Apresentação
Reúne-se neste livro nada mais, nada menos do que
trinta e quatro sonetos, compostos um a um no dia-a-dia de
nossa existência, visando homenagear a personagens que,
ao longo de suas próprias vidas, se transformaram ou não
em celebridades.
Para compor tais sonetos onde, aliás, observaram-se
as regras da métrica, fizeram-se incluir uma fotografia de
cada retratado e captada em algum momento de sua vida
efêmera, insólita e transitória.
Espera-se que cada um dos leitores que possam vir
a ler este texto, tenham momentos de êxtase e alegria com
a sua leitura.
Com os cumprimentos do leitor.
1
[Soneto para João Lopes]
Pai!... – Por que você me entravou?
Com esse seu excesso de zelo,
E, lançou mágoas no meu coração,
É pai... – por que você me entravou?
Na sua convicção matou meus sonhos,
E, então, você tirou o meu prumo,
Você me forçou a mudar o rumo,
Na busca formal de novos sonhos.
As mágoas vão à eternidade,
Da minha cruel realidade,
E, da minha mais crassa ilusão.
2
Por quantas vezes você me fez mudo,
E, fez do entrave o escudo,
Cerrando a porta do seu coração.
3
[Soneto para Diego Armando Maradona].
Tomo na destra a singela caneta,
Da marca Pilot – de tinta azulada,
Que há dias se mostra calada,
No silêncio fúnebre da gaveta.
Necessito cumprir a minha sina,
De escrever a ela um soneto,
Estando, ainda, em Soweto,
A musa chamada Argentina.
E, citar a Argentina – que pena!
Diego Maradona entra em cena,
Perante a palavra empenhada.
Dieguito em entrevista sutil,
Desdenhara da seleção do Brasil,
E, a Argentina? – Fora eliminada!
4
Tradução para espanhol
[Soneto a Diego Armando Maradona].
Tomo la pluma en la mano derecha lo simple,
marca piloto - azul tinta,
Muestra que hay días tranquilos,
En el silencio del cajón fúnebre.
Necesidad de conocer a mi destino,
Escriba su un soneto,
Siendo también en Soweto,
La musa llamado Argentina.
Y, citando a Argentina - ¡ay!
Diego Maradona entra en escena,
Antes de la palabra.
5
Dieguito entrevista en sutiles
Despreciado la selección de Brasil,
Y Argentina? - Fuera del borrado!
6
[Soneto ao Beija-flor].
Entre as flores brancas dos maricais,
Um beija-flor flutua sobre a folha,
Alheio a imensurável bolha,
Livre bate as asas entre os demais.
O néctar sugado por abelhas silvestres,
Faz dessas flores - natureza morta,
Ante o que céu rasga; e, vem, e, corta,
Imagens tão singelas e terrestres.
Em vôo elegante voa o beija-flor,
Entre abelhas silvestres - cenárias multicores,
Insufla-me no fundo a emoção.
7
A vida, absorta, sobe ao trono,
Embalada em fragmentos de carbono,
E, contemplo a guerra dessa Criação.
8
[Soneto para Larissa Riquelme].
Mesmo que a noite não seja de Lua,
Confesso:... – que nada vejo de mal,
Se o Paraguai for à semifinal,
E, pela rua a moça sair – nua.
Assim, como ator que vem, e, ensaia,
Nas mãos, trago um lápis e a proposta,
Em palavras que a mente posta,
Para, enfim, louvar à paraguaia.
Compondo o soneto sem pressa,
Os versos vão falar da promessa,
Proferida em meio à paixão.
9
De Larissa Riquelme ficar nua,
Despida, enfim, no meio da rua,
Nessa estranha comemoração.
10
Tradução para o espanhol
[Soneto a Larissa] Riquelme.
Incluso si la noche no es la luna,
Yo confieso... - No veo nada malo,
Si el Paraguay llegar a la semifinal,
Y en la calle a la chica - desnuda.
Así, como un actor que viene, y las pruebas,
Las manos, que un lápiz y una propuesta
Es decir que la mentalidad,
En fin, bienvenidos a la paraguaya.
Componer un soneto sin prisas,
Los versos se habla de esta fiesta de graduación,
Pronunciada en medio de la pasión.
11
[Soneto a Mário Quintana]
Quer seja com lápis, ou, com pena,
De há muito estou nessa arte,
E, já estive até nos encartes,
Antes de figurar nessa cena.
