MONITORAMENTO DO TRATAMENTO DE ÚLCERAS DE PERNA ATRAVÉS DO SOFTWARE IMAGEJ® L. A. Santana1, M. A. C. Frade2, J. K. Kajiwara3, J.M. Alves4 1 Universidade de São Paulo-USP/ Bioengenharia, São Carlos, Brasil, fone: 16 39313249, e-mail: [email protected] 23 Universidade de São Paulo-USP/Dermatologia, Ribeirão Preto, Brasil, fone: 16 3602244, e-mail: [email protected] 3 Universidade de São Paulo-USP/Biologia Celular e Molecular, Ribeirão Preto, Brasil, fone: 16 36023220, e-mail: [email protected] 4 Universidade de São Paulo-USP / Engenharia Elétrica / Bioengenharia, São Carlos, Brasil, fone: 16 33739344, e-mail: [email protected] Abstract – This investigation shows a technique of image processing for monitoring the treatment of leg ulcers. The objective was to show the use of commercial digital camera and a public domain software for the image analysis of leg ulcers during the treatment with low intensity ultrasound (LIUS) or 1% silver sulfadiazine cream. The venous leg ulcer have slow healing, representing a common illness with high treated cost. The ulcers were divided in two experimental groups. In the group 1 the ulcers were treated with 1% silvers sulfadiazine cream. In the group 2 the ulcers were treated with LIUS. The image analysis quantified the parameters ulcer superficial area, the growing factors TGFβ and VEGF and the iNOS enzyme. The ulcer images were taken at the beginning of treatment and every 15 days. The treatment time last 90 days. The images at the beginning of treatment and at the 45° day were used for carrying out the immunohistochemistry analysis. The ulcers healing area decreased faster when treated with LIUS. The synthesis of growth factors and enzyme was also higher in the ulcers treated with LIUS. The image analysis should be included in health public services for monitoring the treatment of leg ulcers. Introdução A área de pesquisa que envolve o uso de ferramentas computacionais para auxílio ou acompanhamento do diagnóstico em lesões dermatológicas ainda é visto como muito recente. Um dos problemas encontrados para o acompanhamento da evolução das úlceras de pele é o da padronização das medidas da extensão da lesão e do reparo tecidual. Outro obstáculo encontrado, até recentemente, era o custo dos programas analisadores de imagens, hoje encontrados a baixo custo, ou até mesmo gratuitos. As úlceras de perna surgem geralmente a partir de um pequeno trauma ou de uma infecção secundária em regiões da perna onde a pele está sob distúrbios nutricionais, apresentando assim uma difícil cicatrização[1]. Esta investigação tem o objetivo de mostrar a utilização de câmara digital comercial e de programa de análise de imagem de domínio público no monitoramento da evolução de úlceras de perna pré e pós-tratamento com ultra-som de baixa intensidade (US), quantificando a área superficial da úlcera, seus respectivos tecidos, além de quantificar os fatores de crescimento TGFβ (transforming growth factor) e VEGF (vascular endothelial growth factor) e a enzima iNOS (induced nitric oxide synthase) no estudo imunohistoquimico. Metodologia Amostra: Úlceras tróficas de perna de pacientes foram divididas em dois grupos: a) Grupo 1 (n=7 úlceras) constituindo de pacientes que tiveram suas úlceras tratadas com curativos diários à base de creme sulfadiazina de prata 1% (SDZ) e cobertura com gazes e ataduras cirúrgicas, realizados no domicílio; b) Grupo 2 (n=9 úlceras) constituindo de pacientes que tiveram suas úlceras tratadas com ultra-som de baixa intensidade em dias alternados (segundas, quartas e sextas-feiras). O tempo diário de tratamento dependeu da extensão da úlcera. O tratamento foi feito na periferia da lesão ficando o transdutor ultra-sônico estacionário. O protocolo de tratamento em todos os casos foi de 90 dias. A análise fotográfica das úlceras foi realizada a cada 15 dias e a análise imunohistoquímica das amostras foi realizada no início e após 45 dias de