UNIVERSIDADE CANDIDO MENDES PÓS-GRADUAÇÃO “LATO SENSU” PROJETO A VEZ DO MESTRE GESTÃO POR COMPETÊNCIAS: UM NOVO MODELO PARA CAPTAR TALENTOS Por: Mônica Nunes Mendes Orientadora Profª. Ana Cristina Niterói 2010 2 UNIVERSIDADE CANDIDO MENDES PÓS-GRADUAÇÃO “LATO SENSU” PROJETO A VEZ DO MESTRE GESTÃO POR COMPETÊNCIAS: UM NOVO MODELO PARA CAPTAR TALENTOS Apresentação Candido de Mendes monografia como à requisito Universidade parcial para obtenção do grau de especialista em Gestão de Recursos Humanos. Por: Mônica Nunes Mendes 3 AGRADECIMENTOS ....a Deus toda honra e Glória pelo sucesso alcançado... 4 DEDICATÓRIA Dedico aos meus pais pelo incentivo e dedicação. 5 RESUMO A Gestão por Competências surgiu para responder a questões particulares do cenário empresarial. Quando falamos em Competências, devemos primeiro conhecer suas origens, e como aplicá-la no mercado atual, altamente competitivo. Esta metodologia de gestão representa uma tentativa de resposta à necessidade de superação da concorrência num mercado globalizado, onde as exigências por agilidade, inovação contínua tornam-se mais freqüentes. Seu principal foco está baseado no desenvolvimento de competências e novos conhecimentos, fontes para a conquista de vantagem competitiva. Verificou-se que a utilização das competências como ferramenta nos processos seletivos, permite montar um perfil compatível com cada cargo, o que permite realizar um trabalho com foco definido. Este modelo situa-se no contexto máximo da economia das organizações e possui o pressuposto de que a posse de recursos raros, valiosos e de difícil imitação, confere à organização vantagem competitiva. E estes recursos são representados pelos conhecimentos e pelas competências das pessoas que trabalham na organização. 6 METODOLOGIA A presente Monografia foi possível de ser realizada, por meios de estudos bibliográficos, pesquisa em revistas, jornais e consultas em artigos divulgados através da internet. 7 SUMÁRIO INTRODUÇÃO 08 CAPÍTULO I - A Noção de Competência 10 CAPÍTULO II - Gestão por Competências 16 CAPÍTULO III – Seleção por Competências: 29 Garimpando Talentos e Potenciais CONCLUSÃO 41 BIBLIOGRAFIA CONSULTADA 43 ÍNDICE 45 FOLHA DE AVALIAÇÃO 47 8 INTRODUÇÃO O objetivo deste trabalho é identificar os passos utilizados para a implantação da Gestão por Competências nas empresas e suas aplicações. Vivemos num mundo globalizado onde as mudanças e exigências de um mercado competitivo estão cada vez mais acirradas, impactando diretamente nas empresas. A presente pesquisa tem a finalidade de conhecer os processos e práticas de Gestão por competências e Seleção por Competências de uma determinada organização para planejar, escolher, treinar e desenvolver, motivar e envolver. Tendo como foco principal as práticas de competências, mostrando as vantagens desta metodologia. No primeiro capítulo fala-se sobre as origens das competências, seus significados e seus conceitos, onde podemos observar várias definições de Competência, que trazem palavras diferentes, porém todas com sua essência em comum, que sinteticamente são definidas em duas, as Competências Técnicas, que são os conhecimentos ( o saber) e habilidades (saber fazer) e as Competências Comportamentais, que são as atitudes (querer fazer). No segundo capítulo é abordado o fator da real necessidade da implantação dos modelos de competências nas organizações, através do que chamamos de Gestão por Competência, que comporta todos os passos, desde o que significa as competências até a sua implantação. No terceiro capítulo abordaremos o modelo de seleção atual, baseado na seleção por competência, onde as competências técnicas não são suficientes, sendo necessária, competências comportamentais. sua avaliação em conjunto com as 9 A implantação da seleção por competências abrange os principais passos: Eleição das competências estratégicas da empresa; mapeamento das competências dos colaboradores; identificação do perfil; elaboração da entrevista por competências; e por fim, dinâmicas com foco em competências com a presença do requisitante da vaga. As mudanças ocorrem gradativamente e os processos seletivos começam a apresentar mais respeito e preocupação com o candidato. A mera verificação de conhecimentos técnicos, dá lugar à seleção por competências, onde o candidato é avaliado em relação às suas ações e resultados, abrangendo um universo maior de dados e consequentemente uma análise mais precisa do perfil desejado. 10 CAPÍTULO I A NOÇÃO DE COMPETÊNCIA O CONCEITO Com o surgimento de modelos de gestão, baseados no conceito de competências e, por conseguinte sua incorporação ao ambiente organizacional fizeram com que o termo competência adquirisse diferentes significados. Diversos modelos de Gestão por Competências vem sendo desenvolvidos e utilizados por inúmeras empresas nas últimas três décadas na busca de ferramentas mais adequadas para a gestão dos recursos humanos diante das exigências por diferenciais competitivos que permitam tanto a sobrevivência quanto a prosperidade das organizações. Constatando que estes diferenciais são alcançados pelas pessoas que compõem as organizações, constata-se a necessidade de haver um alinhamento entre as competências de cada indivíduo e a estratégia das organizações. Neste cenário, a gestão de pessoas tradicional, torna-se insuficiente, pois ao homogenizar as pessoas não identifica os diferentes níveis de desenvolvimento e contribuição de cada indivíduo. E é neste contexto que o modelo de gestão por competências vem atender esta necessidade. Em seu original latino, competentia significava proporção, simetria [Houaiss 2001]. Um indivíduo competente era aquele capaz de avaliar e agir de maneira adequada diante de uma determinada situação, tomando providências de acordo coma gravidade dos fatos ocorridos. Perrenoud[2000] define competência como a mobilização correta, rápida, pertinente e criativa de múltiplos recursos cognitivos (saberes, informações, valores, atitudes, 11 habilidades, inteligências, esquemas de percepção de avaliação e de raciocínio) para solucionar um problema de uma família de situações análogas. Para Fleury & Fleury[2001], o termo pode ser sumarizado como um saber agir (savoir faire) responsável e reconhecido que implica mobilizar, integrar e transferir conhecimentos, recursos e habilidades para agregar valor econômico à organização e valor social ao indivíduo. Depreende-se então que Competência é um processo, cujos resultados podem ser mensurados e que é indissociavelmente ligado a pessoas. De fato, uma competência de alguém é revelada quando esta pessoas tem a oportunidade de agir em resposta a uma situação do ambiente. Para Rhinesmith, competência é uma capacidade específica de executar a ação em um nível de habilidade que seja suficiente para alcançar o efeito desejado. O que podemos concluir é que o conceito de competências surgiu porque os instrumentos tradicionais de avaliação de pessoas eram ineficientes. Não davam o apoio necessário para que as decisões do Recursos Humanos tivessem a agilidade e dinamismo que atendessem o planejamento estratégico da empresa. Podemos definir competência como um conjunto de conhecimentos, habilidades, atitudes e comportamentos que permitem ao indivíduo desempenhar com eficácia determinadas tarefas, em qualquer situação. (RABAGLIO, 2001). 