Relatório do Primeiro Semestre / 2009 Turma da Borboleta – TBM Rua Capistrano de Abreu, 29 – Botafogo – 2538-3231 Rua Marques, 19 – Humaitá – 2538-3232 www.sapereira.com.br - [email protected] Turma: ANA, ANTONIA, ANTONIO, ARTHUR, CAROLINA, DAVI, FELIPE, FERNANDO, GABRIEL, IARA, MANUELA, MARINA, RAFAEL, SOFIA D, SOFIA S, SOPHIA C, THÉO, ULRICH e VITORIA Professores e Auxiliares nas Turmas: Turma da Lua: Flavia, Luiza, Bil e Alessandra Turma da Borboleta: Camila e Raoni Turma do Sol: Mariah e Luciana Moreira Turma da Chuva: Cléa, Diana e Susana Música: Jean Expressão Corporal: Roberta e Renata Direção: Tetê, Paula e Vanessa Secretaria: Rosilene e Viviane Auxiliares Maria, Suely, Joilson, Sandra e Cida O segredo é não correr atrás das borboletas… é cuidar do jardim para que elas venham até você. Mário Quintana A Turma da Borboleta resolveu cuidar do jardim e o resultado foi uma convivência harmoniosa, solidária e muito alegre. Nossas crianças chegaram ao final do semestre mais crescidas e unidas. Esse relato tem o propósito de compartilhar a história que por elas foi construída. No início do ano, as crianças que fizeram parte da antiga Turma do Carro ficaram muito felizes em se reencontrar. As que estavam chegando despertaram a curiosidade dos antigos, que as acolheram com muito carinho. O período de adaptação foi curto e embalado por muitas cantorias e brincadeiras de roda. "Corre-cotia", "Tubarão", "Meus Pintinhos Venham Cá", e tantas outras, envolveram a meninada num clima de festa. Essas atividades coletivas favoreceram a interação de forma descontraída e nós aproveitamos tudo isso para valorizar a cumplicidade, a troca de sorrisos e o cuidado com o outro. Em pouco tempo, vimos todos familiarizados com os espaços da Sá Pereira, circulando pela escola com independência e intimidade e ganhando autonomia e segurança nas pequenas atitudes do cotidiano. Na chegada, as crianças verificam recados na agenda, tiram o lanche da mochila, lavam as mãos e organizam o próprio lanche. E quando elas ajudam um amigo a calçar os sapatos ou a guardar os brinquedos na estante da sala de jogos, exercitam a cooperação e o senso de organização. A rodinha de conversa, no início das manhãs, é outro momento que garante a participação de cada uma das crianças. Elas desenvolvem a linguagem e a escuta quando expressam suas idéias e vivências e, com isso, reconhecem o outro com seu próprio ponto de vista e singularidade. A escolha do nome da turma foi fundamental para a identidade que estava sendo construída, fortalecendo o espírito coletivo e a integração do grupo. “... lhe disseram que borboleta e menino se parecem em suas alegrias descontroladas...” Bartolomeu Campos Queirós A história “Pedro”, de Bartolomeu Campos Queirós, inaugurou o nosso primeiro projeto, “Ciclo da Vida”, onde buscamos uma aproximação com o tema institucional “Quanto tempo o tempo tem?”. A pesquisa sobre o ciclo da vida das borboletas envolveu a todos, num clima contagiante. A curiosidade sobre o tempo de transformação das lagartas em borboletas fez com que os olhos da criançada brilhassem durante as conversas. Fotografias, revistas, matérias de jornal, livros infantis e científicos e o curta “O sapo e a borboleta” ilustraram e contextualizaram o nosso trabalho. O contato com diferentes tipos de textos despertou a curiosidade das crianças pelo mundo letrado. Além de proporcionarmos esse contato, também fizemos a transcrição de músicas do repertório que selecionamos e que foi rapidamente aprendido pelo grupo. Certo dia, tentávamos recordar o refrão de uma das canções, quando o Fernando nos disse: – Pega a nossa letra no blocão! Reconhecendo uma das funções sociais da escrita. Fomos ao Parque Lage procurar lagartas. Para a nossa frustração elas estavam escondidas, mas fomos presenteados com um espetacular vôo de borboletas azuis. Tempos depois, ganhamos muitas lagartas. Todos se empenharam nos cuidados necessários, trabalhando o senso de responsabilidade. Mas só uma lagarta conseguiu se transformar em borboleta. As atividades de artes, inspiradas na beleza das borboletas e nas etapas da vida que engloba o seu ciclo, foram instigantes. Procuramos oferecer diversos materiais para ampliar a ação criadora de nossas crianças e proporcionar diferentes sensações e emoções. A turma trabalhou com papel no qual, artisticamente, registrou os momento de vida do inseto. As crianças manusearam pequeninos “ovos” feitos de bolas de isopor, fios e barbantes que representavam o fio de seda, e produziram um enorme casulo que se transformou num objeto mágico, onde brincaram de ser lagartas e borboletas, entrando e saindo de dentro dele. Num misto de alegria e timidez, nossos pequenos participaram da preparação de um pequeno