Produção Cultural: Fundação Juscelino Kubitschek / PMN Mulher
Editoração e texto: Myrian Massarollo
Projeto gráfico e diagramação: Aline Massarollo
Edição digital, 2015
Um olhar
feminino na política
Comunicação eficiente
Quando observamos uma pessoa se expressar bem,
dizemos que ela tem o dom da comunicação, como se fosse algo
que devêssemos trazer do berço.
Reconhecemos que algumas pessoas possam ter mais
facilidades de comunicação que outras, em virtude de possuírem
uma qualidade muito especial chamada: carisma. Carisma é a
capacidade de influenciar pessoas e ambientes de uma forma
natural. Carisma não é uma conquista, é um dom, um talento,
você nasce carismático ou não.
Denominamos comunicação à capacidade de transmitir
pensamentos, ideias, ideais, conceitos. A comunicação deve ser
eficiente, ou seja, não basta que se transmita uma mensagem, é
imprescindível que a pessoa ou público que esta recebendo a
mensagem a compreenda.
Se não houver a compreensão, não ocorreu a
comunicação, ou seja, a transmissão da ideia, do pensamento não
se efetivou.
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feminino na política
O dirigente político, seja ele candidato ou não, deve
apresentar uma capacidade de comunicação clara e precisa, além
de decisões rápidas, visão ampla e informação plena.
Felizmente, ao contrario do carisma, a comunicação pode
ser tecnicamente desenvolvida. Existindo inclusive vários cursos
dedicados a que seus alunos adquiriam esta capacidade de forma
mais do que satisfatória.
A presente cartilha visa fornecer algumas dicas que
possam auxiliar no trato com o público, e facilitar o processo de
comunicação.
Myrian Massarollo
Presidente Nacional do PMN Mulher
Presidente da Fundação JK
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Um olhar
feminino na política
Comunicação Eficiente
Nós, seres humanos, nos comunicamos para sermos
reconhecidos e aceitos.
Portanto, escolher palavras adequadas, e falar com clareza
facilita o entendimento das pessoas com quem queremos nos
comunicar.
Uma comunicação eficiente é resultado de trabalho e de
estudo, pois depende do desenvolvimento de uma série de
qualidades ou atributos que vão desde uma boa colocação da voz
até uma postura corpórea adequada.
As qualidades positivas devem ser continuamente
aperfeiçoadas, por sua vez as qualidades negativas devem ser
suprimidas.
Vamos pontuar e discorrer brevemente sobre cada uma
das qualidades positivas ou negativas de um orador.
Credibilidade
Qualidade positiva de transmitir uma mensagem que seja
aceita pelos ouvintes.
A aceitação é resultado final de um processo que envolve
compreensão e credibilidade, ou seja, confiança.
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Portanto, é importante falar a língua do ouvinte. Não
adianta usar de termos exageradamente formais, ou
excessivamente técnicos.
O ouvinte deve entender o que é transmitido, entendendo
ele vai avaliar o que ouviu, avaliando ele vai aceitar.
Adaptar o discurso à faixa etária, ao nível de formação,
aos interesses e às expectativas do ouvinte, é uma das formas mais
seguras de aquisição de credibilidade.
Naturalidade
Alguns políticos antigos, e infelizmente alguns mais
jovens, mas, que seguem a mesma escola arcaica, quando
começam a falar elevam e impostam a voz perdendo a
espontaneidade.
Naturalidade é utilizar o ritmo de conversa, é falar para o
ouvinte como se para um amigo ou familiar, é evitar os
artificialismos.
No entanto, não se deve cometer o erro de confundir
naturalidade com negligência na comunicação, ou seja, não se
deve o uso de gírias, erros gramaticais, e regionalismos. O ouvinte
pode achar que este excesso é uma forma de zombaria.
Falar com naturalidade não significa esquecer a
gramática. Muito pelo contrário, é perfeitamente possível falar
com simplicidade e corretamente.
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Correção no falar
Usar a língua pátria de forma correta é fundamental.
Quantas vezes ouvimos piadas sobre os erros cometidos nos
discursos políticos.
O estudo e a educação é a única forma de combate à
linguagem incorreta e aos defeitos de estilo. No entanto, corrigir
os erros de linguagem de um adulto exige disciplina e trabalho
persistente.