A escrita jamais me ufana,
Pois a escrita é meu vício,
E, é o único artifício,
Para falar de Mário Quintana.
Queria com ele compor um dueto,
Mas, me contento com esse soneto,
Escrito com a mão esquerda.
12
E, tu que no pódio da lista,
Serás para sempre o artista,
E, o mundo te chora a perda.
13
[Soneto à Flávia Alessandra].
À destra tomo uma caneta,
Na outra uma folha de papel,
Permanece inerte o cinzel,
No fundo escuro da gaveta.
Não oferto rimas à Fernanda,
Neste sutil e singelo soneto,
E, sazonado ao carbureto,
Mas, sim à Flavia Alessandra.
14
Fernanda é, ainda, menina,
Flávia já é uma maestrina,
Na arte de representar.
Fernanda é do Espírito Santo,
Flavia se cobre com o manto,
Dessa arte tão singular.
15
[Soneto a Vinicius de Moraes]
É nesses versos que se ostenta,
A história da boemia,
E, de um poeta que vivia,
Para morrer no ano oitenta.
Escrevera com amor e requinte,
Por longos e vis anos a fio,
Às vezes as margens de um rio,
Ao derredor do século vinte.
Vivera sessenta e oito anos,
Amara como um decano,
Em longas noites de orgia.
16
Na pena dos meus mais simplórios ais,
Dedico a Vinicius de Moraes,
Esses versos em harmonia.
17
[Soneto para Isabella Nardoni].
Pai – quero, apenas, sentar, e, conversar.
Sem dedo em riste, sem mágoa, ou, rancor,
E, sem delongas, devotar-lhe o amor,
O amor de filha que eu quero lhe dar.
Pai – em minha alma há o questionamento,
Por que será que você, insensato me matou,
Quando da lúdica janela, me jogou,
Gerando em minha alma o lamento.
Bastavam os hematomas na epiderme,
Por que excluir como se fosse um verme,
E, não se importar nem com a minha dor.
Privar-me de ser médica, algo assim,
Privar-me de viver a minha vida enfim,
Mas, assim mesmo eu hei de lhe dar o amor.
18
[Sonneto a Alexandre Nardoni].
Dio mio, Il Che noi praticammo,
Quando strangolammo Isabella,
Stringendo Il collo d’ Ella,
Davanti consequanzas Che non pensammo.
Ricordo Che aperimmo la finestra,
Come personas piu cattivs Che siamo,
Il corpo umano come festa.
Venisca in taglio Il discernimento,
No si ascolti parte Il lamento,
Per questo crimine piu insano.
19
[Soneto a Elisa Samúdio[.
Trago em minha alma o repúdio,
Diante de uma morte estranha,
Condenável em sua tão vil sanha,
Na pele de Eliza Samúdio.
É perante as provas que se desfralda,
Evidências de um destino uno,
Ditada pela sansão de um Bruno,
No solo sangrento de Esmeralda.
Ali se esconde a realidade,
De Eliza Samúdio a verdade,
Na morte cruenta e infame.
20
Ali se esconde o segredo – corre,
Pois, a alma é infinita – não morre,
O assassinato, sim, é insano.
21
[Soneto para Fernando pessoa]
É fato... – ainda no ar ecoa,
Os sons que me vem de tão longe,
Não são palavras que vem de monge,
Mas, vem de um [Fernando Pessoa].
A antiga e velha Lisboa,
Não é senão meu tapete de gala,
E, de lá é que me vem a fala,
Que há mais de um século ressoa.
São poemas, sonetos, poesias,
São fragmentos de alegria,
No meu universo; retida.
22
Não tem um prazo de validade,
Atravessará a eternidade,
E, suplantará a minha vida.
23
[Soneto para Larissa Maciel].
A caneta desliza ao acaso,
Gravando as letras na face do papel,
Enquanto o pensamento voa ao léu,
Retratando à Maysa Matarazzo.
E, pintando uma tela em tom pastel,
Abre-se a cortina detrás da porta,
Revivendo a celebridade morta,
Na pela da atriz Larissa Maciel.
O olhar, o gesto, a semelhança,
No espírito sutil – a esperança,
A imagem da outra revivida.
24
Que diz o poeta ignoto,
Embrulhado em seu fraque roto,
Se Larissa à Maysa dá a vida.
25
[Soneto para Maria Sharapova].
Que moça é essa de cútis branca,
Cabelos compridos – aloirados,
Olhos perdidos – esverdeados,
De fala mansa e conversa franca.
