ISSN XXXX-XXXX Vol 01 – Num 01 – Agosto 2012 AGRICULTURA BRASILEIRA: POR UMA RELAÇÃO LOCALGLOBAL NA ESCOLA MUNICIPAL LAURA BARBOSA BEZERRA, BARRA DE SANTANA-PB Jonas Henrique de Freitas1; Marlene Macário de Oliveira2 Resumo: Este trabalho consiste numa reflexão sobre a importância de se inter-relacionar os conteúdos do ensino de Geografia a vida dos alunos. Partindo de pesquisas sobre a agricultura local de Barra de Santana, tivemos como objetivo mostrar a importância da atividade agrícola para os alunos e, sobretudo apontando-lhe conteúdo para que pudesse aprofundar o tema em estudo. Para sua efetivação, no âmbito do ensino, relacionou-se a produção agrícola nacional à local a partir de revisões bibliográficas. Para ampliar a discussão foi feito pesquisa sobre a agricultura local junto a Secretaria de Agropecuária e Meio Ambiente (SEMAM), Prefeitura Municipal e Sindicato dos Agricultores Rurais em Barra de Santana. Assim, realizamos uma pesquisa-intervenção na Escola Municipal de Ensino Infantil Fundamental Laura Barbosa Bezerra onde ao final da experiência do estágio foi aplicado um questionário para caracterização do conhecimento dos alunos do 6º ano. Os dados obtidos demonstram que embora este município esteja inserido em uma região em que não apresente condições tão favoráveis ao cultivo agrícola, essa atividade se desenvolve com sucesso durante o período de chuva. A produção é voltada especialmente para o consumo dos próprios agricultores com renda obtida da própria agricultura. As propriedades são pequenas sempre usadas para a criação de gado ou cultivo agrícola. Palavras-Chave: Agricultura de Subsistência; Espaço Agrário. Reforma Agrária Abstract: This paper is a reflection on relevance to interrelate the Geography content and the students’ life experience. Starting from researches on local agriculture in Barra de Santana, our objectives are showing to our students the importance of the agricultural activity and give them a study theme to be explored as deep as they could. To this effective realization, in teaching field, it was related the national agricultural production to the local from bibliographic reviews. Expanding the discussion, it was made a research on local agriculture at Agricultural and Environment Secretary (SEMAM), Municipal Government e Union of Rural Farmers in Barra de Santana. In this way, we did an intervention-research at Municipal de Ensino Infantil Fundamental Laura Barbosa Bezerra School. At the end of stage experience, a survey with sixth grade students was applied in order to testing their knowledge. The results demonstrated although this city is settled in an unfavorable to growing agricultural crops region, we observed this is a successful activity during rainy season. The production is only for farmers using and to provide them some income. The properties are are always small and aimed to cattle breeding or plantation. Keywords: Subsistence Agriculture and Agrarian Space - Agrarian Introdução 1 Graduando do Curso de Licenciatura Específica em Geografia da Universidade Aberta Vida, Universidade Estadual Vale do Acarau. [email protected] 2 Orientadora do Trabalho de Conclusão de Curso do Curso de Licenciatura Específica em Geografia da Universidade Aberta Vida, Universidade Estadual Vale do Acarau. [email protected] www.revistascire.com.br 1 ISSN XXXX-XXXX Vol 01 – Num 01 – Agosto 2012 Este artigo apresenta um recorte histórico da agricultura brasileira. Como essa agricultura se desenvolveu ao longo do tempo e como ela acontece atualmente de forma organizada e sistematizada no campo brasileiro. Apresenta-se aqui o movimento agrário com intensas reivindicações e manifestações pela posse da terra, mostra também a agricultura praticada em Barra de Santana. Para a obtenção das informações foram realizadas pesquisas na EMEIF Laura Barbosa Bezerra, SEMAM, Secretaria de Agropecuária e Meio Ambiente, Prefeitura e Sindicato dos Trabalhadores de Barra de Santana. Como nosso objetivo foi construir um mapeamento a respeito da agricultura local e refletir sua inter-relação no âmbito do ensino e conhecimentos dos alunos, utilizamos como metodologia revisões bibliográficas e realizamos