filme. Nele registraram o que aprenderam sobre o ciclo da vida das borboletas compartilhando com suas famílias, na festa pedagógica, com grande entusiasmo. O livro “A promessa do girino”, de Jeanne Willis, convidou o grupo a seguir com as descobertas sobre os ciclos da vida na natureza. Assim, desvendaram o mundo dos sapos. Fizeram um passeio à Floresta da Tijuca em busca de girinos para acompanhar a metamorfose mas, outra vez, foram surpreendidos por não os encontrarem nos lagos do parque florestal. Com a história “Como eu era quando era bebê?”, também de Jeanne Willis, mergulhamos no desenvolvimento de nossas crianças, paralelamente às transformações dos girinos, marcando um tempo de mudanças e muitas conquistas. Nesse momento conhecemos dois bebês especiais: Nicolas, irmão do Théo, e Nina, irmã do Davi. Fomos à casa do Théo e apreciamos o banho de seu irmãozinho. A Nina nos visitou na escola. Em nossa rodinha, engatinhou, ficou em pé com o apoio do cesto de brinquedos, mostrando as competências de um bebê da sua idade. Por outro lado, nossos meninos e meninas falavam sobre o que eles já eram capazes e do que os bebês ainda estão por conquistar. Foram manhãs especiais. Entramos no universo matemático para tirarmos algumas dessas conclusões e exploramos uma grande variedade de idéias relativas aos pesos, medidas, comparações. Ao problematizarmos algumas situações entre o mundo dos bebês e o de nossas crianças já crescidas, o resultado foi de nostalgia e orgulho. Alguns com saudade do tempo que passou, outros com muita satisfação por serem crescidos. “Eu sou mais pesado do que um bebê!” Rafael “E eu já sou grande, olha!” Ulrich “Bebê fica só esperando o tempo passar para crescer e poder brincar”. Carolina “Quando meu pai e minha mãe casaram, eu era bebê e eu nasci, pequenininha!” Manuela não brincarmos de estátua para dar um tempo? Ao som do prato, todos paravam, quase estáticos. Divertido, também, foi cada um comandar a brincadeira tocando o tambor e o prato. E se São Pedro não segurou a chuva no dia do nosso bloco de carnaval, tiramos proveito dos nossos instrumentos, experimentando timbres, obedecendo a comandos e, principalmente, reproduzindo pequenas frases rítmicas na atividade do “eco-musical”. O "delay" do som, rebatendo nas paredes como uma bola de borracha, nos inspirou a simular o eco num jogo entre a escuta e a capacidade de imitar. As crianças adoram esse desafio, que exige muita concentração e paciência, para esperar o tempo certo de tocar. E quando demos por nós a turma já tinha nome e os projetos apontavam no firmamento. A turma parecia mesmo sair do casulo. Apesar de continuarem sendo os mesmos, a metamorfose feita pelo tempo fez a Turma da Borboleta alçar vôos inimagináveis. “Eu tenho muitos dentes, bebê não tem!” Felipe “Criança pode ajudar a mãe a fazer comidinha!” Ana “Criança brinca de correr e sabe falar!” Théo “Criança escuta história com a mamãe, o papai e com a vovó!” Sofia C. Esse é só um capítulo da nossa história. No próximo semestre, viveremos mais emoções e muitas situações que, certamente, valerão registro. Um beijo carinhoso nos nossos autores tão queridos. MÚSICA Nosso tema gerador deste ano, o Tempo, foi constantemente inspirador para as nossas aulas de Música. Muito se discute sobre a característica abstrata e pouco palpável da arte musical, mas é através do tempo que, justamente, ela ganha contornos e dimensões materiais. Fazer música é organizar os sons dentro de uma linha temporal. A onda sonora traz, em sua essência, a periodicidade de um impulso traduzida em freqüência e duração, o que muito se relaciona com a idéia espacial. Para as crianças, pelo que podemos perceber, essas duas categorias - tempo e espaço - também são indissociáveis. Dessa maneira se faz, também, a ligação entre música e movimento dentro da sensibilização e da prática musical. Dessa forma, fazer música é também organizar os sons no espaço. Na educação infantil, atividades simples co- mo brincar de roda, ciranda e acompanhar uma música com palmas, revelam uma trama de habilidades e percepções onde o que está em jogo é bem mais que o prazer e a ludicidade. Temos, aí, a identificação do pulso rítmico - se lento ou rápido -, a hora certa de responder um coro, - percepção e reprodução rítmica e melódica -, o sentimento de pertencimento ao grupo e identificação com o repertório. E, partindo da afetividade, começamos a falar do órgão que é primeiramente percebido quando ainda na vida intra-uterinamente e que nos acompanha, como um verdadeiro tambor-relógio, por toda nossa existência: o coração. Não é a toa que lhe damos o status de instrumento e também não é a toa que as crianças se sentem embaladas pelo tambor. Andamos bem lentos, seguindo