Mal amanhece – o tênis nos pés,
De São Paulo – ela ganha as ruas,
Tal qual andorinhas que voam nuas,
Ao redor da igreja – na Praça da Sé.
26
E, a luta à vida se enquadra,
A jovem correr adentra a quadra,
Pisa ao solo, toca o cimento,
Sharapova entra na história,
A cada dia, a cada vitória,
Pois a derrota lhe é lamento.
27
[Сонет для Марии Шараповой].
Versão para o idioma russo.
Эта девушка такая белая кожа,
Длинные волосы - blondish,
Потерянный глаз - зеленый,
Тихий и откровенный разговор.
Зло зори - теннис на ноги,
Сан-Паулу - она победит на улицах,
Как ласточки летать голыми
Вокруг церкви - Соборная площадь
И борьба за жизнь подходит,
Молодой запустить входит суд,
Пиза на землю, сенсорный цемента,
Shaparova в историю,
Каждый день, каждую победу,
Для поражения он сожалеет.
28
[Soneto para Marcela Xavier].
Mais uma vez, um crime chocou ao mundo.
Na pacata Nazaré Paulista.
Em uma represa de tão bela vista.
O ponto máximo do clamor profundo.
A encarnação do mal ali – em tela,
Tiros na testa – o corpo incendiado,
Pernas suprimidas – membros decepados,
A morte vem – abraça a Marcela.
Mas o óbito não fora normal,
Pois, ela fora morta por um animal,
Ignóbil, insano, e, sem razão.
29
Pois, protegido pelo Código Penal,
Responde em liberdade – o animal,
Tão acéfalo quanto sem coração.
30
[Soneto para Mércia Nakashima].
Tomo a caneta adormecida,
No fundo inerte da gaveta,
Osculo a face da Julieta,
Sento-me para retratar a vida.
Não... – não há mais bomba em Hiroshima!
Nem pára-quedistas, nem vôos rasantes,
Entrementes, nada será como antes,
Pois, mataram a Mércia Nakashima.
Seqüestraram-na no próprio carro,
E, levaram-na a estrada de barro,
Ainda que não deixassem pista.
31
E, para a maior, e, vil surpresa,
Lançaram-na ao fundo da represa,
E, mataram-na em Nazaré Paulista.
32
[Soneto às flores]
A sol 1 se recolheu para dormir,
Não sem antes fechar sua cortina,
Rápido em ação tão repentina,
E, depois vai abri-la no porvir.
O lua 2 faz questão de lhe seguir,
E, assim, deixa a noite turva,
E, os dois, então, chamam a chuva,
Que dos negros nimbos – água faz cair.
1
Não digo o Alpha Centauri, os Três Marias, o Beteguelse, o estrela de
Magalhães. Por diria o Sol. A convenção do português padrão é
inconsistente e como ser pensante, a ela não estou obrigado.
2
Da mesma maneira, se me refiro aos satélites de Júpiter, digo o
Europa, o Io, etc... – por que diria – a Lua – novamente não me obrigo a
seguir convenções insustentáveis.
33
Veremos, enfim, que entrementes,
As gotas caem, e, beijam as sementes,
De tamanhos e formas multicores.
E, depois essas sementes vão inchar,
Aguardar o tempo certo de brotar,
Para nos brindar com suas flores.
34
[Soneto para um rei chamado Pelé]
Não posso viver de meras ilusões,
E, esta é minha realidade,
Também, não posso mentir é verdade,
Ao povo nativo de [Três Corações].
Sou jovem, mas vi treze copas do mundo,
Vi Zito, Pelé, Gerson e Tostão,
Vi Sócrates, Zico, Silas e Chicão,
E, Pelé eleito o melhor do mundo.
35
Não me condenem; eu externo tudo,
Não quero e não posso ficar mudo,
Guardando a minha alocução.
No pensamento ideal se expande,
E, Garrincha, o homem de [Pau Grande],
Opino... – é o melhor do mundo.
36
[Soneto à Carolina Tanaka]
Oh, que lição de vida tu me passas!
Ao contemplar teus traços e retraços,
Tu que nasceste sem os teus braços,
Traz no olhar a alegria crassa.
É o modelo perfeito – harmonia,
E, se és assim, - Deus assim o quis,
Pois, no fundo, tuas ações vis a vis,
Em nada, nada, sim, te deprecia.
Discriminam-te as almas profanas,
Alienígenas – mentes insanas,
Presas, sim, ao próprio templo.