12 1.1 – Classificação das Competências Segundo o autor Rogério Leme, as competências são classificadas em: técnicas e comportamentais. As Competências Técnicas são tudo o que o profissional precisa saber para desempenhar sua função, por exemplo idiomas, sistemas de computação, ferramentas, etc. Tudo que o profissional precisa para ser um especialista tecnicamente falando. Já as comportamentais são tudo aquilo que o ser humano, enquanto profissional precisam demonstrar, como seu diferencial competitivo e ter impacto em seus resultados, por exemplo, criatividade, flexibilidade, foco em resultado, foco no cliente, organização, planejamento, liderança, entre outras. Mensurar e identificar o comportamento humano tem sido um grande desafio para a área de Recursos Humanos. Ao analisarmos um currículo, por exemplo, não conseguimos identificar quais competências o candidato possui. 1.2 – Competências requeridas do Gestor Fala-se muito em Recursos Humanos Estratégico, mas será que estamos preparados o suficiente para atender à demanda, às mudanças no ambiente de negócios? A autora Sylvia Constant Vergara, em seu livro Gestão de Pessoas [2007], utiliza-se dos conceitos de Stephen Rhinesmith, que ora utilizamos, para elencar as competências desejáveis para um gestor. 13 Ao discutir os reflexos da atuação das empresas em um mercado global sobre o processo de desenvolvimento dos gerentes, o autor propõe um ciclo de aprendizado de competência global, no qual relaciona: • mentalidade; • característica pessoal; • competência. Pessoas de mentalidade global são as que investem na imagem mais ampla, aceitam a vida como um equilíbrio de forças contraditórias que devem ser apreciadas, ponderadas e geridas. Confiam no processo, a fim de lidar com o inesperado, em vez de confiarem na estrutura; dão valor à diversidade e ao trabalho em equipes multiculturais como o fórum básico dentro do qual realizam objetivos pessoais e organizacionais; vêem a mudança como oportunidade; sentem-se à vontade com surpresas e ambigüidades buscam continuamente estar abertas a si mesmas e aos demais, repensam limites e encontram novos significados, mudando sua direção e conduta.[RHINESMITH]. Listamos seis características pessoais, associadas às mentalidades: conhecimento, conceituação, flexibilidade, sensibilidade, julgamento, reflexão. Vejamos as definições de cada uma: Conhecimento – precisa ser amplo e profundo, cobrindo aspectos técnicos e do negócio e contribuindo para gerir adequadamente o processo competitivo. Conceituação – diz respeito ao pensamento abstrato, a capacidade conceitual necessária para lidar com a complexidade das organizações atuais, Para tanto, gestores devem ser, simultaneamente, especializados e holísticos em sua maneira de pensar, o que implica conciliar análise e síntese. Sensibilidade – é necessária para lidar com as diferenças individuais presentes nas equipes. Para isso é importante não só estar integrado e 14 emocionalmente estável, como também aberto para outros pontos de vista e predisposto a questionar suposições, valores e convicções. Flexibilidade – refere-se à adaptabilidade necessária para lidar com as mudanças rápidas do ambiente, o que permitirá ser capaz de lidar com processos, em vez de regras e procedimentos. Julgamento – está associado à qualidade de lidar com a incerteza, cada vez mais presente nas decisões gerenciais. Reflexão – oferece a perspectiva necessária para lidar com as exigências de um aprendizado contínuo. De fato mentalidade não é competência que é desenvolvida pelo fluxo constante entre mentalidade prática e tarefa. Uma competência só se estabelece quando a mentalidade é transformada em comportamento, como característica não é competência. Um exemplo: uma determinada pessoa pode ser sensível para lidar com diferenças individuais e não aplicar essa sensibilidade no trabalho em equipe. A sensibilidade só é transformada em competência gerencial quando o gestor a usa para conhecer a si e aos outros como para criar, desenvolver e manter equipes de trabalho. As competências elencadas por Rhinesmith são: Gestão da competitividade – é a capacidade de coletar informações em uma base global e utiliza-las. Gestão da complexidade – é a capacidade de lidar com muitos interesses concorrentes, contradições, conflitos. Gestão da adaptabilidade – está relacionada à flexibilidade e à disposição para a mudança. 15 Gestão de equipes – é a capacidade para lidar com múltiplas habilidades funcionais, níveis diferenciados de experiências e múltiplas origens culturais. Gestão da incerteza – capacidade de lidar com as mudanças contínuas pelo equilíbrio adequado entre fluxo e controle. Gestão do aprendizado – é a capacidade de aprender sobre si mesmo, como também facilitar o aprendizado dos outros. Vergara chama à atenção que a diversidade de competências mencionadas por Rhinesmith leva a necessidade de que seja revisto o modelo proposto por R.L. Katz. O modelo de Katz, que é largamente utilizado pelas empresas até hoje, apresenta três habilidades que existem no interior das empresas: técnicas, humanas e conceituais. Supostamente, estas habilidades variariam à medida que se caminhasse entre os níveis de supervisão, intermediário e de alta direção. Ao passar dos níveis inferiores da hierarquia para os superiores, aumentaria a necessidade das habilidades conceituais, em detrimento das técnicas. Como as empresas contemporâneas e as estruturas hierárquicas deste modelo mudaram há a necessidade de adequação dos gestores. Se a visão sistêmica e a orientação estratégica são competências hoje requeridas de todos os membros da empresa, o modelo de Katz pode comprometer todos os esforços da gestão de pessoas para um mundo tão diferente da época na qual ele foi proposto. 16 CAPÍTULO II GESTAO POR COMPETÊNCIAS A Gestão por Competências propõe-se a orientar esforços para planejar, captar, desenvolver e avaliar, nos diferentes níveis da organização – individual, grupal e organizacional – as competências necessárias à consecução de seus objetivos conforme explicam Brandão e Guimarães (2001). Trata-se de um processo contínuo, que tem com etapa inicial a formulação da estratégia da organização, oportunidade em que são definidos sua missão, sua visão de futuro e seus objetivos estratégicos. Em seguida, são definidos os indicadores de desempenho e as metas, com base nos objetivos estratégicos estabelecidos. Segundo Carbone e outros(apud, Revista do Serviço Público, 2005), uma vez formulada a estratégia organizacional, torna-se possível realizar o mapeamento de competências, o que constitui a segunda etapa do processo. O mapeamento objetiva identificar o gap ou lacuna de competências, isto é, a diferença entre as competências necessárias para concretizar a estratégia formulada e as competências internas já disponíveis na organização. É importante ressaltar que na ausência de ações de captação ou desenvolvimento de competências, por parte da organização, essa lacuna tende a crescer. Isso porque a complexidade do ambiente no qual as organizações