tratamento. Captura das Imagens: A Figura 1 mostra um dispositivo projetado com o objetivo de padronizar a captura das imagens das úlceras contendo as seguintes características: a) suporte de alumínio na forma de arco para uma máquina fotográfica digital (SonyDSC P93). O suporte tem 80cm de altura, diâmetro de 70cm e uma base de acrílico de 50cmx70cm; b) iluminação com uma lâmpada tipo farol de milha apontada para o teto com o intuito de diminuir o reflexo. A lâmpada foi acoplada ao suporte de alumínio e constituiu a única iluminação do ambiente. As demais lâmpadas foram desligadas e a iluminação natural bloqueada com o uso de cortinas; c) Roldanas permitem o movimento da máquina fotográfica e da lâmpada; d) Uso de etiquetas auto colantes, com marcação em centímetros, para uso na borda da úlcera, com o intuito de ajustar as angulações da úlcera durante análise de imagem. As etiquetas também foram utilizadas como régua durante o procedimento de quantificação da imagem da úlcera, utilizandoas para padronização da escala. e) Uso de papel tamanho ofício abaixo do membro do paciente para delimitar a borda do mesmo o qual foi usado sempre que a úlcera foi fotografada com o intuito de manter o membro sempre na mesma posição. A Figura 2 mostra a imagem padronizada fotografada através do dispositivo da Figura 1. Para a quantificação da imunohistoquímica as imagens das amostras de biópsias dos pacientes foram capturadas por uma câmera digital Nikon E995 acoplada a um microscópio Zeiss com uma objetiva de 40x. Para ajuste da escala foi utilizada uma régua micrométrica fotografada nos mesmos padrões. Fig. 1 - Dispositivo para Fig.2 - Captura captura de imagem. padronizada de imagem. Estudo imunohistoquímico: Foi realizado biopsias pré e pós tratamento (45 dias) para a realização de estudo imunohistoquímico, quantificando TGF-β, VEGF e iNOS, utilizando o Método HRP-Streptavidina (Santa Cruz Biotechnology). A quantificação dos fatores de crescimento e da enzima estudada foi realizada através do software ImageJ®. O Método HRP-Streptavidina torna as células que contém TGF-β, VEGF e iNOS na cor cobre e os demais na cor violeta. Características do programa de análise de imagens utilizado: O ImageJ®1, desenvolvido por Wayne Rasband do Research Services Branch, National Institute of Mental Health (Bethesda, Maryland, EUA), é um software processador e analisador de imagens em Java de domínio público inspirado no NIH Image para o Apple Macintosh. Dessa forma pode ser executado em diversos ambientes operacionais desde que os mesmos possuam uma máquina virtual Java apropriada. Além disso, o repertório de funções deste software pode ser expandido através de diversos plugins prontos, disponíveis na internet, ou desenvolvendo-se novos plugins. Segmentação e Cálculo da Área Superficial e Tecidual da Úlcera: A segmentação foi realizada manualmente com o uso do mouse. Para a seleção das áreas de granulação (vermelha), tecido benéfico à cicatrização, e de fibrina (amarela), tecido maléfico à cicatrização, foram utilizadas as características de matiz, brilho e saturação da luz refletida e não somente o brilho, como é mais usual. Foi através do plugin threshold_colour disponível na Internet, que a seleção foi realizada, bastando definir o intervalo da cor de interesse. O software torna brancas as áreas que satisfazem este padrão e pretas as demais áreas. A Figura 3a mostra duas imagens uma com seleção de área tecidual amarela e outra com seleção de área tecidual vermelha, já convertida em preto e branco, comparada a uma imagem real da úlcera segmentada na Figura 3b. Definida a área de interesse, quer seja recoberta por fibrina, quer seja de granulação, pode ser utilizado o analisador de área do ImageJ®, para calcular a área superficial e tecidual, após ajuste apropriado da escala Fig.3a - Seleção de área amarela Fig. 3b - Imagem real e seleção de área vermelha, da úlcera segmentada. respectivamente. Para