Uma forma agradável de melhorar o vocabulário e de
aperfeiçoar o português é ler. O costume de ler bons livros acaba
se mostrando um meio bastante interessante de aperfeiçoamento
contínuo do domínio da língua pátria.
Emoção
A demonstração de emoção em um discurso pode ser um
instrumento de envolvimento do ouvinte se passar a conotação de
entusiasmo pela ideia que se defende.
Nesta hipótese a emoção ressaltaria a importância do que
esta sendo dito, e a força emocional que o orador empresta à
verdade que transmite. E ai reside a especialidade da
demonstração de emoção, ela tem que estar calcada em algo que
se acredite, pois só assim será entendida como algo positivo.
Existe uma grande diferença entre emoção e emotividade.
Emoção é ser tomado por um sentimento de euforia, de grandeza,
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ao se abraçar uma causa. Emotividade é a manifestação de
nervosismo e de descontrole, que muitas vezes encobre um
desconhecimento real sobre o assunto sobre o qual se discorre.
Não existe nada mais piegas do que esconder o rosto com
as mãos, uma frase inacabada, interrompida por um soluço. Se o
orador não é capaz nem ao menos de terminar com lógica um
discurso, como poderá querer ser a voz de um povo, como poderá
falar por seus representados.
Infelizmente o povo brasileiro é dotado de muita empatia,
e tende a se comover com lagrimas. Baseado nisso muitos
candidatos a cargos políticos, e muitos políticos ameaçados de
deixar de sê-lo não raro diante de uma plateia, ou de uma câmera,
passam mal, choram e dizem-se injustiçados. Mas a emotividade
não pode ser maior do que uma ideia bem colocada, e não existe
emoção maior do que a que clama por justiça.
Conhecimento
Não existe nada mais desastroso do falar sobre o que não
se sabe. Trata-se do famoso discurso vazio, onde por mais que se
fale nada se diz.
Em verdade, um discurso só é verdadeiramente natural,
um pronunciamento só é realmente envolvente quando ele é
embasado. Ou seja, quando o orador efetivamente domina o
assunto.
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Quando isso ocorre o orador pode apresentar dados, pode
debater o assunto, pode provar ao ouvinte que conhece realmente
suas necessidades, e principalmente pode estabelecer metas reais
para a solução ou pelo menos para a amenização da situação ou
problema colocado.
Falar em doação de computadores para um município sem
luz elétrica é quase tão absurdo quanto prometer construir uma
estrada que não vai a lugar algum.
O povo começa a diferenciar entre colocações baseadas
em informações concretas e falácias que não acrescentam dados,
muito menos soluções.
Portanto, é fundamental o preparo prévio, o estudo
aprofundado do tema a ser apresentado, a busca de conteúdos
correlatos, enfim: leitura, pesquisa e estudo, de forma a estar
preparado para uma boa apresentação.
Vocabulário
Vocabulário é diferente de conhecimento. Conhecimento
é a quantidade de dados que uma pessoa possui sobre algum tema.
Por sua vez, vocabulário e a quantidade de palavras conhecidas
por uma pessoa.
Quanto maior o vocabulário maior a desenvoltura.
Conhecer muitas palavras pode facilitar a articulação do
raciocínio em frases.
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Contudo, não se perca a referência de que um bom
vocabulário não preenche a lacuna deixada pela falta de
conhecimento.
Mostrar um bom vocabulário não se confunde com
derramar um monte de palavras difíceis e termos técnicos sobre
um ouvinte despreparado.
Podem até ser pronunciados, mas imediatamente
contornados e explicados ao ouvinte supostamente leigo.
Postura
Todas as pessoas devem ter uma postura digna e
adequada, de forma a conviverem em sociedade sem causarem
constrangimentos a ninguém. No caso de pessoas públicas isso é
ainda mais importante, porque a figura pública tem obrigação de
servir de exemplo à sociedade sob vários aspectos.
Portanto, seria inteligente abolir certos gestos como coçar
a genitália, colocar o dedo no nariz, ou sentar de pernas abertas,
especialmente mulheres com saia. Se este é um costume, torna-se
importante dominá-lo, pois certos gestos depõem contra quem os
pratica.
Da mesma forma, gestos obscenos com as mãos ou com a
boca, e desacatar alguém, presente ou não, também transforma
qualquer exposição em circo, denotando falta de postura.
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Palavras encontram respaldo dependendo da postura do
orador e, na maioria dos casos, de seus próprios atos frente ao
tema exposto.