37
Há tantos que estão presos às macas,
Mas, tu... – oh, Carolina Tanaka!
Na vida é o meu exemplo.
38
[Soneto a Chyntia e Débora Falabella]
Tomo o papel pautado e mais,
A Parker cinquenta e um; tão bela,
Falo da Débora Falabella,
E, Cynthia, irmãs de Minas Gerais.
Elas são irmãs na vida real,
Pequena diferença de idade,
E, vivem a rotina da cidade,
Driblando o caos infame; irreal.
O palco é o Rio de Janeiro,
De fevereiro a fevereiro,
Espaço lúbrico e informal.
39
E, eu que conheço a cidade,
Desde a minha tenra idade,
Louvo a sua cena cultural.
40
[Soneto às mulheres de Lesbos]
Tudo começou há uns cem anos,
Através do tal Krafft-Ebing,
E, tomando a expressão:... – speaking,
A si transformou em um decano.
Da Ilha de Lesbos – do grego ; habitante,
Safo – do grego  – é de toda mais célebre,
Mantinha no lúbrico casebre,
Mais de uma dezena de amantes.
Influente; inspira a Platão – do grego ,
Safo – do grego – viril, amante, poeta – senão,
A moça é tão mais fenomenal.
41
Homoerótica – do grego  – da poesia,
Ser lésbica é ser a utopia,
Simulacro – mulher homossexual.
42
[Soneto à tatuagem]
As tatuagens são as rebeldias,
Tradicionais, abstratas, tribais,
Ideogramas, dragões, orientais,
Para alguns passiveis de fobia.
Panturrilhas, antebraço, ombro,
Dos garotos é a preferência,
Tornozelo, nuca, a evidencia,
Das meninas é o meu assombro.
A virilha, a colona cervical,
Proibidas a menores, menos mal,
Ignorar a lei?... – Tem seus riscos.
43
Tatuagem, sim, é coisa séria,
Algumas expostas à pilhéria,
E, começam sempre em rabiscos.
44
[Soneto para Joana e Suzana]
Joana era uma mulher meiga
Pelos castanhos, encaracolados,
Suzana era ruiva; e dada,
Madalena era meio leiga,
Suzana sofria de hemorragia,
Mãe de uma menina sardenta,
Magra sob o sol que acalenta,
Madalena era a nostalgia.
O marido de Suzana era Cuza,
Madalena era só e confusa,
E, tinha a alma introvertida.
45
A cura de Suzana vem no manto,
A de Madalena muito e tanto,
Em suas ousadias incontidas.
46
[Sonnet to Beyoncé]
I know a woman of great beauty,
She’s like a poem as one saw today,
She’ ever paying attention in way,
She sings and gains the peoples’ trust.
But; who’s she? – May I say you?
She’s a singer woman important,
She’s a singer woman interessant,
As interessant can be you, too.
47
What’s your name? – Okay! – I know.
Of course - It’s Beyoncé and her show,
And worldwide is loving you,
The time pass and she’s over there,
She goes sing her songs. But, where,
Where could I love her and you, too?
48
[Soneto a Antonio Fagundes]
Sabes o que, realmente, me faz mal?
A pergunta é de um grande ator,
Parece-nos uma pergunta normal,
Elaborada sem o menor pudor.
Diz, ele, que o oxigênio,
É nocivo à nossa saúde,
Ora, este ator é um gênio,
E claro – vou falar amiúde.
49
Não é que em seu ascetismo,
Diz: - [oxida ao organismo],
Mas, isso? – eu não creio não.
E, essa idéia é que difundes?
Por isso Antonio Fagundes,
Não tomou parte na Criação!
50
[Soneto a Olavo Braz dos Guimarães Bilac]
Nos cem bilhões de neurônios – lembro,
Que fora no século passado,
O dia tristonho e nublado,
Que fora o dezesseis de dezembro.
Brotara uma rosa e um cravo,
Ali, no Largo da Lampadosa,
E, ante a luz da Sol 3 tão brilhosa,
Nascera o menino Olavo.
3
Reveja-se a nota de rodapé número 2.
51
Torna-se um menino altivo,
Muito esperto e criativo,
Diante da vida inteira.
E, na vida efêmera dileta,
Olavo Bilac é o poeta,
Que compõe o Hino à Bandeira.
52
[Soneto à Luiza Brunet].
Tomo a caneta de tinta preta,
Preciso escrever um poema,
Não é para Julia ou jurema,
Tampouco é para Marieta.