a quantificação das áreas de superfície das úlceras e seus referentes tecidos de granulação e fibrina foram quantificados os seguintes parâmetros: a) razão (r1) entre a área inicial da úlcera menos a área do seguimento dividido pela área inicial com a seguinte interpretação: área fechada se r1=1, área inalterada se r1=0, diminuição da área se r1>1 e aumento da área se r1<1; b) razão (r2) entre a área do tecido de granulação e a área da úlcera no mesmo dia da avaliação; c) razão (r3) entre a área do tecido de fibrina e a área da úlcera no mesmo dia da avaliação. Segmentação e Cálculo da Área de Imunohistoquímica da Amostra: Para a seleção da área de cor cobre foi utilizado o Gimp®, software empregado na formatação de imagens, semelhante ao Photoshop®, porém disponível na Internet. Optou-se pelo Gimp® para a seleção da área de cor cobre devido este ser mais preciso que o ImageJ® quando as imagens mostram problemas de background, isto é, restos de enzimas ou fatores de crescimento espalhados sobre a amostra, decorrentes do processo de imunohistoquímica. Este background não faz parte da área de interesse. A imagem foi decomposta em RGB, que é a abreviatura do sistema de cores aditivas formado por vermelho (Red), verde (Green) e azul (Blue). A escala de RGB varia de 0 (mais escuro) a 255 (mais claro). O RGB converte a imagem em escalas de cinza nos 3 sistemas de cores. Foi utilizada a imagem em escala de cinza na cor verde, já que esta representou melhor a cor cobre e violeta da amostra. A figura 4a ilustra a imagem real de uma amostra de imunohistoquímica, comparada à imagem convertida em escala de cinza na cor verde pelo Gimp® (Figura 4b). Observa-se que a área de interesse, ou seja, células marcadas com cobre estão na cor preta de tonalidade mais forte; já o background está em tons de preto desbotado, cinza ou branco. Em seguida, a imagem em escala de cinza na cor verde foi analisada no ImageJ®, a segmentação é realizada manualmente com o uso do mouse. E através do plugin threshold, também disponível na internet, selecionou-se a área de interesse. O software torna vermelha esta área. A figura 5 mostra a imagem segmentada com seleção da cor cobre já convertida em vermelha. Definida a área de interesse, pode ser utilizado o analisador de área do ImageJ®, para calcular a área, após ajuste apropriado da escala. Fig. 4a - Imagem real de imunohistoquímica. Fig. 4b - Imagem de imunohistoquímica convertida em escala de cinza. 1 Resultados As evoluções das áreas das úlceras estão expressas nas figuras 6 à figura 11. Para o estudo imunohistoquímico, foram coletadas 24 biópsias das úlceras previamente estudadas (5 para grupo 1 e 7 para o grupo 2) em suas fases pré e pós-tratamento. Em apenas uma biópsia do grupo 2 não foi realizada a análise imunohistoquímica, devido a problemas relacionados à coleta. O estudo foi realizado pela quantificação das células marcadas pela cor cobre através do softeware ImageJ®, expresso na Tabela 1. Evolução clinica das áreas Úlcera 1 0,7 0,6 Úlcera 2 0,5 0,4 Úlcera 4 0,3 0,2 Úlcera 6 Úlcera 3 Úlcera 5 Úlcera 7 0,1 0 1° 15° 30° 45° 60° 75° 90° Dias de tratamento Fig.8 - Evolução clínica de r2 (área granulação/área superficial) das úlceras do grupo 1(SDZ). 1 Evolução clínica das úlceras Fig. 5 - Imagem de imunohistoquímica segmentada com seleção de cobre. 0,9 0,8 0,9 Úlcera 1 0,8 Úlcera 2 0,7 Úlcera 3 0,6 Úlcera 4 0,5 Úlcera 5 Úlcera 6 0,4 Úlcera 7 0,3 Úlcera 8 0,2 Úlcera 9 0,1 0 1° 15° 30° 45° 60° 75° Dias de tratamento 90° 105° Fig.9 Evolução clínica de r2 (área granulação/superficial) das úlceras do grupo 2 (US). 1 0,6 úlcera 1 0,4 úlcera 2 0,2 úlcera 3 úlcera 4 0 -0,2 1° 15° 30° 45° 60° 75° 90° úlcera 5 úlcera 6 -0,4 úlcera 7 -0,6 -0,8 -1 0,9 Evolução clínica das úlceras Taxa de cicatrização da úlcera (cm²) 1 0,8 0,8 Úlcera 1 0,7 Úlcera 2 0,6 Úlcera 3 0,5 Úlcera 4 Úlcera 5 0,4 Úlcera 6 0,3 Úlcera 7 0,2 0,1 Dias de tratame nto Fig.6 - Taxa de cicatrização das úlceras do grupo 1 (SDZ). 