pesquisas com entrevista e questionários. Na escola EMEIF Laura Barbosa Bezerra, foi realizada uma intervençãopesquisa junto aos alunos para investigar a relação que esses têm com a agricultura existente neste município. Qual a participação desses alunos nessa agricultura? Dependem da mesma para sobreviverem? Qual a relação de pertencimento que esses alunos têm com essa atividade agrícola tão marcante neste município? Faz-se ainda uma análise da importância dessa atividade junto à ótica dos sindicatos para os agricultores do município como também para a população que necessita de tais alimentos advindos do campo para a sua alimentação. Tenta-se aqui fazer um breve histórico da interação entre os agricultores e a própria agricultura, relacionando tais resultados à vida cotidiana dos alunos. A AGRICULTURA BRASILEIRA NO ENSINO DE GEOGRAFIA O modelo de escola e de ensino de geografia quando confrontados com a necessidade de práticas que contemplem o espaço vivido pela sociedade revelam que há muito por se fazer. Assim, urge que se remonte uma sucinta história do ensino de Geografia no Brasil para a compreensão desse fato. O ensino de Geografia no Brasil foi implantado após os anos 1930 quando veio neste ano a se institucionalizar definitivamente a escola no país. A partir deste mesmo ano, mais precisamente no ano de 1946, a educação teve uma distribuição racional por todo o território nacional. É importante lembrar que nem todas as classes sociais tiveram acesso ao sistema de educação oferecido pelo país, já que as oportunidades www.revistascire.com.br 2 ISSN XXXX-XXXX Vol 01 – Num 01 – Agosto 2012 ficavam em especial a favor das pessoas que tinham uma posição social de destaque na sociedade. As escolas então eram chamadas de escolas de primeiras letras, ou seja, nestas escolas os professores ensinavam assuntos básicos do conhecimento da educação como: Ler, escrever, as quatro operações, a gramática da língua nacional e os princípios da moral cristã e da doutrina da igreja católica. Sobre este fato Vlach (2004) apresenta artigo 6º da Lei de 15 de outubro de 1827 Os professores ensinarão a ler, escrever, as quatro operações de aritmética, prática de quadrados, decimais e proporções, as noções gerais de geometria prática, a gramática da língua nacional e os princípios de moral cristã e da doutrina da igreja católica e apostólica romana (VLACH, 2004, p. 189) Nos últimos 40 anos podemos notar um grande desenvolvimento no ensino brasileiro. Depois de alguns anos, após 1930, o ensino de Geografia veio também fazer parte da história acadêmica. Com os avanços na educação brasileira, o ensino de Geografia começou definitivamente a ocupar uma posição de disciplina acadêmica, e assim, as outras disciplinas. Atualmente, a educação brasileira tem alcançado índices de desenvolvimento elevados, mostrando sua importância em todas as áreas. A Geografia, por exemplo, tem-se destacado como uma disciplina importante por tratar os mais variados assuntos da esfera humana e terrestre. Voltando ainda para os anos 1930, a Geografia ainda não explicava a dinâmica entre o espaço vivido e o homem, dando importância apenas para a descrição de paisagens naturais e suas belezas. A relação sociedade-natureza é o entendimento sobre a ação transformadora da sociedade sobre a natureza. Souza (2008), na visão do pensamento marxiano, discorre sobre isso da seguinte maneira Desta feita, é no ponto de interação (sociedade-natureza) que Marx constrói o seu entendimento sobre a intervenção nociva da sociedade sobre a natureza. No ponto de interação da sociedade com a natureza ocorre a intervenção da vida social sob o controle do capital, resultando na carga expropriatória do capitalismo sob a natureza. É neste fato que Marx ínsita a seguinte reflexão: o capitalismo modifica a dinâmica da relação sociedade-natureza, intensificando o seu processo de dominação ou “coisificação” da natureza (SOUZA, 2008, p. 124) Dentre muitas mudanças ocorridas no ensino de Geografia no Brasil Delgado de Carvalho, Everardo Backheuser e Aroldo de Azevedo delinearam alguns desses paradigmas. A partir de então apareceram debates dos mais variados assuntos abordados