Linguagem corporal
A linguagem corporal na comunicação, especialmente na
política, é um fator importante e muitas vezes decisivo,
principalmente quando o orador deve transmitir uma mensagem
e demonstrar congruência entre a informação oral e sua
linguagem corporal, uma vez que somente assim a mensagem
poderá ser eficaz.
Adquirir a consciência de que nos comunicamos
involuntariamente com o corpo, os olhos, os gestos, o tom de voz,
enfim, detalhes que, por vezes, contradizem o pensamento
proferido.
Assim é importante que aprendamos a nos conhecer e a
nos preparar não apenas intelectualmente, mas também física e
psicologicamente para a complexa tarefa de estabelecer uma
comunicação eficaz.
A linguagem corporal é um componente da comunicação
que proporciona informação sobre o caráter, as emoções e as
reações das pessoas.
Voz
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A voz é um dos instrumentos de comunicação mais
conscientemente utilizados por dirigentes e por candidatos e por
portadores de mandato.
A voz pode deixar bastante perceptíveis emoções diversas
como nervosismo, hesitação, irritação, tédio, pressa, assim como
seus contrários: calma, certeza, tranquilidade, interesse,
disponibilidade.
A melhor forma de controle da voz é o controle da
respiração. Portanto, exercícios de respiração, podem auxiliar a
manutenção de um tom adequado e uma intensidade equilibrada.
Ouvir gravações da própria voz, não raro causa estranheza
nas pessoas. Pois a voz imaginada nem sempre é compatível com
a voz realmente emitida. Este descompasso entre como nos
ouvimos e como as pessoas nos ouvem pode ser amenizado com
exercícios simples, provenientes de sequências de gravação de
textos e posterior audição dos mesmos, até que a voz ouvida na
gravação fique o mais próxima possível daquela que percebemos.
Dicção
A omissão de alguns sons, ou a forma equivocada ou
pouco clara de emiti-los acaba por prejudicar qualquer
pronunciamento. Portanto, impede ou retarda o convencimento e
consequentemente a aceitação da mensagem, que é o objetivo
final de todo processo de comunicação.
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Uma pesquisa elaborada com base no estudo de gravações
de discursos políticos demonstrou que os maiores problemas de
dicção podem ser divididos em cinco grupos de maior incidência.
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Erres finais: o orador pronuncia “fazê” ao invés de
“fazer”.

Esses finais: o orador pronuncia “vamô” ao invés de
“vamos”

Is intermediários: o orador pronuncia “dinhero” ao invés
de “dinheiro”.

Simplificação e contração de palavras: “pra” ao invés de
“para”.

Deslocamento de letras: “estrupo” ao invés de “estupro”.
A providência para estes problemas consiste em
exercícios constantes, um fonoaudiólogo é o profissional
adequado para prescrevê-los. Além de exercícios, é importante
um cuidado maior ao falar, uma cadencia que permita pensar nas
palavras antes de pronuncia-las. A maior parte dos erros é
cometida quando o orador fala com pressa exagerada, ou quanto
falta conhecimento sobre o tema, nesta hipótese são frutos da
hesitação.
Volume
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O volume da voz deve ser sempre o adequado ao
ambiente, ao uso de microfone, à qualidade de sonorização, às
condições acústicas.
A alternância de volume e velocidade da voz podem
causar impressão favorável no ouvinte, desde que a pronuncia e a
clareza não sejam prejudicadas.
No entanto, existe uma regra que na medida do bom senso
deve ser observada: Voz baixa demais gera desatenção; voz alta
demais gera irritabilidade.
Velocidade da explanação
A velocidade normalmente esta vinculada ao tempo de
explanação. É importante ressaltar que é melhor falar menos e
com perfeição do que atropelar as falas e por vezes o raciocínio.
O importante não é a quantidade de palavras proferidas e
sim a qualidade da mensagem transmitida, portanto nem sempre
falar muito é o ideal, devendo prevalecer o falar bem.
A lentidão exagerada também não é adequada, pois cansa
e dispersa a atenção do ouvinte, o que também é contraprodutivo.
Um hábito interessante para as pessoas que falam rápido
é repetir pelo menos duas vezes as informações mais importantes
que pretende que sejam gravadas. A repetição deve ser apenas das
palavras e frases mais importantes, e não de todo o discurso, o
que seria uma poluição sonora destrutiva.