1 0 1° 15° 30° 45° 60° 75° Dias de tratamento 90° Fig.10 - Evolução clínica de r3 (área fibrina/área superficial) das úlceras do grupo 1(SDZ). úlcera 1 0,6 úlcera 2 1 0,4 úlcera 3 0,9 0,2 úlcera 4 úlcera 5 0 -0,2 1° 15° 30° 45° 60° 75° 90° 105° úlcera 6 úlcera 7 -0,4 úlcera 8 -0,6 úlcera 9 -0,8 -1 Dias de tratame nto Fig.7 - Taxa de cicatrização das úlceras do grupo 2 (US). Evoluçaõ clínica das úlceras Taxa de cicatrização da úlcera (cm²) 0,8 Úlcera 1 0,8 Úlcera 2 0,7 Úlcera 3 0,6 Úlcera 4 Úlcera 5 0,5 Úlcera 6 0,4 Úlcera 7 0,3 Úlcera 8 0,2 Úlcera 9 0,1 0 1° 15° 30° 45° 60° 75° 90° 105° Dias de tratamento Fig. 11 - Evolução clínica de r3 (área fibrina/área superficial) das úlceras do grupo 2 (US). Tabela 1 – Análise imunohistoquímica das biópsias das úlceras segundo a área marcada de iNOS, TGFβ e VEGF no primeiro e 45º dia de tratamento dos pacientes do Grupo 1 (SDZ) e Grupo 2 (US). ≠ 1° dia 45° dia 3,3 2,9 1,6 1,4 4,0 M 2,6 2 3,0 3 4,4 4 1,7 5 3,1 8 1,5 9 3,4 M 2,9 2,0 2,0 3,0 3,0 3,5 2,7 -1,3 -0,9 1,4 1,6 -0,5 -0,1 5,6 4,2 2,2 1,5 3,6 3,6 3,5 2,6 -0,2 0,5 -1,6 2,1 0,2 -0,6 1,3 4,0 2,1 1,3 2,2 2,5 2,2 1 2 3 4 5 45° dia ≠ VEGF (cm²) 1° dia 45° dia Úlcera TGFβ (cm²) 1° dia ULTRA-SOM SULFADIAZINA iNOS (cm²) ≠ 1,8 1,6 1,6 1,2 2,0 1,6 1,8 2,4 1,2 1,2 1,9 1,7 0,0 0,8 -0,4 0,0 -0,1 -0,1 1,0 1,2 1,3 1,2 2,2 1,4 1,5 1,6 1,7 2,3 2,0 1,8 0,5 0,4 0,4 1,1 -0,2 -0,4 2,4 5,1 2,0 1,4 3,5 3,5 3,0 1,1 1,1 -0,1 0,1 1,3 1,0 -0,8 0,9 1,8 1,2 1,3 2,1 1,4 1,5 3,3 3,7 1,4 1,8 1,9 3,5 2,6 2,4 1,9 0,2 0,5 -0,2 2,1 -1,1 M=Média Discussão Observando as áreas das úlceras pode-se notar que no grupo 1 as úlceras tiveram aumento da área superficial seguido por uma diminuição, porém chegando ao fim do tratamento com as dimensões inalteradas comparadas ao primeiro dia. No grupo 2 primeiramente se obteve um aumento das úlceras e após o 30° dia começou a ocorrer uma redução das mesmas. Os resultados mostraram que tanto a SDZ quanto o US em um primeiro momento proporcionou aumento das áreas ulceradas, o que sugere uma ativação da fase inflamatória e conseqüente desbridamento das úlceras. Em um estudo anterior foi observado a ocorrência de proliferação inflamatória em ratas tratadas com ultra-som na freqüência de 0,75MHz e intensidade de 0,1w/cm². Sugerindo que com isso a cicatrização possa ocorrer mais precocemente [2]. As áreas superficiais das úlceras do grupo 1 ficaram inalteradas com 90 dias de tratamento, enquanto que o grupo 2 tiveram uma redução de 0,4cm², isto é, houve um aumento de 40% de reepitelização, comparando-as ao primeiro dia de tratamento. No grupo 1 pode ser observado uma diminuição da granulação e um aumento da fibrina nos dias de tratamento comparando ao primeiro dia, já no grupo 2 pode-se observar um aumento da granulação e uma diminuição da fibrina em quase todos os dias de tratamento. Este fato não ocorreu apenas no 15° e 60° dia. Em ambos os grupos houve um aumento da fibrina no 75° de tratamento, quando comparado ao 60° dia. Observa-se no grupo 2 que ao mesmo tempo que a fibrina aumentou houve uma diminuição do diâmetro da úlcera. Isto é conseqüência do aparecimento natural de fibrina no final da reepitelização, devido a lise do colágeno velho e a síntese do colágeno novo, que é caracterizada por uma fibrina mais esbranquiçada que a anterior[3]. Em estudo de 2002[4] Swist-chimielewska observou que não houve diferença entre o grupo de ultra-som e o grupo controle no desenvolvimento da granulação, porém o grupo de ultra-som mostrou melhores resultados na diminuição da área e do volume de úlceras venosas, levandoas a uma cicatrização mais rápida. Na análise imunohistoquímica as úlceras do grupo 2, em 45 dias, tiveram um aumento 23% maior de iNOS que as do grupo 1. Isto sugere uma possível estimulação na fase inflamatória pois esta enzima faz parte de uma das etapas da cicatrização. Este aumento da enzima iNOS nos primeiro 45 dias de tratamento