estão inseridas faz com que sejam exigidas cada vez mais novas competências. As próprias competências internas, já disponíveis na organização, podem tornar-se obsoletas com o passar do tempo. Por isso, é 17 fundamental realizar periodicamente o mapeamento e planejar a captação e o desenvolvimento de competências. Segundo Brandão e Guimarães (apud, Revista do Serviço Público, 2005), a captação diz respeito à seleção de competências externas e à sua integração ao ambiente organizacional, que pode dar-se, no nível individual, por intermédio de ações de recrutamento e seleção de pessoas e, no nível organizacional por meio de parcerias ou alianças estratégicas. O desenvolvimento, por sua vez, refere-se ao aprimoramento das competências internas disponíveis na organização, que ocorre, no nível individual, por meio da aprendizagem e, no nível organizacional, por intermédio de investimentos em pesquisa. (Brandão;Guimarães, 2001). A aprendizagem, portanto, é o meio pelo qual são desenvolvidas as competências profissionais, enquanto o desempenho da pessoas no trabalho representa uma manifestação da sua competência, ou seja, uma expressão daquilo que a pessoas aprendeu (FREITAS;BRANDÃO, 2005). Na etapa de acompanhamento e avaliação monitoram-se a execução de planos operacionais e de gestão e os respectivos indicadores de desempenho, visando identificar e corrigir eventuais desvios. Ao final do ciclo, são apurados os resultados alcançados e comparados com os que eram esperados. Finalmente, na etapa de retribuição, a organização poderia reconhecer, premiar e remunerar, de forma diferenciada, as pessoas, equipes de trabalho e unidade produtivas que mais contribuíram para a consecução dos resultados planejados, o que serviria de estímulo à manutenção de comportamentos desejados e a correção de eventuais desvios. No processo de gestão por competências, a etapa de mapeamento de competências é de fundamental importância, pois dela decorrem as ações de captação e desenvolvimento de competências, avaliação e retribuição. 18 2.1 – Competência versus Capacidade ou Potencial Visto que Competência é processo, os resultados que tal processo alcança podem ser medidos. De fato, pouca seria a serventia de se gerir pessoas através de suas competências se estas não pudessem ser quantificáveis de algum modo. Os critérios de avaliação das competências podem até ser bastante subjetivos; mas o que importa é que existam e possam ser aplicadas. O fato de a Competência ser mensurável é a principal distinção dela para expressões com Capacidade ou Potencial. Segundo Ramos (2002), capacidade é um eixo de desenvolvimento a ser trilhado por um ser humano. É uma hipótese, uma direção de trabalho e, como tal, não é observável, nem avaliável. O termo Potencial também se alinha com este significado. A palavra se refere a algo que existe em estado latente, inativo. Apenas como possibilidade ou faculdade, não como realidade (Houaiss,2001). A potencialidade de uma pessoa é a sua capacidade de realização, porém vista como algo genérico, a ser desenvolvido e especializado para o futuro. Enfim, competência não é a “capacidade” de reagir adequadamente, É, antes, o resultado mensurável de como o indivíduo reagiu ao estímulo externo. Uma competência aponta para o passado para tecer hipóteses sobre o desempenho futuro (por isso que competência é um processo). A expectativa de como o indivíduo era reagir é uma informação extraída do registro de sua competência. Estimar o potencial, portanto é conseqüência de se saber a competência de alguém. Daí a importância do foco estar na Competência, e não no potencial ou capacidade. 19 2.2 – As Vantagens da Implantação da Gestão por Competências O modelo de Gestão por Competências visa alcançar os objetivos da organização através do alinhamento da Missão, Visão e Valores, as estratégias do negócio com as estratégias do capital humano. Para que esse modelo gerencial traga os resultados esperados é necessário que as organizações definam as necessidades a médio e longo prazo, garantindo assim o alinhamento com o plano estratégico. Ter a clareza e foco no futuro é uma questão de sobrevivência organizacional. A Gestão por Competências é a integração de idéias, conceitos e práticas de Gestão de Pessoas. Desta forma, é impossível pensar num RH Departamental, mas sim num RH Estratégico e Integrado. A maior dificuldade de implantação deste modelo nas organizações está justamente na resistência do próprio Recursos Humanos. No entanto, tais dificuldade podem ser vencidas através de discussões sobre este novo modelo de gestão, palestras, cursos externos, entre outros. Quanto mais difundida a Gestão por Competências, maior será o comprometimento, o entendimento e a aceitação de todos os envolvidos. A implantação do modelo de Gestão por Competências é influenciada por diversos fatores que irão permitir o avanço nesse processo. Por exemplo: Plano estratégico da organização; nível de maturidade gerencial e da área de Recursos Humanos; sistemas informatizados e integrados de Gestão de Pessoas; prontidão e disponibilidade para mudanças. 20 Um ponto fundamental nesta etapa é a negociação de responsabilidades, com a participação direta e apoio da direção, definindo o papel do Recursos Humanos como facilitador do processo. As principais ferramentas da Gestão por Competências são: • Mapeamento e mensuração por competências; • Seleção por competências; • Avaliação por competências; • Plano de desenvolvimento por competências; • Plano de cargos e salários. Os benefícios do modelo de Gestão por Competências são imediatos. A cada etapa do processo os ganhos podem ser observados. A medida que este processo vai avançando, os ganhos surgem através: • da otimização e agilidade dos processos do recursos humanos; • da definição do perfil CHA( Conhecimentos/Habilidades/Atitudes) de cada cargo da organização; • do comprometimento dos níveis de direção numa revisão disciplinada dos talentos de liderança; • da continuidade da liderança e sustentação aos planos de carreira; • da redução de problemas de transição e prevenção de promoções prematuras; • do alinhamento dos investimentos e treinamento às metas estratégicas da organização; • do enriquecimento do perfil dos colaboradores, potencializando os seus resultados; • do alinhamento dos sistemas de seleção entre muitos outros resultados de valor. 