www.revistascire.com.br 3 ISSN XXXX-XXXX Vol 01 – Num 01 – Agosto 2012 e discutidos na Geografia entre eles a interação entre o homem e o espaço vivido, segundo Vlach, (2004) O estudo da componente humana se traduz (...) pelo exame dos diversos estágios da cultura da humanidade. Essa avaliação do grau de cultura nos parece ser um enorme elemento de valor geográfico. É por ele que vemos a atuação do fator homem na natureza (VLACH, 2004, p. 197) Assim a agricultura se insere no bojo dessas discussões sendo abordada nos livros didáticos com mais freqüência, na atualidade, a responsável por mais da metade dos produtos agrícolas que atendem o país. Os conteúdos mostram a modernização da agricultura e sua produção em grande escala, a geração de renda que é realizada com a economia agrícola deixando a ênfase a pequena agricultura quando da interação que homem e meio têm um com o outro em plano secundário. A necessidade de aprofundamento teórico do tema traz em seu esboço uma discussão em torno da questão agrária. Para Coelho (s/d), como é conhecida, A agricultura, considerada como uma arte é tão antiga quanto o homem. Com a evolução da raça humana, a agricultura tornou-se também uma ciência, cada vez mais eficiente, renovando-se a cada dia. Através dos tempos, o homem aprendeu que o solo passa a produzir pouco quando cultivado continuamente, e graças a essa observação principiou a adotar práticas agrícolas até hoje usadas, quais sejam, adubação, calagem e cultura de rotação com leguminosas. (COELHO; VERLENGIA, s/d, p.1) Com a evolução do capitalismo no século no século XX, a produção agrícola torna-se importante para a população brasileira. Os agricultores chegavam a estocar a produção feita dentro do próprio campo. Primeiro essa agricultura se desenvolveu de forma mais acentuada nas regiões Sul e Sudeste do Brasil com a plantação do café, Santos (2008) diz Em meados do século XX, as transformações na escala de produção agrícola e a importância de estocá-la à espera da comercialização levaram a necessidade de construir depósitos, paióis e silos no campo. Torna-se mais nítida a predominância das regiões Sudeste e Sul, que já era marcante em 1940 com a produção do café, (SANTOS, 2008, p. 55) Contudo, a agricultura tornou-se muito importante desde a época da colonização, quando era cultivada manualmente e de forma precária pelos primeiros habitantes. As formas de trabalho na agricultura moderna e as implicações para a sociedade e para a natureza trouxeram um novo olhar sobre a agricultura que cada vez mais se www.revistascire.com.br 4 ISSN XXXX-XXXX Vol 01 – Num 01 – Agosto 2012 desenvolvia em grandes quantidades e qualidade. No Sul e Sudeste, por exemplo, o cultivo da soja em larga escala levou essas regiões a serem uns dos maiores exportadores de soja do país, Santos (2008) aponta Emblema de uma agricultura globalizada, a soja penetra no Brasil, depois de 1964, a partir de uma frente pioneira no Rio Grande do Sul. Com 334.520 hectares, essas plantações foram responsáveis por 93,03% da área cultivada do país e por 90,51% do volume da produção nacional, (SANTOS, 2008, p. 128) Destaque ainda para a soja, que servia e serve atualmente como alimento para população com destaque para o óleo usado na preparação de frituras e conservante de alguns alimentos, como também é usado na ração para os animais. Como explica Santos (2008), em vista da necessidade de expandir essa produção, a agricultura ampliou suas áreas de influência junto com a construção de açudes e barragens, especialmente no Nordeste, onde a seca causa transtornos as culturas Quanto às atividades agrícolas, as condições de infra-estrutura, que facilitam a circulação e a estocagem, e as próprias condições da comercialização justificam a sua realização em caráter extensivo, pois a mais-valia auferida resulta muito menos do processo imediato da produção e se dá muito mais na esfera da circulação e da distribuição. (SANTOS, 2008, p. 121) A partir dos anos de 1960, a agricultura passaria a ser discutida nos discursos políticos oficiais como caminharia junto da indústria moderna e desenvolvimento econômico da época. Sobre este ponto, a agricultura era considerada