Mas, este poema que escrevo,
É poema que escrevo em segredo,
Bebendo o cálice do medo,
Ainda que alor eu não devo.
O escrevo ao sabor da brisa,
O escrevo para uma Luiza,
Nas rimas que, então, se vê.
53
São versos que, por si, são seletos,
Compostos em fonemas discretos,
Enaltecendo a Brunet.
54
[Soneto para Rejane Barros]
Tomo uma caneta que dorme,
Em uma espécie de gaveta,
Ali, no fundo falso da gávea,
E, uma folha de papel disforme.
Trago na alma a dor insana,
Sofrendo espasmos e o tédio,
Tomo um cálice do remédio,
Por amor a Rejane não Rosana.
Ledo engano – não é amor carnal,
Mas, sim, divino e espiritual,
Quão longânime e centenário.
55
Por isso, nessa quinta-feira plena,
Beijo-te a face tão morena,
Com o beijo do aniversário.
56
[Soneto ao Opala].
Faço amor em larga escala,
E, se vens, ao teu corpo eu conclamo,
Eu conclamo, sim, porque te amo,
Mas, nosso amor não cabe no Opala.
E, no amor à alma se inflama,
E, se inflama na tua fala,
Na tua fala que a minha cala,
Se o teu amor cabe na cama.
De que me importa a tua fala?
Se não te amo dentro do Opala,
Em minhas idas e vindas.
De que me importa se tu me inflamas?
Se o amor que faço é na cama,
E, na libido não finda.
57
[Soneto à folha branca].
Uma folha branca não diz nada,
Não diz nada a minha emoção,
E, de mim mesmo não é a tradução,
Porque até eu mesmo – não sou nada.
Uma folha branca não tem vida,
Não tem hálito e nem suspira,
É verdade, ela não respira,
Pois, a folha branca esquecida.
Esta folha branca é inóspita,
É a imagem da incógnita,
Entregue, sim a própria sorte.
58
Esta folha branca é inerte,
Como o soneto adverte,
E, representa a morte.
59
[Soneto para Darlene Glória].
Ainda que eu não seja um decano,
Diante da minha mente disforme,
Um grupo de neurônios – dorme,
O sono intranqüilo, e, insano.
Decido passar pela história,
Nos escaninhos sutis do passado,
Tão longínquo quanto sazonado,
Para rever Darlene Glória.
Nascida no Espírito Santo,
Uma vida de choro, e, de pranto,
O simulacro do ceticismo.
60
Deixara o mundo da ilusão,
Os bastidores da representação,
Vive nos braços do ostracismo.
61
[Soneto para Lygia Fagundes Telles].
A vida é a face bisonha,
Das nossas eternas existências,
Envolta em nossas carências,
Tão efêmeras quantas e enfadonhas.
E, tu que tiveste dois maridos,
Um filho, e, também, duas netas,
Essências da alma dileta,
Trazes o coração repartido.
A ele enxugaste o pranto,
A eles amaste muito e tanto,
Em alegrias, venturas sem fins.
62
Ó Lygia Fagundes Telles... – que sina!
É tudo quanto à vida ensina,
Inclusive – viver só nos jardins.
63
[Soneto a Emanuelle Araújo]
Entre os dedos trago a caneta,
Cuja esfera desliza no papel,
A imaginação enfoca ao leu,
E, tiro os versos da caixeta.
Vestindo da poesia – a pele,
Traço as linhas de uma bissetriz,
Quero, hoje, falar de uma atriz,
A atriz chamada Emanuelle.
Emanuelle de que? – Questiono,
Antes mesmo que me vá o sono,
Ao compor este soneto cujo.
64
Emanuelle não é mais que nome,
Mas, deve haver um sobrenome,
É... – Emanuelle Araújo!
65
[Soneto à Bruna Surfistinha]
Retiro a pena da gaveta,
É-me necessário escrever,
Sorteio o assunto e o quê,
Na minha espécie de caixeta.
Sigo a escrita linha a linha,
Imprimo os fonemas no papel,
Enquanto os sons se perdem ao léu,
Retrato a Bruna Surfistinha.
66
Pinto na tela de fundo a cama,
Dispo a ex-garota de programa,
Ainda bem, pois tenho a sorte.
Mas isto; é cena de outrora,
Se Bruna Surfistinha é agora,
Apenas, simulacro da morte.
67
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[Soneto à Carolina Tanaka]