2.3 – Desmistificando o mapeamento das competências 21 Cada vez mais as empresas buscam mapear as competências para otimizar o desempenho dos colaboradores e, consequentemente, se manterem competitivas no mercado de trabalho. No entanto, o problema é que algumas organizações ainda não adotam essa metodologia por desconhecerem como esse recurso deve ser aplicado corretamente. Na prática, o mapeamento das competências não é um “bicho de sete cabeças” como muitas pessoas imaginam e pode ser utilizado por qualquer empresa, desde que a organização tenha vontade para aceitar mudanças e esteja disposta a rever a sua própria cultura. O mapeamento de competências tem como objetivo identificar o gap ou lacuna de competências, ou seja a discrepância entre as competências necessárias para concretizar a estratégia corporativa e as competências internas existentes na organização. O passo inicial desse processo consiste em identificar as competências ( organizacionais e profissionais) necessárias à consecução dos objetivos da organização. Para essa identificação, geralmente é realizada, primeiro, uma pesquisa documental, que inclui a análise do conteúdo da missão, da visão de futuro, dos objetivos e de outros documentos relativos a estratégia organizacional (Carbone, et al., 2005). Depois realiza-se a coleta de dados com pessoas chave da organização, para que tais dados sejam cotejados com a análise documental, conforme proposto por BrunoFaria e Brandão (2003). Podem ser utilizados, ainda, outros métodos e técnicas de pesquisa, como, por exemplo, a observação, os grupos focais e os questionários estruturados com escalas de avaliação, como sugerem Guimarães e outros (2001) e Santos(2001). Antes de discutir cada uma dos métodos e técnicas aplicados ao mapeamento de competências, é importante observar alguns cuidados metodológicos competências. que devem ser considerados para a descrição de 22 Segundo Carbone e outros(2005), o mais indicado é descrever as competências profissionais sob a forma de referenciais de desempenho, ou seja, de comportamentos, objetivos e passíveis de observação no ambiente de trabalho. Quando a descrição não é clara, as pessoas tendem a dar a cada competência a interpretação que melhor convém (CARBONE, et al., 2005). A descrição de uma competência, portanto, deve representar um desempenho ou comportamento esperado, indicando o que o profissional deve ser capaz de fazer. Esse comportamento deve ser descrito utilizando-se em verbo e um objetivo de ação. A ele pode ser acrescido sempre que possível e conveniente, uma condição na qual se espera, que o desempenho ocorra. Pode incluir, ainda, um critério que indique um padrão de qualidade considerado satisfatório. Na descrição de competências, deve-se evitar: a – a construção de descrições muito longas e a utilização de termos técnicos que dificultem a compreensão das pessoas; b – ambigüidades, como, por exemplo, “ implementa modelos de gestão bemsucedidos em outras organizações “. Não se sabe, nesse caso, se a pessoas deve ser capaz de “implementar, na organização em que trabalha, modelos de gestão que foram bem-sucedidos em outras organizações”, ou, então “implementar, em outras organizações, modelos de gestão bem-sucedidos”. Essa redação é ambígua, dando margem a dupla interpretação; c – irrelevâncias e obviedades, como, por exemplo, “coordena reuniões que são marcadas”. Nesse caso, bastaria dizer: “coordena reuniões”; d – duplicidades, como em “soluciona problemas de forma criativa e original”; 23 e – abstrações, como, por exemplo, “pensa o inédito, sugerindo idéias que resolvam divergências”. Nesse exemplo, seria melhor dizer simplesmente: “sugere idéias para solucionar problemas”; e f – a utilização de verbos que não expressem uma ação concreta, ou seja, que não representem comportamentos passíveis de observação no trabalho, como, por exemplo, saber, apreciar, acreditar e pensar entre outros. Segundo Bruno-Faria e Brandão (2003), para obter boas descrições de competências sugerem: a – utilizar verbos que expressem uma ação concreta. Ou seja, que representem comportamentos observáveis no trabalho, como, por exemplo, analisar, organizar, selecionar, comunicar, avaliar e formular; b – submeter as descrições à crítica de pessoas-chave da organização, visando identificar possíveis inconsistências e inadequações; e c – realizar a validação semântica das competências descritas, visando garantir que todos os funcionários compreendam o comportamento descrito. Com base nessas considerações sobre a descrição de competências, pode-se, então, discutir as principais técnicas de pesquisa e procedimentos utilizados para identificar competências relevantes à consecução dos objetivos organizacionais. Geralmente primeiro é realizada uma análise de documentos que compõem o planejamento estratégico da organização. Essa análise de conteúdo da estratégia organizacional objetiva identificar categorias, descrever objetivamente o conteúdo de mensagens e identificar indicadores que permitam fazer inferências a respeito de competências relevantes para a concretização dos objetivos da organização, conforme Guimarães e outros (2001). 24 2.4 – Entrevista para mapear competências A entrevista constitui outra técnica de pesquisa bastante aplicada ao mapeamento de competências. Geralmente é utilizada para cotejar a percepção dos entrevistados com os dados apurados na análise documental, visando identificar as competências relevantes à organização. Nesse caso, o entrevistador seleciona as pessoas a serem entrevistadas entre aquelas que possuem maior conhecimento da organização. Depois, formula um roteiro de perguntas e agenda as entrevistas. Ao iniciar a coleta de dados, o entrevistador deve expor ao respondente os objetivos do trabalho e a importância de sua colaboração, bem como garantir o anonimato para quaisquer declarações. Deve-se, ainda, valorizar a participação do respondente, buscando uma relação de empatia. Para compor o roteiro da entrevista, Carbone e outros (2005) sugerem a utilização de questões, como, por exemplo: Que competências profissionais você julga relevantes para a consecução dos objetivos organizacionais? Para que a organização consiga concretizar sua estratégia, os funcionários devem ser capazes de quê? Como você reconhece um desempenho competente? É recomendável gravar os depoimentos e registrar notas que facilitem a compreensão das respostas. Findas as entrevistas, as respostas devem ser transcritas e analisadas, visando identificar e descrever, de forma objetiva, as competências mencionadas pelos entrevistados como relevantes à organização. Na análise de conteúdo das entrevistas, deve-se interpretar o discurso do entrevistado, procurando identificar aspectos subjacente às respostas. (CARBONE et al., 2005). 25 É importante verificar a frequência com que cada competência é mencionada nas entrevistas, visto que o número de menções realizadas a respeito de determinado item é um indicativo da sua relevância. Muitas vezes, nem o pesquisador nem os profissionais objeto do estudo dispõem de tempo para entrevistas individuais. Nesse caso, uma alternativa é realizar uma entrevista coletiva, também denominada grupo focal ou focus group. Em um grupo focal o entrevistador atua, como moderador, estimulando e coordenando a discussão dos participantes a respeito de determinado tema, a fim de obter os dados desejados. Os grupos geralmente possuem entre 6 e 12 participantes, pois um número superior a esse pode dificultar a expressão de todos os componentes, enquanto um número inferior pode não gerar idéias ou manifestações suficientes. É recomendável, ainda, que os participantes tenham características demográficas e socioeconômicos semelhantes, para que haja identificação e integração entre eles, facilitando a discussão. Segundo Carbone e outros (2005), a exemplo do que ocorre na entrevista individual, o entrevistador necessita elaborar um roteiro de questões e estabelecer os procedimentos para registro dos dados, o tamanho e a