de entrada de um prédio, numa alusão ao fato de ser um local reservado e restrito a poucos... Fonte: Revista Mundo Estranho. Disponível em: http://mundoestranho.abril.com.br/historia/pergunta_425029.shtml. 201 23 Sobre os aspectos semânticos relativos ao emprego dos sinais de pontuação no texto, é incorreto afirmar que: a)em “– trata-se de uma referência à palavra vestíbulo” (linha 22), o travessão foi usado para indicar mudança de interlocutor, esclarecendo que as sentenças posteriores a ele correspondem ao discurso de Tatiana Tessye, e não do autor do texto. b)em “foi devido a seu caráter de ‘peneira‘ exclusivista” (linhas 19-20), as aspas foram usadas para por em evidência o caráter elitista do vestibular. c)em “numa alusão ao fato de ser um local reservado e restrito a poucos...” (linhas 23-24), as reticências foram usadas no fim de um período gramaticalmente completo para sugerir certo prolongamento de ideias. d)em “...passou a ser adotado pelas escolas federais, como as Faculdades de Medicina do Rio e da Bahia e a Faculdade de Direito de São Paulo” (linhas 05-07), a vírgula foi usada para separar uma oração de valor explicativo. e)em “...sim, uma primeira leva” (linhas 01-02), a vírgula foi usada para separar a forma “sim”, denotando ênfase. 63. (PAS-UFPB) Estava hospedado há dois dias em casa do Campos; esse tempo levara ele a entregar cartas e encomendas. À noite, fatigado e entorpecido pelo calor, mal tinha ânimo para dar uma vista de olhos pelas ruas da cidade. Entretanto, a vida externa o atraía de um modo desabrido; estalava por cair no meio desse formigueiro, desse bulício vertiginoso, cuja vibração lhe chegava aos ouvidos, como os ecos longínquos de uma saturnal. Queria ver de perto o que vinha a ser essa grande Corte, de que tanto lhe falavam; ouvira contar maravilhas a respeito de cortesãs cínicas e formosas, ceias pela madrugada, passeios ao Jardim Botânico, em carros descobertos, o champanha ao lado, o cocheiro bêbado; – e tudo isso o atraía em silêncio, e tudo isso o fascinava, o visgava com o domínio secreto de um vício antigo. – Mas, por onde havia de principiar?... Não tinha relações, não tinha amigos que o encaminhassem! Além disso, o Campos estava sempre a lhe moer o juízo com as matrículas, com a entrada na academia, com um inferno de obrigações a cumprir, cada qual mais pesada, mais antipática, mais insuportável! – Olhe, seu Amâncio, que o tempo não espicha – encolhe!... É bom ir cuidando disso!... repetia-lhe o negociante, fazendo ar sério e comprometido. – Veja agora se vai perder o ano! Veja se quer arranjar por aí um par de botas!... Amâncio fingia-se logo muito preocupado com os estudos e falava calorosamente na matrícula. Mexa-se então, homem de Deus! bradava o outro. – Os dias estão correndo! ... Afinal, graças aos esforços do Campos, conseguiu matricular-se na academia, duas semanas depois de ter chegado ao Rio de Janeiro. O medo às matemáticas levara-o a desistir da Marinha e agarrar-se à Medicina, como quem se agarra a uma tábua de salvação; pois o Direito, se bem que, para ele, fosse de todas as formaturas a mais risonha, não lhe servia igualmente, visto que Amâncio não estava disposto a deixar a Corte e ir ser estudante na província. A Medicina, contudo, longe de seduzi-lo, causava-lhe um tédio atroz. Seu temperamento aventuroso e frívolo não se conciliava com as frias verdades da cirurgia e com as pacientes investigações da terapêutica. Pressentia claramente que nunca daria um bom médico, que jamais teria amor à sua profissão. Esteve a desistir logo nos primeiros dias de aula: o cheiro nauseabundo do anfiteatro da escola, o aspecto nojento dos cadáveres, as maçantes lições de Química, Física e Botânica, as troças dos veteranos, a descrição minuciosa e fatigante da osteologia, a cara insociável dos explicadores; tudo isso o fazia vacilar; tudo isso lhe punha no coração um duro sentimento de má vontade, uma antipatia angustiosa, um não querer doloroso e taciturno. Às vezes, no entanto, pretendia reagir: atirava-se ao Baunis Bouchard1, e ao Vale2, disposto a ler durante horas consecutivas, disposto a prestar