797
Trabalho 177 - 1/3
IDENTIFICAÇÃO DO DIAGNÓSTICO DE ENFERMAGEM
AUTOCONTROLE INEFICAZ DE SAÚDE NAS DOENÇAS CRÔNICAS:
VALIDAÇÃO DE INSTRUMENTO
BITENCOURT, Graziele Ribeiro1
SANTANA, Rosimere Ferreira2
SILVA, Carlos Magno Carvalho da3
MOREIRA, Elaine Cristina Sayão Gray4
(iii)Introdução: As doenças crônicas podem ser definidas como condições ou problemas de
saúde com sintomas ou incapacidades associadas com tratamento prolongado (3 meses ou
mais). Podem estar integradas a fatores genéticos, outras enfermidades ou lesão e seu
tratamento inclui aprender a viver com os sintomas e/ou insuficiências, além de realizar
adaptações no estilo de vida e regimes, os quais se destinam a manter sintomas sob controle e
evitar complicações. 1 A cronicidade pode não estar associada ao risco de vida imediato, mas
causa sobrecarga substancial para a saúde e pode trazer impactos econômicos, detrimento da
qualidade de vida dos indivíduos, famílias e comunidades. Na população idosa, essas doenças
são mais proeminentes, acompanhadas por limitações físicas, perdas cognitivas, sintomas
depressivos, declínio sensorial, acidentes e isolamento social.
2
Dentre elas, destacam-se o
comprometimento respiratório, condições coronárias avançadas, debilidade renal, distúrbios
cardiovasculares, artrite, distúrbios emocionais ou psicológicos como ansiedade ou depressão
e endócrinas como a diabetes tipo 2. 3 Destarte, o crescente da população acima de 60 anos
traz o aumento da clientela com doenças crônicas e a conseqüente necessidade de parâmetros
de avaliação de adesão ao seu tratamento. A falta de adesão a este pode acarretar na
agudização do quadro, com o aparecimento de complicações severas, aumento do índice de
internações e piora da condição de saúde desta clientela. Uma das Teorias que envolvem esse
processo de aceitação do regime estabelecido é a Promoção da Saúde de Nola Pender, a qual
integra a psicologia social e uma perspectiva holística de enfermagem. Com isso, pode ser
Relatora. Enfermeira Especialista em Enfermagem Gerontológica formada pela EEAAC/UFF. Residente pela
Secretaria Municipal do Rio de Janeiro/Souza Aguiar E-mail: [email protected] Tel. (21) 9149-1846.
2
Doutora em Enfermagem pela EEAN/UFRJ. Professora Adjunta MEM/UFF. Líder do Grupo de Estudos e
Pesquisa em Enfermagem Gerontológica (NEPEG). E-mail: [email protected]
3
Discente da Escola de Enfermagem Aurora de Afonso Costa (EEAAC). Universidade Federal Fluminense
(UFF). E-mail: [email protected]
4
Enfermeira, Professora substituta do Departamento Materno Infantil e Psiquiátrico da Escola de Enfermagem
Aurora de Afonso Costa da Universidade Federal Fluminense (EEAAC / UFF) Discente do Curso de
Especialização em Enfermagem Obstétrica da Escola de Enfermagem Anna Nery (EEAN / UFRJ), –
[email protected]
1
798
Trabalho 177 - 2/3
utilizado como método de análise para entender e explicar o fenômeno da adesão, norteador
da ação dos enfermeiros.