composição do grupo. A discussão realizada pelo grupo focal deve ser transcrita e analisada, visando identificar quais competências os entrevistados mencionaram como relevantes à organização. Para identificar o comportamento competente, o pesquisador pode optar, ainda, pela observação. Esta constitui- se em uma análise detalhada do objeto estudado, ou seja, das competências relevantes ao trabalho das pessoas. Independentemente do tipo de observação realizada é fundamental para o bom desenvolvimento do processo de coleta de dados, que seja mantido um 26 relacionamento amistoso e um clima de confiança entre o investigador e componentes da equipe de trabalho. Por meio da observação torna-se possível identificar as competências que indivíduos e grupos expressam no trabalho e o grau de importância delas para o exercício de uma atividade. Carbone e outros (2005) ressaltam que uma das vantagens da observação no mapeamento de competências, refere-se à possibilidade de verificar detalhes do desempenho de pessoas e grupos, identificando dados que poderiam ser omitidos pelos pesquisados, caso a coleta fosse realizada por meio de entrevistas ou questionários. O questionário por sua vez, é talvez a técnica mais utilizada para mapear competências relevantes para um contexto organizacional”. (BRANDÃO e BAHRY 2005). A formatação desse instrumento de pesquisa geralmente requer a aplicação prévia de uma ou mais das técnicas já relatadas (análise documental, observação e entrevista), com o objetivo de identificar elementos para compor os itens o questionário. Nesse caso, o pesquisador identifica, por meio de análise documental e/ou entrevistas, competências consideradas relevantes para a organização. Depois, ordena e descreve essas competências que deverão compor os itens do questionário, eliminando ambigüidades, duplicidades e irrelevâncias, segundo Brandão e outros (2001). Para a elaboração dos enunciados e itens do instrumento, deve-se evitar frases longas e expressões técnicas, extremadas ou negativas. A próxima etapa consiste em definir a escala mais adequada para os respondentes do questionário avaliarem o grau de importância das competências. Segundo Brandão e outros (2001), pode-se utilizar por exemplo, 27 uma escala do tipo “diferencial semântico”, também conhecida como escala de Osgood, que utiliza adjetivos de significados opostos em seus extremos. Outra alternativa é utilizar uma escala tipo Likert para avaliar o grau de importância das competências, conforme sugerido por Carbone e outros (2005). Enquanto na escala de Osgood apenas os pontos extremos da escala recebem rótulos, na escala tipo Likert todos os pontos recebem rótulos específicos. É possível também utilizar uma escala comparativa, em que se compara a importância de uma competência em relação a outra, ou, ainda, uma escala de ordenação, solicitando ao respondente que ordene as competências de acordo com a importância de cada uma, colocando, em primeiro lugar, a competência considerada mais importante e, em último, a menos importante e, em último, a menos importante. É importante também incluir, ao final do questionário, uma seção destinada aos dados pessoais e profissionais do respondente, como, por exemplo: idade, gênero, grau de escolaridade, formação, cargo exercido, tempo de trabalho na organização e outros elementos relevantes, conforme o caso. Independentemente da escala de avaliação utilizada, é importante realizar uma validação semântica do questionário antes de sua aplicação, conforme sugerido por Pasquali (1997), visando verificar se o enunciado, a escala e os itens do instrumento são compreendidos pelos respondentes. Para realizar essa análise, o pesquisador deve aplicar o questionário em uma pequena amostra e depois entrevistar os respondentes, procurando identificar eventuais dificuldades de resposta, falhas ou incorreções no questionário, eliminar ambigüidades e itens sugestivos. Realizados os eventuais ajustes ou as eventuais correções no instrumento de pesquisa, o pesquisador pode finalmente aplica-lo. 28 Além da identificação das competências necessárias à estratégia organizacional, o mapeamento de competências pressupõe também inventariar as competências internas já disponíveis na organização, com o propósito de identificar a lacuna entre as competências necessárias e as já existentes na organização (CARBONE et al., 2005). A identificação das competências disponíveis na organização geralmente é realizada por meio de instrumentos de avaliação de desempenho, uma vez que a competência humana é expressa em função do desempenho da pessoas no trabalho, conforme apontado por Brandão e Guimarâes(2001). Uma vez realizado o mapeamento da lacuna de competências, pode-se então planejar e realizar a captação e/ou o desenvolvimento de competências profissionais, visando minimizar essa lacuna, bem como retribuir os profissionais que manifestam, de forma exemplar, necessárias à consecução dos objetivos organizacionais. as competências 29 CAPÍTULO III SELEÇÃO POR COMPETÊNCIAS: GARIMPANDO TALENTOS E POTENCIAIS Os processos seletivos atuais vêm quase sempre acompanhados de duas demandas: agilidade de resposta – preenchimento da vaga em tempo hábil e qualidade no atendimento – indicação de candidatos que atendam ao perfil desenhado pelo detentor da vaga. Nesse último item, encontra-se o grande desafio dos selecionadores: traduzir as expectativas do cliente em um perfil passível de ser avaliado, mensurado, descrito em competências e que sinalize em direção à assertividade nas escolhas. Para obtermos eficácia no processo seletivo é essencial que o perfil de competências a ser identificado esteja bem ajustado à demanda do detentor da vaga. Mas como faze-lo? As atividades desenvolvidas de recrutamento e seleção de pessoal foram adquirindo forma e critérios diferenciados à medida que as organizações passaram a ser mais competitivas no mercado. A seleção por competências tem por objetivo fornecer aos gestores e profissionais de Recursos Humanos, ferramentas que permitam mapear o perfil de competências. Com base no perfil de competências, esta metodologia cria recursos personalizados para identificar, entre os possíveis candidatos, quem possui o perfil mais compatível com a vaga disponível. Estas ferramentas usadas são a Entrevista Comportamental com foco em competências e Jogo com foco em Competências. É uma metodologia desenvolvida para os 30 gestores selecionarem seus times de trabalho com consistência, foco e objetividade. Rabaglio (2001 – p.7): O grande objetivo da Seleção por Competência é, através de uma metodologia consistente e objetiva, elaborar em mapeamento de competências para cada cargo da organização e fornecer ferramentas específicas para identificação esse perfil de competência no repertório comportamental dos candidatos, sempre com foco nas estratégias e competências organizacionais. O Perfil de competências deve ser montado através de indicadores de Competências. No entanto, este é o maior erro cometido por selecionadores ou gestores, que relacionam uma enorme quantidade de competências porque acham que são importantes, mas não extraíram realmente essas competências de indicadores reais. O