UNIVERSIDADE CATÓLICA DE PETRÓPOLIS CENTRO DE ENGENHARIA E COMPUTAÇÃO CURSO DE ENGENHARIA MECÂNICA EDIFÍCIOS INTELIGENTES RENAN DIAS ALVES Petrópolis 2011 2 UNIVERSIDADE CATÓLICA DE PETRÓPOLIS CENTRO DE ENGENHARIA E COMPUTAÇÃO CURSO DE ENGENHARIA MECÂNICA EDIFÍCIOS INTELIGENTES RENAN DIAS ALVES Trabalho de Eletrotécnica apresentado à Faculdade de Engenharia da UCP. PROFESSOR JOSE ALVES PROENÇA MARTINS Petrópolis 2011 3 Resumo Apresenta-se neste artigo o conceito de edifício inteligente de um ponto de vista funcional, realçando a estrutura dos serviços que o integram, as suas funções básicas e as suas interações. Em particular, chama-se a atenção para os enormes potenciais, em termos de valor acrescentado, que é possível retirar deste conceito. Uma visão abrangente como a que aqui é apresentada faz ressaltar como noções fundamentais a integração, a flexibilidade, a adaptabilidade e a capacidade de oferecer um suporte eficaz à atividade das organizações sediadas no edifício. 4 Resumo ..................................................................................................................... 3 1 EDIFÍCIOS INTELIGENTES .............................................................................. 5 2 ESTÁGIO ATUAL DA TECNOLOGIA ................................................................. 7 2.1 Histórico ....................................................................................................... 7 2.2 A Produtividade e o Conforto ........................................................................ 8 2.2 Projeto Inteligente ........................................................................................ 9 2.2.1 Projeto arquitetônico .................................................................................. 9 2.2.2 Projeto do cabeamento ............................................................................ 10 2.2.3 Considerações gerais .............................................................................. 11 2.3 2.3.1 Controle de energia ................................................................................. 12 2.3.2 Iluminação ............................................................................................... 12 2.3.3 Controles de acesso ................................................................................ 13 2.3.4 Transporte vertical ................................................................................... 13 2.3.5 Sistemas de detecção e alarme de incêndio ............................................ 13 2.3.6 Ar condicionado ....................................................................................... 14 2.3.7 Sistemas gerenciadores para redes hidráulicas ....................................... 14 2.3.8 Comunicação ........................................................................................... 14 2.3.9 Outros subsistemas ................................................................................. 14 2.4 3 4 Gerenciando as diferentes linguagens ....................................................... 11 Materiais e sistemas construtivos ............................................................... 15 APLICAÇÕES POTENCIAIS ............................................................................ 17 3.1 Cenário 1 .................................................................................................... 17 3.2 Cenário 2 .................................................................................................... 18 APLICAÇÕES PRÁTICAS .............................................................................. 20 4.1 Exemplos de interações entre serviços ........................................................... 23 5 PAÍSES MAIS AVANÇADOS NO DESENVOLVIMENTO DESTE ESTUDO. .... 25 5.1 Situação do Brasil. ...................................................................................... 25 6 CONCLUSÃO ................................................................................................... 27 7 BIBLIOGRAFIA ................................................................................................ 28 5 1 EDIFÍCIOS INTELIGENTES A inteligência de uma edificação nasce de um projeto inteligente, onde os diversos sistemas podem ser gerenciados de uma forma integrada e com o emprego de materiais e sistemas construtivos adequados. O termo edifício inteligente é usado em novas aplicações para edificações comerciais ou residenciais,porém passou a ser usado de uma forma bastante genérica para qualquer edificação que possua um mínimo de avanço tecnológico, sendo que nem sempre havia a preocupação de ser efetivamente inteligente. Pode-se definir edifício inteligente sendo aquele que promove a transferência de dados de um sistema para outro, ou ainda um edifício no qual se aplicam processos e tecnologia, de forma apropriada para satisfazer as necessidades dos proprietários e dos ocupantes. Uma