atrasada e isso poderia ser um risco para a economia que se estabelecia neste período. Sobre este tema assim se coloca Graziano (2001) A questão agrária fazia parte da polêmica sobre os rumos que deveria seguir a industrialização brasileira. Argumentava-se então que a agricultura brasileira - devido ao seu atraso – seria um empecilho ao desenvolvimento econômico, como sinônimo da industrialização do país (GRAZIANO, 2001, p. 7-8) Com o chamado “milagre brasileiro”, entre 1967 e 1973, o Brasil passou por uma fase de crescimento econômico gigantesco esquecendo-se da questão agrária, como aborda Graziano (2001) Depois de 1967 até 1973, o país entrou numa fase de crescimento acelerado da economia. Nesse período que ficou conhecido como o do “milagre brasileiro”, pouco se falou da questão agrária (GRAZIANO, 2001, p. 8) www.revistascire.com.br 5 ISSN XXXX-XXXX Vol 01 – Num 01 – Agosto 2012 Vale lembrar que nesse período, a questão agrária foi pouco lembrada por conta da repressão política e também por se achar que até então ela já estava resolvida, por conta da alta produção ocorrida durante o “milagre” econômico brasileiro. Após o “milagre”, o país começa a sentir os sinais de uma nova crise. Viu-se então que durante o período do “milagre” só foram beneficiados economicamente os exportadores de café e soja, ficando os pequenos e médios agricultores prejudicados e falidos por falta de incentivos a pequena agricultura, sobre este ponto Graziano (2001) diz Mas o “milagre” acabou. Passada a euforia inicial, muitos começaram a se dar conta de que os frutos do crescimento acelerado do período 1967/1973 tinham beneficiado apenas uma minoria privilegiada. E, entre os que tinham sido penalizados, estavam os trabalhadores em geral, e, de modo particular, os trabalhadores rurais (GRAZIANO, 2001, p. 8) A questão agrária era um problema a ser resolvida e os sindicatos reivindicavam a posse da terra para os pequenos agricultores. Um grande desafio para os governos foi manter o controle das manifestações dos sem terra que envolvia a questão agrária, realizados com a finalidade de ganhar um lote de terra para cultivar e manter a família. Desde tempos muito remotos, tem-se notícia das manifestações que reivindicam a posse da terra no Brasil. Essas manifestações são feitas por grupo de pessoas que não têm espaço para poderem realizar suas atividades agrícolas, nem onde morar. Todos sem exceção têm direito a um lugar para morar e também trabalhar dignamente. Por outro lado, temos a força decisiva do capitalismo que movimenta as várias áreas da economia gerando divisões também na agricultura. Devido às desigualdades e injustiças do sistema capitalista, os conflitos tornaram-se o principal problema na Reforma Agrária. Por conta da presença do capital, hoje visível até demais no campo, muita terra está concentrada nas mãos de poucos e a grande maioria sem nada para o cultivo. Em meio a toda essa parafernália acontecem os conflitos entre camponeses, índios, empresas e latifundiários gerando com isso a violência no campo, em relação a esse fato Fernandes, (2006) comenta A formação da grande propriedade privada da terra é resultado do processo de conflitualidade entre latifundiários e grandes empresas, nações indígenas e camponeses sem-terra. Este estado permanente por terra é a principal referência para compreendermos a questão fundiária brasileira (FERNANDES, 2006, p. 192) www.revistascire.com.br 6 ISSN XXXX-XXXX Vol 01 – Num 01 – Agosto 2012 Segundo Oliveira (2008) para entender o modo de produção tem que entender as relações especificamente capitalistas existentes no campo, diz o autor O estudo da agricultura brasileira deve ser feito no bojo da compreensão dos processos de desenvolvimento do modo capitalista de produção no território brasileiro. Esse processo deve ser entendido também no interior da economia capitalista atualmente internacionalizada, que produz e se reproduz em diferentes lugares do mundo, criando processos e relações de interdependência entre Estados, nações e, sobretudo empresas (OLIVEIRA, 2008, p. 467) Nos dias atuais, o problema da questão agrária ainda não foi resolvido e uma grande massa de pessoas continua