processo de seleção deve ser conduzido com a determinação de resguardar sua objetividade e precisão. A seleção por competências tem como benefício, a objetividade e o foco que outras metodologias de seleção não oferecem. Entre as práticas adotadas visando esse fim, destacam-se dois modelos: o baseado na descrição de cargos e o do mapeamento das competências. No processo de seleção tradicional, conforme destaca Chiavenatto(1981) trata-se de uma prática que adota como critério a descrição do cargo, levando-se em conta os elementos componentes de um trabalho e de sua interação, com o objetivo de determinar as condições necessárias a um desempenho adequado. Nesse contexto, a ficha profissiográfica é o instrumento adequado para por em prática a realização da atividade de seleção, uma vez que pretende 31 levantar todos os elementos preditivos de um bom desempenho, e através dela, a seleção encarrega-se de predizer o trabalho do futuro ocupante do cargo. No modelo de seleção por competência o perfil do colaborador a ocupar um determinado cargo passa a ser o critério fundamental da escolha entre os candidatos. Esse perfil deverá contemplar todos os tipos de informações relevantes, tanto para a seleção quanto para que o candidato conheça as condições da vaga, tais como: perfil da vaga, perfil profissional e pessoal e perfil de competências. A seleção por competências pode ser usada tanto por quem já implementou a Gestão por Competências, ou por quem ainda pretende implementá-la. A organização que adotar a seleção por competência, naturalmente vai adaptar esta metodologia ao modelo de gestão que implementou. Pode ser usada também para qualquer cargo, do operacional ao executivo, com decisões e planos estratégicos definidos para cada cargo ou função. As organizações devem usar esta técnica, com o objetivo de profissionalizar seus recursos humanos, seus gestores e valorizar a seleção bem feita com foco em resultados. Afinal, a seleção é aporta da empresa, o início de tudo. Não basta admitir pessoas, se busca perfis específicos para o sucesso em atribuições específicas e para isso, é preciso ter técnica, ferramenta que permita um trabalho de qualidade. A vantagem da seleção por competência, é que na seleção tradicional a observação de comportamento é uma coisa subjetiva, vaga e inconsistente. Com as ferramentas da seleção por competências a observação dos comportamentos específicos, que são realizados através de ferramentas específicas, dá consistência, foco e objetividade, tendo como conseqüência resultados mais eficazes. 32 3.1 – As principais etapas para a implantação da seleção por competências. A seleção por competências tem como benefício, a objetividade e o foco que outras metodologias de seleção não oferecem, apresentando técnicas e ferramentas mais atualizadas do mercado, podendo ser utilizadas para qualquer cargo, do operacional ao executivo. O primeiro passo da metodologia é a construção de um Mapeamento de Competências, ou seja, o Perfil de Competências do caro ou função. Através dos indicadores de competências, é possível obter-se um perfil consistente, atualizado e detalhado, dispensando suposições, muitas vezes utilizados para montar um perfil inconsistente. Esta é a primeira e significativa etapa do processo de seleção por competência – A construção do perfil de competências. Essa fase, que deve ser realizada em parceria com a área requisitante, consiste inicialmente em ouvir e traduzir de maneira objetiva as expectativas do detentor da vaga. É comum solicitarem o perfil de maneira geral, como por exemplo: “ o candidato deve ter iniciativa, boa comunicação, bom relacionamento.” É preciso definir quais são os indicadores comportamentais que caracterizam pata requisitante, iniciativa, boa comunicação e bom relacionamento. As competências estratégicas são eleitas através de um processo que as alinha à missão, aos valores e à visão da empresa. É isto que vai torna-las um instrumento forte que deixará claro para os talentos humanos como poderão contribuir para a organização. Com base no perfil de competências é possível avançar para o segundo passo, que é a Elaboração da Entrevista Comportamental e os Jogos com foco 33 em Competências que são as duas ferramentas propostas pela metodologia, segundo Rabaglio (2001). A entrevista comportamental é uma entrevista personalizada. Cada perfil de competências gera uma entrevista específica. Na entrevista por competências, parte-se do pressuposto de que os comportamentos passados podem dar indícios de comportamentos futuros, e por isso adota-se como instrumento de trabalho uma pesquisa de comportamentos e resultados anteriores, objetivando a previsão de comportamento futuros que podem ou não colaborar para o sucesso do profissional na organização. O jogo é um a técnica vivencial que permite investigar melhor os comportamentos dos candidatos, com base no perfil de competências do cargo, através de exercícios diversos em tempo real. Esta fase do processo seletivo conta com a participação do requisitante como observador. A participação da área requisitante em todo o processo seletivo é muito importante para que os objetivos sejam alcançados em conjunto, e que a responsabilidade de uma seleção bem planejada e realizada é da parceria entre área de seleção e ares requisitante. Sendo assim, na entrevista comportamental observamos presença ou ausência de competências específicas no comportamento passado do candidato, enquanto no jogo, observamos essas competências no comportamento presente do mesmo. Enquanto no modelo tradicional de seleção a preocupação do selecionador era a de verificar a experiência e as condições físicas e mentais de um indivíduo para uma determinada vaga, no processo de seleção por competências faz-se necessário identificar os conhecimentos, habilidades e 34 atitudes necessárias para que um indivíduo venha a desenvolver o trabalho inerente à vaga em aberto. Conforme observa Trasatti & Costa (1999) o conceito da administração de recursos humanos por competências, incluindo a atividade de selecionar, fornece uma metodologia clara e coerente que permite ampliar a gestão de novas exigências entre os colaboradores e a empresa. 3.2 – Entrevista com foco em competências Pa investigar o comportamento dos indivíduos em uma seleção uma das técnicas mais utilizadas é a entrevista. Segundo Marras(2000) esta objetiva detectar dados e informações dos candidatos, subsidiando avaliação do processo seletivo. Tendo em vista a necessidade das organizações avaliarem o comportamento dos indivíduos e não simplesmente as suas capacidades e experiências, a entrevista passou a ter outro conteúdo avaliativo. Quando o aspecto comportamental ganha uma conotação maior e essencial para a organização para a avaliação das experiências e qualificações dos candidatos ela recebe o nome de Entrevista com Foco em Competências Funcionais. Para tal é preciso passos consistentes desde a definição de competências críticas do negócio, humanas e do cargo. Competências funcionais, conforme Trassati & Costa(1999) diz respeito à performance, que sinalizam comportamentos e habilidades das pessoas compatíveis com o contexto estratégico da empresa. Conforme destaca Rabaglio(2001) a entrevista comportamental é estrategicamente estruturada para investigar o comportamento passado da pessoa numa situação similar da competência a ser investigada, Partindo desse pressuposto o entrevistador procurará, através dessa técnica de 35 entrevista, coletar exemplos de situações vividas pelo candidato, procurando saber o que ele fez, sentiu e pensou e quais os resultados da ação em determinada situação. O fortalecimento da parceria entre o profissional de RH e requisitante é imprescindível em todas as etapas do processo que possibilitará a elaboração do mapeamento e conceituação das competências. 