atenção, a compreender; mal, porém, ele se entregava aos compêndios, o pensamento, pé ante pé, ia-se escapando da leitura, fugia sorrateiramente pela janela, ganhava a rua, e prendia-se ao primeiro frufru de saia que encontrasse. E Amâncio continuava a ler a estranha tecnologia da ciência, a repetir maquinalmente, de cor, os caracteres distintos das vértebras, ou a cismar abstrato nas propriedades do cloro e do bromo, sem todavia conseguir que patavina daquilo lhe ficasse na cabeça. – Não haver uma academia de Direito no Rio de Janeiro! lamentava ele, bocejando, a olhar vagamente a sua enfiada de vértebras, que havia comprado no dia anterior. Porque, no fim de contas, tudo que cheirasse a ciência de observação o enfastiava: “Deixassem lá, que a tal osteologia e a tal Química nada ficavam a dever às matemáticas!..” Ah! o Direito, o Direito é que, incontestavelmente, devia ser a sua carreira. Preferia-o por achá-lo menos áspero, mais tangível, mais dócil, que outra qualquer 201 24 matéria. E esse mesmo... Valha-me Deus! tinha ainda contra si o diabo do latim, que era bastante para o tornar difícil. E lembrar-se Amâncio de que havia por aí criaturas tão dotadas de paciência, tão resignadas, tão perseverantes, que se votavam de corpo e alma ao cultivo das artes!... das artes, que, segundo várias opiniões, exigiam ainda mais constância e mais firmeza do que as ciências!... Com efeito! Era preciso ter muita coragem, muito heroísmo, porque as tais belas-artes, no Brasil, nem sequer ofereciam posição social, nem davam sequer um titulozinho de doutor! 1Baunis Bouchard: Parece ser um compêndio de medicina de autoria do médico francês Bouchard, nascido em 1837 e morto em 1915, professor da Faculdade de Medicina de Lion. (N.E.) 2Vale: Parece referir-se a um compêndio de medicina de autoria de Antônio Gomes do Vale, médico português nascido em 1819. (N.E.) AZEVEDO, Aluisio. Casa de Pensão. 14a ed. São Paulo: Ática, 2009, p. 35-36. Considerando os recursos estilísticos desse texto, identifique as afirmativas corretas: I.A narração apresenta-se em primeira pessoa, sendo o narrador o protagonista da história. II.O narrador recorre ao discurso direto, para dar realce aos personagens. III.A narrativa enquadra-se no estilo naturalista, enfocando um protagonista de temperamento aventureiro e fascinado pela vida boêmia. IV.A narrativa utiliza a linguagem figurada para caracterizar ambientes e personagens. V.O protagonista assume traços do herói romântico, graças à coragem com que enfrentava as dificuldades da vida. 64. (PAS-UFPB) Essa mocidade de hoje... Realmente não está fácil educar filhos hoje em dia. Não ouvem nossos conselhos e seguem caminhos estranhos, geralmente perigosos. Coisas do fim de século, explicam. Meu filho mais velho, por exemplo. Deu de cheirar. Não entendo onde pegou esse vício terrível. Acredito que foi na leitura de velhos romances portugueses, ele, um apaixonado por primeiras edições. Minha mulher o defende. Diz que não faz mal. Brigamos muito por causa disso. Um cunhado, médico, também assegura que não prejudica a saúde. É quando muito um mal social, insiste. Pode até ser, concordo, afinal milhares de jovens estão fazendo o mesmo em todo o mundo, mas quem aguenta uma pessoa espirrando o tempo todo? Até nas igrejas ele abre sua caixa (que não sei como chama) e aspira o rapé. Tento proibir: – Meu filho, você vive molhando os outros, pregando sustos, irritando. Abandone esse vício espalhafatoso, incômodo. Seria melhor fumar charuto. Ele nem liga, sempre espirrando, em conduções, velórios, conferências, teatros, em toda parte. Não consegue se livrar desse pó maldito. É um dependente. Quando vai pedir emprego, para desinibir, cheira. – Estou me apresentando para... atchim!. – O senhor está resfriado? – Não. – Atchim, atchim, atchim etc. Sai, claro, desempregado como entrou. Espirro não é forma de comunicação, não é argumento, não vale como currículo. Apaixonou-se e foi pedir a mão da moça em casamento. Disseram-me que foram onze atchins consecutivos. Uns altos, outros baixos, uns fragmentados, outros explosivos, mas tudo muito monótono. O futuro sogro