a se sujeitar a viver em péssimas condições de vida e sem terra para morar e viver dignamente com sua família. A principal causa das revoltas no campo é a presença do capitalismo, que provoca desigualdades sociais profundas num espaço onde todos devem viver harmonicamente produzindo e cultivando a terra. A AGRICULTURA EM BARRA DE SANTANA: POR UMA RELAÇÃO LOCAL-GLOBAL NA ESCOLA Barra de Santana é um pequeno município do estado da Paraíba que está localizado na Microrregião do Cariri Oriental com distância de 1331 501 Km² da capital João Pessoa (ver figura 1). Com uma área de 369,290 Km² possui uma população de 8 205 habitantes segundo censo do IBGE 2010 (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística) com densidade demográfica da população de 22,22 Km² por habitante. Figura 1 – Localização de Barra de Santana no estado da Paraíba Fonte: IBGE (2010). Mapas para colorir (adaptado). www.revistascire.com.br 7 ISSN XXXX-XXXX Vol 01 – Num 01 – Agosto 2012 O território de Barra de Santana faz fronteira com os municípios de Alcantil, Boqueirão, Caturité, Gado Bravo, Queimadas, Riacho de Santo Antônio e Santa Cecília. Barra de Santana, conforme se observa na figura 2, nasceu como cidade em 29 de abril de 1994, mas este município completa atualmente 146 anos segundo registro de antigos moradores. Sua economia é voltada em especial para a criação de caprinos e ovinos e também em grande parte pela prática agrícola, atividade mais antiga e comum realizada. A agricultura presente neste município é feita pelos pequenos agricultores e é voltada em especial para suprir suas próprias necessidades. A cultura do milho e do feijão (ver figura 3) são os produtos mais comuns cultivados com mais intensidade no município, são eles os principais alimentos da mesa dos agricultores. Figura 2 - Barra de Santana, vista aérea abril Figura 3 - Lavoura do milho e do feijão-Sítio 2011. Ipueiras, Barra de Santana. Fonte: Secretaria Ambiente, 2011 de Agropecuária e Meio Fonte Jonas Henrique de Freitas (arquivo familiar) Como no município não existe cultivo em grande escala, pois como as condições geográficas e climáticas não são tão favoráveis a prática agrícola neste município, as culturas não se desenvolvem com qualidade e quantidade em tempo certo. Consideramos pertinente, para que pudéssemos obter maiores informações sobre o tema em foco, realizar uma pesquisa na Secretaria Municipal de Agropecuária e MeioAmbiente. Ali tivemos acesso ao calendário de apoio aos médios e pequenos agricultores de Barra de Santana. No calendário seguem informações que orientam e dão suporte anual para melhor aproveitamento da terra e colheita dos produtos agrícolas, como exposto; www.revistascire.com.br 8 ISSN XXXX-XXXX Vol 01 – Num 01 – Agosto 2012 Distribuição de sementes. Essa distribuição atende aos pequenos e médios agricultores do município, como mostram as figuras seguintes; Figura 4 - Distribuição de sementes-Sítio Figura 5 – Distribuição de sementes em Barra Vereda Grande, Barra de Santana. de Santana, PB. Fonte: Site da prefeitura municipal de Barra de Santana, fevereiro 2011. Fonte: Site da prefeitura municipal de Barra de Santana, fevereiro 2011. Corte da terra. Esse corte vem dar um incentivo para que o agricultor do município possa plantar em um terreno mais favorável e preparado; Período de colheita. São disponibilizados tratores mecanizados para colher a safra de produtos agrícolas, como o milho por exemplo. A distribuição e plantio de sementes são feitas no período que vai de fevereiro a abril. Essa distribuição é feita entre todos os médios e pequenos agricultores do município que tem o período de colheita entre os meses de julho, agosto e setembro. Entre as famílias atendidas com a distribuição de sementes estão uma parte delas incluídas no programa Garantia Safra (programa federal de apoio aos pequenos agricultores), são cerca de 660 famílias beneficiadas com esse programa segundo a Secretaria Municipal de Agropecuária e Meio Ambiente. Estima-se ainda uma previsão de mais de mil famílias atendidas com o programa para o ano de 2012 (Figura 6). Figura 6 - Cadastro de famílias para o programa Garantia Safra e