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Escrito por Redação on Segunda, 21 Maio 2012 00:58
Indo ao encontro de uma das principais reivindicações do sector, o eurodeputado
Capoulas Santos anunciou que vai propor em Bruxelas a criação de legislação para
permitir que projectos de investimento ligados à caça possam candidatar-se a fundos
comunitários.
Esta foi uma das principais novidades do 20º Encontro Nacional de Caçadores, que reuniu
em Santarém mais de 900 praticantes deste desporto, no domingo, 20 de Maio, inserido
em mais uma edição da Expocaça.
Capoulas Santos, que é também presidente do intergrupo da caça no Parlamento
Europeu, explicou que se vai bater pela introdução de medidas neste sentido durante as
negociações da nova Política Agrícola Comum (PAC) pós-2013, que decorrem
actualmente entre os vários representantes dos Estados Membros.
Jacinto Amaro, presidente da Federação Portuguesa de Caça (Fencaça), sublinhou à
Rede Regional a importância desta medida para a concretização de projectos de
investimento no sector, até porque têm sido bastantes os protestos dos caçadores em
relação às ajudas previstas no Proder.
“As associações de caça e as empresas de turismo cinegético podem candidatar-se ao
Proder, mas as ajudas são pagas apenas a 50%. Isso não é vantajoso para as
associações, porque obriga-as a dispor do dinheiro para suportar metade do investimento”,
explicou o presidente da organização mais representativa do sector.
“O caso dos fundos da PAC é diferente, pois os agricultores poderão beneficiar de 85% do
investimento a fundo perdido, tal como já acontece hoje com as empresas agrícolas”,
acrescentou.
A cada ano, há menos 10 mil caçadores
Na sua intervenção nesta reunião marcada pelo simbolismo das duas décadas, Jacinto
Amaro deixou o retrato de um sector associativo “que atravessa enormes dificuldades”,
sublinhando que, a cada ano que passa, há menos 10 mil caçadores em Portugal. “Há
muitas associações em graves dificuldades financeiras e outras já de portas fechadas”,
alertou o responsável, que avançou com duas explicações principais para esta realidade.
Em primeiro lugar, a culpa é do próprio movimento associativo, “que se espartilhou em
muitas capelinhas” e está hoje “muito mais enfraquecido do que há 10 anos”.
Depois de pedir uma “reflexão profunda” sobre o modelo organizativo das federações de
caça,
Jacinto
Amaro
lembrou
que
os
sucessivos
governos
têm
aumentado
significativamente os custos das taxas e licenças, dos cursos de formação e aumentaram
as exigências para obter a licença de uso e porte de arma, factos que têm “contribuído
para afastar muita gente, sobretudo os jovens, da caça”.
A diminuição do número de caçadores tem um impacto directo nas receitas das
associações de caça, sector que conta actualmente com cerca de 240 praticantes,
divididos em 4.590 zonas de caça em actividade, que geram anualmente cerca de 130
milhões de euros. Ouvido pela Rede Regional, Jacinto Amaro explicou que este valor
pecará por defeito, pois “está por fazer um estudo credível e completo que abranja não só
a caça, mas todas as actividades que lhe estão ligadas, pelo que nós acreditamos que o
valor será bastante superior”
A importância desta actividade a nível da criação de riqueza e do ordenamento do território
foi também lembrada por Jacinto Amaro, na presença do secretário de Estado do
Desenvolvimento Rural, Daniel Campelo.
“Em 20 anos, conseguimos recuperar pelos nossos próprios meios aquilo que o Estado
deixou delapidar quando abandonou a agricultura”, disse o responsável, considerando
que, ao tornarem-se “protectores da natureza e da biodiversidade”, os caçadores “são hoje
bem mais do que simples gestores do património cinegético e são responsáveis pela
fixação de população e criação de emprego nos territórios mais esquecidos do interior”.
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