até que se conteve a princípio, mas quando o viu tirar automaticamente do bolso a caixa de rapé, perguntou: – O senhor é viciado nisso? – Sou – ele confessou de cabeça baixa. E o sogro disse não. Outro filho meu também está se desviando. Evita pais e parentes. Não gosta de estudar, de ler, mora no mundo da Lua. Noite alta, salta a janela de casa e desaparece. Descobrimos isso e o forçamos a contar o que faz na rua até madrugada. Negou-se peremptoriamente. Ameaçou até suicidar-se com gás se insistíssemos. Mas não recuamos e procuramos descobrir o que leva esse insensato a sumir dessa maneira. – Pra mim tem música nisso – suspeitou a mãe. – Música? É, pode ser – admiti. – Ele anda tão alheio a tudo... Tinha razão. Descobrimos. O maroto anda fazendo serenata! Meu filho, seresteiro! Comprou um violão às escondidas! Agora vive fazendo barulho ao pé de janelas, nas madrugadas, despertando pessoas que precisam acordar cedo para o trabalho. E exposto alucinado ao sereno, à garoa, ao chuvisqueiro, que tão mal fazem aos pulmões. Muitos seresteiros, sabe-se, morrem de pneumonia, isso quando – eles que se cuidem – não são abatidos por tiros de garrucha por pais, irmãos e namorados das moças que pretendem agradar. Ou mesmo por vizinhos furiosos. As gazetas sempre trazem casos assim. E por fim tem o menorzinho. Esse se viciou nessa tal de lanterna mágica. Conhecem, não? Chegou recentemente da Europa e está à venda nas lojas do centro. É um aparelho óptico que amplia e projeta imagens iluminadas. O menino fica numa sala escura com amiguinhos o dia inteiro vendo essas imagens. 201 25 Jaulas de macacos, parques de diversões, trens, balões, banquetes, caras de reis e navios. Imagens coloridas que parecem ter dimensões e movimento. A impressão é que os garotos esquecem o lar, se afastam do mundo, rompem com a realidade. Podem imaginar uma coisa assim? O aparelho causa hipnose, fixação mórbida, idiotiza, e talvez possa cegar. Li que a lanterna mágica, projetando cerca de dez imagens por minuto, acaba causando sérias perturbações no cérebro dos jovens, levando inclusive ao enlouquecimento. Sim, ao enlouquecimento! Pó que vicia, ritmos antissociais, máquinas diabólicas. Caluda! Este fim de século ameaça destruir nossos jovens. São Paulo de Piratininga, 1893. REY, Marcos. Essa mocidade de hoje... In: O coração roubado e outras crônicas. São Paulo: Ática, 2003, p. 50-53. (Para Gostar de Ler, v. 19). Considerando o modo como o narrador conduz o relato, identifique as afirmativas corretas: I.Recorre a sequências narrativas para justificar a sua opinião acerca da educação dos filhos. II.Faz uso de expressões próprias da língua falada. III.Utiliza-se do discurso direto para dar mais expressividade à sua narração. IV.Estabelece diálogo com seu leitor, sobretudo, através de frases interrogativas. V.Limita-se a narrar os fatos, sem emitir juízo de valor. 65. (PAS-UFPB) Leia: “Simão Bacamarte explicou-lhe que D. Evarista reunia condições fisiológicas e anatômicas de primeira ordem, digeria com facilidade, dormia regularmente, tinha bom pulso, e excelente vista; estava assim apta para dar-lhe filhos robustos, sãos e inteligentes.” ASSIS, Machado de. O alienista. In: Os melhores contos de Machado de Assis/Seleção Domício Proença Filho. 14 ed. São Paulo: Global, 2002, p. 93-95. Passando esse fragmento para o discurso direto, obtém-se: a)Simão Bacamarte explicou-lhe: – D. Evarista reúne condições fisiológicas e anatômicas de primeira ordem, digeria com facilidade, dormia regularmente, tinha bom pulso, e excelente vista; estava assim apta para dar-me filhos robustos, sãos e inteligentes. b)Simão Bacamarte explicava-lhe: – que D. Evarista reunia condições fisiológicas e anatômicas de primeira ordem, digeria com facilidade, dormia regularmente, tinha bom pulso, e excelente vista; estava assim apta para dar-lhe filhos robustos, sãos e inteligentes. c)Simão Bacamarte explicou-lhe: – D. Evarista reúne condições fisiológicas e anatômicas de primeira ordem, digere com facilidade, dormia regularmente, tinha bom pulso, e excelente vista; estava assim apta para dar-lhe filhos robustos, sãos e