sementes. www.revistascire.com.br 9 ISSN XXXX-XXXX Vol 01 – Num 01 – Agosto 2012 Fonte: Site da prefeitura municipal de Barra de Santana, fevereiro 2011 Um dos grandes incentivos aos agricultores em Barra de Santana foi o PRONAR. Este programa foi lançado em 2001 em uma parceria entre agricultores e o Governo Federal que consistia no empréstimo de dinheiro do governo aos agricultores, para investirem na agricultura ou compra de animais com objetivo de dar um suporte para o desenvolvimento e crescimento da pequena agricultura no município. Metodologia Foi realizada a pesquisa na Secretaria Municipal de Agropecuária e MeioAmbiente para a caracterização da agricultura no âmbito local para procedemos à reflexão sobre a pesquisa-intervenção realizada durante o estágio supervisionado que teve como principal objetivo estabelecer inter-relações entre o conteúdo escolar e a vida cotidiana dos alunos. Assim, dando continuidade contactamos à Secretaria de Educação e Cultura do município. Nesse município existem 37 escolas, sendo 2 na sede do município, EMEIF Laura Barbosa Bezerra, EEEIFM Almirante Antônio Heráclito do Rêgo e 35 escolas municipais menores localizadas e distribuídas na zona rural onde atendem as crianças cursando as primeiras séries do ensino fundamental. A pesquisa orientada durante a disciplina Metodologia do Ensino de Geografia, como parte da realização do estágio supervisionado, foi realizada na Escola Municipal Laura Barbosa Bezerra e buscou destacar o trabalho agrícola no município de Barra de Santana. Essa escola atualmente funciona em dois turnos manhã e tarde. Pela manhã estudam os alunos das séries iniciais do ensino infantil e a tarde as séries do ensino www.revistascire.com.br 10 ISSN XXXX-XXXX Vol 01 – Num 01 – Agosto 2012 fundamental, ao todo são 397 alunos com 35 funcionários entre professores, secretários, diretor e vice-diretor e funcionário de apoio. Como a atividade focava a transposição didática dos conteúdos para o contexto de vida dos alunos, nesse propósito, a escolha do tema ocorreu por os alunos da referida escola serem genuínos de um município extremamente agrícola. Com uma duração de dois meses realizamos a intervenção-pesquisa na turma do 6º ano A com 33 alunos para caracterização da temática em estudo acompanhado pela professora Maria das Graças Vieira onde vivenciamos os seguintes momentos. De início foi feito a apresentação e um trabalho de socialização com os alunos da escola onde realizamos uma discussão a cerca do tema exposto (Figura 7) Figura 7- Turma do 6º ano A, aplicação do questionário para obtenção dos dados. Fonte: Jonas Henrique de Freitas, 2011 . Em seguida foi aplicado um questionário de cunho próprio das características do tema agricultura para a turma responder. Nessa perspectiva obtivemos os seguintes quadros: Gráfico 1- Estudantes que sabem definir agricultura. www.revistascire.com.br 11 ISSN XXXX-XXXX 100% Vol 01 – Num 01 – Agosto 2012 Estudantes que sabem definir agricultura 90% 80% 70% 60% 50% 40% 30% 20% 10% 0% Sim Não Fonte: Jonas Henrique de Freitas, pesquisa direta, novembro/dezembro, 2011 Neste item, mais de 70% sabem definir o que é agricultura. Fica claro que eles como atores genuínos em grande parte da atividade agrícola sabem o que venha ser seu significado. Ver gráfico 1. Gráfico 2- Renda da família 100% 80% 60% 40% 20% 0% Renda Fonte: Jonas Henrique de Freitas, pesquisa direta novembro/dezembro, 2011 Mais da metade da renda obtida nas famílias vem da agricultura, mostrando assim que esses alunos se sustentam quase que somente da atividade agrícola. Ver gráfico 2. www.revistascire.com.br 12 ISSN XXXX-XXXX Vol 01 – Num 01 – Agosto 2012 Gráfico 3- Culturas mais comuns feitas na agricultura em Barra de Santana. 100% Culturas mais comuns 80% 60% 40% 20% 0% Milho e Feijão Feijão, Fava e Milho Milho Fonte: Jonas Henrique de Freitas, novembro/dezembro, 2011. Feijão, Milho e Laranja pesquisa direta Quanto as culturas mais cultivadas pelas famílias dos alunos, segundo os resultados do questionário, cerca de 60% dos alunos responderam a cultura do milho e feijão, seguido de 25% milho e fava, 9% milho e uma contradição, 1% este respondeu milho, feijão e cultivo de laranja. Sabe-se que este município não é favorável ao cultivo da laranja por isso, deve-se plantar laranja em lugares mais úmidos com bastante água. Ver gráfico 3. Gráfico 4- Destino da produção. 