Como anda sua flexibilidade?
*Carlos Hilsdorf
A flexibilidade, quando compreendida e praticada, é uma das melhores estratégias de
sobrevivência na vida e nos negócios – ser flexível é um poderoso diferencial na busca de
objetivos. Um pensamento taoísta diz que, em noites de tempestade, as árvores rígidas são as
primeiras a quebrar, enquanto as finas e flexíveis se curvam e deixam o vento passar…
Hoje o mundo dos negócios é turbulento. Sem flexibilidade nenhuma estratégia terá poder
suficiente para evitar graves rupturas. Ser flexível é fundamental em todas as fases da carreira.
No período como estagiário ou trainee, cada talento deverá adequar-se a diferentes tarefas e
departamentos, e o grau de flexibilidade poderá determinar a efetivação. No âmbito gerencial,
ser flexível é condição para tornar o trabalho uma fonte de prazer e realização profissional e
pessoal, adaptando as práticas organizacionais às constantes mudanças de cenário. Já na
presidência de uma organização multinacional, é a flexibilidade que permitirá decisões e
estratégias adequadas às particularidades de cada país.
Nosso processo de flexibilização está sujeito às diversas nuances apresentadas durante o
nosso amadurecimento. Em geral, colecionamos tensões, traumas e conflitos que se tornam
“excesso de bagagem” e prejudicam a expressão de uma maior flexibilidade. Muitas vezes
somos inflexíveis na ingênua tentativa de defender nossas crenças e valores. Se por um lado os
traumas e conflitos nos enrijecem, por outro vão, aos poucos, nos conscientizando, por meio
dos problemas que criam, da importância de aprendermos a ser mais flexíveis!
Em um mercado altamente competitivo, exigente e sedento por inovações, somente uma
postura flexível permitirá a agilidade e adaptabilidade necessária à longevidade dos negócios.
Sem flexibilidade, a gestão da mudança – hoje o motor do sucesso organizacional – fica
inviabilizada e o apego ao passado torna dificílima a construção do futuro!
Equilíbrio de estilos
As mudanças no ambiente corporativo colocam frente a frente profissionais de igual status e
poder. Eles precisarão negociar posturas e soluções por cujos resultados serão coresponsáveis. Dificilmente terão posições idênticas a respeito das questões-chave. Mas em
contrapartida, somente a flexibilidade poderá equilibrar os diferentes estilos, abordagens e
decisões.
A falta de flexibilidade torna os processos lentos demais para o mercado. Quando não há
flexibilidade, instala-se sempre alguma forma de ditadura, seja ela hierárquica, intelectual,
financeira ou política. E onde há ditadura, o trabalho em equipe está definitivamente
comprometido e, consequentemente, os resultados também. Afinal, sucesso é um esporte
coletivo!
Na esfera individual, a ausência de flexibilidade traz perdas incalculáveis para a carreira de um
profissional. Inflexibilidade significa conflito – externo ou interno. Uma postura inflexível
prejudica seu relacionamento interpessoal, destruindo a qualidade e a quantidade de pessoas
pertencentes à rede de relacionamentos. A ausência de flexibilidade diminui as possibilidades
de liderança à frente de equipes e projetos relevantes. Flexibilidade é o exercício da arte do
“momentaneamente possível” e está na base da resiliência (capacidade de suportar pressões).
Ser flexível é uma vantagem competitiva importante na construção de uma carreira
vencedora.
Empresas flexíveis
Na esfera empresarial, a ausência de flexibilidade é o indício de uma patologia que conduz o
negócio para os caminhos da autodestruição. É a falta de flexibilidade empresarial que impede
as inovações e a capacidade de a organização aprender mais rápido que a concorrência –
característica fundamental para se tornar uma empresa líder.
A inflexibilidade engessa a organização e gera uma atmosfera propícia para que se manifeste o
lado mais sombrio da personalidade das pessoas. É preciso compreender que a falta de
flexibilidade atua como fator irritante e afronta o talento e a dignidade das pessoas que não
podem se expressar e contribuir mais efetivamente porque o sistema não permite.
A médio e longo prazo essa inflexibilidade vai tornando a empresa cada vez mais neurótica e
sabota as possibilidades de realização de seus profissionais. Esse é um dos componentes mais
significativos do estresse profissional e da Síndrome de Burnout (uma significativa perda da
nossa funcionalidade enquanto indivíduos devido ao esgotamento e à exaustão de energia nos
níveis físico, mental e emocional).
Um bom indicador do sucesso previsto para a carreira de cada um consiste em averiguar e
aperfeiçoar o grau de flexibilidade. Na empresa, cheque se a sua prática gerencial e
administrativa é efetiva na gestão da flexibilidade. Essa é uma missão que somente os mais
competentes saberão priorizar. Possuir os melhores talentos pode não significar obter os
melhores resultados. Esses dependem diretamente da qualidade e sinergia das interações
entre as equipes.
Poder contar com melhor capital intelectual no futuro próximo depende de se propiciar o
ambiente adequado para o desenvolvimento da flexibilidade e integração entre os
profissionais. Essa é uma missão fundamental e deve ser foco da educação empresarial.
Dedique-se a tornar pessoas, processos e percepções mais flexíveis. O futuro agradece!
“O rio atinge seus objetivos porque aprendeu a contornar os obstáculos.” [Lao Tsé]
Carlos Hilsdorf é economista, pós-graduado em Marketing pela
Fundação Getulio Vargas (FGV), palestrante do Congresso Mundial
de Administração (Alemanha) e do Fórum Internacional de
Administração (México). Autor do best seller “Atitudes
Vencedoras”, apontado como uma das 5 melhores obras do
gênero (VEJA, "Guia de Carreira", ed. 1832). Autor convidado para
os livros: Gigantes das Vendas, Gigantes da Motivação, Gigantes da
Liderança, e Reimaginando a Administração.
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