4
Um outro modo de avaliação deste fenômeno de não-adesão ao
regime é o diagnóstico de enfermagem Autocontrole ineficaz de saúde, definido como padrão
de regulação e integração à vida diária de um regime terapêutico para tratamento de doenças e
suas seqüelas que é insatisfatório para alcançar as metas de saúde. 5 A partir disso, delimitouse como objeto deste estudo: a elaboração de um instrumento de análise do diagnóstico de
enfermagem Autocontrole Ineficaz da Saúde no idoso hospitalizado na clínica médica com
base no NANDA 2009/2001 e fundamentado na Teoria de Promoção da Saúde de Nola
Pender. Deste modo, pretende-se contribuir: à prática de enfermagem especializada no
cuidado ao idoso por meio do advento de instrumento facilitador da detecção de problemas da
área; pesquisas futuras nesta área, nas quais podem ser aprofundadas as informações sobre o
tema presentes neste estudo; e ensino levando-se em consideração a ênfase dos aspectos de
aplicação dos princípios gerontológicos a assistência de enfermagem. (ii) Objetivos: Elaborar
um protocolo de identificação do diagnóstico de enfermagem Autocontrole ineficaz da saúde;
e validar o instrumento com o auxílio de peritos especialistas na área do idoso e/ou
diagnóstico de enfermagem. (iii) Materiais e métodos. O método de desenvolvimento deste
estudo seguiu as 4 etapas de Fisher. Na primeira delas, o levantamento dos fatores relevantes,
foi realizada uma pesquisa com os aspectos considerados pertinentes a elaboração do
instrumento tendo como base os quesitos a serem avaliados e a população ao qual se
destinava, ou seja, os idosos internados na clínica médica. Na segunda etapa, seguiu-se com a
elaboração do instrumento com base nas características definidoras e fatores relacionados do
diagnóstico da NANDA 2009/2011 e sua entrega a 20 juízes, experts/peritos na área do idoso
e/ou diagnóstico de enfermagem, os quais foram solicitados a avaliação de clareza, linguagem
e análise do quesito proposto. Na terceira fase, validação do constructo, foi feita uma análise
dos dados com o objetivo de realizar a avaliação estatística inferencial do instrumento, na qual
será avaliado por estatística simples o percentual de concordância de cada item avaliado nas
características definidoras e fatores relacionados correspondentes ao diagnóstico em estudo.
Na quarta e última etapa, validação semântica, verificou-se o grau de compreensão dos itens
por parte dos peritos, dos quais também se levaram em consideração as mudanças referentes
aos padrões de expressões para facilitar a compreensão da clientela a qual o instrumento será
empregado. (iv) Resultados. Seguindo as etapas de Fischer, no levantamento de fatores
relevantes, os fatores pontuados como pertinentes foram as doenças crônicas e o processo de
envelhecimento; diagnóstico de enfermagem com enfoque no Autocontrole ineficaz da saúde;
e o modelo de Promoção à saúde de Nola Pender. Na segunda etapa, foi elaborado um
799
Trabalho 177 - 3/3
instrumento versando nos padrões de Likert, ou seja, questões ancoradas na possibilidade de
cinco alternativas referidas a concordância do sujeito avaliado em relação ao quesito proposto.
Na terceira etapa, o instrumento foi avaliado por 20 peritos/experts na área do idoso e de
diagnóstico.
Referentes às propostas avaliativas das 6 características definidoras do
diagnóstico de enfermagem em estudo, 10% dos peritos questionaram 1 das formas de
investigação do quesito, classificando o mesmo como inadequado. Nos 16 fatores
relacionados, foram enquadrados como inadequados 2 formas avaliativas por 20% dos
especialistas. Na quarta etapa, validação semântica, 10% dos peritos não compreenderam
expressões utilizadas nas formas investigativas, os quais sugeriram mudanças de termos para
a melhor compreensão dos quesitos investigados. Os níveis de concordância (k) obtidos
mostram que 23% das 22 questões apresentaram k entre 0,40 e 0,60 (concordância moderada)
e, ao somarem-se os níveis de concordância bom e excelente (k entre 0,61 e 1,00), têm-se
47% das questões. (v) Conclusões Em síntese, o instrumento foi classificado como adequado
e compreendido pelos peritos do estudo. As sugestões dadas para facilitar o processo de
compreensão foram adotadas. Uma versão final com estas foi elaborada para ser utilizada em
próximos estudos, uma vez que é sabido que o processo de validação é contínuo, isto é,
quanto mais evidências forem reunidas de que um instrumento mede aquilo que se propõe,
maior a confiabilidade que os pesquisadores terão em sua validade e utilização.
Palavras-chaves: Idoso, Promoção à saúde, Diagnóstico de enfermagem.
Referências
1. Franzen E et al. Adultos e idosos com mudanças com doenças crônicas: implicações para o
cuidado de enfermagem. Rev HCPA. 2007. 27(2):28-31.
2. Smeltzer SC, Bare BG. Brunner & Suddarth: tratado de enfermagem médico-cirúrgica. 10
ed. Rio de Janeiro: Guanabara Koogan, 2005.
3. Alves C. et al. A influência das doenças crônicas na capacidade funcional dos idosos do
Município de São Paulo. Cad. Saúde Pública. 2007. 23(8):1924-1930
4. Victor, JF et al.. Análise do diagrama do modelo de promoção da saúde de Nola J. Pender.
Acta paul. enferm. 2005; 18(3). 235-240.
5. North American Nursing Association. Diagnósticos de enfermagem da NANDA: definições
e classificação (2009-2011). Porto Alegre: Artmed, 2010.
Download

177 (pg.797) - ABEn Eventos