o pulso do tambor, para em seguida corrermos diferenciando nossos batimentos cardíacos. E se a vida está a maior correria para todos, porque “Borboleta pequenina saia fora do rosal / Venha ver quanta alegria / Que hoje é noite de natal / Eu sou uma borboleta / Pequenina e feiticeira / Ando no meio das flores / Procurando quem me queira”. Pastoril Nosso repertório também captava doces momentos. “Borboletinha / Tá na cozinha / Fazendo chocolate para a madrinha”. Sempre disposta a tocar instrumentos de percussão, a turminha desenvolveu boa atenção aos comandos para tocar, assim como na reprodução rítmica. Acompanhavam, com presteza, a cantoria sugerida. A descoberta da canção do Paulo Tatit, do trabalho da Palavra Cantada, abriu nossos ouvidos para os sons produzidos por esse inseto. Nhac, nhac e nhac. Flap, flap. Pareciam sugerir ritmos e sons orgânicos. E num glissando, desabavam no chão. Quando pousadas, paravam de asas fechadas na vertical e, assim, souberam diferenciar-se das mariposas. “As mariposas quando chega o frio / Fica dando voltas em volta da lâmpida pra se esquentá”. Adoniran Barbosa. Ainda chegou aos nossos ouvidos uma música sobre borboleta, parceria da Adriana Calcanhoto, e Domenico Lancelote. Se aproximando a Festa Junina, contamos algumas histórias de São João como o Auto do Boi, dramatização popular com Pai Francisco e Catirina. Também ficaram por dentro da origem da brincadeira com a História do Boizinho de São João. Nesse momento, já era hora de voar para a Festa... EXPRESSÃO CORPORAL Nas aulas de Expressão Corporal, buscamos favorecer a apropriação progressiva da imagem corporal, conhecendo e identificando seus segmentos e elementos e desenvolvendo uma atitude de interesse e cuidado com o próprio corpo e o do amigo. Em nossos aquecimentos, procuramos movimentar as diversas partes do corpo, preparando-o para, em seguida, iniciarmos nossas brincadeiras, danças, jogos e demais situações de interação corporal. Sensibilizamos nosso corpo e o do colega utilizando diferentes materiais, como as bolinhas de tênis, para massageá-lo. Uma delícia! De forma lúdica, e com o auxílio de muitas músicas, buscamos dramatizar e reproduzir movimentos significativos para as crianças como os dos bichos, meios de transportes etc, possibilitando a experimentação de ações motoras como andar, correr, pular, rolar e rastejar. Dessa forma, esperamos que possam, gradativamente, se deslocar com maior destreza pelo espaço e desenvolver uma atitude de confiança nas próprias capacidades motoras. Também pudemos movimentar o corpo nos planos alto, médio e baixo, experimentando diferentes qualidades como força, velocidade, resistência e flexibilidade para ampliar as possibilidades expressivas do movimento. Brincamos com os tecidos, buscando equilibrá-los sobre as diversas partes do corpo. Uma farra! Fizemos circuitos utilizando bambolês, colchonetes, ponte, cama elástica e prancha de equilíbrio. As crianças adoraram! A partir da comparação de imagens de trombas de borboletas e de elefantes, brincamos de imitar o vôo das borboletas e o caminhar do elefante trabalhando, assim, com a idéia de peso. Num grande grupo, cada criança escolheu o animal que queria ser e passou a se locomover pelo espaço incorporando as características de sua movimentação. Em seguida, invertemos os papéis, possibilitando a cada um experimentar as qualidades de movimento de leveza e peso. Trabalhamos com diferentes ritmos. Ao som de um pandeiro, caminhamos sobre os colchonetes de forma rápida e leve e, em seguida, lenta e pesada. Inspirados no nome da turma e nas pesquisas realizadas pelas crianças, brincamos com a metamorfose das borboletas, experimentando as diferentes fases de sua transformação. E fazendo um paralelo com o desenvolvimento do ser humano, brincamos com as fases do desenvolvimento reproduzindo os gestos e movimentos dos bebês até chegarem às crianças mais crescidas. Nesse momento, brincaram de cuidar dos seus colegas, botando-os para dormir e balançando-os nos brinquedos, pondo em prática o cuidado que devemos ter com o outro. Para a nossa festa pedagógica, viramos lindas borboletas de asas coloridas, utilizando os tecidos, e ao som de “Borboleta”, interpretada por Marisa Monte, voamos graciosamente em várias direções. O final do semestre foi dedicado a mobilizar as crianças para os festejos juninos. Com as filmagens e gravações capturadas na oficina oferecida aos professores, provocamos risos admirados dos pequeninos que iam nos reconhecendo e, aos poucos, querendo imitar nossos movimentos. Logo, logo, todos entraram na roda. "Ai eu entrei na roda... para ver como se dança" e, rapidamente, todos sabiam dançar! Agora é esperar o dia da festa para que todos possam participar.