3.3 – Entrevista com foco em competências e suas etapas Para dar início ao processo da entrevista por competência comportamental é necessário: o perfil de competências, perguntas abertas específicas com foco em competências e por fim, o planejamento das etapas da entrevista. O perfil de competências compreende competências técnicas e comportamentais. Para elaborar o perfil é necessário o levantamento de diversos aspectos da empresa, atribuições do cargo atualizadas, principais características e desafios do cargo, além de dados concretos da vaga (salário, benefícios, local de trabalho entre outras) e perfil profissional e pessoal (experiência profissional, escolaridade, idade etc). A entrevista comportamental permitirá ao entrevistador coletar dados e verificar se o candidato possui as competências necessárias para o cargo em questão. Através de perguntas elaboradas, baseadas no perfil de competências, atingindo dessa forma maior objetividade e assertividade na seleção. A elaboração das perguntas deve ser cuidadosa, respeitando algumas regras, como o estudo do perfil e as competências comportamentais mais indicadas para a função, perguntas objetivas e não hipotéticas. As perguntas deverão estimular o candidato a falar e não responder por monossílabos. Além 36 de investigar junto ao mesmo, como chegou a determinada ação, como foi o processo decisório, qual foi o resultado, principalmente quando se referirem à solução de problemas. Dessa forma o profissional de RH deverá formular perguntas abertas específicas, com verbos de ação no passado e com foco nas competências. O candidato por sua vez, deverá produzir respostas que tenham: Contexto, Ação e Resultado. As respostas que não explicitem esses três requisitos são consideradas vagas e imprecisas, cabendo ao entrevistador explorar mais detalhes com a intenção de obter maiores esclarecimentos. Diante das informações completas, pode-se analisar as competências presentes ou não, comparando-se com aquelas definidas no perfil de competências. As etapas da entrevista deverão ser planejadas para garantir um bom resultado. Após a triagem dos currículos e seleção daqueles que atendem aos pré-requisitos da vaga, deve-se agendar as entrevistas com os candidatos. A entrevista deverá ser realizada num local reservado, sem interrupções e com poucos estímulos visuais. A pontualidade por parte do profissional de RH significa respeito pelo ser humano, além de proporcionar uma imagem positiva do processo seletivo e da empresa. Com todo o material necessário em mãos, o entrevistador deverá estabelecer um rapport com o candidato, falando resumidamente sobre a empresa e esclarecendo as condições da vaga. A entrevista deverá seguir através da coleta de informações profissionais e pessoais, além das perguntas baseadas no perfil de competências. Para finalizar, o entrevistador deverá dar oportunidade para o candidato fazer algumas considerações e em seguida explicar-lhe as etapas posteriores da seleção, comprometendo-se em lhe dar um retorno sobre cada fase. 37 3.4 – Uso da curva normal na seleção por competência O selecionador deverá estabelecer parâmetros que permitam medir o nível de domínio nas competências do perfil. Uma das formas é usar a curva normal. Através da descrição de ações, comportamentos e atitudes relativas à árvore de cada competência, o selecionador posiciona cada pessoa em um ponto da curva. Tal procedimento permite visualizar as posições de cada participante. Há aqueles que situam-se na área crítica (abaixo do esperado), os que ficam nas médias inferiores e superiores e aqueles que se destacam. Vale ressaltar que é raro um candidato ficar em um mesmo quadrante em todas as competências. As atividades presenciais no processo seletivo já dominam o mercado e precisam ser discutidas, analisadas e testadas, de forma a trazer os resultados esperados. Hoje em dia a seleção por competências vem ganhando espaço nas organizações. Isso porque através dela se diminui as chances da seleção ocorrer de maneira errada, sendo capaz de medir cada habilidade que os indivíduos possuem para um bom desempenho no cargo. Entre as vantagens da seleção por competências destacam-se: mais objetividade, processo sistemático; maior facilidade na avaliação do desempenho futuro; maior garantia de uma contratação de sucesso; maior adequação do profissional à empresa; turnover mais baixo, maior produtividade. No mercado atual, as contratações estão sendo valorizadas pelas características pessoais do indivíduo do que as técnicas. As pessoas mais procuradas são as competentes com habilidades técnicas, políticas e comportamentais que atinjam resultados, compartilhem valores, planejem, liderem, organizem, controlem e satisfaçam os requisitos na execução de seu papel na empresa. Com a competitividade predominando nas organizações, as 38 empresas exigem mais de seus colaboradores, sendo fundamental a adequação ao cargo, produza e se relacione bem. Por isso, a importância de pessoas qualificadas com aptidões e dons para desempenhar suas funções. As aptidões podem permanecer ocultas quando outros fatores não favorecem sua manifestação. Podem ser substituídas quando as condições psicológicas permitam ao indivíduo diversas condições de ajustamento. São divididas em sensoriais, motoras e mentais. Então atualmente, o colaborador que não apresentar as competências exigidas para o cargo, estará fora do mercado de trabalho e não será visto de boa maneira. A palavra “competência” tornou-se requisito fundamental para se conseguir um emprego. Quando se identificam as competências se tem a pessoa certa, para o lugar certo e no momento certo. Ao identificar competências e habilidades técnico-operacionais, pessoais e gerenciais para todos os cargos, se conclui que é muito importante fazer gestão de competências dos cargos. Chega-se a esta conclusão quando se vê que na seleção, treinamento, remuneração, administração de talentos, carreira, sucessão e avaliação de desempenho é necessário considerar as competências dos cargos. A seleção por competências é fundamentada em fatos reais e mensuráveis como as capacidades, os atributos e as qualidades comportamentais. É preciso analisar suas limitações nos aspectos que envolvem número de candidatos, tempo para preenchimento da vaga, perfil do cargo, estrutura da empresa selecionadora e capacidade técnica do avaliador. Na entrevista com foco em competências o desempenho passado constitui o melhor indicador do desempenho futuro, tendo como principal objetivo investigar a presença ou a ausência