inteligentes. d)Simão Bacamarte explicava-lhe: – D. Evarista reunia condições fisiológicas e anatômicas de primeira ordem, digeria com facilidade, dormia regularmente, tinha bom pulso, e excelente vista; estava assim apta para dar-lhe filhos robustos, sãos e inteligentes. e)Simão Bacamarte explicou-lhe: – D. Evarista reúne condições fisiológicas e anatômicas de primeira ordem, digere com facilidade, dorme regularmente, tem bom pulso, e excelente vista; está assim apta para dar-me filhos robustos, sãos e inteligentes. (PAS-UFAL) Texto para as questões 66 a 68. Sujeito, interação e sentidos Ao longo das últimas décadas, os estudiosos da linguagem verbal passaram a considerar fundamental entendê-la como uma prática social humana, que envolve interação entre sujeitos. A palavra prática, aqui, indica uma ação que é feita com regularidade. Já a palavra sujeito remete a um indivíduo marcado por uma história, por crenças, valores, conhecimentos. A palavra interação indica ação que se realiza na relação com um outro. Pois bem: os sujeitos em interação produzem linguagem e, ao mesmo tempo, são constituídos por ela. O que isso significa? Mais do que a simples expressão do pensamento ou instrumento de comunicação, a linguagem expressa e cria a identidade dos falantes. (...) A linguagem, portanto, não pode ser separada dos sujeitos, e vice-versa. Ela está inserida no universo das relações humanas, no embate entre sujeitos, que, a todo momento, reavaliam posições, ideias, emoções e intenções. Interação viva entre sujeitos em constante transformação, a linguagem cria sentidos e, até mesmo, sentidos pouco previsíveis. Por isso, é insuficiente aquele esquema tradicional dos Elementos da Comunicação, segundo o qual um “remetente” emite uma mensagem pronta, uma espécie de “pacote” a ser recebido por um “destinatário”, como se esses sujeitos não se modificassem durante a interação, e os sentidos daquilo que eles dizem já estivessem prontos. Assim, em vez de remetentes e destinatários, falemos em interlocutores, ou seja, em sujeitos constituídos na interação pela linguagem, sujeitos que produzem 201 26 efeitos de sentido em um contexto social e histórico específico. Além disso, admitamos uma linguagem que se vai fazendo nesses contextos sociais de interação. Em suma, a linguagem – que está sempre em movimento e constituindo-se – é uma prática social humana de interação entre sujeitos. Por meio dela os interlocutores constroem e expressam sua identidade, em situações de uso ocorridas em contextos sócio-históricos determinados. Ricardo Gonçalves Barreto. Português – ser protagonista. São Paulo: Edições, 2010, p. 217. (Adaptado). 66. A análise dos componentes linguísticos do texto – palavras e constituintes morfossintáticos – nos permite chegar a algumas conclusões. Por exemplo: 1)em: “a linguagem expressa e cria a identidade dos falantes”, pode-se admitir mais de uma função para a linguagem; a conjunção ‘e’ autoriza essa interpretação. 2)no trecho: “em vez de remetentes e destinatários, falemos em interlocutores”, com base na expressão sublinhada, percebe-se a proposta de uma outra concepção do fenômeno em análise. 3)a partir do trecho: “os sujeitos em interação produzem linguagem e, ao mesmo tempo, são constituídos por ela”, pode-se dizer que a linguagem se realiza em um movimento simultâneo de dupla direção. 4)os travessões usados em: “a linguagem – que está sempre em movimento e constituindo-se – é uma prática social humana” separam um trecho explicativo. 5)o trecho “O que isso significa?” tem uma função, de fato, interrogativa, uma vez que a resposta esperada é desconhecida pelo autor e é essencial para a compreensão do texto. Estão corretas: a)1, 2, 3, 4 e 5 b)1, 2, 3 e 4 apenas c)2, 3, 4 e 5 apenas d)1 e 5 apenas e)2, 3 e 5 apenas 67. A compreensão de um texto deriva, sobretudo, de sua inserção em um contexto social de interação. Isso não significa que seja irrelevante o material linguístico que o constitui. Assim, articulando os elementos contextuais e o material linguístico do texto, podemos afirmar que: 1)o discurso indireto é, neste caso, mais adequado ao tipo e ao gênero de texto escolhido do que o discurso direto, por exemplo. 