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Já as pessoas que falam lentamente devem buscar a
empatia do auditório, olhar diretamente para as pessoas durante
as pausas, buscando captar a atenção delas.
Outra dica para aqueles que falam de forma mais lenta
seria a iniciar as frases, pós-pausas, com mais ênfase, de forma a
recapturar as atenções dispersas.
Da mesma forma, procurar causar no ouvinte a sensação
de que durante a sentença falada de forma lenta se estava
refletindo, pode minimizar a sensação de lerdeza, chegando a
valorizar o silêncio.
Ênfase
Saber enfatizar de forma correta uma palavra, ou uma
frase, é um dos méritos de uma boa explanação.
A ênfase é a arte de dar às palavras sentidos distintos,
dependendo da forma como são pronunciadas.
Isso pode se dar através da inflexão de voz, da intensidade
proposital, da pausa silábica, ou seja, recursos que ajudem a
enfatizar determinadas informações que o orador ache importante
que os ouvintes retenham.
Arrogância
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Um orador deve ser acessível. Não deve colocar filtros ou
barreiras em relação aos ouvintes. Muitas vezes, alguém na
plateia quer fazer uma pergunta e é ignorado pelo orador, em
outros momentos algum ouvinte tenta abordá-lo ao fim da
palestra ou discurso e é descartado. Filtros ou barreiras são vistos
como arrogância, o inimigo número um da comunicação.
Uma forma simpática de satisfazer a todos é solicitar que
as perguntas sejam escritas, e que nos papéis coloquem alguma
forma de contato. O orador pode escolher uma ou mais perguntas
e responder na hora, e encerrar prometendo encaminhar as
respostas pendentes em um momento posterior.
É uma maneira de deixar de responder alguma questão
capciosa, ou da qual não tenha total domínio, e ao mesmo tempo
não causar constrangimentos.
Microfone
A distância ideal para que o microfone esteja posicionado
é de 10 centímetros da boca, abaixo da linha do queixo.
O orador não deve ficar olhando para o microfone, salvo
no inicio da fala, para encontrar um posicionamento confortável.
O microfone é um instrumento de propagação da voz e não um
parceiro de palco ou de palanque.
Maneirismos
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Outro ponto importante a ser evitado, mesmo para quem
detém farto vocabulário, são os tiques e maneirismos.
Tiques são ruídos típicos de pessoas que terminam frases
com entonação não conclusiva entre palavras. Os mais comuns
são: "né?", "tá?", e "entendeu?".
Já os maneirismos são ruídos mais utilizados por oradores
hesitantes, que não sabem que palavra usar: "hããã", "huummm".
Literatura
Por todo o exposto pudemos perceber que todo indivíduo
que precise falar em público, tem a necessidade de tomar cuidado
com vários detalhes como: voz, dicção, postura, expressões
corporais, conhecimento e vocabulário, sempre buscando
desviar-se ao mínimo das características pessoais, que se
carismáticas acabam se sobrepondo às demais.
O homem é um ser em constante evolução, ele rompe
paradigmas, ele estabelece metas, ele alcança objetivos. Além
disso, ele vive em sociedade. Viver em sociedade significa ter que
estabelecer padrões de comunicação efetivos, que passem
mensagens completas, não deturpadas por ruídos, que são os
defeitos da comunicação.
O político tem na comunicação uma de suas ferramentas
de atuação, e os que pretendem seguir este caminho, devem desde
a decisão de adentrarem a seara política, preparar-se de forma
plena e adequada para comunicarem-se de forma eficiente.
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O mercado literário esta repleto de obras sobre oratória e
comunicação oral. A leitura de algumas delas pode ampliar os
horizontes daqueles que terão a obrigação de constante exposição
oral.
A guisa de sugestão apontamos as obras do escritor
Reinaldo Politto, lançadas pela Editora Saraiva: Como se tornar
um bom orador e se relacionar bem com a imprensa, Como falar
corretamente e sem inibições, Como preparar boas palestras e
apresentações, e Gestos e Postura para falar melhor.
Também sugerimos o Pequeno Manual De Comunicação
Oral E Marketing Pessoal - Samuel Borges e A Comunicação
oral e sua didática de Maria Victoria Reyzabal.
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Cartilha: Comunicação Eficiente - Partido da Mobilização Nacional