pode justificar o aumento da área superficial nos primeiros dias de tratamento. Houve também um aumento dos fatores de crescimento TGFβ e VEGF em 44% e 31%, respectivamente, em relação ao aumento dos mesmos fatores no grupo 1. Com isso sugere-se que no grupo 2 está ocorreu estímulo à fibroblasia e proliferação de vasos sanguíneos, levando a cicatrização mais rápida das úlceras. Foi estudado por alguns pesquisadores o efeito do ultra-som (15 e 30mw/cm²) na produção de IL-8, FGF e VEGF in vitro em células de monócitos, fibroblastos e osteoblastos. Neste estudo foiobservado que o VEGF alcançou o maior número de produção observado nos 3 tipos de células, e por ambos mecanismos de ultra-som [5]. O processo de medida da área de uma úlcera ainda é predominantemente visual[6]. Um estudo comprovou que não é somente o tamanho da ferida que determina o estado de melhoria, mas outros indicadores visuais, como área de fibrina e tecido de granulação, ambos localizados na parte interna da úlcera[7]. Sabese também que quantificar os fatores de crescimento e enzimas que estão presentes na cicatrização é importante uma vez que isto ajuda a avaliar as verdadeiras condições em que se encontra a evolução da cicatrização. O monitoramento da área de uma úlcera, dos tecidos de fibrina e de granulação e dos seus fatores de crescimento e enzima através de processamento de imagem tem maior precisão e permite, ao longo do tratamento, a determinação de vários parâmetros que caracterizam a cicatrização. Conclusões O US acelera as diferentes fases da cicatrização quando comparado ao tratamento com curativos diários à base de creme sulfadiazina de prata 1% (SDZ). Ele estimula a cicatrização das úlceras crônicas, quais são de difícil tratamento. Na fase inflamatória houve aumento da enzima iNOS proporcionando o desbridamento da ferida. Houve aumento dos fatores de crescimento TGFβ e VEGF que atuam na neovascularização e na remodelagem. No decorrer do tratamento o LIUS mostrou ser mais eficiente no aumento da granulação e diminuição da fibrina. Consequentemente, as úlceras tratadas com US são estimuladas à uma reepitelização mais rápida. O processamento das imagens de úlceras é uma ferramenta computacional que deve ser implantada na rotina clínica de tratamento de úlceras para que os profissionais da área da saúde possam avaliar quantitativamente a área da lesão e dos tecidos presentes e parâmetros imunohistoquímicos visando o aperfeiçoamento dos serviços de estomatoterapia. Referências: [1] Fishman, T., Diabetic foot ulcers – The Wound Care Information Network, Internet site address:http://medicaledu.com/diabetic.htm acessado em 16/02/2005. [2] Young, S. R.; Dyson, M. The Effect of Therapeutic Ultrasound on Angiogenesis. Ultrasound in Med. & Biol. Vol. 16 (3): October, 1989. p. 261-9. [3] Mitchelli, N. R. Tecido de Renovação e Reparação: Regeneração, Cicatrização e Fibrose. In: KUMAR, V; ABBAS, A. K.; FAUSTO, N. Robbins & Cotran Patologia: bases patológicas das doenças. 7a ed. Vol. 29 Rio de Janeiro, Interamericana, 2005. [4] Swist-Chmielewska, D. ; Franek, A. ; Brzezinska-Weilo, L. ; Blaszczak, E. ; Polak, A. ; Krol, P. Experimental selection of best physical and application parameters of ultrasound in the treatment of venous crural ulceration. Pol Merkuriusz Lek, jun, Vol. 12 (72): 2002. p.500-5. [5] Reher, P.; Doan, N.; Bradnock, B.; Meghji, S.; Harris, M. Effect of ultrasound on the production of IL-8, basic FGF and VEGF. Cytokine, vol 1, N° 6: June. 1999. p. 416-423. [6] Medeiros, G. C. F., Uso de Texturas para o Acompanhamento da Evolução do Tratamento de Úlceras Dermatológicas, Dissertação de Mestrado, Programa de Pós-Graduação em Engenharia Elétrica, Escola de Engenharia de São Carlos-USP, 2001. [7] Berris, P. W., “Acquisition of Wound Images and Measurement of Wound Healing Rate and Status Using Colour Image Processing, Ph. D. Thesi, Department of Engineering, University of Reading, 2000.