2) existem na palavra ‘interlocutores’ marcas morfológicas que expressam a compreensão da linguagem como uma atividade social. 3)a palavra ‘interação’, que é uma palavra-chave para a coerência do texto, pode ser vista como resultado de uma prefixação. 4)o termo ‘sujeito’, conforme a concepção expressa no texto, designa um ser homogêneo, unívoco, inteiramente autônomo. 5)uma espécie de “movimentos contrários” pode ser vista nas palavras sublinhadas no seguinte trecho: “Por meio dela (da linguagem) os interlocutores constroem e expressam sua identidade.” Estão corretas: a)1, 2, 3 e 5 apenas b)2, 3 e 4 apenas c)3 e 5, apenas d)1, 2 e 4, apenas e)1, 2, 3, 4 e 5 68. Segundo o texto, o esquema tradicional dos Elementos da Comunicação é insuficiente, porque: a)não permite a percepção da linguagem como algo dinâmico e incompleto. b)privilegia apenas o destinatário na criação dos sentidos expressos na mensagem. c)permite a criação de novos sentidos, por vezes, sentidos imprevisíveis. d)compromete a recepção de mensagens que se deseja sejam entendidas sem modificação. e)concebe as mensagens como algo que se pode modificar durante a sua transmissão. (PAS-UFAL) Texto para as questões 69 a 71. Entrevista com Evanildo Bechara Jornalista. É fato que o português está sendo invadido por expressões inglesas ou americanizadas – como background, playground, delivery, fastfood, dowload... Isso o preocupa? Bechara. Não. É preciso diferenciar língua e cultura. O sistema da língua não sofre nada com a introdução de termos estrangeiros. Pelo contrário, quando esses termos entram no sistema têm de se submeter às regras de funcionamento da língua, no caso, o português. Um exemplo: nós recebemos a palavra xerox. Ao entrar na língua, ela acabou por se submeter a uma série de normas. Daí surgiram xerocar, xerocopiar, xerografar, enfim, nasceu uma constelação de palavras dentro do sistema da língua portuguesa. Jornalista. Então esse processo não é ruim? 201 27 Bechara. É até enriquecedor, pois incorpora palavras. Não há língua que tenha seu léxico livre dos estrangeirismos. A língua que mais os recebe, curiosamente, é o inglês, por ser um idioma voltado para o mundo. Hoje, fala-se “delivery”, mas poderíamos dizer “entrega a domicílio”. E há quem diga que o correto é “entrega em domicílio”. Será? Na dúvida, há quem fique com o “delivery”. A palavra inglesa delivery não chegou a entrar nos sistemas da nossa língua, pois dela não resultam outras palavras. Apenas entrou no vocabulário do dia a dia no contexto dos alimentos. Agora deram de falar que “entrega em domicílio” é melhor do que “entrega a domicílio”. Não sei de onde isso saiu, porque o verbo entregar normalmente se constrói com a preposição a. Fulano entregou a alma a Deus. De qualquer modo, a língua se enriquece quando você tem dois modos de dizer a mesma coisa. Jornalista. E por que usar “delivery”, se temos uma expressão própria em português? Não é mais um badulaque desnecessário? Bechara. Não sei se é badulaque, o fato é que a língua, que não tem vida independente, também admite modismos, além de refletir todas as qualidades e os defeitos do povo que a fala. Estrangeirismos aparecem, somem e podem ser substituídos por termos nossos. Foi o que aconteceu com a terminologia clássica e introdutória do futebol no Brasil, quando se falava em goalkeeper, off side e corner. Com a passar do tempo, e sem nenhuma atitude controladora, os termos estrangeiros do futebol foram dando lugar a expressões feitas no Brasil, como goleiro, impedimento, escanteio. Entrevista de Evanildo Bechara. Disponível em http.//www.jornaldaciencia.org.br/Detalhe.jsp?id=. Acesso em 30 de março de 2008. Adaptado. 69. Considerando alguns aspectos que, globalmente, caracterizam o texto, analise as seguintes observações. 1)No texto predomina a função referencial, uma função centrada no contexto de produção e de circulação do texto. 2)Do ponto de vista da tipologia textual, podemos reconhecer no texto um exemplar dos textos narrativos. 