Grau de proteção (IP)
Por Joelmir Zafalon
Uma das principais características construtivas de um equipamento elétrico a ser analisada em um projeto,
instalação ou manutenção, como luminárias, painéis, motores, é o grau de proteção. A proteção de um
produto bem projetada é capaz de evitar que pessoas sofram danos físicos, como choque elétrico, ferimentos
causados por partes móveis, entre outras; e ainda evita danos ao próprio equipamento, pela penetração de
corpos sólidos estranhos ou água, que muitas vezes pode prejudicar o seu funcionamento.
Esta proteção é definida em duas normas:
ABNT NBR IEC 60529 - Graus de proteção para invólucros de equipamentos elétricos e ABNT NBR IEC
60034-5 - Graus de proteção proporcionados pelo projeto completo de máquinas elétricas girantes.
Essas normas definem métodos de ensaios para verificação do nível de proteção provido por um invólucro
contra o acesso às partes perigosas (contato com partes vivas de baixa ou alta tensão e contato com partes
mecânicas perigosas), contra a penetração de objetos sólidos estranhos e/ou contra a penetração de água
e o sistema de codificação para indicar os graus de proteção providos por um invólucro.
Os invólucros dos equipamentos são designados por uma simbologia que é composta de uma sigla “IP”
(Índice de Proteção) seguida de dois numerais, que indicam a conformidade com as condições estabelecidas.
Pode-se também utilizar letras adicionais e/ou letras suplementares que complementam a designação do
equipamento elétrico.
Abaixo, podemos ver disposição do código IP
Obs: Onde não for requerida a especificação de um numeral característico, ele deve ser substituído pela letra
“X” (“XX” se ambos os numerais, forem omitidos). Letras adicionais e/ou letras suplementares podem ser
omitidas sem reposição.
Definindo o 1° numeral característico
O primeiro numeral define a proteção contra o acesso de pessoas as partes perigosas (ex. toque com o dedo
a um contato energizado) de um equipamento elétrico e contra a penetração de objetos sólidos estranhos
(ex. poeira).
Na Tabela 1, temos descrições das proteções por níveis de 0 a 6 contra o acesso às partes perigosas e por
objetos sólidos e uma definição dos métodos de ensaios utilizados para cada nível de proteção.
Tabela 2
Tabela 1
A expressão “não deve penetrar” significa que partes do corpo humano, ferramentas ou fios seguros por uma
pessoa, não podem penetrar no invólucro, ou, se isto ocorrer, será mantida uma distância suficiente para as
partes vivas ou partes móveis perigosas.
Definindo o 2° numeral característico
O segundo numeral define a proteção contra penetração de água, a qual poderia danificar o equipamento (Ex.
chuva, locais em que ocorrem lavagens com água sob pressão etc.).
Na Tabela 2, temos descrições das proteções por níveis de 0 a 8 contra penetração de água e uma definição
dos métodos de ensaios utilizados para cada nível de proteção.
Definição da letra adicional para graus de proteção contra o acesso às partes perigosas
As letras adicionais são usadas nos seguintes casos:
- Se a proteção real contra o acesso às partes perigosas for superior à indicada pelo primeiro numeral
característico; ou
- Se somente a proteção contra o acesso às partes perigosas for indicada, o primeiro numeral característico
é, então, substituído por um X.
Por exemplo, cada proteção superior pode ser provida por barreiras, formas apropriadas de aberturas ou
distâncias internas no invólucro.
Na Tabela 3, temos as descrições das proteções pelas letras adicionais e uma definição dos calibradores de
acesso (utilizados em ensaios), considerados, por convenção, representativos das partes do corpo humano,
ou de objetos segurados por uma pessoa.
Tabela 3
Definição das letras suplementares
Na norma pertinente ao produto, podem ser indicadas as informações suplementares por uma letra suplementar,
após o segundo numeral característico ou letra adicional.
Para cada caso excepcional temos o significado de cada letra suplementar na tabela 4.
Tabela 4
Conclusões e recomendações
As informaçoes apresentadas foram baseadas nas normas citadas anteriormente. Essas normas definem
os ensaios gerais para atendimento a cada grau de proteção. Normas específicas para cada produto podem
modificar esses ensaios e definir ensaios complementares tendo em vista as caracteristicas técnicas de cada
produto.
Por exemplo, a norma ABNT NBR IEC 60598-1 (Luminárias - Requisitos gerais e ensaios) define os requisitos
de ensaios específicos para grau de proteção de luminárias e onde podem ser utilizados os ensaios gerais
conforme ABNT NBR IEC 60529.
As normas específicas de cada produto normalmente definem os graus de proteção mínimos. Continuando o
exemplo de luminárias: as luminárias para iluminação pública devem ter um grau de proteção mínimo de: IP55
para o compartimento ótico e, quando equipamentos auxiliares estiverem inseridos no corpo da luminária,
IP33 para o seu alojamento, conforme definido na ABNT NBR 15129.
Assim, ao projetar um equipamento elétrico, devemos ter em mente todos os riscos que esse equipamento
pode causar às pessoas e danos que o mesmo pode sofrer por influências externas dos locais onde será
instalado. Ao instalar e realizar manutenções, é necessário manter as características iniciais do produto para
que o grau de proteção seja mantido ao longo do tempo e garanta a segurança de pessoas e eficiência e
durabilidade do equipamento.
>> Joelmir Zafalon é responsável pelo setor de desenvolvimento técnico da Conex Eletromecânica.
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