100% 90% 80% 70% 60% 50% 40% 30% 20% 10% 0% Destino da produção Consumo Troca Não sabem Não opinaram Fonte: Jonas Henrique de Freitas, pesquisa direta 2011. Como já se previa o destino da produção em grande parte é para o consumo do próprio agricultor devido à produção não ser em grande escala. Neste caso, as famílias www.revistascire.com.br 13 ISSN XXXX-XXXX Vol 01 – Num 01 – Agosto 2012 em grande parte são carentes por isso consomem os alimentos da própria produção. Ver gráfico 4. Assim, com base em questionário respondido a cerca das atividades agrícolas do município a partir da vivência do alunado com o campo, suas expectativas e seus conhecimentos sobre o tema exposto, durante o estagio supervisionado, percebeu-se que há uma forte ligação desses alunos com a agricultura de subsistência familiar. Praticamente todos são da zona rural e conhecem bem essa atividade tão marcante para eles expressando através de simples respostas seus conhecimentos sobre a agricultura de seu município. É interessante lembrar que mais de 90% dos alunos que responderam o questionário são oriundos de famílias de agricultores. Vê-se então que a ligação com essa atividade é muito forte, chegando alguns a dizer que é a única coisa que gostam e que sabem fazer. É notável também a simplicidade como esses alunos se apresentam diante do fato de terem raízes diretas da agricultura já que nem sempre esse trabalho é o bastante para o sustento deles, tendo em vista que muitas famílias têm vários filhos o que torna mais difícil a sobrevivência unicamente da agricultura. Mais o interessante também é que todos são realmente guerreiros que trabalham de sol a sol para não deixar de acontecer à agricultura, especialmente a agricultura familiar que garante em sua maior parte, o sustento das famílias do município. Conclusões A experiência orientada para a pesquisa durante o estagio supervisionado traz um recorte da agricultura em nível de Brasil e a nível desta realizada em Barra de Santana. Esta atividade acontece naturalmente nas pequenas propriedades do município através da agricultura familiar. Manualmente os agricultores realizam esta atividade, a qual é um meio de sobrevivência de grande parte dos moradores da zona rural. Em Barra de Santana os agricultores têm o apoio do Sindicato dos Trabalhadores Rurais do município, e da Prefeitura juntamente com a SEMAM Secretaria de Agropecuária e Meio Ambiente que dão suporte e orientam os agricultores no plantio de sementes e cultivo das lavouras. Como resultado da experiência no estágio supervisionado, essa pesquisa ganhou forte abrangência com a participação dos alunos que contribuíram para concretização da www.revistascire.com.br 14 ISSN XXXX-XXXX Vol 01 – Num 01 – Agosto 2012 mesma. Lembra-se aqui a importância dessa pesquisa para o ensino de Geografia. Podemos ainda perceber a interação que essa atividade tem com o homem do campo e com os próprios conteúdos abordados pela Geografia em sala de aula. Nesse sentido a transposição didática como um método de ensino é uma etapa fundamental na construção do conhecimento geográfico, acreditamos que esta atividade não pode ser menosprezada nesses níveis de ensino, uma vez que em campo o aluno se aproxima da realidade concreta com a possibilidade de observá-la em seus mais variados aspectos e analisá-la criticamente. Nesse sentido é possível, por um lado, aprofundar os conteúdos desenvolvidos em sala de aula e, por outro, levantar novas possibilidades de análises. Referências COELHO, F. S.; VERLENGIA, F. Fertilidade do solo VI. Instituto campineiro de ensino agrícola. Campinas: São Paulo, s/d. FERNANDES, Bernardo Mançano. Os desafios da geografia agrária para explicar as políticas de reforma agrária nos governos Cardoso e Lula. In: SILVA, José Borzacchiello; LIMA, Luiz Cruz; ELIAS, Denize (orgs). Panorama da geografia brasileira 1. São Paulo: Annablume, 2006. p. 191-202. OLIVEIRA, Ariovaldo Umbelino de. 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