3) Por se tratar de uma entrevista, o texto apresenta, entre outras, formulações próprias do diálogo oral. 4)O fato de não se tratar de um texto literário leva a que o entrevistado não use palavras em sentido figurado. 5)O professor entrevistado apresenta seus argumentos, mas se omite quanto à apresentação de exemplos que pudessem reforçá-los. Estão corretas: a)1, 2, 3, 4 e 5 b)1 e 2 apenas c)1 e 3 apenas d)1 e 5 apenas e)4 e 5 apenas 70. A compreensão global do texto – que resulta da articulação entre os elementos contextuais e o material linguístico presente – nos leva a reconhecer como afirmações principais do texto as seguintes: 1)“o português está sendo invadido por expressões inglesas ou americanizadas”. 2)“Não há língua que tenha seu léxico livre dos estrangeirismos”. 3)“a língua se enriquece quando você tem dois modos de dizer a mesma coisa”. 4)“O sistema da língua não sofre nada com a introdução de termos estrangeiros”. 5)“os termos estrangeiros do futebol foram dando lugar a expressões feitas no Brasil”. Estão corretas: a)1, 2, 3 e 5 apenas b)2, 3 e 4 apenas c)3 e 5, apenas d)1, 2 e 4 apenas e)1, 2, 3, 4 e 5 71. Segundo o texto, a entrada na língua de palavras estrangeiras: a)constitui um processo que favorece a decadência da língua, pois deixa em desuso muitas palavras do vocabulário da língua que importa. b)representa um sinal de que diferentes línguas e culturas estão em constante contato, além de que as línguas são sistemas contextualizados. c)constitui um fato a ser regulado por normas controladoras, a fim de que não implique ameaça à identidade da língua importadora. d)descaracteriza a identidade morfossintática da língua uma vez que possibilita a derivação de palavras segundo outros critérios. e)é um fato cultural pouco significativo, pois os estrangeirismos não são afetados pelas imposições gramaticais e lexicais da língua. (PAS-UFPB) Para responder às questões de 72 a 74, leia o texto. Em que se declara o modo e a linguagem dos tupinambás Ainda que os tupinambás se dividiram em bandos, e se inimizaram uns com outros, todos falam uma língua que é quase geral pela costa do Brasil, e todos têm uns costumes em seu modo de viver e gentilida5 des; os quais não adoram nenhuma coisa, nem têm 201 28 nenhum conhecimento da verdade, nem sabem mais que há morrer e viver; e qualquer coisa que lhes digam, se lhes mete na cabeça, e são mais bárbaros que quantas criaturas Deus criou. Têm muita 10 graça quando falam, mormente as mulheres; são mui compendiosas na forma da linguagem, e muito copiosos no seu orar; mas faltam-lhes três letras das do ABC, que são F, L, R grande ou dobrado, coisa muito para se notar; porque, se não têm F, é porque 15 não têm fé em nenhuma coisa que adorem; nem os nascidos entre os cristãos e doutrinados pelos padres da Companhia têm fé em Deus Nosso Senhor, nem têm verdade, nem lealdade a nenhuma pessoa que lhes faça bem. E se não têm L na sua pro20 nunciação, é porque não têm lei alguma que guardar, nem preceitos para se governarem; e cada um faz lei a seu modo, e ao som da sua vontade; sem haver entre eles leis com que se governem, nem têm leis uns com os outros. E se não têm esta letra R 25 na sua pronunciação, é porque não têm rei que os reja, e a quem obedeçam, nem obedecem a ninguém, nem ao pai o filho, nem o filho ao pai, e cada um vive ao som da sua vontade; para dizerem Francisco dizem Pancico, para dizerem Lourenço 30 dizem Rorenço, para dizerem Rodrigo dizem Rodigo; e por este modo pronunciam todos os vocábulos em que entram essas três letras. SOUSA, Gabriel Soares de. Tratado descritivo do Brasil em 1587 - Capítulo CL – Em que se declara o modo e a linguagem dos tupinambás. In: VILLA, Marco Antonio e OLIVIERI, Antonio Carlos. Cronistas do Descobrimento. São Paulo: Ática, 1999, p. 144. Glossário: Gentilidades: paganismo, religião dos gentios. Compendiosas: resumidas, sintáticas. Copiosos: abundantes, grandes, extensos. 72. (UFPB-2007) Em seu texto, Gabriel Soares de Sousa a)limita-se à descrição dos costumes indígenas, sem emitir nenhum juízo de valor. b)destaca apenas qualidades negativas dos índios tupinambás, a quem chama de “bárbaros”. c)exalta à liberdade em que vivem os índios, reconhecendo-a, indiscutivelmente, como um valor intocável. d)reconhece a inferioridade da cultura dos tupinambás, ao compará-la com a de outros índios do Brasil. e)tece considerações críticas a respeito da liberdade excessiva dos índios. 73. Leia o fragmento. “[...] nem os nascidos entre os cristãos e doutrinados pelos padres da Companhia têm fé em Deus Nosso Senhor, nem têm verdade, nem lealdade a nenhuma pessoa que lhes faça bem.” (linhas 15 a 19) A leitura desse fragmento permite afirmar que o autor a)considera eficaz a ação dos jesuítas na conversão dos indígenas. b)mostra surpresa diante do fato de os índios não terem fé em Deus, mesmo sendo doutrinados no cristianismo. c)defende, em princípio, que não se deve cobrar dos índios a fé em Deus. d)reconhece a obediência dos tupinambás à conversão cristã. e)ressalta a presença das doutrinas cristãs nas práticas religiosas dos índios. 74. A ausência das letras F, L, R na linguagem dos tupinambás é comentada pelo autor do texto para a)justificar a natureza mais simples da linguagem dos índios. b)denotar apenas a diferença entre a língua dos brancos portugueses e a dos índios. c)enfatizar, sobretudo, a criatividade na expressão linguística dos povos indígenas. d)criticar, principalmente, a inexistência da fé, da lei e do rei na cultura tupinambá. e)revelar somente os aspectos pitorescos na maneira de falar dos índios. 75. O que é literatura? É uma pergunta complicada justamente porque tem várias respostas. E não se trata de respostas que vão se aproximando cada vez mais de uma grande verdade, da verdade-verdadeira. Cada tempo e, dentro de cada tempo, cada grupo social tem sua resposta, sua definição. Afinal, pensadores, escritores, artistas e demais envolvidos em teorias e práticas de literatura discutem, escrevem, polemizam (antigamente às vezes até duelavam!) e modulam conceitos de literatura que correspondem ao contexto de produção de seu tempo, aos horizontes dos leitores, às práticas de leitura em vigor. Por isso parecem explicar de forma convincente o que é literatura. Mas só temporariamente. Quando surgem novos tipos de poemas, de romances e de contos e outras multidões de leitores entram em cena, aquela livralhada toda passa a ser lida de forma diferente. Os novos leitores piscam os olhos e limpam os óculos, engatam novas discussões, formulam novas teorias, propõem novos conceitos até 201 29 que a poeira assenta para, de novo, levantar-se em nuvem tempos depois. Ou seja, há relação profunda entre as obras escritas num período – e que, portanto, são a literatura desse período – e a resposta que esse período dá à questão o que é literatura? Marisa Lajolo, Literatura: leitores & leitura. Adaptado. De acordo com o texto, a definição de “literatura” vincula-se, necessariamente, a)à quantidade de livros publicados de tempos em tempos. b)ao gosto das pessoas envolvidas nas práticas de leitura. c) ao conjunto de obras elaboradas em determinada época. d)aos conceitos estabelecidos por escritores de prestígio. e)às decisões tomadas por artistas, críticos e escritores. 201 30 Respostas das Atividades Adicionais Português 1.a 11.c 56.F – F – V – V – V 2.b 12.b 57.V – F – V – V 3.c 13.c 58.V – V – V – F – V 4.a 14.d 59.F – V – F – V – V 5.c 15.d 6.e 16.d 7.d 17.e 8.b 18.c 9.b 19.c 10.e 20.a) à beira: locução adverbial feminina. b) I) Não vai a festas nem a reuniões. II) Chegamos à Universidade às oito horas. 21.b 34.e 22.c 35.F – F –V 23.b 36.d 24.a 37.c 25.d 38.d 26.c 39.b 27.b 40.c 28.b 41.Correto 29.c 42.Correto 30.a 43.Correto 31.c 44.V – V – F – F 32.e 45.V – F – F – V 33.a 46.V – F – V – V 47.Estão corretas as afirmativas II, IV e V. 48.V – V – F – V – F 49.V – V – V – V – F 50.F – V – V – F – V 51.V – F – F – V – F 52.V – F – V – V – V 53.V – V – V – F – F 54.V – F – V – F – F 55.F – V – F – V 60.F – V – V – V – V 61. V – F – F – V 62.a 63.Estão corretas as afirmativas I, II e IV. 64.Estão corretas as afrimativas I, II, III e IV. 65.e 66.b Justificativa: a) Correta. De fato, a presença da conjunção ‘e’ autoriza a interpretação de que a linguagem tem mais de uma função. b)Correta. A palavra ‘interlocutores’ já indica que a concepção de linguagem em foco supera os esquemas da mera transmissão mecânica de informações. c)Correta. A expressão ‘ao mesmo tempo’ é uma pista para a interpretação de que a linguagem se realiza em um movimento simultâneo; a conjunção ‘e’ autoriza a conclusão de que ela se realiza em uma dupla direção. d)Correta. A função dos travessões usados no trecho é a de separar um trecho explicativo. e) Incorreta. A interrogação em questão constitui apenas uma estratégia retórica de aguçar o interesse do leitor. 