das competências no comportamento do candidato. As competências necessárias para a realização das tarefas são definidas a partir das atribuições do cargo. O perfil de competências é montado a partir das áreas físicas da organização, equipamentos, cultura da empresa, cultura da equipe, perfil do líder da equipe, atribuições ou descrição de cargo atualizada, principais desafios e dificuldades 39 do cargo e características principais do cargo. Além dessas competências, devem ser complementados o perfil da vaga e o perfil pessoal e profissional. No perfil da vaga inclui salário, benefícios, local de trabalho, horários, folgas, atribuições, responsabilidades, valores pessoais do candidato e da empresa. No perfil pessoal e profissional inclui idade, sexo, local de moradia, experiência profissional, conhecimentos e exigências legais. A competência é instalada quando há conhecimento, habilidades e atitudes interagindo, de forma dinâmica, nas diversas ocasiões vivenciadas pelo indivíduo. Depois de reunir as informações sobre o cargo a ser preenchido é necessário escolher as técnicas de seleção para conhecer e escolher os candidatos adequados. As técnicas de seleção utilizadas são: entrevista, provas de conhecimento ou capacidade, testes psicométricos, testes de personalidade e técnicas de simulação. Cada organização determinará os processos e os procedimentos de seleção mais adequados e que sejam capazes de proporcionar os melhores resultados. Todo o processo seletivo precisa ser eficiente e eficaz. A eficiência quer dizer fazer corretamente as coisas e a eficácia em alcançar resultados e atingir objetivos. As empresas estão mais rigorosas na seleção dos talentos. Não adianta falarmos em reter talentos se erramos no processo de contratação. Muitos testes e avaliações psicológicas entraram em descrédito devido à falta evidente de acertos. A partir daí, os gestores de RH e as consultorias começaram a procurar ferramentas mais eficientes como a seleção por competências. A seleção por competências é prática, objetiva e trabalha com base em fatos e evidências, ao invés de se pautar em suposições ou interpretações. A entrevista é estruturada com uma linguagem simples, onde o entrevistado tenha tranqüilidade para se expressar, um ambiente de confiança 40 e de transparência. Não se pode esquecer, que hoje a maior causa de demissão nas empresas está relacionada a fatores comportamentais e a seleção por competências tem se mostrado um método muito eficiente para evitar problemas dessa natureza. 41 CONCLUSÃO No atual mundo globalizado, observamos que, por vezes, muitos trabalhadores acabam se submetendo ou até mesmo incorporando a cultura vigente, onde predominam a flexibilidade e a rotatividade de empregos; como uma maneira de sobrevivência e manutenção de seus empregos ao ponto de aceitarem as regras impostas pelo mercado como: diferenças salariais e até extremadamente a perda de direitos e benefícios. Em contrapartida, o que hoje conhecemos como Recursos Humanos Estratégico tenta modificar a idéia da situação de exclusão, buscando uma empregabilidade, uma garantia, com menos turnover, hoje grande desafio da área de RH. A Metodologia das Competências, quando abordado, no cenário atual, traz, no entanto, implicações contrárias para o trabalhador. Por uma lado, vemos como um aspecto positivo, a valorização do trabalho, que assume um caráter mais intelectual, menos prescritivo, exigindo a mobilização de competências que envolvem domínios cognitivos mais complexos e que vão além da dimensão técnica, exigindo novas qualificações do trabalhador, onde os níveis de escolaridades serão elevados. Como aspecto positivo, podemos ressaltar a valorização dos saberes, da inteligência prática dos trabalhadores, o que será independente de seus títulos ou diplomas; uma maior diversificação do trabalhador, permitindo-lhe experiências com diversos processos e equipamentos e assumir diferentes cargos e funções, tornando-o mais qualificado. Como aspecto negativo, observamos a intensificação do trabalho e a desprofissionalização, que são conseqüências de uma polivalência estreita e cruel, o que decorre devido ao reagrupamento das tarefas e pelo fechamento dos postos de trabalho, ou mesmo pela redução dos quadros das empresas com demissões. 42 Por fim, as organizações que não entenderem e procurarem se adequar as novas regras do cenário atual, ficarão obsoletas. Com um mercado altamente competitivo, só terá espaço para de desenvolver, aqueles que tiverem em seu quadro, colaboradores competentes, grande diferencial e patrimônio de uma empresa. 43 BIBLIOGRAFIA CONSULTADA BRANDÃO, Hugo Pena; GUIMARÃES, Tomás de Aquino. Gestão de competências e gestão de desempenho: tecnologias distintas ou instrumentos de um mesmo constructo?. Revista de Administração de Empresas, São Paulo, v. 41, n.1, p. 8-15, jan./mar. 2001. BRUNO-FARIA, Maria de Fátima;BRANDÃO, Hugo Pena. Gestão de competências: identificação de competências relevantes a profissionais da área de T&D de uma organização pública do Distrito Federal. Revista de Administração Contemporânea, Rio de Janeiro, v. 7, n.3, p. 35-36, Jul/Set. 2003. CARBONE, Pedro Paulo; BRANDÃO, Hugo Pena; LEITE, João Batista Diniz. Gestão por competências e gestão do conhecimento. Rio de Janeiro: Fundação Getúlio Vargas, 2005. CHIAVENATO, Idalberto. Administração de Recursos Humanos. São Paulo: Ed. Atlas, 1981. DUTRA, Joel Souza. Competências: conceitos e instrumentos para a gestão de pessoas na empresa moderna.São Paulo: Atlas, 2004 FLEURY, Afonso; FLEURY, Maria Tereza. Estratégias empresariais e formação de competências: um quebra-cabeça caleidoscópico da indústria brasileira. São Paulo: Atlas, 2001. 44 RABAGLIO, Maria Odete. Seleção por Competências. Ed. Educator. São Paulo, 2001. TRASSATI, S.R. & COSTA, M.I. Administração de Recursos Humanos por Competências: A Gestão do Novo Contrato entre Pessoas e Empresas do terceiro Milênio in: NERI, A.A. Gestão de RH por Competências. Campinas, Papirus, 1999. VERGARA, Sylvia Constant. Gestão de Pessoas. São Paulo: Atlas, 2007. Sites Consultados: www.gestaoporcompetencia.com.br WWW.guiarh.com.br www.psicologia.com.br WWW.rh.com.br www.rhportal.com.br WWW.wokplan.com.br 45 ÍNDICE FOLHA DE ROSTO 2 AGRADECIMENTO 3 DEDICATÓRIA 4 RESUMO 5 METODOLOGIA 6 SUMÁRIO 7 INTRODUÇÃO 8 CAPÍTULO I A Noção de Competência 10 1.1 – Classificação das Competências 12 1.2 – Competências requeridas do Gestor 12 CAPÍTULO II Gestão por Competências 16 2.1 – Competência versus Capacidade ou Potencial 18 2.2 – As Vantagens da Implantação da Gestão por Competências 19 2.3 – Desmistificando o mapeamento das competências 20 2.4 – Entrevista para mapear competências 24 CAPÍTULO III Seleção por Competências: Garimpando Talentos e Potenciais 29 3.1 – As principais etapas para a implantação da seleção Por competências 32 3.2 – Entrevista com foco em competência 34 3.3 – Entrevista com foco em competência e suas etapas 35 46 3.4 – Uso da Curva normal na Seleção por competência 37 CONCLUSÃO 41 BIBLIOGRAFIA CONSULTADA 43 ÍNDICE 45 FOLHA DE AVALIAÇÃO 47 47 FOLHA DE AVALIAÇÃO Nome da Instituição: Título da Monografia: Autor: Data da entrega: Avaliado por: Conceito: