ESTUDO DO COMPORTAMENTO DE MANGUEIRAS TERMOPLÁSTICAS DE UMBILICAIS SUBMARINOS SUBMETIDAS A CARREGAMENTOS MECÂNICOS Alexandre Soares Rabelo Dissertação de Mestrado apresentada ao Programa de Pós-graduação em Engenharia Oceânica, COPPE, da Universidade Federal do Rio de Janeiro, como parte dos requisitos necessários à obtenção do título de Mestre em Engenharia Oceânica. Orientador: Ilson Paranhos Pasqualino Rio de Janeiro Junho de 2013 Rabelo, Alexandre Soares Estudo do comportamento de mangueiras termoplásticas de umbilicais submarinos submetidas a carregamentos mecânicos/ Alexandre Soares Rabelo. – Rio de Janeiro: UFRJ/COPPE, 2013. xvii, 101 p.: il.; 29,7 cm. Orientador: Ilson Paranhos Pasqualino Dissertação (mestrado) – UFRJ/ COPPE/ Programa de Engenharia Oceânica, 2013. Referências Bibliográficas: p.100-101. 1.Mangueiras Colapso. termoplásticas. 3.Umbilicais. I. 2.Pressão Pasqualino, de Ilson Paranhos. II. Universidade Federal do Rio de Janeiro, COPPE, Programa de Engenharia Oceânica. III. Título. iii Dedico esta dissertação a meus pais, Genoval (in memoriam) e Erenita. iv Agradecimentos A meus filhos, Lucas e Danilo, pela compreensão nos momentos em que estive ausente. À minha esposa, pela compreensão e apoio durante todo o curso. Ao meu orientador Prof. Ilson Paranhos Pasqualino pelo apoio e contribuição para a realizaçao deste trabalho. A Profa. Marysilvia Ferreira Costa pelo apoio e ensinamentos ao longo deste trabalho. À toda equipe do LTS pela contribuição, apoio técnico e administrativo em diversas fases deste trabalho, em especial, João Fabrício Machado de Castilho, Luciano Crespo, Diego Moniz, Danielle Monteiro Romão, Paulo Cesar da Camara M, Luciana Loureiro da Silva, Antônio R. B. Laurentino, Taís Dias de Assis, Reinaldo Merendaz. À toda equipe do Laboratório de Metalurgia e Materiais da COPPE/UFRJ, em especial, Luiza M. Sancier, Antonio Francisco Jumior, Pedro Viana Gomes, Agmar J. J. Silva. Aos amigos José Eduardo Mendonça da Silva e Samuel Rodrigues Cruz, pela ajuda e apoio viabilizando todo o trabalho. Aos amigos da Petrobrás, em especial, Willian Albuquerque da Silva - US-SUB, Volney Soares Lopes - CENPES, José Luiz Zaganelli – OP/P56, Diego M. G. – OP/P51, André Athayde Gonçalves – IPP, Marcelo Brack – IPP/UO-RIO, pela ajuda e orientação nas diversas fases deste trabalho. v Resumo da Dissertação apresentada à COPPE/UFRJ como parte dos requisitos necessários para a obtenção do grau de Mestre em Ciências (M.Sc.) ESTUDO DO COMPORTAMENTO DE MANGUEIRAS TERMOPLÁSTICAS DE UMBILICAIS SUBMARINOS SUBMETIDAS A CARREGAMENTOS MECÂNICOS Alexandre Soares Rabelo Junho/2013 Orientador: Ilson Paranhos Pasqualino Programa: Engenharia Oceânica Este trabalho apresenta um estudo experimental baseado em observações do comportamento de mangueiras termoplásticas quando submetidas a carregamentos mecânicos de pressão externa e interna. O estudo buscou trazer aspectos de falhas ocorridas em umbilicais armados em operação para comparar com os resultados de testes experimentais realizados em mangueiras termoplásticas sob variadas condições de carregamento de pressão interna e externa. Foi objetivo também deste trabalho, iniciar pesquisa de compatibilidade de materiais candidatos a substituir a Poliamida 11, que hoje é usada na fabricação do tubo principal de mangueiras termoplásticas de umbilicais de controle. O trabalho permitiu identificar o mecanismo de falha dessas mangueiras e um promissor substituto para tais elementos estruturais. vi Abstract of Dissertation presented to COPPE/UFRJ as a partial fulfillment of the requirements for the degree of Master of Science (M.Sc.) BEHAVIOR STUDY OF SUBSEA UMBILICAL THERMOPLASTIC HOSES WHEN SUBJECTED TO MECHANICAL LOADING Alexandre Soares Rabelo June/2013 Advisor: Ilson Paranhos Pasqualino Department: Ocean Engineering This dissertation presents an experimental study based on observations of thermoplastic hoses behavior when subjected to external and internal pressure loadings. The study presents some armored umbilicals failure data to compare to experimental results of thermoplastic hoses under different load history of external and internal pressure. The objective of this work is to initiate some research on new materials that could be used as an alternative to polyamide 11, which is the most common material used to manufacture the core of control umbilical thermoplastic hoses. The obtained results allowed not only to identify the failure mode of such hoses but also to propose potential candidates to replace the polymeric liner of polyamide 11. vii Sumário 1. Introdução.....................................................................................................................1 1.1 2. Proposta de Estudo ..............................................................................................2 Revisão Bibliográfica...................................................................................................3 2.1 Umbilicais de Controle Submarino.....................................................................3 2.1.1 Fabricação ............................................................................................................9 2.1.1.1 Fabricação de Mangueiras Termoplásticas........................................................9 2.1.1.2 Fabricação de Umbilicais................................................................................12 2.1.2 Qualificação........................................................................................................14 2.1.3 Instalação e Manuseio........................................................................................15 2.1.4 Falhas em Umbilicais ........................................................................................18 2.1.4.1 Deficiências Fabris .........................................................................................18 3. 2.2 Arvore de Natal...................................................................................................22 2.3 Trabalhos Anteriores ..........................................................................................24 Mangueiras Termoplásticas .......................................................................................33 3.1 Características Estruturais ................................................................. ............... 33 3.2 Materiais poliméricos ................................................................................ ....... 35 3.2.1 Polímeros - Estrutura Cristalina e suas Propriedades.........................................35 3.2.2 Comportamento Mecânico dos Polímeros .........................................................40 3.2.3 Considerações sobre Ensaios Mecânicos em Polímeros ...................................44 3.2.4 Considerações sobre Materiais da Mangueira Termoplástica ...........................48 3.3 4. Qualificação ........................................................................................................50 Estudo de Caso e Experimentos ................................................................................54 4.1 Falhas em Mangueiras Hidráulicas de Umbilicais de Controle Ocorridas em serviço ......................................................................................................................54 viii 4.2 Reprodução de falhas em laboratório - Ensaio de Pressão a Ruptura em Mangueiras Termoplásticas de Umbilicais de Controle .............................................60 4.2.1 Metodologia........................................................................................................60 4.2.1.1 Descritivo das Amostras..................................................................................60 4.2.1.2 Descritivo dos Ensaios Colapso/Explosão ......................................................60 4.2.1.3 Descritivo dos Ensaios Cíclicos Colapso/Explosão ........................................75 4.3 Ensaios para Caracterização de Materiais para Mangueiras Termoplásticas de Umbilicais de Controle..................................................................88 4.3.1 Descritivo dos Ensaios .......................................................................................88 4.3.1.1 Ensaio de Tração em amostras de Poliamida ..................................................90 4.3.1.2 Ensaio de Tração em amostras de Poliéster Termoplástico Parker ................92 4.3.1.3 Ensaio de Tração em amostras de Elastômero FMK.......................................94 5. Resultados Finais.............................. ....................................................................... 95 5.1 Considerações Gerais ......................................................................................95 6. Conclusões .................................................................................................................98 6.1 Sugestões .........................................................................................................98 Referências Bibliográficas ............................................................................................. 100 ix Lista de Ilustrações Fig.1 – Umbilical de mangueiras termoplásticas (armado) 03 Fig.2 – Umbilical elétrico de potência 04 Fig.3 – Umbilical elétrico de sinal 04 Fig.4 – Integrated Service Umbilical (ISU) 04 Fig.5 – Umbilical eletro-hidráulico de Mangueiras Termoplásticas 05 Fig.6 – Umbilical de Tubos de aço (Alta pressão e alta temperatura) 05 Fig.7 – Outros tipos de umbilicais 05 Fig.8 – Vista em corte de umbilicais de 12 e 5 funções 06 Fig.9 – Ilustração de um sistema submarino de produção interligado a um manifold 08 Fig.10 – Máquina extrusora para fabricação do liner de mangueiras termoplásticas 10 Fig.11 – Máquina trançando a aramida sobre o liner 10 Fig.12 – Máquina extrusora da capa externa da mangueira. 11 Fig.13 – Trecho de data sheet de umbilical de mangueiras termoplásticas do fabricante P 11 Fig.14 – Lay out da etapa de reunião das mangueiras (cabling) em uma espiraladora 12 Fig.15 – Aplicação de fita de alta resistência e extrusão de capa interna 12 Fig.16 – Assentamento helicoidal das camadas de arame pelas armatrizes 13 Fig.17 – Extrusão da capa externa e controle dimensional 13 x Fig.18 – Umbilicais acondicionados em bobinas 14 Fig.19 – Navio de lançamento de dutos flexíveis (PLSV) e seu tensionador 15 Fig.20 – Trinca em capa de UEH 19 Fig.21 – UEH com ondulações 19 Fig.22 – Torção de UEH em instalação 20 Fig.23 – Trinca em reparo de capa feito na fábrica 20 Fig.24 – Capa descolada do armour pot 21 Fig.25 – Arame rompido na solda 21 Fig.26 – Mangueira rompida em operação 22 Fig.27 – Esquemático de ANM de controle hidráulico direto 23 Fig.28 – Sistema multiplexado de controle. 23 Fig.29 – (a) Deformações no colapso e expansão da Poliamida 11; (b) Deformações no colapso e expansão do Viton® 26 Fig.30 – Tempo de Meia Vida x Temperatura para corpos de prova e mangueiras com fluido de controle C 30 Fig.31 – Tempo de Meia Vida x Temperatura para corpos de prova 30 Fig.32 – Tempo de Meia Vida para mangueiras de poliamida 11 e poliéster termoplástico a temperaturas de 40 e 70oC 31 Fig.33 – Tempo de Meia Vida para corpos de prova de poliamida 11 31 Fig.34 – Tempo de Meia Vida para corpos de prova de poliéster termoplástico 31 Fig.35 – Mangueira termoplástica 33 Fig.36 – Aspecto macroscópico do trançado de aramida 34 Fig.37 – Trecho de data sheet de umbilical do do fabricante M 34 xi Fig.38 – Visão microscópica da cristalização polimérica 35 Fig.39 – Variação do volume específico e as transições Tg e Tm 37 Fig.40 – Temp. Tg e Tm em ciclo de aquecimento e Tc em ciclo de resfriamento 38 Fig. 41– Relação entre temperaturas de transição e estados físicos de um polímero 41 Fig.42– Gráfico deformação x tempo em ensaio de fluência 42 Fig.43 – Gráfico tensão x tempo em ensaio de relaxação de tensão 42 Fig.44 – Cadeias poliméricas enoveladas (a) e alongamento na direção de s (b) 43 Fig.45 – Perfil do corpo de prova deformado durante ensaio de tração 44 Fig.46 – Marcação da região “linear”, determinação de s y 45 Fig.47 – Comprimento da região útil inicial (l0) e deformado (l) do CP após ensaio 45 Fig.48 – Tensão (TS) em materiais dúcteis e frágeis 46 Fig.49 – Cálculo da tenacidade 46 Fig.50 – Diferentes polímeros em ensaio de tração 47 Fig.51 – Efeito da temperatura na curva tensão x deformação do acrílico (termoplástico) 48 Fig.52 – Efeito da taxa de deformação na curva tensão x deformação da resina epóxi (termofixo) 48 Fig.53 – Evolução do comportamento em tração em função do tempo de envelhecimento das poliamida 6 (a) e poliamida 11(b) 49 Fig.54 – Registro de mangueiras danificadas 54 Fig.55 – Aspecto da seção transversal da região vincada 56 xii Fig.56 – Aspecto da ruptura da camada de Kevlar 56 Fig.57 – Aspecto do dano na região vincada 56 Fig.58 – Oscilação de pressão do sistema no primeiro bimestre 57 Fig.59 – Oscilação de pressão do sistema no segundo bimestre 58 Fig.60 – Oscilação de pressão no último bimestre de operação do umbilical 58 Fig.61 – Quadro cronológico de falhas e eventos 59 Gráfico A1 – Teste de ruptura mangueira M1 61 Gráfico A2 – Teste de ruptura mangueira M12 62 Fig.62 – Fotos C e D – Amostras M7 e M8 com a proteção tubular resinada 63 Fig.63 – Fotos E e F –Tubo interno do conector e mangueira danificada. 63 Fig.64 – Fotos G, H, I e J – Montagem do arranjo no conector da mangueira 64 Fig.65 – Fotos P e Q – Dano na mangueira M10 65 Fig.66 – Fotos R e S – Montagem mangueira M19 65 Gráfico A3 – Teste de ruptura mangueira M5 66 Gráfico A4 – Teste de ruptura mangueira M7 66 Gráfico A5 – Teste de ruptura mangueira M8 67 Gráfico A6 – Teste de ruptura mangueira M6 67 Gráfico A7 – Teste de ruptura mangueira M10 68 Gráfico A8 – Teste de ruptura mangueira M11 68 Gráfico A9 – Teste de ruptura mangueira M19 69 Gráfico A10 – Teste de ruptura mangueira M4 70 Gráfico A11 – Teste de ruptura mangueira M9 70 Fig.67 – Foto L, M, N, O – Teste de ruptura com a amostra M9 71 xiii Fig.68 – Extração da camada externa de poliuretano 73 Fig.69 – Inspeção visual da camada intermediária de aramida e verificação da deformação do perfil da mangueira 74 Fig.70 – Extração da camada de aramida e inspeção visual do tubo principal de PA-11 74 Fig.71 – Observações do procedimento de dissecação 75 Gráfico B1 – Teste de ruptura mangueira M13 – 10 ciclos 77 Gráfico B2 – Teste de ruptura mangueira M14 – 25 ciclos 77 Gráfico B3 – Teste de ruptura mangueira M15 – 50 ciclos 78 Gráfico B4 – Teste de ruptura mangueira M16-1 – 10 ciclos 79 Gráfico B5 – Teste de ruptura mangueira M16-2 – 25 ciclos 79 Gráfico B6 – Teste de ruptura mangueira M16-3 – 50 ciclos 80 Fig.72 – Aparato para teste cíclico 80 Fig.73 – Manifold 81 Fig.74 – Válvula nº1 81 Fig.75 – Válvula nº2 82 Fig.76 – Válvula nº3 82 Fig.77 – Válvula nº4 83 Fig.78 – Amostra M13 – ciclo de corte 84 Fig.79 – Amostra M14 – ciclo de corte 84 Fig.80 – Amostra M15 – ciclo de corte 85 Fig.81 – Condições iniciais do ensaio cíclico 86 Fig.82 – Observações do procedimento de dissecação 87 xiv Fig.83 – Equipamento para imersão de corpos de prova 89 Fig.84 – Preparação de máquina para teste de tração 89 Fig.85 – Corpo de prova Tipo I segundo a norma ASTM D-638 90 Fig.86 – Amostra tracionada durante ensaio 91 Fig.87 – Gráfico tensão deformação da Poliamida 11 antes e depois de envelhecido 91 Fig.88 – Corpo de prova segundo a norma ISO 37 92 Fig.89 – Quadro de dimensões para corpo de prova ISO 37 92 Fig.90 – Aspecto dos corpos de prova depois e antes do contato com o fluido HW 93 Fig.91 – Gráfico tensão deformação da Poliéster Parker antes e depois de Envelhecido 93 Fig.92 – Gráfico tensão deformação do elastômero FKM antes e depois de Envelhecido 94 xv Lista de Tabelas Tab.1 – Tabelas p/seleção de mangueiras e tubes (API 17 E) 07 Tab.2 – Tabela comparativa 07 Tab.3 – Condições iniciais do ensaio monotônico 71 Tab.4 – Condição de teste 85 xvi Nomenclatura E Módulo de elasticidade ou Young ..................................................................... [MPa] Siglas e Abreviaturas: ® Marca registrada ANM Árvore de Natal Molhada API American Petroleum Institute ASTM American Society for Testing and Materials BCS Bomba Centrífuga Submersa FAT Factory acceptance Test HCR High Collapse Resistance ISO International Organization for Standardization PA11 Poliamida 11 PDG Pressure downhole Gauge PLSV Pipe Laying Support Vessel PU Poliuretano xvii CAPÍTULO 1 - INTRODUÇÃO Durante muitos anos, um significativo número de falhas em umbilicais instalados em campos de produção da offshore estava relacionado a problemas de projeto e fabricação, decorrentes das deficiências dos fornecedores do produto, dada a frágil sistematização da qualidade intrínseca ao produto e à forte necessidade de melhoria no próprio controle dos processos fabris, na mão-de–obra qualificada e na adoção de ferramentas computacionais mais confiáveis para os projetos. Os fornecedores de umbilicais de mangueiras termoplásticas, de maneira geral, se valiam e, em alguns casos ainda se valem, de empirismos nas concepções de projetos de componentes funcionais e acessórios de umbilicais. Havia também ausência de ferramentas de análise local assertivas e dedicadas para umbilicais dotados de mangueiras, baseando seus parâmetros de projeto na experiência e na realização de extensa gama de testes em protótipos até a validação de um produto apto ao ingresso no processo fabril. Entre os anos de 2009 e 2010, a alta gerência de uma grande empresa do ramo de petróleo, determinada em coibir as falhas prematuras das mangueiras de controle hidráulico dos umbilicais, que geravam interrupções na operação dos poços e assolada pelos altos custos inerentes a manutenção e substituição de umbilicais defeituosos, criou um grupo de trabalho (GT) que foi incumbido de apresentar um diagnóstico para o problema e fomentar as soluções técnicas pertinentes. Este grupo, após alguns meses de intensa pesquisa, realização de testes e auditorias junto aos fabricantes de umbilicais, evidenciou que as falhas ocorriam realmente por uma limitação no projeto das mangueiras termoplásticas que compunham o umbilical de controle, mas que poderiam ser mitigadas através de mudanças no procedimento de instalação dos umbilicais submarinos e por controle pormenorizado das condições de preenchimento das mangueiras junto aos fornecedores. Com a conclusão do trabalho deste GT em 2011, foi publicado um novo procedimento criando condições para instalação de umbilicais submarinos na Petrobras. Estas “novas regras”, resumidamente, propiciaram condições de contorno para que as mangueiras termoplásticas conseguissem ser instaladas totalmente cheias e pressurizadas de fluido hidráulico, não havendo depois de sua implementação nenhum registro de falhas em mangueiras pelos mecanismos anteriormente identificados. Hoje, os custos diretos e indiretos com operações de 2 manutenção de umbilicais instalados após o GT praticamente caíram a zero, sendo onerada, porém, a fase da instalação, que incorporou custos indiretos gerados pela diminuição na velocidade de lançamento e utilização de uma segunda embarcação para monitoração do touch down point, como acontece nos casos de interligação de umbilicais em árvore de natal molhadas (ANMs) de controle hidráulico, onde passou a ser mandatório, por questões de segurança, a entrega de sua primeira ponta na plataforma antes da conexão no poço. Além destes custos, cientificamente ainda pairam dúvidas sobre as limitações dos projetos das mangueiras termoplásticas diante dos cenários futuros desafiadores das instalações em águas ultra profundas da Petrobras. 1.1 PROPOSTA DE ESTUDO Baseado em informações de testes realizados pela Petrobras e buscando aprender mais sobre as limitações dos umbilicais de mangueiras termoplásticas instalados nos campos de produção desta empresa, este trabalho, de análise experimental, tem como proposta estudar o comportamento das mangueiras isoladamente (fora do conjunto umbilical armado), quando submetidas a carregamentos de pressão externa e interna. Este estudo objetiva avaliar, através de testes experimentais, as deformações e falhas ocorridas em mangueiras termoplásticas submetidas a pressurizações e despressurizações, utilizando dados de limites operacionais informados pelos fabricantes destas mangueiras e documentados através de data sheets de fabricação. Faz parte desta pesquisa, realizar uma breve correlação com as falhas em umbilicais observadas em campo e iniciar pesquisa de materiais poliméricos que poderiam vir a substituir o material base de fabricação das mangueiras termoplásticas, a poliamida 11. A dissertação a ser apresentada seguiu a seguinte estruturação: no Capitulo 2 foi feita uma revisão de literatura apresentando o conceito de umbilical, sua fabricação, qualificação, instalação, falhas até hoje detectadas e trabalhos de pesquisa ligados a este equipamento. O Capítulo 3, por sua vez, foi direcionado ao componente mangueira termoplástica, evidenciando suas características construtivas, materiais de fabricação e sua qualificação. No Capítulo 4 foi apresentado estudo de caso sobre uma falha ocorrida em campo e todos os ensaios experimentais realizados em laboratório. O Capítulo 5 foi dedicado a considerações finais e o Capítulo 6 as conclusões e sugestões para trabalhos futuros. 3 CAPÍTULO 2 - REVISÃO DE LITERATURA 2.1 UMBILICAIS DE CONTROLE SUBMARINO O termo Umbilical designa de modo geral um grupo de mangueiras, cabos elétricos, cabos de fibra óptica e tubos, isolados ou agrupados em quaisquer combinações e reunidos de forma flexível, sejam “armados” ou não. Nos umbilicais armados (fig.1) os arames ou armaduras estão dispostos de forma circular sobre a periferia do núcleo funcional com o objetivo principal de conferir resistência mecânica ao conjunto. Por outro lado, os umbilicais não armados não possuem arames, a resistência mecânica é obtida através dos elementos internos, normalmente tubos metálicos, que além de apresentarem função operacional, atuam como elementos estruturais. Fig.1 – Umbilical de mangueiras termoplásticas (armado) 4 Os umbilicais são utilizados na indústria do petróleo para comando hidráulico, elétrico, injeção de produtos químicos, alívio de pressão e coleta de informações. Podem ter as mais diversas configurações em função das necessidades do empreendimento. As utilizações mais comuns recebem denominações que visam identificar o uso para o qual o umbilical foi projetado. Resumidamente os principais são: • Figura 2 - Umbilical elétrico de potência – Interliga plataformas, alimenta bombas submarinas de alta e média tensão e outros equipamentos de processamento submarino. • Figura 3 - Umbilical elétrico de sinal – Aquisição de sinal de sensores de ANMs e outros equipamentos submarinos. • Figura 4 - Integrated Service Umbilical (ISU) – Integra as funções de um tubo flexível de gás lift e de um umbilical de controle. 5 • Figura 5 - Umbilical eletro-hidráulico de Mangueiras Termoplásticas – Possui as funções de comando hidráulico e elétrico para equipamentos submarinos, coleta de sinais e injeção química. Mais comum nas instalações da Petrobras. • Figura 6 - Umbilical de Tubos de aço (Alta pressão e alta temperatura) - Possui as funções de comando hidráulico e injeção química. Utilização recomendada para projetos em águas ultra-profundas. Outras configurações também são possíveis e dependerão das especificidades do projeto, das necessidades do cliente e da tecnologia disponível no mercado. Fig.7 – Outros tipos de umbilicais 6 A utilização do umbilical de mangueiras termoplásticas, os quais compõem mais de 95% dos umbilicais hoje em operação na Petrobras, BUSCACCIO, F.A. [9], pode ser justificada pelo seu menor custo quando comparados a outras soluções, por serem mais robustos relativamente a seu manuseio, permitindo sua desinstalação e reutilização, por não necessitarem de um barco específico para sua instalação e pela maior oferta deste produto pelos fabricantes instalados no país. Tipicamente, pelo tipo de layout submarino adotado pela Petrobras, no qual as plataformas interligam-se diretamente aos poços satélites, as estruturas básicas definidas para os poços produtores e injetores de água comandados por controle hidráulico direto foram, respectivamente, os umbilicais de 12 (doze) funções (9 mangueiras de funções hidráulicas de Ø 3/8”, 3 mangueiras HCR de Ø 1/2” para injeção química e 1 cabo elétrico de três pares) e os de 5 (cinco) funções (5 mangueiras de funções hidráulicas de Ø 3/8” e 1 cabo elétrico de três pares). Existem também arranjos submarinos com manifolds, contudo em menor número. Mesmo em projetos de LDA ultra-profundas ainda são buscadas alternativas para o uso de umbilicais com mangueiras termoplásticas. Fig.8 – Vista em corte de umbilicais de 12 e 5 funções Neste último cenário, em que condições de alta pressão e temperatura são comuns, as limitações hoje ainda existentes no projeto das mangueiras termoplásticas, abrem caminho para os umbilicais de tubos metálicos (STU). O uso de tubos metálicos em detrimento a mangueiras, permite projetos de umbilicais mais compactos, uma vez que as dimensões nominais dos tubos, para uma mesma faixa de aplicação de pressão, são menores que as das mangueiras, as quais, para casos de temperatura e pressão mais elevadas, não possuem correspondência. 7 Tab.1 – Tabelas p/seleção de mangueiras e tubos metálicos [1] * DWP – Design Working pressure Apesar desta característica vantajosa do produto, os STU são mais sensíveis ao manuseio desde sua fabricação, necessitam de embarcações e cuidados especiais para sua instalação e monitoramento durante sua operação. Todos estes cuidados são em função da suscetibilidade dos tubos de aço aos fenômenos de deformação plástica do metal, fadiga e rigidez do conjunto. Na tabela abaixo é apresentado um comparativo com foco nas vantagens e desvantagens das soluções com tubos e com mangueiras. Tab.2 – Tabela comparativa Mangueiras Termoplásticas Tubos Metálicos Baixa rigidez Facilidade de manuseio e instalação Compatibilidade com os MCVs (Modulo de Conexão Vetical) atuais Podem ser desinstalados e instalados novamente Adequados a todos PLSVs da frota a serviço da Petrobras Fadiga não é o dimensionante em geral Alta rigidez Manuseio e instalação mais complexos Necessitam adaptações para conexão aos MCVs Sua reinstalação depende de avaliação sobre as deformações do duto Necessitam de embarcações especiais Limitações de pressão e temperatura Limitações de fluidos conduzidos Limites elevados de pressão e temperatura Compatíveis com todos os fluidos conduzidos Podem ser instalados vazios e despressurizados Devem ser instalados com suas mangueiras cheias e pressurizadas Fadiga é o dimensionante em geral 8 Os umbilicais são componentes indispensáveis nos sistemas de produção e escoamento submarino de óleo e gás. Normalmente são utilizados interligando as plataformas de produção aos mais diversos equipamentos submarinos situados no leito marinho, tais como ANMs, Manifolds, Válvulas Submarinas etc, fig.9. Fig.9– Ilustração de um sistema submarino de produção interligado a um manifold No âmbito da Bacia de Campos, onde está concentrado o maior número de umbilicais instalados pela Petrobras, a aplicação majoritária é destinada ao comando de ANMs de produção e injeção. As aplicações principais são as seguintes: • Comando hidráulico de ANMs; • Transporte de produtos químicos para injeção nas tubulações de coleta através de pontos de injeção instalados nas ANMs; • Coleta de sinais de sensores de ANMs (Transdutores de pressão e temperatura instalados no corpo das Árvores, comumente denominados TPTs e de sensores de fundo instalados dentro das colunas de produção, comumente denominados PDGs); • Comando hidráulico de válvulas submarinas de oleodutos e gasodutos de exportação; 9 • Transmissão de energia elétrica entre plataformas, geralmente em médias e altas tensões; • Transmissão de energia elétrica em baixa tensão, para acionamento de módulos eletrônicos de comandos de Manifolds; • Transmissão de energia hidráulica para acionamento de válvulas em Manifolds; • Transmissão de energia elétrica para alimentação de BCSS ou BCS (Bombas Centrífugas Submarinas Submersas). Os umbilicais, tipicamente, são concebidos para uma vida útil prevista em projeto, de 20 a 25 anos. 2.1.1 Fabricação Os umbilicais são fabricados de acordo com normas internacionais. De maneira geral a fabricação de umbilicais envolve a fabricação de mangueiras e elementos funcionais e a montagem do umbilical em si. Resumidamente a fabricação do umbilical de controle envolve as seguintes etapas: 2.1.1.1 Fabricação de Mangueiras termoplásticas a. Extrusão do liner ou tubo interno em PA-11 da mangueira e avaliação dimensional (espessura, diâmetro e ovalização); 10 Adição de matéria Controle Extrusão Fig.10 – Máquina extrusora para fabricação do liner de mangueiras termoplásticas b. Aplicação do trançado de aramida sobre o liner; Fig. 11 - Máquina trançando a aramida sobre o liner c. Extrusão da capa externa em poliuretano sobre a camada de aramida. 11 Fig.12 – Máquina extrusora da capa externa da mangueira. Mangueiras testadas a 10000psi e encaminhadas para a fabricação do umbilical. Fig.13 – Trecho de data sheet de umbilical de mangueiras termoplásticas 12 2.1.1.2 Fabricação de Umbilicais a. Cabeamento das mangueiras (cheias de água e pressurizadas a 500psi); Nesta etapa as mangueiras termoplásticas, HCR, cabo elétrico de potência e elementos estruturais são reunidos de forma helicoidal. Estes componentes reunidos assumem uma forma cilíndrica, preparada para a próxima etapa. Fig.14 – Lay out da etapa de reunião das mangueiras (cabling) em uma espiraladora b. Extrusão da capa interna em Polietileno de Baixa Densidade; Nesta etapa os elementos funcionais já reunidos, são “enrolados” com fita de alta resistência e protegidos pela extrusão da capa interna, base para assentamento das armaduras. Fig.15 – Aplicação de fita de alta resistência e extrusão de capa interna 13 c. Aplicação dos arames das armaduras de tração (armação); Nesta etapa são assentadas duas camadas de arame em máquinas denominadas “armatrizes”, uma em sentido horário e outra no sentido anti-horário, seguindo uma trajetória helicoidal ao eixo do duto. Fig.16 – Assentamento helicoidal das camadas de arame pelas armatrizes d. Extrusão da capa externa em Polietileno de Alta Densidade; e, Nesta etapa há a extrusão final da capa externa, são feitos o controle dimensional do umbilical e as marcações do fabricante sobre a capa. Fig.17 – Extrusão da capa externa e controle dimensional 14 e. Acondicionamento do umbilical montado em bobina. Nesta etapa as mangueiras do umbilical são submetidas ao FAT de teste hidrostático a uma pressão de 1,5X pressão de projeto por 6h. Fig.18 – Umbilicais acondicionados em bobinas 2.1.2 Qualificação Pode ser entendido como um processo no qual são realizados testes em uma estrutura, com o objetivo de se avaliar o seu desempenho frente ao conjunto imposto de carregamentos e das condições de contorno definidos a partir de sua especificação. Esta metodologia não difere no caso dos umbilicais, onde são verificadas: • Convergência entre os valores observados em testes e os valores teóricos calculados pela metodologia do projeto do fornecedor; • Representatividade e dispersão dos resultados dos testes, onde diferenças entre amostras não idênticas oriundas das variações dos processos fabris podem apresentar resultados diversos; • Convergência entre o comportamento observado em teste e aquele presumido pela metodologia de projeto; • Convergência entre os valores observados no teste e valores históricos; • Caracterização do modo de falha em testes destrutivos e seqüência de eventos até a falha. Faz-se uso de testes de qualificação padronizados pela API 17E [1] que discrimina os testes de protótipos dos testes de aceitação de fábrica. Além dos 15 discriminados pela API, a Petrobras faz uso de testes não padronizados, devido a necessidades de verificação de desempenho dos umbilicais e seus acessórios, considerando a existência de novas exigências operacionais e falhas de campo. Os testes também objetivam a caracterização de materiais, otimização do projeto e dos processos de fabricação do umbilical. 2.1.3 Instalação e Manuseio Durante a instalação o umbilical fica submetido a solicitações axissimétricas, variações de curvatura e a outras solicitações que são decorrentes desta etapa. As solicitações extremas são semelhantes as dos risers flexíveis em catenária livre durante sua operação, tais como tração dinâmica no topo e variações de curvatura no topo e no fundo. Os equipamentos que auxiliam o lançamento nos PLSVs submetem os umbilicais a solicitações, que em alguns casos não são axissimétricas, se constituindo de cargas aplicadas radialmente (compressão radial). Este carregamento é chamado genericamente de crushing load (CL) que pode ser definido como a carga de compressão radial a que um determinado umbilical pode resistir sem danos estruturais ao conjunto ou aos seus componentes internos, BUSCACCIO, F.A. [9]. Este parâmetro é fundamental em função do lançamento ocorrer por meio de tensionadores que comprimem radialmente o umbilical de modo a resistir ao peso da catenária de lançamento. Para uma determinada catenária, definida pelo ângulo de topo, quanto maior a LDA, maior será o esforço de compressão (crushing load). Fig.19 – Navio de lançamento de dutos flexíveis (PLSV) e seu tensionador. 16 A compressão radial mínima nos tensionadores é aquela necessária para manter o conjunto suspenso enquanto o mesmo é lançado. É preciso garantir que os tensionadores manterão um aperto não menor do que este valor mínimo durante toda a operação de lançamento. Em função do equipamento utilizado, um determinado valor é ajustado para que este requisito de valor mínimo não seja violado. Este valor não poderá ser maior do que a DCL (design crushing load) do umbilical, sendo um fator condicionante para a escolha do navio de instalação, os quais poderão ter tensionadores com compressão radial mínima menor ou maior que os valores requeridos. A compressão radial mínima requerida nos tensionadores é função da tração a ser transferida para os tensionadores, do menor coeficiente de atrito dinâmico entre a capa externa da estrutura e a sapata do tensionador, do número de esteiras por tensionador, do comprimento do tensionador e do número de tensionadores que serão efetivamente empregados. A compressão radial de projeto (design crushing load) para uma aplicação particular é a máxima compressão radial a qual o umbilical pode ser submetido. Ela é dependente da tração atuante, isso porque a tração atuando no umbilical provoca tração nos arames das armaduras de tração e induz o efeito de esmagamento (squeeze) nas camadas internas. • DCL = DLT/ (t x b x ff x cl), sendo; DCL = Design crushing load DLT = Tensão de lançamento de projeto t = Número de tensionadores (*) b = Número de esteiras por tensionador (*) ff = Fator de fricção informado pelo fabricante do tensionador cl = Comprimento de contato entre o umbilical e a esteira do tensionador (*) (*) Espec. Tec. Do navio de lançamento A DLT é definida como o maior valor de tração a que poderá ser submetido o umbilical em função da LDA e de sua estrutura, BUSCACCIO, F.A. [9]. Nos umbilicais a premissa de manutenção de lançamento com as mangueiras totalmente cheias de fluido hidráulico é fundamental para que não ocorram falhas nas mangueiras. A compressão radial a que as seções ficam submetidas durante a passagem nos tensionadores e na roda de lançamento, provocam significativa flexão nos internos do umbilical. Além disso, as armaduras de tração submetem os elementos funcionais à 17 pressão mecânica e os equipamentos induzem ovalizações nas mangueiras (sobremaneira se as mangueiras estiverem parcialmente cheias de fluido hidráulico). 2.1.3.1 Novas Premissas para Instalação e Manuseio Em conformidade com a norma API RP 17I [10] e corroborando com o trabalho realizado pelo GT de umbilicais, o novo procedimento de instalação de umbilicais submarinos adéqua características e limitações inerentes ao produto à condição de lançamento, sobremaneira, em LDAs profundas, onde os carregamentos envolvidos poderiam penalizar os componentes funcionais dos umbilicais. Passa a ser condição principal durante o lançamento e instalação dos umbilicais, as mangueiras termoplásticas destes dutos estarem cheias e pressurizadas pelo fluido hidráulico de controle. Para cumprimento desta condição houve necessidade de modificações nos padrões referentes a aquisição, instalação e operação dos umbilicais, dentre estas mudanças podem ser destacadas: Incorporados as especificações técnicas para aquisição de umbilicais submarinos, acessórios com a finalidade de bloquear perdas de fluido hidráulico pelas mangueiras dos umbilicais durante as emendas entre tramos, interligações com suas interfaces de superfície e com equipamentos submarinos (uso de engates rápidos). Alterados os procedimentos de lançamento de umbilicais com objetivo de evitar aberturas inadvertidas ou espúrias das válvulas das ANMs. Desta forma, levando em conta o atual cenário e as futuras instalações de umbilicais, ficam válidas as possibilidades: - Instalação do umbilical com mangueiras pressurizadas por CVD (Conexão Vertical Direta) de segunda extremidade no poço quando a ANM instalada for do tipo Controle Hidráulico Direto; - Instalação do umbilical com mangueiras pressurizadas por CVD de primeira ou de segunda extremidade quando a ANM ou o equipamento submarino instalados forem multiplexados, sem riscos de atuações inadvertidas das válvulas; - Instalação do umbilical com mangueiras pressurizadas por CVD de primeira ou de segunda extremidade quando a ANM instalada for do tipo Controle Hidráulico Direto de Nova Geração. Neste modelo, as funções de acionamento das válvulas só são 18 liberadas após a conexão dos jumpers para as funções hidráulicas entre o MCV (Módulo de Conexão Vertical) e a ANM, sem riscos de aberturas espúrias das válvulas. Todas as alterações foram concebidas, avaliadas e adotadas ao longo dos trabalhos realizados internamente pela empresa, contudo restou um grande número de umbilicais em operação ainda suscetíveis aos problemas de falhas de mangueiras. Estas falhas ocorrem de forma mais acelerada em condições onde os esforços decorrentes da instalação foram mais severos e em umbilicais instalados em LDAs profundas. Apenas não são esperadas falhas de mangueiras termoplásticas por colapso em umbilicais operando em profundidades de até 120 metros, limite de pressão de colapso do liner das mangueiras (condição de mangueiras vazias). 2.1.4 Falhas em Umbilicais O aquecimento do mercado com aumento de demanda, movimentação de pessoal qualificado entre empresas, mudanças físicas de instalações fabris, somados a falta de padronização de alguns processos, podem ser apontadas como as principais causas dos problemas encontrados em umbilicais. O problema de falhas em mangueiras é crítico, pois aponta para fragilidades e oportunidades de melhorias, tanto pelos fornecedores quanto para a Operadora. Podemos dividir a abordagem relativa aos problemas em umbilicais da seguinte forma: • Deficiências fabris: Controle de processo e adequação do projeto às facilidades fabris do fornecedor; • Deficiências de manuseio: Instalação e operação a cargo da Operadora. Abaixo são apresentadas as principais não-conformidades verificadas em umbilicais nos últimos seis anos de operação da Petrobras. As falhas catalogadas foram observadas nos dutos dos principais fornecedores de umbilicais desta empresa. 2.1.4.1 Deficiências fabris a. Trincas na capa externa: - Falhas esperadas: Propagação das trincais pela capa externa de polietileno e exposição das armaduras. 19 - Causas levantadas: Descontrole do processo fabril durante a mistura dos componentes da capa e sua extrusão. Fig.20 – Trinca em capa de UEH b. Ondulações na capa externa: - Falhas esperadas: Possibilidade de dano aos componentes internos devido a distribuição não uniforme das tensões durante a passagem do duto pelos tensionadores e lançamento. - Causas levantadas: Controle inadequado da tensão das bobinas alimentadoras na fase de cabeamento. Fig.21 – UEH com ondulações c. Torção no umbilical: - Falhas esperadas: Danos aos componentes internos, rompimento de arames, queda do umbilical. - Causas levantadas: Falha no processo de assentamento das armaduras por descontrole durante a troca de bobinas ou por falta de controle dos parâmetros da armatriz causando o desbalanceamento do duto. 20 Fig.22 – Torção de UEH em instalação d. Reparo na capa externa seguido de trincas: - Falhas esperadas: Propagação das trincais pela capa externa e exposição das armaduras. - Causas levantadas: Ausência de qualidade na execução do reparo na fábrica Fig.23 – Trinca em reparo de capa feito na fábrica e. Capa corrida: - Falhas esperadas: Exposição das armaduras ao meio ambiente, corrosão. - Causas levantadas: Ausência de critérios relativos a fixação e ao comprimento da interferência da capa externa no interior do armour pot. 21 Fig.24 – Capa descolada do armour pot f. Ruptura de arame na armadura de tração: - Falhas esperadas: Desbalanceamento do umbilical podendo levar a torção e a falha catastrófica. - Causas levantadas: Descontrole dos parâmetros de soldagem na região da emenda dos arames da armadura. Fig.25 – Arame rompido na solda 2.1.4.2 Deficiências de manuseio a. Vazamento em mangueira termoplástica: - Falhas esperadas: Perda de fluido de acionamento e conseqüente perda de função daquela mangueira. 22 - Causas levantadas: Resistência limitada ao colapso aliada a deficiências observadas durante a instalação do duto. Premissa das mangueiras dos umbilicais sempre cheias durante a etapa de lançamento nem sempre cumprida. Fig.26 – Mangueira rompida em operação 2.2 ÁRVORE DE NATAL Por definição, árvore de natal é o nome dado ao conjunto de válvulas instalado em poços de exploração de petróleo e gás natural que regula a produção destes hidrocarbonetos. As árvores, por sua vez, estão divididas conforme sua utilização: Árvores de Natal Convencionais (ANC) – Também conhecidas como árvores de natal secas, são utilizadas na prospecção de petróleo em terra ou em plataformas de produção off-shore com poços de completação seca (árvore na plataforma). Árvores de natal molhadas (ANM) - Utilizadas em plataformas de exploração off-shore com completação molhada (árvore no leito marinho). As ANMs são equipamentos tecnicamente mais avançados do que as árvores convencionais por estarem constantemente sendo aperfeiçoadas para utilização em condições limites, incorporando em sua concepção o que há de mais moderno na indústria de petróleo. Considerando o tipo de tecnologia de controle da produção, nos campos off-shore da Petrobras são instaladas atualmente três tipos de ANMs: • ANMs de Controle Hidráulico Direto – Ainda presentes nos projetos da Petrobras, possuem como característica principal o acionamento de suas válvulas pela pressurização direta das mangueiras do umbilical por comando da Plataforma. 23 • ANMs de Controle Hidráulico Direto de Nova Geração – Similares a hidráulica direta, contudo possuem jumpers elétrico para as funções hidráulicas entre o MCV (Módulo de Conexão Vertical) e a ANM. Fig.27 – Esquemático de ANM de controle hidráulico direto. • ANMs Multiplexadas – São as mais modernas disponíveis, sendo instaladas em Campos de Produção de águas ultra profundas. Neste tipo de controle há um módulo eletrônico submarino que recebe sinal de potência e controla o fluido de acionamento recebido da plataforma através de umbilical. Fig.28 – Sistema multiplexado de controle. 24 2.3. TRABALHOS REALIZADOS 2.3.1 Projetos de Mangueiras para Cabos Umbilicais Submarinos Segundo SILVA, WILLIAM. A., et. al. [7], o umbilical é projetado para as fases de instalação e serviço, onde o projeto estrutural considera efeitos ambientais provenientes da ação de onda, vento e corrente. A resposta do trecho dinâmico é não linear, sofrendo grandes deslocamentos, o que obriga o projetista a realizar análises dinâmicas, onde usualmente, denomina-se análise global às análises realizadas para determinação das solicitações relativas às fases de instalação e operação (ação de onda, vento e corrente) e análise local às análises de tensões realizadas para dimensionamento das diversas camadas que compõem a seção transversal da estrutura. O projeto da seção transversal da estrutura considera requisitos e recomendações funcionais. A partir deste projeto, são calculadas as características teóricas do umbilical (peso, tração de ruptura, pressão de colapso, raio mínimo, rigidez axial e flexional etc.) que são comparadas com os requisitos de projeto e utilizadas nas simulações. A configuração global do sistema é analisada para as combinações de carregamentos funcionais e para a parte estática do carregamento ambiental, envolvendo a definição da configuração (catenária livre, lazy wave etc.) e necessidade de flutuação adicional concentrada ou distribuída. A análise global fornece a resposta dinâmica do riser submetido a carregamentos funcionais, ambientais e acidentais. São verificadas interferências com outros elementos, tais como linhas de ancoragem, trações máximas e raios de curvatura mínimos atingidos ao longo do trecho riser, variações do ângulo de topo e os esforços máximos nos suportes da plataforma induzidos pelos risers em catenária. A combinação de tração e ângulo de topo é a base do projeto do enrijecedor de curvatura. O projeto envolve, também, a seleção do sistema de instalação que inclui os meios e métodos de instalação, somadas as premissas com relação às condições ambientais. A metodologia de projeto adotada pelos fornecedores de umbilicais qualificados pela Petrobras é a mesma utilizada em todo o mundo, e consiste basicamente em projetos executados a partir de experiência prévia, regras de projeto e execução de ensaios para comprovação e caracterização dos parâmetros físicos dos umbilicais projetados. 25 A resistência do umbilical é verificada frente às solicitações máximas obtidas na análise dinâmica para as condições de instalação. Existe uma capacitação dos fornecedores para projeto de estruturas umbilicais eletro-hidráulicas para lâminas d’água (LDAs) de até 2000m, fruto da experiência adquirida ao longo de muitos anos. Para projeto de mangueiras termoplasticas, tipicamente utilizadas em umbilicais, R.R. JAKEMAN, P.H. KNIGHT [4] desenvolveram um modelo analítico de mangueira de fibra reforçada que foi usado no desenvolvimento do projeto de mangueiras de 15.000 psi (1035 bar) de pressão de trabalho. O modelo reuniu conceitos de pesquisas anteriores e um trabalho paralelo no campo de materiais compósitos. O estudo focou as teorias por trás da camada de reforço, da estruturação dos fios, tipo de deposição dos fios quando trançados ou espiralados e outras considerações. Para modelar o comportamento da mangueira termoplástica foi adotada a teoria de BRIEG W. F.[2], válida para mangueiras com múltiplas camadas de reforço trançadas ou em espiral. A principal simplificação deste modelo se refere à exclusão dos efeitos da ondulação da fibra no trançado e das forças de atrito geradas nestes pontos. O modelo analítico calcula tensões e deformações na camada de reforço e no tubo principal, mas não leva em conta os end fittings ou a região de transição entre estes e a mangueira. É criado um modelo básico da mangueira que descreve tanto as mangueiras trançadas quanto as espiraladas através das equações de equilíbrio axial, lateral e torsional. Assume-se também que o material do tubo principal é incompressível, com volume constante e mesmo deslocamento axial. São acrescentadas também ao modelo básico, equações representativas dos efeitos relativos à distorção de forma nos cruzamentos das fibras de reforço, da compactação do fio sobre pressão, do dano ao fio devido à abrasão e do atrito nos cruzamentos dos fios e entre camadas de reforço adjacentes. A modelagem numérica como ferramenta de projeto é bastante utilizada para conferir o comportamento de materiais e de produtos frente a solicitações especificadas, antes mesmo da fabricação de um protótipo. DRUMOND, GEOVANA P.[16], buscando em seu projeto de graduação um material substituto a Poliamida 11, modelou numericamente a mangueira termoplástica do umbilical com suas três camadas. Com o modelo implementado, utilizando a ferramenta ANSYS 13, simulou o comportamento da poliamida 11, material atualmente utilizado no liner da mangueira, e do fluoroelastômero Viton®, como material substituto, frente a solicitações de pressão interna e externa ao corpo tubular. Com os resultados das simulações, comparou as 26 respostas apresentadas pelo material atual e sugerido e concluiu que o material proposto estaria apto a ser utilizado, considerado o comportamento do modelo, que mostra a recuperação da deformação sofrida no colapso e ausência de tensões residuais em sua estrutura. De fato, o modelo numérico mostrou que a resistência à pressão interna se dá em função da câmada de Kevlar, que impede a expansão da mangueira, e que o liner poderia ser substituído por um material mais flexível que tolerasse as deformações do colapso. Outra informação importante obtida do modelo numérico é que a deformação residual inferida ao liner, em função do colapso, não seria suficiente para rompê-lo, mas que definiria um ponto preferencial de falha que poderia ocorrer em função de outros mecanismos. Fig.29 - (a) Deformações no colapso e expansão da Poliamida 11; (b) Deformações no colapso e expansão do Viton®. [16] 27 2.3.2 Estudos de Falhas em Mangueiras Ojetivando fornecer subsídios para diagnóstico das principais causas de falhas registradas em umbilicais instalados em poços produtores de alguns campos operados pela Petrobras, SILVA, WILLIAM. A., et. al. [7], realizaram estudo abrangente sobre o assunto, tomando como base, análises e testes em umbilicais retirados de operação. O trabalho correlacionou as falhas das mangueiras termoplásticas dos umbilicais com detalhes relativos a sua concepção, apontando a resistência limitada ao colapso como a possível causa das falhas encontradas. Em função da limitação mapeada, foi estabelecido como premissa de projeto de umbilicais que, durante a instalação, não importando a profundidade, suas mangueiras estivessem cheias com fluido de trabalho e isentas de ar. O colapso é apresentado como um fenomeno provocado pelo aumento gradual de um carregamento radial compressivo, que provoca o encurtamento da estrutura até o seu limite, reduzindo sua rigidez a compressão e tornando-a instável. No caso das mangueiras, que se comportam como cascas cilíndricas, a aplicação de pressão externa gera instabilidade, que se manifesta através do aumento gradual da ovalização induzida pelas imperfeições residuais do perfil. SILVA, WILLIAM. A., et. al. [7], trabalharam com a hipótese de que as falhas ocorridas nas mangueiras termoplasticas seriam provocadas pela formação de um vinco no corpo da mangueira. Este vinco torna-se aparente com a recuperação da mangueira após colapso, ocasionado este, pela conjugação de pressão externa e ausência de fluido de trabalho no interior do duto. Esta hipótese serviu como base para realização de testes em laboratório, que procuraram reproduzir as falhas ocorridas em campo. J.D. STABLES, I.R. DODGE, et. al [3], analisa aspectos históricos de testes de compatibilidade entre mangueiras termoplásticas e fluidos de controle. Resultados e observações de um programa de testes com fluidos de controle à base d’água são apresentados para ilustrar como as propriedades físicas dos materiais podem mudar com o tempo e sua correlação com a equação de Arrhenius. O atual trabalho tem sua importância ligada à pesquisa de materiais alternativos para composição do liner da mangueira, hoje de poliamida 11, evidenciando que a pesquisa deve avançar além das propriedades mecânicas do material. 28 É imperativo que exista um alto nível de compatibilidade entre o material do liner e o fluido de trabalho, de modo que seja alcançada a vida útil estimada no projeto do umbilical, tipicamente 20 anos. A incompatibilidade, que pode trazer sérios problemas para todo o sistema sob controle dos umbilicais, pode se manifestar através da degradação química da linha hidráulica, em última instancia levando a perda de fluido e pressão, e/ou alteração nas propriedades do fluido contido levando a formação de partículas, modificados, etc. os quais podem ter impacto direto sobre o sistema. Este fenômeno é dependente de tempo e temperatura. Quanto maior a temperatura, menor o tempo antes da incompatibilidade torna-se evidente. Isto é particularmente importante para as linhas hidráulicas instaladas em climas mais quentes ou armazenadas sob luz solar direta. Freqüentemente, cabos umbilicais são revestidos com polímeros termoplásticos pretos tais como o polietileno ou poliuretano, que quando expostos à luz solar, podem atingir temperaturas internas superiores a 60ºC (140ºF). Em tais circunstâncias, qualquer incompatibilidade será evidenciada mais cedo do que em uma linha hidráulica instalada no fundo do mar. Neste trabalho foram apresentados os métodos de avaliação de compatibilidade e de vida em serviço baseado em Corpos de Prova e trechos da mangueira frente às condições pretendidas de ensaio, conforme determina a norma API RP 17E [1]. O programa de testes foi conduzido de modo a estimar a vida em serviço das mangueiras testadas e demonstrar a compatibilidade química entre materiais de liners de mangueiras (Poliamida 11 e o poliéster termoplástico) e fluidos de controle com base água (três fluidos de mercado foram utilizados), sendo considerado tempo, pressão e temperatura como variáveis de controle do trabalho. No teste com as mangueiras, foram analisadas as propriedades e a performance das amostras de três tipos de poliamida 11 e do poliéster termoplástico através do ensaio cíclico de pressurização, conduzido a temperaturas de 40 e 70oC. Foram utilizadas 300 amostras combinando os materiais do liner das mangueiras com fluidos de serviço disponibilizados, divididos entre as temperaturas especificadas. Para a ciclagem foi adotada a pressão de projeto de 5000 psi e os procedimentos de norma para este tipo de teste. Os fluidos de serviço utilizados foram: a) Mistura de água e glicol; b) Três tipos diferentes de fluidos hidráulicos comerciais, representados pelas letra A, B e C por questão de sigilo industrial 29 Os testes a 70oC foram interrompidos depois de 1 ano e os a 40oC depois de 3 anos. Para os testes com os corpos de prova, de maneira diferente do procedido com as mangueiras, foram comparadas as propriedades mecânicas do poliéster termoplástico com apenas um tipo de poliamida 11 e, substituída a mistura de agua e glicol por um composto de hidrocarbonetos. O procedimento adotado no ensaio também seguiu os requisitos de norma, pelo qual cada material era exposto por tempo pré-determinado aos fluidos de controle e as temperaturas especificadas para determinação de sua meia vida. Após o tempo de exposição, algumas amostras eram removidas, secadas e submetidas a testes de tração para medição de sua deformação e tensão de ruptura. Os testes foram realizados a 23°C a uma taxa de 50 mm/min. As propriedades mecânicas versus tempo de exposição, levantadas durante os testes de tração, eram gravadas de forma a monitorar o envelhecimento do material. A meia vida do material, seria o tempo em que as propriedades levantadas cairiam a 50% daquelas do espécime virgem. A deformação a ruptura foi a propriedade mecânica escolhida para determinar o tempo de meia vida do material. A escolha foi feita por esta propriedade cair rapidamente, a ponto de ser considerado como um limiar de confiabilidade do material. Dentre lições aprendidas e resultados puderam ser destacados: • Que é possível reproduzir, em um período relativo curto de tempo, um problema encontrado durante a operação e que seja resultante da instabilidade do fluido de serviço, do material do liner ou da interação dos dois; • A previsão da vida em serviço baseada em amostras de mangueiras indica períodos de meia vida menores do que os ensaios baseados em corpos de prova normatizados imersos em fluidos, levando a concluir que o primeiro método poderia ser mais eficaz do que o segundo, apesar do segundo ser o mais utilizado; • Independentemente do tipo de material sugerido para o liner, o teste de compatibilidade deve ser realizado para minimizar o risco de problemas após a fabricação do umbilical; • Que a compatibilidade química é uma das razões para redução da vida em serviço de mangueiras hidráulicas suscetíveis a variações de pressão; 30 • Que a poliamida é a melhor opção, em relação a compatibilidade, para operação com os fluidos de serviço testados, conforme resultados dos testes, figuras 32 a 34. Fig.30 - Tempo de Meia Vida x Temperatura para corpos de prova e mangueiras com fluido de controle C. [3] Fig.31 - Tempo de Meia Vida x Temperatura para corpos de prova. [3] 31 Fluido de controle Poliamida 11 Poliéster Termoplástico Temperatura do teste Temperatura do teste 40 70 40 70 A Não reagente. Mais de 2 anos e três meses. Não reagente. Mais de 1 ano. Não reagente. Mais de 2 anos e três meses. 26 dias B Não reagente. Mais de 2 anos e três meses. 120 dias Não reagente. Mais de 2 anos e três meses. 22 dias C Não reagente. Mais de 2 anos e três meses. Não reagente. Mais de 1 ano. 300 dias 12 dias Fig.32 - Tempo de Meia Vida para mangueiras de poliamida 11 e poliéster termoplástico a temperaturas de 40 e 70oC. [3] Corpos de prova de Poliamida 11 Temperatura 140 C 130 C 120 C 110 C 95 C Fluidos de controle B C x x 13,5d 10d 46d 25d 127d 84d x x A x 3d 7,5d 19d 106d D 5d x 33d 90d x Fig.33 - Tempo de Meia Vida para corpos de prova de poliamida 11. [3] Corpos de prova de Poliester termoplastico Temperatura 110 C 95 C 80 C A 5d 18d 61d Fluidos de controle B 6d 28d 85d C 3d 9d 28d Fig.34 - Tempo de Meia Vida para corpos de prova de poliéster termoplástico. [3] 32 Os resultados gerados para a meia vida dos materiais ensaiados foram pautados segundo a teoria de Arrhenius, permitindo a extrapolação do tempo de meia vida para a temperatura de serviço ou para qualquer outra pretendida. 33 CAPÍTULO 3 - MANGUEIRAS TERMOPLÁSTICAS Neste capítulo aborda-se de maneira detalhada o componente “Mangueira Termoplástica”, explorando suas características construtivas e seus materiais. 3.1 CARACTERÍSTICAS CONSTRUTIVAS As mangueiras termoplásticas aqui estudadas são constituídas de um tubo interno em Poliamida 11 chamado de liner, reforçado por uma camada trançada simples de aramida e revestida externamente por uma capa de poliuretano. Trança de aramida (simples ou dupla) Liner Capa Fig.35 – Mangueira termoplástica. Dentro do “conjunto umbilical”, as mangueiras termoplásticas tem como função o transporte de fluido hidráulico para controle de abertura e fechamento de válvulas de equipamentos submarinos. Seu dimensionamento para 20 anos está diretamente relacionado a pressão de aplicação, Tab.1, pag.1, devendo ainda ser observada a temperatura limite do material do liner, que no caso da poliamida 11 não é indicado para temperatura operacionais superiores a 600 C. Tipicamente, para LDA de até 1800 m, as mangueiras que compõem os UEHs de 12 e 5 funções em operação na Petrobras são as de 3/8” para 5000 psi, objeto desta pesquisa. A resistência a alta pressão de trabalho, uma das características que confere a esta mangueira aplicabilidade no meio subsea, é função da sobreposição de suas camadas, as quais tem suas funções relacionadas abaixo: • Tubo interno ou liner – É o elemento da mangueira em contato com o fluido transportado, disponibilizado pelos fabricantes em poliamida 11 34 (PA11) e mais recentemente em PVDF para aplicação em temperaturas elevadas. Esta camada deve ser compatível com o fluido de trabalho e oferecer mínima permeabilidade durante a operação do conjunto. Estes fatores são especificados pela API 17E [1] e conferidos de acordo com seus critérios de aceitação por ocasião da qualificação do umbilical. • Trançado de aramida – Também denominada camada de reforço, é responsável por conferir ao conjunto a resistência a pressão interna, como pode ser conferido através da folha de dados apresentada como exemplo, Fig.26. Fig.36–Aspecto macroscópico do trançado de aramida. • Capa de poliuretano – É a camada mais externa da mangueira, confere proteção contra abrasão e danos mecânicos a camada de aramida e permite o alívio de fluidos porventura permeados pelo liner durante a operação. Fig.37 – Trecho de data sheet de umbilical 35 3.2 MATERIAIS POLIMÉRICOS O entendimento dos fenômenos observados durante os experimentos está diretamente relacionado ao comportamento estrutural dos materiais componentes da mangueira, os polímeros. Neste subcapítulo serão apresentados os conceitos básicos e características deste composto químico. 3.2.1 Polímeros – Estrutura cristalina e suas propriedades Por definição, são materiais orgânicos ou inorgânicos de alta massa molar formada pela união de moléculas simples ligadas por ligação covalente, CANEVAROLO JR., S. V [11]. Para a análise e um melhor entendimento do comportamento destes materiais é necessário descer ao nível microscópico e estudar o seu processo de cristalização que difere dos sólidos cristalinos convencionais devido a sua natureza peculiar, onde os cristais formados (esferoiditos), menores e com mais imperfeições que os cristais normais, estão conectados a regiões amorfas, não havendo uma interface clara entre esta região e as regiões cristalinas. A estrutura química, presença de impurezas e condições de cristalização do polímero, podem ser relacionados como fatores facilitadores do processo de cristalização. Fig.38 – Visão microscópica da cristalização polimérica [19] Nos polímeros semicristalinos, as propriedades físicas, mecânicas e termodinâmicas são dependentes do grau de cristalinidade e da morfologia das regiões 36 cristalinas. Quanto maior a cristalinidade, mais elevadas são as propriedades de rigidez, estabilidade dimensional, resistência química, temperatura de fusão (Tm), temperatura de transição vítrea (Tg), temperatura de utilização, etc. As temperaturas de transição, importantes no grau de cristalinidade do polímero, são faixas de temperatura onde por aquecimento ou resfriamento ocorrem as movimentações nas cadeias poliméricas. São em número de três estas temperaturas: a) Temperatura de transição vítrea (Tg) É o valor médio da faixa de temperatura que, durante o aquecimento de um material polimérico, permite que as cadeias poliméricas da fase amorfa adquiram mobilidade, possibilitando a mudança de sua forma. Abaixo da Tg o polímero não tem energia interna suficiente para permitir o deslocamento de uma cadeia em relação a outra, ele está no estado vítreo caracterizado por se apresentar duro, rígido e quebradiço como um vidro. Propriedades como o módulo de elasticidade, coeficiente de expansão, calor específico, sofrem alteração com a Tg e por isso são utilizadas para a sua determinação. b) Temperatura de fusão (Tm) É o valor médio da faixa de temperatura em que, durante o aquecimento, desaparecem as regiões cristalinas com a fusão dos cristalitos. Neste ponto, a energia do sistema atinge o nível necessário para vencer as forças intermoleculares entre as cadeias da fase cristalina, mudando do estado borrachoso para o estado viscoso (fundido). Esta transição só ocorre na fase cristalina, portanto, só tem sentido para polímeros semicristalinos. Nesta faixa de temperatura variáveis como volume específico, entalpia, são afetadas. Para se determinar experimentalmente as temperaturas de transição vítrea e a de fusão é prática observar a variação do volume específico, pois ele é uma propriedade que mede o volume total ocupado pelas cadeias poliméricas. Um aumento da temperatura ocasionará um aumento presumidamente linear do volume devido a expansão térmica. Para simplificar a análise, divide-se o polímero em dois grupos: amorfos e semicristalinos, para os quais são esperados dois comportamentos característicos, como pode ser acompanhado esquematicamente através da Fig.39. 37 Volume específico (cm3/g) Fig. 39 - Variação do volume específico e as transições Tg e Tm.[11] Inicialmente com o aumento da temperatura a uma taxa constante, tem-se um aumento gradativo da mobilidade, refletindo-se em uma expansão térmica linear. Ao ultrapassar a Tg, a mobilidade das cadeias aumenta, mantendo a expansão térmica linear, mas com uma taxa (inclinação da curva) maior. Isto é mostrado no gráfico como uma faixa onde ocorre uma inflexão no comportamento linear. A Tg é definida determinando-se o ponto de inflexão dos dois segmentos lineares. Aumentando-se ainda mais a temperatura, os cristalitos presentes na massa polimérica, polímero semicristalino, começam a fundir ao atingir um determinado nível energético. A fusão de cada pequeno cristal provoca um pequeno aumento localizado e instantâneo de volume. Como existem cristais com diferentes tamanhos, existe uma faixa de temperatura em que todos os cristais fundirão, provocando um aumento gradual do volume total da amostra. Nessa faixa de temperatura, o volume específico aumenta rapidamente. Após a fusão de todos os cristais, polímero no estado fundido, o crescimento linear da temperatura aumentará gradativamente a mobilidade das cadeias, gerando uma expansão térmica linear. Por fim, quanto maior a fração volumétrica cristalina presente no polímero semicristalino, mais sua curva se afastará do comportamento do polímero amorfo (inclusive esta é uma das maneiras experimentais de se determinar a porcentagem de cristalinidade). 38 c) Temperatura de cristalização ou Tc Pode ser entendida como o valor médio da faixa de temperatura, durante o resfriamento de um polímero semicristalino fundido, onde um grande número de cadeias poliméricas começam a se organizar de forma regular, formando uma estrutura cristalina. Isto se reflete em toda a massa polimérica produzindo a cristalização da massa fundida. A cristalização pode ocorrer de forma isotérmica, quando a temperatura é rapidamente abaixada até a temperatura de cristalização, estabilizada e mantida constante até a total cristalização. Ou de forma dinâmica, quando a temperatura é reduzida a uma taxa constante e a cristalização ocorre dentro de uma faixa de temperatura. A cristalização dinâmica é a mais importante por estar mais próxima dos processos industriais de solidificação. Experimentalmente, a variação do volume específico durante um ciclo térmico de aquecimento e resfriamento de um polímero semicristalino pode ser observado através da Fig.40, que mostra a faixa de temperatura entre Tg e Tm onde ocorre a cristalização. O ponto de inflexão da curva define a temperatura de cristalização Tc. Fig. 40 – Temp. Tg e Tm em ciclo de aquecimento e Tc em ciclo de resfriamento. [11] O comportamento mecânico dos polímeros está diretamente relacionado com suas características cristalográficas e sua morfologia. CANEVAROLO JR., S. V [11], 39 utiliza esta relação para classificar os polímeros conforme seu comportamento mecânico como: Plásticos - Material polimérico sólido na temperatura de utilização, normalmente a ambiente ou próxima dela e podem subdivididos em: v Termoplástico - Plástico com a capacidade de amolecer, fluir e ser conformado quando sujeito a um aumento de temperatura e de pressão que, quando retirados, permite a solidificação do polímero em um produto com formas definidas. Esta alteração é uma transformação física, reversível. Nos polímeros semicristalinos, o amolecimento se dá com a fusão da fase cristalina. São fusíveis, solúveis, recicláveis. Exemplos: polietileno, poliamida, poliuretano, etc. v Termofixo ou Termorrígido - Plástico com capacidade de amolecer, fluir e ser conformado quando sujeito a um aumento de temperatura e pressão, sofre o processo de cura, transformação química irreversível, tornando-se rígido. Posteriores aquecimentos não mais alteram seu estado físico, permanecendo rígido, infusível e insolúvel. Exemplos: baquelite, resina epóxi, etc Elastômeros - Material polimérico que na temperatura ambiente aceita grandes deformações, retomando a condição inicial rapidamente após cessada a solicitação. Para apresentar estas características, os elastômeros normalmente possuem cadeias flexíveis amarradas umas às outras, com uma baixa densidade de ligação cruzada. Esta característica peculiar define as seguintes propriedades: a) Aceitar grandes deformações (> 200%), mantendo boa resistência mecânica e módulo de elasticidade quando deformado. b) Recuperação rápida e total da deformação após retirado o esforço. Exemplo: Borracha vulcanizada (BV). Fibras – Material termoplástico orientado no sentido longitudinal do eixo principal do fio (eixo maior). Deve satisfazer a condição geométrica de o comprimento 40 ser, no mínimo, cem vezes maior que o diâmetro (L/D > 100). A orientação das cadeias e dos cristais, feita de modo forçado durante a fiação, aumenta a resistência mecânica desta classe de materiais, tornando-os possíveis de serem usados na forma de fios finos. Exemplos: Fios de poliéster, Fios de aramida, fios de nylon, etc. 3.2.2 Comportamento Mecânico dos Polímeros O comportamento físico-mecânico de um polímero está diretamente relacionado ao estado físico em que este se apresenta. Estes estados são classificados como: Vítreo - acontece em temperaturas abaixo de Tg. Neste baixo nível energético as cadeias poliméricas não têm energia suficiente para apresentar mobilidade, respondendo preferencialmente de forma elástica às solicitações. A componente viscosa (deformação plástica) existe, mas sua contribuição é minoritária. O polímero é rígido e frágil. Borrachoso - acontece em temperaturas entre Tg e Tm. Nesta faixa de temperatura, o nível energético é suficiente para dar mobilidade somente à fase amorfa, mantendo a fase cristalina rígida. A flexibilidade da massa polimérica é função da mobilidade gerada pela fase amorfa, restrita pela rigidez da fase cristalina. Quanto maior a fração volumétrica cristalina, maior será a contribuição elástica. O polímero apresenta um comportamento semelhante ao da borracha vulcanizada. Viscoso - acontece em temperaturas acima de Tm. O termo "fundido" é restrito apenas aos polímeros semicristalinos e, portanto, não é usado por não ser geral. Este alto nível energético é caracterizado por apresentar todas as cadeias poliméricas altamente móveis, com uma forte contribuição da resposta plástica a deformação. Da mesma forma que anteriormente, a contribuição elástica está presente, mas é minoritária. É neste estado que os polímeros são processados, pois apresentam a máxima capacidade de mudança de conformação. Se, para o caso de polímeros semicristalinos, os três estados são possíveis, isto não acontece para os polímeros amorfos, que apresentam apenas os estados vítreo e viscoso. 41 Fig. 41– Relação entre temperaturas de transição e estados físicos de um polímero [11] A viscoelasticidade é um fenômeno relacionado a estrutura molecular dos polímeros e proporciona ao material um comportamento viscoso, como nos líquidos, superposto a um comportamento elástico, representado na literatura por modelos simplificados e outros mais complexos, que se aproximam do fenômeno físico real. A fração elástica da deformação aparece devido a variações do ângulo e a distância de ligação entre os átomos da cadeia polimérica. A fração plástica ocorre por causa do atrito entre as cadeias poliméricas. Este fenômeno ocorre em plásticos e fibras. Outra característica marcante dos polímeros é a extrema dependência de suas propriedades mecânicas com o tempo. Esta dependência pode ser comprovada através da observação: v Se o material é submetido a um peso constante; seja sob tração, compressão ou flexão, ela se deformará continuamente com o tempo. Este fenômeno é denominado fluência; v Se o material é deformado rapidamente e mantida sob deformação constante, a tensão aplicada para manter esta deformação diminui com o tempo. Este fenômeno é conhecido como Relaxação de tensão; v Se uma amostra polimérica é estirada sob tração a uma velocidade baixa, seu módulo será baixo, no entanto, se a velocidade de deformação aumentar, o módulo também aumentará. No ensaio de fluência, a amostra é submetida a uma tensão constante, e a deformação é registrada com o tempo. Neste ensaio, as moléculas sob tensão escoam 42 umas sobre as outras devido a sua mobilidade natural, resultando em um aumento contínuo da deformação com o tempo. Fig. 42– Gráfico deformação x tempo em ensaio de fluência [17] No ensaio de relaxação de tensão a amostra é submetida instantaneamente a uma deformação, mantida constante durante todo o tempo de ensaio. A amostra responde com uma tensão que é registrada com o tempo. Em razão da relaxação individual das moléculas, a tensão necessária para manter a deformação constante diminui com o tempo. Fig. 43 – Gráfico tensão x tempo em ensaio de relaxação de tensão [17] Os elastômeros, por sua vez, apresentam um fenômeno único, a elasticidade. Esta propriedade microscopicamente está relacionada a flexibilidade de suas moléculas e a restrição imposta a deformação pelas ligações cruzadas de suas cadeias poliméricas desordenadas e enoveladas. 43 Fig.44 – Cadeias poliméricas enoveladas (a) e alongamento na direção de s (b) [17] A elasticidade destes materiais pode ser avaliada e entendida através de considerações mecânicas ou termodinâmicas. Mecanicamente, através da aplicação de uma carga de tração, observa-se microscopicamente o desdobramento, alinhamento parcial e resultante alongamento das cadeias na direção de aplicação da tensão, figura 30(b). Após a liberação da tensão, as ligações cruzadas presentes em sua estrutura, forçam estas cadeias a voltarem às suas conformações originais e macroscopicamente o material retorna a sua forma anterior. A deformação elástica experimentada pelo desenovelamento das cadeias estruturais é totalmente recuperada. A ótica termodinâmica, por sua vez, associa a desordem da estrutura amorfa a um estado de entropia máxima e a tensão aplicada, ao surgimento de uma organização macromolecular que diminui esta entropia. Como o sistema, que no caso é a estrutura amorfa, tende a retornar ao seu estado de equilíbrio restaurando sua entropia, o material retornará a sua forma original ao ser retirada a solicitação. De uma forma geral, a resposta as solicitações mecânicas caracterizam as propriedades mecânicas dos polímeros. Esta resposta depende de fatores internos como a estrutura química e morfológica do composto em avaliação e fatores exteriores como a temperatura, o tempo e as condições de processamento do polímero. As propriedades mecânicas, por sua vez, podem ser levantadas através de ensaios estáticos, dinâmicos, destrutivos, não-destrutivos, de curta duração, de longa duração, etc. As solicitações podem ocorrer na forma de tensão ou de deformação e grande parte dos ensaios pode ser registrado por meio de curvas de tensão x deformação. 44 3.2.3 Considerações sobre ensaios mecânicos em polímeros O método mais utilizado para determinação de propriedades mecânicas em materiais poliméricos é o ensaio de tração, onde o material estudado pode ser avaliado de acordo com as deformações apresentadas pelo corpo de prova até o seu limite de ruptura. Fig.45 – Perfil típico de um corpo de prova de polímero termoplástico semicristalino deformado durante ensaio de tração [17] As informações mais importantes levantadas durante os ensaios de tração são: • Módulo de Young ou de elasticidade (E); • Tensão e deformação no escoamento; • Tensão máxima; • Tensão e deformação na ruptura; • Tenacidade. Através destes parâmetros é feita a avaliação de resistência do polímero, sendo importante o entendimento de cada conceito, resumidos abaixo, para uma correta interpretação do ensaio. Módulo de Young - É uma medida da razão entre a tensão aplicada e a deformação ocorrida no material, está diretamente relacionado com a rigidez do 45 material. É medido na região elástica da curva “tensão x deformação”, mas especificamente na região linear (até 2 % de deformação). E= σ ε Fig.46 – Marcação da região “linear”, determinação de s y [18] Deformações no escoamento e na ruptura - Definem o capacidade de escoamento das cadeias poliméricas durante a aplicação da tensão trativa e são calculadas através da relação: e= ∆l lo ? l = l-l0 Onde: l= Comprimento da região útil do corpo de prova no instante a ser medido a deformação. l0= Comprimento inicial da região útil. 46 O valor de (l) é obtido através de extensômetros fixados no corpo de prova ou através de leitura óptica com infravermelho. l l0 Fig.47 – Comprimento da região útil inicial (l0) e deformado (l) do CP após ensaio [18] Tensões – São calculadas em qualquer região da curva usando-se a razão entre a força aplicada e a área de seção transversal do corpo de prova. A tensão é definida como nominal quando a área inicial (A0) é utilizada para o cálculo da tensão. Por outro lado, a tensão é definida como real quando a área utilizada no cálculo (A) é a área obtida no instante do registro da carga. Limite de resistência à tração – É a tensão (TS) na qual ocorre a fratura do material. Esta tensão pode ser maior ou menor que a tensão de escoamento (s y), caracterizando respectivamente uma fratura dúctil e uma fratura frágil. (TS)2 (TS)1 (s y) Fig.48 – Tensão (TS) em materiais dúcteis e frágeis [11] 47 Tenacidade – Quantifica a energia que o material pode absorver antes de fraturar, é obtida integrando a área sob a curva do gráfico tensão-deformação até a ruptura. Fig.49 – Cálculo da tenacidade [18] O comportamento mecânico dos polímeros pode ser visualizado observando-se a sua curva tensão-deformação. A figura 50 mostra as curvas de polímeros diferentes em ensaio de tração. Fig.50 – Diferentes polímeros em ensaio de tração [18] Através da análise das curvas plotadas no ensaio de tração define-se o tipo de polímero ensaiado: A – Plástico Termofixo – Fratura ocorrendo na região elástica da curva, antes do escoamento 48 B – Termoplástico – Fratura após o escoamento do material, ocorrendo na região deformada plasticamente. C – Elastômero – Baixo módulo de elasticidade, grande deformação antes da ruptura. Alguns parâmetros como a taxa de deformação, temperatura do teste, estrutura química influenciam diretamente as curvas tensão x deformação, conforme pode ser conferido nas figuras 51 e 52: Fig.51 – Efeito da temperatura na curva tensão x deformação do acrílico (termoplástico). [17] Fig.52– Efeito da taxa de deformação na curva tensão x deformação da resina epóxi (termofixo). [11] 49 3.2.4 Considerações sobre Materiais da Mangueira Termoplástica Resumidamente são apresentadas a seguir as características e comportamento mecânico dos materiais poliméricos componentes da mangueira termoplástica: Poliamida (PA11) – São materiais caracterizados por sua alta resistência mecânica e estabilidade dimensional. Sua alta resistência é conferida por suas ligações hidrogênio, que também tornam este material higroscópico pela suscetibilidade a permeação de moléculas de água deste tipo de ligação. Esta capacidade de absorver mais ou menos água varia de acordo com o número de ligações do tipo CH, as quais são diferentes segundo o tipo de composição química da PA11, variando entre 0,5 e 2% ou atingindo a saturação (nível máximo de absorção) de 2 a 9%, CANEVAROLO JR., S. V [11]. A PA11 Rilsan®, sua marca registrada, é uma poliamida de alto desempenho, com base biológica fabricada pela Arkema a partir de sementes de rícino. Suas principais propriedades são, PA-11 RILSAN® DATA SHEET [12]: • Baixa absorção de humidade: estabilidade dimensional; • Resistência mecânica: boa resistência ao alongamento e abrasão, • Flexibilidade, plasticidade, comportamento elástico • Resistência excelente ao envelhecimento; • Baixa permeabilidade a combustíveis, gases, etc. Em sequência é apresentado um estudo de avaliação comparativa das propriedades mecânicas a tração da PA 11 e PA 6 em diferentes estágios de envelhecimento em água. 50 Fig.53 - Evolução do comportamento em tração em função do tempo de envelhecimento das poliamida 6 (a) e poliamida 11(b) [13] As curvas tensão x deformação, Fig.42 (a) e (b), retratam o comportamento das poliamidas 6 e 11 quando solicitadas a tração e a baixa influência da água nas propriedades mecânicas da PA-11, caracterizada pela sua resposta ao envelhecimento neste meio. Aramida – Fibra orgânica da família das poliamidas aromáticas, um termoplástico, desenvolvida para atividades industriais. Suas principais características são: • Alta resistência; • Tenacidade; • Estabilidade térmica. Poliuretano - Podem se apresentar como um termoplástico, termofixo, elastômero ou fibra, dependendo da estrutura química e funcionalidade dos reagentes empregados na formulação do polímero. No caso das mangueiras em estudo, são utilizados poliuretanos termoplásticos que conferem a capa externa as seguintes propriedades: • Alta resistência a abrasão e ao desgaste; • Permeabilidade; • Comportamento elástico. 3.3 QUALIFICAÇÃO Este subcapítulo faz-se necessário para facilitar o entendimento dos procedimentos adotados nos testes realizados neste trabalho. São apresentados todos os ensaios necessários para qualificação de uma mangueira termoplástica e fornecidos detalhes sobre aqueles que tem relevância para este estudo. 51 Os ensaios requeridos para a qualificação de uma mangueira são aqueles definidos na API 17E [1], estando relacionados à aplicação em umbilicais, dessa maneira, foram definidas as características consideradas mais relevantes a esse uso. Os principais ensaios são: • Explosão; • Compatibilidade química; • Permeabilidade; • Variação linear; • Vazamento; • Expansão Volumétrica; • Impulso; • Avaliação visual e dimensional; • Alteração de comprimento; • Colapso; • Rotação do end-fitting. Os testes realizados neste trabalho, pelas particularidades do experimento, não seguiram na integra os testes de qualificação descritos abaixo, mas procuraram ser coerentes com os procedimentos destes ensaios: Explosão – Durante a fabricação, uma amostra virgem deve ser retirada de cada extremidade de mangueira fabricada e montada com os fittings que serão usados no projeto. O comprimento da amostra medido entre extremidades, incluindo os acessórios montados, não deve ser inferior a 400 mm (15,75 in). Cada amostra deve ser testada utilizando as especificações do teste de pressão de ruptura de mangueiras hidráulicas especificados na ISO 1402 [15]. A pressão de ruptura não deve ser inferior ao valor especificado no projeto mangueira. Compatibilidade química - Os testes de compatibilidade são realizados para demonstrar que os fluidos de serviço especificados, são compatíveis com o materiais de construção mangueira. Para este testes são feitos ensaios de imersão e de pressurização cíclica. 52 Nos ensaios de imersão são utilizados corpos de prova normatizados para determinar se existe uma incompatibilidade entre a capa da mangueira ou liner com o fluido de serviço. A compatibilidade é comprovada através de testes com o corpo de prova envelhecido. Nestes testes as amostras deverão ser submetidas a testes de tração, adotando níveis de tensão especificados pelo fabricante. As propriedades que deverão ser avaliadas durante os testes com os corpos de prova são: • Aumento do volume do corpo de prova; • Tensão de ruptura; • Deformação na ruptura. Estas duas últimas propriedades deverão estar em conformidade com a norma ISO 527 [14]. Nos ensaios de pressurização cíclica, por sua vez, os corpos de prova utilizados são trechos das mangueiras fabricadas, das quais são retiradas amostras representativas. As amostras, total de seis, deverão ter um metro de comprimento e ser reterminadas com os fittings utilizados no projeto da mangueira. O teste consiste em mergulhar as amostras preenchidas com o fluido de serviço sob investigação em um tanque de água corrente, a uma temperatura de 40 ° C e cicia-las de zero a pressão de projeto, a uma taxa de 1 ciclo/hora por um período de 12 meses. Os períodos de pressurização e despressurização deverão ter cada um, a duração de 5 min 10 s e o tempo de permanência à pressão zero, deverá ser de 10 min 10 s. Com o teste em curso, em intervalos de tempo especificados, deverá ser removida uma amostra de uma mangueira em teste a qual deverá ser reterminada e reintroduzida no processo. A amostra removida deverá ser examinada e medidas as propriedades fisicas do liner e comparadas com as amostras de controle do mesmo banho. A combinação de mangueira / fluido passarão no teste se: a) Nenhuma das mangueiras falhar durante o período de ciclos de pressão; b) A vida útil mínima de projeto, prevista nas especificações do fabricante, for maior que a vida útil em serviço especificada. Em casos de não haver tempo hábil para um programa com a extensão de 12 meses, poderão ser adotadas temperaturas mais elevadas para encurtar o teste, sendo aceitável um menor número de amostras. Neste caso, a duração e a temperatura deverão 53 ser especificadas pelo fabricante. No caso de uso de temperaturas elevadas, deverá se observar se o mecanismo de falha é representativo e se a temperatura limite do material não foi excedida. O ensaio de pressurização cíclica, apesar de ser componente do teste de compatibilidade, não será utilizado neste trabalho por demandar de corpos de prova retirados do produto manufaturado, ou seja, de mangueiras fabricadas no material pretendido. 54 CAPÍTULO 4 - ESTUDOS DE CASO E EXPERIMENTOS Neste capítulo serão descritos estudo de caso de falhas de mangueiras hidráulicas de umbilicais em serviço e os ensaios realizados em laboratório, utilizando amostras de mangueiras termoplasticas fornecidas por duas empresas 4.1 FALHAS EM MANGUEIRAS HIDRÁULICAS DE UMBILICAIS DE CONTROLE OCORRIDAS EM SERVIÇO Este subcapítulo busca apresentar aspectos de falhas em mangueiras hidráulicas de umbilicais enquanto em serviço. Sob o caráter ilustrativo, é apresentado um tipo de falha evidenciado após a dissecação de umbilical que teve suas funções interrompidas por rompimento de suas mangueiras. O caso aqui apresentado é real, porém, por questões de confidencialidade, foram preservados os identificadores da ocorrência. Estudo de caso – Poço injetor GTX-443, LDA de 1181 m, interligado a plataforma P-93 por umbilical eletro-hidráulico de 5 funções, contendo cinco mangueiras termoplásticas de 3/8” para acionamento da ANM. Este umbilical apresentou vazamento de fluido hidráulico em quatro de suas cinco mangueiras, identificadas após a perda do controle de abertura e fechamento das válvulas as quais estavam interligadas. As falhas foram percebidas em períodos distintos, sendo sempre sucedidas por tentativas de detecção e reparo offshore das mangueiras danificadas. Registro de falhas UEH GTX-443 Mangueira Função Data da falha 2 4 3 5 Acionamento M1 Acionamento W1 Reserva 1 Reserva 2 14/04/2009 20/04/2009 04/06/2009 05/08/2009 Fig.54 - Registro de mangueiras danificadas Com o não sucesso do reparo, as informações das detecções realizadas foram armazenadas, o umbilical desinstalado, acondicionado em bobina e encaminhado para a base da empresa fornecedora para análise da ocorrência. 55 As cotas das supostas posições das falhas foram registradas para posterior validação dos métodos por comparação. Estando o umbilical em instalações fabris, com representantes da empresa operadora, procedeu-se, seguindo procedimentos do fabricante, a dissecação do umbilical danificado. Após dissecação, foram registradas as regiões dos danos nas mangueiras e comparados com os valores das cotas adquiridas pelas técnicas utlilizadas na tentativa de detecção dos danos. A comparação mostrou a inconsistência dos métodos aplicados, evidenciando valores sugeridos muito diferentes dos encontrados. 4.1.1 Caracterização dos Danos Durante a dissecação do umbilical, após registro da posição da falha, foram retirados trechos de seis metros das mangueiras, tendo como centro o dano identificado. Das mangueiras retiradas, apenas uma delas foi dissecada, as demais foram armazenadas para posterior verificação. A mangueira dissecada apresentou modo de falha característico de colapso, com a presença de um forte vinco seguido de rompimento. As observações podem ser conferidas nos registros apresentados: Principais constatações: • Ocorrência de ruptura da capa externa de Poliuretano na região do furo; • Ruptura da camada de aramida com aspecto de explosão; • Presença de vinco extenso, devido a colapso, em todo trecho dissecado; • Liner de PA-11 apresentando coloração amarelada; • Furo na região vincada. 56 Fig.55 – Aspecto da seção transversal da região vincada Fig.56 – Aspecto da ruptura da camada de Aramida Fig.57 – Aspecto do dano na região vincada 57 Além da tipificação da falha, foi efetuado o levantado do histórico operacional do umbilical, buscando correlacionar eventos ocorridos durante sua operação com os danos verificados. Para esta análise, a variável escolhida foi a pressão do header de umbilicais de injeção alimentado por uma HPU (Unidade Hidráulica de Potência), equipamento responsável por manter pressurizadas as mangueiras para acionamento de válvulas de ANMs de injeção de água, produção e de válvulas de segurança. Os dados de pressão deste header e de outros supridos pela HPU, são registrados por PITs (pressure indicator and transmiter) locais, que enviam as leituras para um sistema de controle da plataforma, possibilitando o levantamento de informações em qualquer período de interesse. No caso em estudo, o período pretendido foi o intervalo de tempo em que o umbilical do poço injetor ficou em operação. As informações foram aquisitadas e disponibilizadas em períodos bimestrais apresentados nas figuras abaixo. M2 M4 2320 2030 1740 1450 19/02 30/04 Fig.58 – Oscilação de pressão do sistema no primeiro bimestre 58 M3 2610 2320 2030 1740 1450 1160 10/07 30/04 Fig.59 – Oscilação de pressão do sistema no segundo bimestre 2320 M5 2030 1740 1450 1160 10/07 18/09 Fig.60 – Oscilação de pressão no último bimestre de operação do umbilical 59 A HPU de P-93 alimenta o header de injeção ajustado em uma pressão média de 2000 psi, mantendo nesta faixa a pressão das mangueiras hidráulicas responsáveis pela abertura e fechamento das válvulas das ANMs de injeção de água. Oscilações grandes de pressão neste sistema não são comuns, mas podem ocorrer devido a paradas de emergência (shutdown), válvulas de controle do sistema hidráulico mal ajustadas ou manutenções do sistema hidráulico de superfície. Analisando os gráficos, observa-se diversas pequenas e médias oscilações e alguns grandes vales representativos de perda total de pressão devido a possíveis paradas da planta em emergência. Adicionando a este registro as informações das datas das falhas ocorridas, percebe-se que há uma proximidade destas com os eventos de maiores oscilações significativas na pressão do header de injeção, como pode ser conferido no quadro abaixo: QUADRO ANALÍTICO Mangueira Ciclos acumulados até a falha Inicio do período de maior perturbação Data da falha Fim do período de maior perturbação 2 4 3 5 8 16 18 aprox. 50 05/04/2009 05/04/2009 02/06/2009 28/07/2009 14/04/2009 20/04/2009 04/06/2009 05/08/2009 22/04/2009 22/04/2009 21/06/2009 07/08/2009 Fig.61 – Quadro cronológico de falhas e eventos Para estabelecimento de critério e construção do quadro analítico, foi arbitrado que oscilações significativas seriam todas aquelas em que houvesse variações iguais ou superiores a 300 psi, sendo estas contadas como ciclos de pressão. Apesar dos fatos e registros observados não foi emitido um parecer sobre a falha encontrada, sendo aguardada a análise das demais mangueiras para a fundamentação de um diagnóstico. *O termo header, neste trabalho, é utilizado para nomear um tubo de distribuição ajustado em uma pressão pré-definida, que comunica um tanque a várias tubulações supridoras. 60 4.2 REPRODUÇÃO DE FALHAS EM LABORATÓRIO - ENSAIOS DE PRESSÃO A RUPTURA EM MANGUEIRAS TERMOPLÁSTICAS DE UMBILICAIS DE CONTROLE 4.2.1 Metodologia Foram realizados ensaios utilizando amostras de mangueiras termoplasticas fornecidas por duas empresas, totalizando 19 corpos de prova. 4.2.1.1 Descritivo das amostras a. Empresa 1: • Quantitativo: Foram utilizadas nove mangueiras 6H5 - 3/8” de 5000 psi de pressão de trabalho. • Corpos de prova: Os corpos de prova foram numerados de 1 a 9. • Pressão Externa: A pressão externa aplicada durante todos os testes foi equivalente a lâmina d’água de 2000m. b. Empresa 2: • Quantitativo: Foram utilizadas dez mangueiras 6H5 - 3/8” de 5000 psi de pressão de trabalho. • Corpos de prova: Os corpos de prova foram numerados de 10 a 19. • Pressão Externa: A pressão externa aplicada durante todos os testes foi equivalente à lâmina d’água de 2000m. 4.2.1.2 Descritivo dos ensaios colapso/explosão (monotônico) Nos testes realizados nesta etapa, cada corpo de prova foi mantido colapsado durante 24 horas, sendo aplicada a pressão de 3000 psi na câmara hiperbárica, simulando lâminas d’água dos novos projetos da Petrobras em Tupi (atual campo de 61 Lula). Foi utilizada água como fluído base no preenchimento e pressurização das mangueiras até a ruptura. 4.2.1.2.1 Detalhamento do experimento As amostras foram ensaiadas separadamente, sendo duas delas, mangueiras M1 e M12, utilizadas para conferir a pressão de explosão descrita na especificação do fabricante. As mangueiras M4, M5, M6, M7, M8, M9, M10, M11 e M19 foram pressurizadas até ruptura após colapso para que fosse verificada a resistência à pressão interna dos corpos de prova. As mangueiras M2 e M3, por sua vez, depois de colapsadas foram dissecadas para que fossem visualizados os efeitos do esmagamento pela pressão nas camadas componentes do corpo tubular. A Tabela 3, pag. 72, detalha a condição de teste de cada mangueira, indicando o preenchimento e a pressão aplicada em cada corpo de prova. As mangueiras M1 e M12 foram montadas no interior da câmara hiperbárica de teste e pressurizadas para verificação de possiveis vazamentos em suas conexões antes do fechamento da mesma. Após a verificação, a câmara foi fechada e procedida a pressurização interna das mangueiras até sua ruptura, seguindo as instruções para o teste fornecido pelo fabricante da mangueira. Os gráficos A1 e A2 mostram o comportamento dos corpos de prova durante a elevação de pressão à ruptura. A pressão de ruptura (24.000 e 23.000 psi) em ambas as amostras estão coerentes com os valores do data sheet das mangueiras e com o histórico fornecido pelo fabricante (20.000 psi), atestando as condições de integridade das amostras utilizadas que foram conferidas no recebimento do material e antes da realização dos testes. Teste de ruptura - Amostra 1 25000 20000 15000 )i s p ( ão sse r P 10000 5000 0 0 10 20 30 Tempo (s) 40 50 Gráfico A1– Teste de ruptura da mangueira M1 62 Teste de Ruptura - Amostra 12 30000 25000 20000 i)s p ( o ãs 15000 se r P 10000 5000 0 0 10 20 30 40 50 60 70 Tempo (s) Gráfico A2 – Teste de ruptura da mangueira M12 As amostras M3, M5, M7, M8, foram preenchidas com óleo e montadas no interior câmara com tubings em uma de suas extremidades que se interligavam ao meio externo através de orificios na tampa. Após montagem e fechamento, procedeu-se a elevação de pressão até o limite do teste, 3000 psi. Com as mangueiras conectadas ao meio externo e sendo efetuada a coleta e medição do volume de óleo drenado do interior das mesmas, foi conferido o colapso total dos corpos de teste. Com os corpos colapsados, foi mantida a pressão de teste pelo período de 24 horas. Após o tempo de permanência na pressão procedeu-se a drenagem da câmara com posterior pressurização das mangueiras M5, M7 e M8 até sua ruptura. O rompimento da mangueira M5 ocorreu na pressão de 12.783 psi, 25 segundos após o inicio da pressurização (gráfico A3, pag. 66). Considerou-se o teste não representativo, pois a explosão ocorrera próximo ao conector prensado do corpo de prova. As mangueiras M7 e M8, que tiveram a região externa próxima ao conector protegida por um tubo de aço resinado, fotos C e D, fig. 62, também romperam na interface com o conector, desta vez em uma pressão ainda mais baixa, 300 psi, invalidando mais uma vez o teste (gráficos A4 e A5, pag. 67). Foi observado após dissecação deste corpo de prova, que o tubo interno do conector em contato com a mangueira funcionou como uma aresta cortante que, durante o colapso do corpo tubular, pressionou o liner da mangueira, marcando internamente sua superfície e fragilizando a região (fotos E e F, fig.63). A mangueira M3 foi dissecada para verificação do modo de falha. 63 Fig. 62 - Fotos C e D – Amostras M7 e M8 com a proteção tubular resinada Capa de poliuretano Fibra de reforço Conexão de aço inox 316 Liner de poliamida Fig. 63 - Fotos E e F –Tubo interno do conector e mangueira danificada. Buscando mais uma vez a mitigação deste modo de falha, a amostra M6 foi preparada de modo que a aresta cortante do tube não mais tivesse ação sobre a mangueira submetida ao colapso. Um cilindro metálico foi montado de maneira que a mudança de seção interna do conector se tornasse suave, evitando a formação da aresta cortante (fotos G, H, I e J, fig.65). Com este arranjo, nos moldes dos testes anteriores, a 64 mangueira foi pressurizada, tendo seu rompimento registrado na pressão de 16.464 psi (gráfico A6, pag.68). Durante a análise da amostra ensaiada não foi verificada a falha anteriormente observada, contudo o teste foi considerado inválido, pois o arame utilizado como guia na montagem do conjunto rompeu no interior da mangueira durante a preparação da amostra. Com o colapso do corpo tubular, acredita-se que o contato das paredes internas da mangueira com este fragmento, tenha provocado um tipo de marca na região da falha, que provavelmente teve um efeito fragilizante durante a pressurização e a ruptura da amostra em questão. De modo a eliminar o provável efeito do fragmento, foi refeito todo o arranjo com as mangueiras M10 e M11, repetindo-se as etapas de colapso e pressurização até a ruptura. Os valores de pressão registrados, comparados com a falha experimentada nas duas amostras, demonstraram que o contato entre o tube interno do conector e o liner da mangueira, apesar de minimizado, continua existindo. Ver fotos P e Q, pag.65 e gráficos A7, pag.68 e A8, pag.69, que apontam as pressões de ruptura na faixa de 16000 psi. Outro arranjo foi montado em busca da solução para o problema da interferência entre a mangueira e o do conector. Nesta nova montagem, como pode ser verificado nas fotos R e S, pag 66, os conectores são retirados e as extremidades da mangueira M19 ficam para fora da câmara. São montados de forma solidária a capa externa da amostra, dois cones resinados com a função de vedação, conforme pode ser observado nas fotos R e S. Com o objetivo de evitar o colapso na região sob o cone, região de transição da câmara pressurizada e o ambiente externo, são introduzidos no corpo tubular dois pequenos trechos de tubo rígido com suas extremidades adoçadas. Os cones e os tubos inseridos na mangueira são removidos após o ensaio de colapso e montados dois novos conectores no trecho submetido a pressão externa. A amostra agora com os novos terminais é pressurizada, tendo seu rompimento registrado na pressão de 21040 psi (gráfico A9, pag.69), não sofrendo mais influencia do efeito fragilizante verificado nos ensaios anteriores. 65 Fig. 64 - Fotos G, H, I e J – Montagem do arranjo no conector da mangueira. Apesar de não mais serem verificados os problemas experimentados nos testes anteriores, não houve diminuição da pressão de ruptura da mangueira após vinte e quatro horas colapsada. Fig. 65 - Fotos P e Q – Dano na mangueira M10 66 . Fig. 66 - Fotos R e S – Montagem da mangueira M19. Teste de ruptura - Amostra 5 14000 12000 10000 )i 8000 s P ( o ãs se r 6000 P 4000 2000 0 0 5 10 15 20 Tempo (s) Gráfico A3 – Teste de ruptura da mangueira M5 25 30 67 Teste de ruptura - Amostra M7 400 Pressão (Psi) 300 200 100 0 0 10 20 30 40 50 60 70 Tempo (s) Gráfico A4 – Teste de ruptura da mangueira M7 Teste de ruptura - Amostra M8 400 Pressão (Psi) 300 200 100 0 0 10 20 30 Tempo (s) 40 Gráfico A5 – Teste de ruptura da mangueira M8 50 60 68 Teste de ruptura - Amostra M6 20000 Pressão (Psi) 15000 10000 5000 0 0 10 20 30 40 50 60 70 Tempo (s) Gráfico A6 – Teste de ruptura da mangueira M6 Teste de ruptura - Amostra 10 18000 16000 14000 Pressão (Psi) 12000 10000 8000 6000 4000 2000 0 0 10 20 30 40 Tempo (s) 50 60 Gráfico A7 – Teste de ruptura da mangueira M10 70 80 69 Teste de ruptura - Amostra 11 18000 16000 14000 Pressão (Psi) 12000 10000 8000 6000 4000 2000 0 0 10 20 30 40 50 60 Tempo (s) Gráfico A8 – Teste de ruptura da mangueira M11 Teste de ruptura - Amostra 19 25000 20000 )i s (p o ãs se r P 15000 10000 5000 0 0 5 10 15 20 25 30 Tempo (s) Gráfico A9 – Teste de ruptura da mangueira M19 35 40 70 As mangueiras M2, M4 e M9 tiveram seus volumes medidos e preenchidos com 50% de sua capacidade. As amostras foram montadas no interior da câmara e interligadas a sua tampa com o auxílio de uma válvula que manteve as mesmas na condição de 50% preenchidas à pressão atmosférica. A câmara foi pressurizada e mantida à pressão de teste pelo período de 24 horas. Após o período adotado, a exemplo do teste anterior, procedeu-se a drenagem da câmara com posterior pressurização das mangueiras M4 e M9 até sua ruptura (fotos L, M, N, O, fig.67). Na amostra M4 o rompimento ocorreu aproximadamente a 20.000 psi (gráfico A10, pag.70). A mangueira M9 teve sua falha registrada a 20.678 psi (gráfico A11, pag.71). A mangueira M2 foi dissecada para verificação do modo de falha. Teste de ruptura - Amostra 4 25000 20000 ) si P ( o ãs se r P 15000 10000 5000 0 0 10 20 30 40 50 60 Tempo (s) Gráfico A10 – Teste de ruptura da mangueira M4 70 80 71 Teste de ruptura - Amostra 9 25000 Pressão (Psi) 20000 15000 10000 5000 0 0 5 10 15 Tempo (s) 20 25 Gráfico A11 – Teste de ruptura da mangueira M9 Fig. 67 - Foto L, M, N, O – Teste de ruptura com a amostra M9 30 72 Tabela 3- Condições iniciais do ensaio monotônico Mangueira Fluido Interno Pressão Interna EMPRESA 1 Pressão Externa M1 Vazia Pressurização da mangueira à ruptura. Pressão atmosférica M3 Vazia Pressão atmosférica durante o ensaio (24 horas). Pressão de 3000 psi por 24 horas. M5 Vazia Pressão atmosférica durante o ensaio (24 horas). Posterior elevação de pressão à ruptura. Pressão de 3000 psi por 24 horas. Pressão atmosférica para teste de ruptura. Fluido Interno Pressão Interna EMPRESA 1 Pressão Externa M4 50% preenchida com óleo. Pressão atmosférica durante o ensaio (24 horas). Posterior elevação de pressão à ruptura. M2 50% preenchida com óleo. Pressão atmosférica durante o ensaio (24 horas). Posterior elevação de pressão à ruptura. Pressão de 3000 psi por 24 horas. Pressão atmosférica para teste de ruptura. Pressão de 3000 psi por 24 horas. M6 Vazia Pressão atmosférica durante o ensaio (24 horas). Posterior elevação de pressão à ruptura. Pressão de 3000 psi por 24 horas. Pressão atmosférica para teste de ruptura. M7 Vazia Pressão atmosférica durante o ensaio (24 horas). Posterior elevação de pressão à ruptura. Pressão de 3000 psi por 24 horas. Pressão atmosférica para teste de ruptura. M8 Vazia Pressão atmosférica durante o ensaio (24 horas). Posterior elevação de pressão à ruptura. Pressão de 3000 psi por 24 horas. Pressão atmosférica para teste de ruptura. Mangueira 73 M9 Mangueira M10 50% preenchida com óleo. Pressão atmosférica durante o ensaio (24 horas). Posterior elevação de pressão à ruptura. Pressão de 3000 psi por 24 horas. Fluido Interno Pressão Interna EMPRESA 2 Pressão atmosférica durante o ensaio (24 horas). Posterior elevação de pressão à ruptura. Pressão Externa Vazia Mangueira Fluido Interno Pressão Interna EMPRESA 2 Pressão Externa Pressão de 3000 psi por 24 horas. Pressão atmosférica para teste de ruptura. Pressão atmosférica M11 Vazia Pressão atmosférica durante o ensaio (24 horas). Posterior elevação de pressão à ruptura. M12 Vazia Pressurização da mangueira à ruptura. Vazia Pressão atmosférica durante o ensaio (24 horas). Posterior elevação de pressão à ruptura M19 Pressão de 3000 psi por 24 horas. Pressão atmosférica para teste de ruptura. Pressão de 3000 psi por 24 horas. Pressão atmosférica para teste de ruptura. 4.2.1.2.2 Dissecação de amostras do ensaio colapso/explosão Após o ensaio, as amostras levadas ao colapso foram dissecadas e analisadas. As observações relativas a este procedimento estão descritas no próximo item. As mangueiras levadas a explosão não foram dissecadas. O procedimento de dissecação, neste caso, consiste na extração das camadas que compõe o corpo de prova e análise visual das mesmas, sempre buscando danos oriundos da solicitação provocada pelo teste. No item a seguir estão ilustradas as etapas do procedimento ao qual foram submetidas as amostras M2 e M3. 4.2.1.2.2.1 Etapas do procedimento de dissecação 74 A dissecação foi realizada conforme apresentado na sequência das figs. 68, 69 e 70. Fig. 68 - Extração da camada externa de poliuretano. Fig. 69 - Inspeção visual da camada intermediária de aramida e verificação da deformação do perfil da mangueira. Fig. 70 - Extração da camada de aramida e inspeção visual do tubo principal de PA-11. 75 Mangueira Condição de Teste Danos M2 Preenchida com 50 % de óleo, tamponada e submetida a pressão externa de 3000 psi durante 24 horas, levando ao colapso do corpo de prova. Apresentou ovalização, entretanto não foi observada a formação de vinco. M3 Vazia, colapsada por pressão de 3000 psi durante 24 horas. Apresentou ovalização acentuada com leve formação de vinco. Marcas do trançado de aramida impressas na superfície. Perfil Observado Fig. 71 - Observações do procedimento de dissecação A camada de poliuretano praticamente não foi afetada pelo teste realizado, não havendo qualquer registro de dano. Não foi observado qualquer desarranjo ou dano na camada de aramida. As observações relativas ao liner de PA-11 estão na fig.71, onde está ilustrada a condição dos trechos dissecados 24 horas após as amostras serem submetidas ao colapso. Vale relatar que uma semana após os testes, as duas mangueiras haviam retornado a condição anterior ao ensaio, recuperando seu perfil circular e não transparecendo qualquer indício do vinco anteriormente observado. 4.2.1.2.2.2 Resultados Analisado os resultados registrados nos testes, não foi observada redução na pressão de ruptura das amostras ensaiadas quando submetidas ao colapso simples e posterior explosão. As deformidades observadas nas mangueiras levadas até a ruptura não foram suficientes para criar um concentrador de tensões (vinco) que comprometesse 76 a estrutura do liner ou para desarrumar a trama de aramida da segunda camada. Esta constatação pode ser corroborada pelas observações registradas na etapa de dissecação das amostras, onde mesmo as ditas deformações não se mostraram estáveis. É importante ressaltar também, que as mangueiras levadas à explosão romperam sempre segundo a direção e o sentido das marcas do trançado de aramida impressas no corpo do liner. 4.2.1.3 Descritivo dos ensaios cíclicos colapso/explosão Buscando intensificar os efeitos presumidos pelo colapso das mangueiras, o procedimento utilizado nas amostras anteriores foi alterado de modo que estas passassem a ser solicitadas por carregamentos cíclicos de pressão. O objetivo deste novo teste foi reproduzir de forma acelerada a vida operacional de um umbilical, submetendo as mangueiras a variações de pressão (pressurizações e despressurizações) as quais o umbilical é submetido durante sua operação em uma plataforma. Esta reprodução está baseada em um caso hipotético de um UEH com presença de ar em suas mangueiras, o que teoricamente poderia levar ao colapso das mesmas quando solicitadas após perda parcial ou total de pressão hidráulica na plataforma. Para o experimento a câmara foi mantida em 3000 psi e em seu interior montadas 3 (três) mangueiras equalizadas com a pressão ajustada. As amostras passaram a ser despressurizadas, sendo mantidas colapsadas por um período de 20 minutos e novamente pressurizadas a 3000 psi permanecendo nesta condição por outros 20 minutos. Foram utilizadas no ensaio as amostras M13, M14 e M15, as quais foram submetidas a 10, 25 e 50 ciclos, respectivamente. 4.2.1.3.1 Detalhamento do experimento As amostras M13, M14 e M15 foram montadas no interior da câmara com tubings em uma de suas extremidades, interligadas a um manifold (ver procedimento executivo) e pressurizadas com óleo a 3000 psi. Após pressurização das mangueiras procedeu-se a pressurização da câmara a 3000 psi. O manifold interligado as mangueiras possibilitou que as amostras fossem sendo retiradas do teste e mantidas equalizadas com a pressão da câmara conforme iam sendo completados os ciclos pre- 77 estabelecidos. A primeira amostra (M13) foi ciclada 10 (dez) vezes, obedecendo ao ciclo de 20 minutos cheia e 20 minutos vazia, durante aproximadamente 7 (sete) horas. A segunda amostra (M14) foi ciclada 25 (vinte e cinco) vezes durante dois turnos de 8 horas. A terceira amostra (M15) foi ciclada 50 (cinqüenta) vezes durante quatro turnos de 8 horas. Após o último ciclo a câmara foi esvaziada, as mangueiras despressurizadas e preparadas para dissecação e teste de ruptura. Todas as amostras foram seccionadas, figura 81, pag.86, e tiveram trechos de seus corpos avaliados através de dissecação e outros reterminados e pressurizados até a ruptura. As amostras M13 e M14, como pode ser observados nos gráficos B1 e B2, pag.77, tiveram suas pressões de ruptura registradas (21099 psi e 19939 psi) bem próximas da pressão de ruptura informada pelo fabricante. A amostra M15, grafico B3, pag.78, apresentou expressiva redução em sua pressão de ruptura (16968 psi) quando comparada a pressão de teste de fábrica, indicando uma relação, ainda que incipiente, de queda de resistência do material com o número elevado de ciclos. Teste de ruptura - Amostra 13 25000 20000 is) (p o ãs s e r P 15000 10000 5000 0 0 10 20 30 40 50 60 70 80 Tempo (s) Gráfico B1 – Teste de ruptura da mangueira M13 – 10 ciclos 90 100 78 Teste de ruptura - Amostra 14 25000 20000 i)s (p o ãs se r P 15000 10000 5000 0 0 20 40 60 80 100 120 140 Tempo (s) Gráfico B2 – Teste de ruptura da mangueira M14 – 25 ciclos Teste de ruptura - Amostra 15 18000 16000 14000 12000 is) 10000 (p o ãs s e r 8000 P 6000 4000 2000 0 0 10 20 30 40 50 60 Tempo (s) Gráfico B3 – Teste de ruptura da mangueira M15 – 50 ciclos 70 80 79 As observações do primeiro teste foram postas a prova no ensaio da ultima amostra disponível, mangueira M16, que dividida em três trechos, buscou ainda diminuir as incertezas oriundas da fabricação, que poderiam introduzir dúvidas relativas a qualidade das amostras testadas. De forma similar ao teste anterior, as mangueiras foram cicladas e posteriormente seccionadas, sendo trechos separados para dissecação e outros reterminados para pressurização a ruptura. Os trechos da mangueira M16, denominados respectivamente M16-1, M16-2 e M16-3, apresentaram resultados no teste de ruptura similares ao do teste anterior, rompendo as duas primeiras amostras na pressão próxima à informada pelo fabricante (19640 e 21512 psi) e a terceira com 16764 psi. Os resultados podem ser conferidos através dos gráficos B4, B5 e B6, das pags. 79 e 80. Teste de ruptura - Amostra 16 -1 22500 20000 17500 Pressão (psi) 15000 12500 10000 7500 5000 2500 0 0 10 20 30 40 50 60 Tempo (s) Gráfico B4 – Teste de ruptura da mangueira M16-1– 10 ciclos 70 80 Teste ruptura - Amostra 16-2 25000 20000 Pressão (psi) 15000 10000 5000 0 0 10 20 30 40 50 60 70 Tempo (s) Gráfico B5 – Teste de ruptura da mangueira M16-2 – 25 ciclos Teste de ruptura - Amostra 16-3 20000 16000 Pressão (psi) 12000 8000 4000 0 0 10 20 30 40 50 Tempo (s) Gráfico B6 – Teste de ruptura da mangueira M16-3 – 50 ciclos 60 81 4.2.1.3.1.1 Procedimento executivo A figura 72 mostra o aparato de testes utilizado, e as figuras seguintes descrevem mais detalhadamente suas funcionalidades. Fig. 72 – Aparato para teste cíclico. Fig. 73 - Manifold – Responsável pelo direcionamento geral do fluido utilizado no teste, equalizando pressões (câmara x mangueiras) e drenando mangueiras para o colapso. 82 Fig.74 - Válvula nº1 – Comunica o manifold a mangueira de 10 ciclos e opera aberta quando o objetivo é colapsar a mangueira ou fechada quando se pretende manter o corpo tubular pressurizado. Fig.75 - Válvula nº2 - Comunica o manifold a mangueira de 25 ciclos e tem operação similar a válvula nº1. 83 Fig.76 - Válvula nº3 – Comunica o interior da câmara com o manifold e opera aberta quando a válvula nº 4 está fechada. Fig.77 - Válvula nº4 – Válvula de dreno. Mantida aberta para dreno do fluido das mangueiras (colapso) e fechada para pressurização das mesmas. Obs.: A mangueira de 50 ciclos comunica-se com o sistema através de um tubing interligado diretamente ao manifold, não possuindo válvula de corte. A figura 78 mostra o esquema hidráulico do arranjo deste teste. 84 Fig. 78 – Esquema hidráulico do aparato do teste cíclico A Tabela 4, a exemplo do teste monotônico, detalha a condição de teste de cada mangueira, indicando o preenchimento e a pressão aplicada em cada corpo de prova. Tabela 4 – Condição de teste Mangueira M13 M14 M15 M16-1 Fluido Interno Pressão Interna EMPRESA 2 Cheia com Ciclos de pressão de 3000 psi posterior durante o teste (7 horas). despressurização Posterior elevação de pressão à e repressurização ruptura. (ciclagem). Cheia com Ciclos de pressão de 3000 psi posterior durante o teste (Dois turnos de 8 despressurização horas). e repressurização Posterior elevação de pressão à (ciclagem). ruptura. Cheia com Ciclos de pressão de 3000 psi posterior durante o teste (Quatro turnos de 8 despressurização horas). e repressurização Posterior elevação de pressão à (ciclagem). ruptura. Cheia com Ciclos de pressão de 3000 psi posterior durante o teste (7 horas). despressurização Posterior elevação de pressão à e repressurização ruptura. (ciclagem). Pressão Externa Pressão de 3000 psi durante o teste. Pressão atmosférica para teste de ruptura. Pressão de 3000 psi durante o teste. Pressão atmosférica para teste de ruptura. Pressão de 3000 psi durante o teste. Pressão atmosférica para teste de ruptura. Pressão de 3000 psi durante o teste. Pressão atmosférica para teste de ruptura. 85 M16-2 M16-3 Cheia com posterior despressurização e repressurização (ciclagem). Cheia com posterior despressurização e repressurização (ciclagem). Ciclos de pressão de 3000 psi durante o teste (Dois turnos de 8 horas). Posterior elevação de pressão à ruptura. Ciclos de pressão de 3000 psi durante o teste (Quatro turnos de 8 horas). Posterior elevação de pressão à ruptura. Pressão de 3000 psi durante o teste. Pressão atmosférica para teste de ruptura. Pressão de 3000 psi durante o teste. Pressão atmosférica para teste de ruptura. 4.2.1.3.2 Dissecação de amostras dos ensaios cíclicos colapso/explosão Diferente do procedimento realizado nas amostras do ensaio colapso/explosão, as amostras dissecadas eram trechos subtraídos das mangueiras testadas e levadas a ruptura, como pode ser observado no item anterior. 4.2.1.3.2.1 Etapas do procedimento de dissecação A preparação, conforme Figura 79, consistiu em seccionar as duas extremidades de cada mangueira, salvando um trecho de aproximadamente 1metro para reterminação. Os trechos subtraídos das extremidades das mangueiras M13, M14 e M15, com aproximadamente 25 cm cada um, foram dissecados e analisados. Os trechos ensaiados da mangueira M16, por apresentarem características geométricas semelhantes em relação ao colapso das primeiras mangueiras, não tiveram os perfis de suas seções registrados. O procedimento de dissecação seguiu os mesmos passos do trabalho realizado anteriormente, registrando qualquer variação na geometria do corpo de prova pós-ensaiado. 86 Fig. 79 - Condições iniciais do ensaio cíclico Apesar das mangueiras apresentarem um perfil geométrico bastante achatado após o ensaio, nenhum dano foi detectado nas camadas de poliuretano ou no trançado da camada de aramida. O mesmo não pode ser dito em relação ao liner de PA-11, que além de apresentar marcas do trançado de aramida impressas em sua superfície, apresentou vincos bastante acentuados gerados após as ciclagens, sendo mais protuberantes naquelas amostras submetidas a maior número de ciclos. As observações relativas ao aspecto geral das amostras foram registradas na Figura 80, retratando o perfil dos trechos dissecados 24 horas após as amostras terem sido submetidas ao colapso. Diferente das amostras do ensaio monotônico, o perfil das mangueiras colapsadas permaneceu inalterado com o tempo. 87 Mangueira M13/M16-1 Condição de teste Câmara inicialmente a 3000 psi. Mangueira submetida a 10 (dez) ciclos, 20 minutos cheia e 20 minutos vazia. Tempo total do teste 400 min. Danos Apresentou ovalização acentuada e formação de vinco. Marcas do trançado de aramida impressas na superfície. M14/M16-2 Câmara inicialmente a 3000 psi. Mangueira submetida a 25 (vinte e cinco) ciclos, 20 minutos cheia e 20 minutos vazia. Tempo total do teste 1000 min. Câmara inicialmente a 3000 psi. Mangueira submetida a 50 (cinquenta) ciclos, 20 minutos cheia e 20 minutos vazia. Tempo total do teste 1000 min. Apresentou ovalização acentuada e formação de vinco. Marcas do trançado de aramida impressas na superfície. Apresentou ovalização acentuada e formação de vinco. Marcas do trançado de aramida impressas na superfície. M15/M16-3 Perfil observado Fig. 80 - Observações do procedimento de dissecação 4.2.1.3.2.2 Resultados As duas mangueiras testadas apresentaram resultados similares, mostrando repetibilidade do fenômeno estudado. Foi observado um decréscimo da pressão de ruptura dos corpos ensaiados a partir do quinquagésimo ciclo, não havendo alteração significativa nas propriedades das demais amostras (10 e 25 ciclos). Por motivos de custos e exiguidade de tempo não foi possível buscar o número de ciclos a partir do qual seria detectada uma redução nesta propriedade. A exemplo do ocorrido no ensaio anterior, as mangueiras levadas a explosão também romperam segundo a direção e o sentido das marcas do trançado de aramida impressas no corpo do liner. 88 4.3 ENSAIOS PARA CARACTERIZAÇÃO DE MATERIAIS PARA MANGUEIRAS TERMOPLÁSTICAS DE UMBILICAIS DE CONTROLE Paralelamente aos testes de ruptura de mangueiras, buscou-se nesta pesquisa a análise do material base das mangueiras ensaiadas (poliamida 11) e dos materiais propostos para subsituí-lo, o elastômero FKM da Du Pont e um Poliéster termoplástico disponibilizado pela Parker. Para esta análise foi utilizado apenas o teste de tração, que buscou caracterizar mecanicamente cada material antes e depois da imersão no fluido de trabalho. É importante salientar que, diferente da primeira etapa, não foi intenção deste trabalho fazer qualquer estudo de validação de material na forma tubular, ou seja, de uma mangueira comercial ou protótipo. 4.3.1 Descritivo dos ensaios Para os ensaios de tração foram confeccionados corpos de prova normatizados dos materiais a serem estudados, sendo parte destes espécimes colocados em contato com o fluido hidráulico (HW-525) em sistemas construídos especificamente para imersão, figura 81, mantendo os corpos de prova separados, a uma temperatura de 60ºC por um período de 45 dias para posterior avaliação. Fig.81– Equipamento para imersão de corpos de prova 89 Os ensaios foram realizados no laboratório de Polímeros II, em uma máquina universal de ensaios Instron modelo 5582, figura 82, com capacidade de 10 t e célula de carga de 10 KN. A taxa de deformação imposta as amostras nos testes, foi controlada por extensômetro ótico. Fig.82 – Preparação de máquina para teste de tração Os ensaios de tração foram realizados simultaneamente em amostras virgens e envelhecidas, após os 45 dias de imersão. 4.3.1.1 Ensaio de Tração em amostras de Poliamida A poliamida foi obtida na forma de pellets e processada a quente via moldagem por compressão, em corpos de prova segundo a norma ASTM D-638, espécime do tipo I, fig.85. O processamento foi feito a uma temperatura de 220ºC e a uma carga de 6 toneladas, permanecendo nessa condição por 5 minutos, seguido de um resfriamento controlado até 80ºC e carga de 0,5 tonelada por 10 minutos. Depois de todo o processo os corpos de prova foram resfriados ao ar livre por cerca de 5 minutos para depois terem seus contornos ajustados por lixamento. 90 Fig.83 - Corpo de prova Tipo I segundo a norma ASTM D-638 Foram ensaiados a tração três corpos de prova virgens e três corpos envelhecidos, fig. 84, sendo utilizada a velocidade de deslocamento da garra de 5 mm/min, estabelecida pela ASTM D-638 para materiais poliméricos termoplásticos. Fig.84 – Amostra tracionada durante ensaio 91 Os corpos de prova foram levados a 100% de deformação mas não chegaram a ruptura. Os três corpos de prova virgens e os três envelhecidos apresentaram comportamento similar para cada situação, havendo sobreposição de suas curvas. Em virtude desta característica, foi escolhida a curva de um corpo de prova qualquer virgem e outro envelhecido para exposição comparativa de suas propriedades mecânicas a tração após contato com o fluido hidráulico, fig.85. Fig.85 – Gráfico tensão deformação da PA 11 antes e após envelhecimento Através da análise do gráfico, é reconhecido o comportamento do polímero termoplástico em ambas as situações, havendo apenas uma pequena queda da tensão de escoamento após o contato com o fluido de serviço aquecido. 4.3.1.2 Ensaio de Tração em amostras de Poliéster Termoplástico Parker Material termoplástico fornecido em forma de manta e cunhado em corpos de prova gravata tipo I, fig.86, segundo a norma ISO 37 para elastômeros, fig.87. Este artifício foi utilizado devido a falta de material para confecção de espécime segundo a norma ASTM D-638. 92 A D B C Fig.86 – Corpo de prova segundo a norma ISO 37 Fig.87 – Quadro de dimensões para corpo de prova ISO 37 Da mesma forma que para Poliamida, foram ensaiados a tração três corpos de prova virgens e três corpos envelhecidos, sendo utilizada a velocidade de deslocamento da garra de 5 mm/min, estabelecida pela ASTM D-638 para materiais poliméricos termoplásticos Os corpos de prova deste material apresentaram uma ligeira alteração em sua coloração após o contato com o fluido hiráulico, conforme pode ser observado através da Figura 88. 93 Fig.88 – Aspecto dos corpos de prova depois e antes do contato com o fluido HW Fig.89– Gráfico tensão deformação do Poliéster antes e após envelhecimento O poliéster tem comportamento similar ao da Poliamida por ser um material polimérico termoplástico, porem com uma tensão de escoamento menor. Este material também apresentou uma pequena queda da tensão de escoamento após o contato com o fluido de serviço aquecido, fig.89. 94 4.3.1.3 Ensaio de Tração em amostras de Elastômero FKM Fornecido também em forma de manta e cunhado em corpos de prova gravata tipo I, segundo a norma ISO 37 para elastômeros. Seguiu o mesmo procedimento utilizado para as amostras anteriores sendo ensaiados a tração três corpos de prova virgens e três corpos envelhecidos, sendo utilizada a velocidade de deslocamento da garra de 500 mm/min, estabelecida pela ISO 37 para elastômeros. Fig.90 – Gráfico tensão deformação do elastômero antes e após envelhecido Comportamento característico de um elastômero, com baixo módulo de elasticidade e grande deformação antes da ruptura, não apresentando praticamente nenhuma diferença em seu comportamento mecânico a tração após o envelhecimento. 4.3.2 Resultados finais Considerando os parâmetros utilizados para o ensaio, todos os materiais se mostraram compatíveis com o fluido hidráulico HW 525 utilizado neste ensaio. Apesar de não terem sido levados a ruptura, percebe-se pelos gráficos que os dois materiais ensaiados apresentariam tensões de ruptura bem inferiores a da poliamida 11. 95 Não menos importantes, abaixo estão dispostos os parâmetros relativos a temperatura considerados para realização do ensaio de imersão no fluido hidráulico: • Temperatura de especificada para utilização do HW-525: -10 a 90 oC • Temperatura de operação do HW-525: 4 a 70 oC Não há restrições relativas a temperatura para os materiais ensaiados na faixa de temperatura de operação do HW-525. O HW-525 é um fluido base água da série Oceanic HW, fornecido pela Mac Dermid Off Shore Solutions para utilização em sitemas de controle submarinos. Este fluido possui baixa viscosidade e proporciona uma ótima resposta aos sistemas, enquanto um sofisticado pacote de aditivos proporciona um alto grau de proteção contra desgaste, corrosão, degradação microbiológica e permite que este possa ser descartado para o meio marinho sem riscos ambientais. 96 CAPÍTULO 5 - CONSIDERAÇÕES FINAIS O estudo de caso objeto deste trabalho, apesar das restrições impostas pela necessidade de sigilo, possibilitou a visualização de uma falha real, um problema experimentado por um umbilical de controle, que teve como consequência o rompimento de suas mangueiras hidráulicas, sua retirada de operação e o início de um trabalho de pesquisa em busca da causa da ocorrência. O acesso à mangueira dissecada tornou possível a verificação in loco do aspecto de uma mangueira termoplástica colapsada no interior de um umbilical armado que, por estar confinada, tem sua deformação contida quando submetida à pressão externa, evidenciando um modo de falha caracterizado pela invaginação do corpo tubular e um colapso em forma de coração, diferente do colapso plano observado em laboratório. Em um levantamento de prováveis causas de danos em mangueiras termoplásticas de um umbilical, é indispensável o acesso a todo o registro de vida deste duto; desde sua fabricação, passando pela instalação, histórico operacional, registro de ocorrência de falhas até sua desmobilização. A necessidade desta documentação é uma evidência clara durante o estudo de caso, onde, apesar de não haver um laudo com a causa da falha, é possível extrapolar, com base nos dados disponibilizados, uma possível combinação de fatores desencadeadores do problema. Apesar da reunião de toda documentação da vida do duto, não é garantida durante a análise, uma correta tipificação da causa de uma falha. É muito difícil, por exemplo, afirmar se um vinco verificado em uma mangueira falhada foi provocado pelo colapso desta mangueira em operação ou se é oriundo dos carregamentos de esmagamento durante a instalação do umbilical por possível presença de ar em suas mangueiras. Para fins de pesquisa, é importante lembrar que o rompimento de mangueiras de um umbilical em operação acontece sempre em pressões inferiores ao limite de projeto da mangueira, uma vez que a pressão máxima de controle do fluido hidráulico na plataforma é de 3000 psi para umbilicais de poços produtores. Do total de mangueiras disponibilizadas para os experimentos, 68% foi utilizado para o estudo do colapso por carregamento monotônico. Deste percentual, 77% serviu para validação do ensaio. A dificuldade encontrada em isolar o efeito do colapso para a análise de suas consequências no corpo tubular ensaiado, só foi possível com a reterminação das amostras que eliminou o modo de falha até então atuante. Este 97 procedimento deverá ser adotado em testes futuros que tenham como premissa de análise o colapso seguido de ruptura de mangueiras termoplásticas. Considerando apenas o aspecto da seção transversal das mangueiras vazias submetidas a carregamento compressivo e levadas ao colapso, é possível verificar dois comportamentos distintos: • Recuperação da circunferência – Mangueiras colapsadas por um período de vinte quatro horas. • Manutenção da deformação – Mangueiras submetidas a carregamentos cíclicos compressivos. Para esta consideração tomou-se como base comparativa o tempo de 7 dias após o fim dos experimentos. A ciclagem de amostras foi realizada após resultados negativos em relação à diminuição da pressão de ruptura das amostras ensaiadas por carregamento monotônico. O ensaio cíclico mostrou-se mais eficaz, evidenciado alteração em propriedades mecânicas de algumas amostras testadas, após determinado número de ciclos. Todas as mangueiras levadas à explosão romperam segundo a direção e o sentido das marcas do trançado de aramida impressas no corpo do liner. Fazendo uma correlação simplista, verifica-se alguma similaridade das falhas caracterizadas no estudo de caso, ciclos de pressão durante a operação do umbilical, com as reproduzidas pelo ensaio de colapso cíclico, em que as mangueiras foram induzidas a falha através de ciclos de pressão. Danos preexistentes devido a esforços da instalação do umbilical podem ter sido a diferença entre o número de ciclos que levaram as mangueiras do caso estudado a falha e os 50 ciclos que reduziram a pressão de ruptura da amostra testada no laboratório. Não foi estudada neste trabalho a influência da geometria do colapso da mangueira em sua fragilização. A geometria da seção transversal passou a ser observada durante a condução do trabalho, uma vez que as mangueiras falhadas dentro de umbilicais, no caso estudado e na literatura consultada, mostraram-se com formato diverso daquele retratado em laboratório. Comparando o comportamento dos materiais pesquisados em ensaio de tração, no tempo zero e após envelhecimento, observa-se que para todos os corpos de prova houve um pequeno decréscimo na tensão de ruptura. Por análise visual é possível evidenciar alteração de cor nas amostras do poliéster termoplástico da Parker, após o envelhecimento no fluido hidráulico. 98 CAPÍTULO 6 - CONCLUSÕES A representatividade da pesquisa de falhas com mangueiras termoplásticas em laboratório, quando comparada a complexidade das falhas ocorridas no conjunto de mangueiras do umbilical armado, está na possibilidade de isolar o fenômeno do colapso e estudar a sua influência na fragilização do material do liner da mangueira. Com base nas amostras ensaiadas monotonicamente, a deformação concentrada no colapso não influenciará na resistência a ruptura das mangueiras. Isto confirma o resultado numérico da simulação de colapso do liner de PA-11 [16], cujos resultados indicam que a deformação imposta no colapso na atinge o seu limite de ruptura. Com base nas amostras cicladas 10 e 25 vezes, a deformação concentrada no colapso também não influenciará na resistência a ruptura das mangueiras. O ensaio cíclico de colapso evidenciou a relação das falhas das mangueiras com a fadiga de baixo ciclo do material de seu liner polimérico (PA11). Com o esmagamento do corpo tubular, as marcas impressas no corpo do liner de PA-11 pelo trançado de aramida passam a atuar como regiões preferenciais para ruptura durante os ensaios de pressurização. Considerando apenas os ensaios executados, os materiais sugeridos como substitutos ao PA11, são compatíveis com o fluido de controle utilizado, não apresentando qualquer alteração significativa em suas propriedades mecânicas a tração. Os materiais testados mostraram-se menos resistentes que a poliamida 11, considerando uma provável tensão de ruptura. Contudo, não é possível afirmar que, uma vez extrudados e revestidos por uma camada de reforço, não atenderiam os critérios de aceitação do produto final. 6.1 SUGESTÕES Para trabalhos futuros indica-se a continuidade do trabalho de pesquisa de danos em mangueiras influenciados por ciclos de pressão, devendo ser retomado o ensaio de ciclagem de amostras. Neste reinício, tomando como base o número de ciclos em que foi evidenciada a redução da pressão de ruptura registrada neste trabalho, deve-se buscar descobrir a partir de quantos ciclos a fragilização passa a ocorrer e quantos ciclos serão necessários para que a pressão de ruptura da mangueira seja reduzida a valores inferiores a sua pressão de trabalho. De posse destes dados será possível a elaboração de gráfico a partir do qual poderá ser visualizado o ponto em que o material solicitado 99 começaria a apresentar alterações em suas propriedades, evidenciado pela diminuição da pressão de ruptura do corpo de prova Outra linha de pesquisa merecedora de análise seria a correlação da influência da geometria da seção transversal da mangueira colapsada com a redução de sua pressão de ruptura. Neste trabalho seria reproduzida a falha das mangueiras no interior do umbilical, recriando em laboratório as restrições a expansão plana do corpo tubular quando submetido a pressão externa. Estas restrições a expansão, que poderiam ser criadas através, por exemplo, do confinamento das mangueiras dentro de tubos metálicos, levariam a mangueira ao colapso do tipo heart shape. A pesquisa com espécimes para seleção de material alternativo a poliamida 11 deve ser continuada, utilizando um tempo maior de envelhecimento ou maiores temperaturas, utilizando os mesmos materiais ou outros que apresentem características mecânicas e químicas interessantes para esta aplicação. O efeito do envelhecimento no liner de PA-11 também pode ser objeto de estudo, comparando as caracterísitcas físicas, mecânicas e químicas de corpos de prova de poliamida envelhecidos em laboratório e aqueles retirados de mangueiras de umbilicais desmobilizados. A caracterização dos corpos de prova por sua vez, pode ser realizada através de análises térmicas como TGA (análise termogravimétrica) e DSC (Calorimetria diferencial exploratória), análises físico-químicas como FTIR (Expectroscopia no infravermelho com transformada de fourrier) e DRX (Difração de raio X) e testes de tração. A proposta de estudo de compatibilidade de materiais utilizando mangueiras também não pode ser descartada, já foi objeto de trabalhos publicados e mostrou-se bastante efetiva. Este tipo de ensaio, descrito na API 17 E (1) e reproduzido neste trabalho, deve ser aplicado após um maior conhecimento sobre os materiais a serem testados, pois demanda a fabricação da mangueira com todas as suas camadas. 100 Bibliografia [1] API RP 17E, Specification for Subsea Umbilicals, 4th ed., American Petroleum Institute, Washington, 2011. [2] BRIEG W. F., Mathematical and Experimental Pressure Response of Helically Wound Wire Reinforced Elastomeric Hose, SAE 88 1301, 1988. [3] J.D. STABLES, I.R. DODGE, et. al., A More Realistic Method for Predicting the Compatibility of Thermoplastic Hoses When Used in Subsea Umbilical Systems. Proceedings of Offshore Technology Conference, Houston, 1993. [4] R.R. JAKEMAN, P.H. KNIGHT., Development of a High Pressure Thermoplastic Hose. The Society for Underwater Technology, England, 1995. [5] RUDIO, FRANZ VICTOR., Introdução ao projeto de pesquisa científica, Petrópolis: Vozes, 2000. [6] SEVERINO, ANTÔNIO JOAQUIM., Metodologia do trabalho científico, São Paulo, Cortez, 2000. [7] SILVA, WILLIAM A., LOPES, VOLNEY S., Trabalho de detecção de falhas em umbilicais. PETROBRAS, Rio de Janeiro, 2009. [8] SILVA, WILLIAM A., R., YONATHAN, Apresentação sobre fabricação de Umbilicais. PETROBRAS, Macaé, 2007 [9] BUSCACIO, F.A, Umbilicais Subamarinos, PETROBRAS, Rio de Janeiro, 2009. [10] API RP 17I, Installation Guidelines for Subsea Umbilicals, American Petroleum Institute, Washington,2002 [11] CANEVAROLO JR., S. V., Ciência dos Polímeros – Um texto básico para tecnólogos e engenheiros, Editora Artliber, 2ª edição, São Paulo, 2006. [12] PA-11 RILSAN® DATA SHEET; BESNO P40 TLO – Arkema, France, 2011. [13] MARYSILVIA, ALBANO C., SOARES B., et. al., Avaliação Comparativa das Propriedades Mecânicas de Tração da Poliamida 11 e Poliamida 6 em Diferentes Estágios de Envelhecimento, 3o Congresso Brasileiro de P&D em Petróleo e Gás, IBP, Salvador, 2005. [14] ISO 527, Plastics – Determination of Tensile Properties, 2nd edition, Switzerland, 2009. [15] ISO 1402, Testes hidrostáticos em mangueiras plásticas e de borracha; 4ª edição, 2009 101 [16] DRUMOND, GEOVANA P., Estudo de Material Alternativo para Fabricação de Mangueiras Hidráulicas de Umbilical Submarino, Projeto de Graduação, COPPE/UFRJ, Rio de Janeiro, 2013. [17] CALLISTER JR., W. D., Ciência e Engenharia dos Materiais – Uma introdução, Editora LTC; 5ª edição; Rio de Janeiro, 2002; pág. 79-80, 328-332. [18] POLIMEROS, CIÊNCIA E TECNOLOGIA: Virtual Magazine. Disponível em: http://revistapolimeros.org.br/xa.yimg.com/kq/groups/19687466/787286149/na me/EM014_PROPMEC3.pdf, Acesso em: 30 abr. 2013, 22:30:30. [19] SEMICRYSTALLINE MATERIAIS: Disponível em: http://gertrude- old.case.edu/276/materials/145/14.htm. Acesso em: 27 abr. 2013, 21:35:20