67.a Justificativa: a)Correto. Realmente, o discurso indireto é, neste caso, mais adequado ao tipo e ao gênero de texto escolhido do que o discurso direto, que seria mais apropriado, por exemplo, em um texto narrativo ou numa entrevista. b)Correto. Tanto o prefixo presente na palavra quanto o sinal de plural indiciam a compreensão de que a linguagem é uma atividade social. c) Correto. A palavra ‘interação’ constitui uma palavra chave para a coerência desse texto. Além disso, ela pode ser vista como resultado de uma prefixação (inter + ação). d)Incorreto. O sujeito pensado para a visão conceitual em apreço é aquela de um sujeito que “produze efeitos de sentido em um contexto social e histórico específico”. Logo, ele não é homogeneo nem tampouco autônomo. e) Correto. De fato, ‘construir‘ e ‘expressar’ implicam movimentos contrários: o que está indicado nos sentidos dos próprios prefixos. 201 31 68.a Justificativa: a)Correto. De fato, a insuficiência do tradicional esquema da comunicação deriva do fato de ele não permitir a percepção da linguagem como algo dinâmico e incompleto. b)Incorreto. No esquema em questão, o destinatário não é contemplado na criação de novos sentidos. c) Incorreto. A inflexibilidade na criação de novos sentidos é exatamente a maior insuficiência do esquema em análise. d) Incorreto. A recepção de mensagens que se prevê neste esquema é aquela da transmissão exata. e) Incorreto. Como já foi apontado, a flexibilidade na transmissão da mensagem não é prevista neste esquema. 69.c Justificativa: 1) Correta. De fato, a função que predomina no texto é a função referencial, centrada no contexto de produção e de circulação do texto. 2)Incorreta. O texto em análise não constitui um exemplar dos textos narrativos. Faltam os elementos típicos do esquema narrativo, como espaço, personagens, conflito, desfecho do conflito etc. 3)Correta. Podem ser vistas no texto várias marcas do que caracteriza um diálogo oral (ver o início da primeira resposta do entrevistado). 4)Incorreta. O uso da linguagem figurada não é exclusivo da linguagem literária. 5)Incorreta. O entrevistado apresenta vários exemplos que podem ilustrar seus argumentos (ver o que ele diz acerca dos estrangeirismos que entraram no vocabulário do futebol). 70.b Justificativa: 1)Incorreta. A afirmação constitui apenas uma constatação. 2)Correta. Trata-se de uma observação relevante pois traz uma generalização que respalda o ponto de vista defendido. 3)Correta. Igualmente: a observação feita apoia o argumento de que os estrangeirismos enriquecem o léxico da língua. 4)Correta. Outra vez, um argumento reforça a ideia de que a língua não está ameaçada pela entrada de palavras estrangeiras. 5)Incorreta. Não constitui informação principal, neste texto, evocar a importação de palavras para o léxico do futebol. 71.b Justificativa: a)Incorreta. Nada põe a língua em risco de decadência; seu vocabulário é apenas enriquecido. b)Correta. Como afirma o entrevistado, os estrangeirismos são decorrência do próprio contato em que vivem os povos e suas culturas. c) Incorreta. As condições de subsistência das línguas não são reguladas por mecanismos de controle. d)Incorreta. A identidade morfossintática de uma língua não se descaracteriza com a entrada de palavras estrangeiras. Pelo contrário, estas é que se ajustam às regras da língua importadora. e) Incorreta. De fato, os estrangeirismos são um fato cultural pouco significativo; no entanto, todos eles são afetados pelas imposições gramaticais e lexicais da língua que os recebe. 72.e 73.b 74.d 75.c 201 32