XVII SIMPÓSIO DE INICIAÇÃO CIENTÍFICA
III PRÊMIO DE INICIAÇÃO CIENTÍFICA
II MOSTRA DE TRABALHOS DA PÓS‐‐GRADUAÇÃO
A IDENTIDADE DO ALUNO DA EDUCAÇÃO INFANTIL NAS AULAS DE
LÍNGUA ESTRANGEIRA
Autor: Heloisa Poças, Vanderleia Moreno Prado da Silva
Resumo: O trabalho intitulado “A identidade do aluno da educação infantil nas
aulas de língua estrangeira” tem por objetivo fazer uma análise sobre a história
da língua estrangeira no Brasil, mostrar a importância de se desenvolver um
ensino de língua estrangeira nesta faixa etária de idade, desmistificando o mito
de que se a criança exposta muito cedo a um ensino de língua estrangeira ela
não vai aprender a língua materna, ou ainda, ela pode perder a sua identidade.
Para isso, é apresentada a abordagem intercultural e a teoria interacionista
como metodologias de ensino.
Palavras chave: Identidade, Educação Infantil, Língua Estrangeira
O ensino de uma língua estrangeira no Brasil iniciou-se na época da
colonização, quando os jesuítas vieram catequizar os índios, impondo a sua
cultura e a sua língua, o latim. Mas, foi em1808, com a vinda da família Real
para o Brasil que se criaram cadeiras de ensino de inglês e francês, com o
objetivo de melhorar a instrução da população e facilitar a abertura dos portos.
No Império, o Colégio de Pedro II, primeiro do Brasil, teve o seu currículo
inspirado no modelo francês, com o ensino de línguas privilegiando a escrita,
pois se considerava que se o aluno soubesse escrever bem, teria igual
desempenho na fala e na escrita. Com a imigração, muitas colônias criaram
escolas com o objetivo de resguardar aspectos de sua cultura.
Na Republica, no ano de 1910, o Brasil passou por uma forte exaltação
nacionalista e as escolas estrangeiras foram fechadas. Com a criação do
Ministério da Educação e Cultura, em 1930 por Getúlio Vargas, e das
Secretarias da Educação nos Estados, aliada a reforma Francisco Campos, o
ensino de uma língua estrangeira volta a fazer parte do currículo escolar
visando preparar o aluno para um curso superior. A reforma Francisco Campos
também estabeleceu um método oficial de ensino de línguas estrangeiras, o
Método Direto.
Com a Segunda Guerra Mundial, o Brasil viu-se dependente dos Estados
Unidos, aumentando a necessidade das camadas urbanas em aprender inglês,
uma vez que, muitos profissionais advindos dos Estados Unidos trouxeram sua
cultura e instalaram aqui suas indústrias.
A Lei de Diretrizes e Bases da Educação (LDB) nº 4.024, promulgada em 1961
retira a obrigatoriedade do ensino de uma língua e estrangeira no colegial e
valoriza a sua utilização nos cursos profissionalizantes. Com a nova Lei de
Diretrizes e Bases da Educação (LDB) nº 5.692/71 o ensino de uma língua
estrangeira passou a ser recomendado no 1º grau, caso a escola tenha
condição de oferecer e obrigatório no 2º grau. Em decorrência disso, muitos
centros de línguas foram criados no Brasil e um novo método de ensino surgiu:
o Método da Abordagem Comunicativa, com o professor atuando como
mediador do processo pedagógico. Em 1996, a Lei de Diretrizes e Bases da
Educação (LDB) nº 9.394 determinou obrigatório o ensino de uma língua
estrangeira moderna no ensino fundamental, a partir da 5ª série. Para o ensino
médio, ficou obrigatório o ensino de uma língua estrangeira moderna e
facultativo o ensino de uma segunda língua estrangeira moderna.
Já no século XXI, e devido ao destaque do Brasil no Mercosul, em 5 de agosto
de 2005 foi criada a Lei nº 11.161, tornando obrigatório o ensino de língua
espanhola no Ensino Médio, mas facultativa para o aluno.
A partir do exposto, pode ser observado que o ensino de uma língua
estrangeira no Brasil sempre foi imposto para preservar os interesses
comerciais, políticos, muitas vezes fazendo uso de métodos inadequados que
não preservava a identidade do aluno.
Em relação ao processo de aprendizagem, é a partir da 2ª infância, por volta
dos 3 aos 6 anos, que o senso de identidade começa a se definir por meio das
habilidades cognitivas e tarefas que a criança é exposta. Mas, este senso
continua sendo desenvolvido na adolescência e na fase adulta. O ensino de
uma língua estrangeira nessa faixa etária é de suma importância, visto que é
mais fácil de ser aprendido, pois a criança não tem os signos lingüísticos de
sua língua maternos ainda formados, com isso, não precisa ser feita a tradução
para a língua materna. A criança nesta faixa etária é desinibida, não é tão
exigente com os seus erros como os adultos e adolescentes, é curiosa e
autoconfiante. Muitos estudos já foram realizados e comprovaram que a
criança exposta a um ensino de um segundo idioma desde cedo pode
desenvolver habilidades afetivas e sociais, além de uma maior fluência no seu
próprio idioma.
A criança da 2ª infância, que está desenvolvendo a sua identidade, não vai
perdê-la sendo exposta muito cedo ao ensino de uma língua estrangeira, desde
que este ensino seja feito com um enfoque intercultural. A abordagem
intercultural consiste em colocar a cultura do outro, no caso a cultura
estrangeira, frente a cultura do aluno, não para menosprezar a cultura do
aprendiz, mas para que este veja que existe outros costumes e outros hábitos
e isto pode ser feito com ajuda de filmes, fotos, cardápios de restaurantes e
outros. Frente a cultura do outro, o aprendiz começa a comparar a sua cultura
com a do outro, e com isso, ele se descobre e começa a aceitar as diferenças
do outro com maior naturalidade, sem preconceitos, racismo.
Para
desenvolver
a
abordagem
intercultural
faz-se
uso
do
método
interacionista, que preconiza a necessidade da criança aprender com o seu
meio. Vygotski acredita que o ambiente influencia no desenvolvimento da
criança, pois é por meio da interação com os adultos que ela vai formando a
sua visão de mundo. Este, também acredita que quanto mais aprendizagem,
mais desenvolvimento a criança vai ter, e que o pensamento e a linguagem são
processos interdependentes desde o início da vida. A aquisição da linguagem
da criança dá forma ao seu pensamento, possibilita o aparecimento da
imaginação, o uso da memória e o planejamento da ação.
Para a criança dos 3 aos 6 anos de idade desenvolver uma aprendizagem de
língua estrangeira satisfatória, o ambiente tem que ser agradável, e o professor
tem que saber estimular a curiosidade dos alunos, visto que já não é mais visto
como o centro do processo ensino-aprendizagem, mas sim um provocador no
sentido de instigar a curiosidades do aluno. A sala de aula deixa de ser um
lugar de certezas para ser um lugar de questionamentos e respostas. Outro
fator importante a ser considerado, é fazer com que a criança aplique o seu
conhecimento, no caso, a língua estrangeira. Para isso, os jogos e brincadeiras
são fundamentais no processo de aquisição e avaliação da nova língua.
Referências:
ALMEIDA.
A.
E.
Por
uma
Perspectiva
Intercultural
do
Ensino-
Aprendizagem do Francês Língua Estrangeira, 2008. 280 f. tese (doutorado
em língua e literatura francesa) Faculdade de Filosofia, Letras e Ciências
Humanas da universidade de São Paulo, São Paulo-SP
LEKE. A. P. B. A IMPORTÃNCIA DO Ensino de Inglês na Educação Infantil:
Um Enfoque Interacionista, 2004. 80 f. monografia (especialização em
interdisciplinariedade e lingagen) universidade de Cruz Alta, Rio Grande do Sul
DAVIS. C. OLIVEIRA. De Z. Psicologia na Educação 2ª ed. Cortez, 1994.
SEED – Diretrizes Curriculares da rede Pública da educação Básica do
estado do Paraná – Língua Estrangeira Moderna. Curitiba, 2006.
DIANE. E. P. e OLDS. S. W. Desenvolvimento Humano 8ª ed. Artes médicas
Sul, 2008.
Download

XVII SIMPÓSIO DE INICIAÇÃO CIENTÍFICA III PRÊMIO DE