edificação inteligente deve promover aos usuários conforto, segurança e sobretudo economia, tanto economia em custos diretos, quanto economia em custos indiretos tais como manutenção e operação. Sabemos que os custos de manutenção e operação de uma edificação supera em 80% o custo total da edificação em sua vida útil que em média é de 40 anos, sendo que somente 11 a 20% dos custos desta edificação são gastos em sua construção. Partindo dessa primeira análise, podemos entender que é de grande importância uma correta concepção do que é e como implementar um sistema de fato inteligente, que realmente proporcione o conforto e economia satisfatório, não representando apenas custo na sua implementação e nem sendo usado como uma simples ferramenta de Marketing. Um projeto de infra-estrutura básica para implementação de sistemas inteligentes permite ao construtor dispor de flexibilidade e escalonabilidade em suas implementações de tal forma que o construtor possa oferecer ao usuário um edifício preparado fisicamente com a infra-estrutura básica para aplicações diversas, deixando a decisão de investimento nas aplicações mais complexas aos condôminos e usuários. Um edifício inteligente pode oferecer ao usuário a possibilidade de utilizar um dispositivo de segurança chamado controle de acesso, esse dispositivo, na realidade, faz parte de um sistema que pode integrar portaria de acesso da edificação, controle de fluxo de pessoas, racionalização do uso de energia elétrica, 6 além de dispositivos de conforto; o morador de posse de um cartão magnético ou um cartão de proximidade consegue o acesso a edificação com o uso desse cartão na portaria, ao passá-lo seus dados são verificados e, sendo ele usuário cadastrado desta edificação, o seu acesso é permitido com o destravar da porta. Enquanto todo este processamento é realizado, o sistema também aciona o elevador, que chegará à portaria já programada para deslocar-se ao andar desse usuário; ainda aciona-se, de forma automática, o sistema de climatização da sala ou apartamento desse usuário, bem como a iluminação dos corredores que por onde o mesmo trafegará para chegar a sua sala e também a iluminação do hall de sua sala ou apartamento. Todo esse sistema pode representar um custo elevado para comercialização de determinados padrões de edificações, porém o construtor não pode prever quanto pode custar no futuro esse ou outro sistema dito como caros hoje, por isso é de grande importância disponibilizar a essas edificações a possibilidade de implementar posteriormente os sistemas inteligentes que desejarem seus usuários, mesmo que de forma escalonável. É mais interessante ainda que o usuário passe a usufruir dessa infra-estrutura básica já de imediato à ocupação da edificação, tendo em vista que essa infra-estrutura básica será usada nos sistemas de telefonia e rede de computadores dos usuários e condôminos. Passaremos a identificar esta infraestrutura básica com o nome de cabeamento estruturado. 7 2 ESTÁGIO ATUAL DA TECNOLOGIA 2.1 Histórico As primeiras preocupações arquitetônicas que culminaram com a automação predial vieram com a necessidade de suplantar os problemas da obsolescência e flexibilidade dos edifícios. Em 1904, o arquiteto norte-americano Frank Loyd Wright, afirmou: "o edifício é uma expressão diretamente aplicada a seu propósito, da mesma forma que um transatlântico ou um automóvel", ou seja, o projeto arquitetônico é base da incorporação de tecnologias voltadas ao conforto e à eficiência. Logo depois, em 1914, no manifesto do "arquiteto futurista", Antônio Sant’Elia pede pela flexibilidade das instalações ao afirmar: "a arquitetura não deve ser permanente mas efêmera". Em 1950, o arquiteto Siegfred Giedion impunha aos projetos a necessidade de se prever modificações nos edifícios a fim de servir as necessidades dos usuários a cada momento. Essa observação foi confirmada nos anos 60 pelo grupo Archigram de arquitetos ingleses. Eles identificaram desajustes na excessiva duração dos edifícios em função de serem incapazes de acomodar as mudanças tecnológicas e culturais, ocorridas em ciclos cada vez mais curtos . Mas a verdadeira necessidade da incorporação da "inteligência" em um edifício veio com a crise do petróleo em 1973, que determinou uma maior economia de energia surgindo em Cambridge, na Inglaterra, os primeiros modelos de controle predial automatizado, administrando o consumo de energia de 134 edifícios, em 2400 pontos a um custo de 5,5 milhões de dólares, proporcionando uma amortização do investimento ao final de dois anos. Em 1984, foi construído em Nova York pela companhia AT&T, projetado por Philip Johnson e John Burges, o prédio que incorporava os princípios de flexibilidade e os mais avançados sistemas de automação e telecomunicações. Dois anos mais tarde, em 1986, a companhia de seguros Lloyd’s constrói em Londres um edifício que pode ser considerado um dos marcos da história dos edifícios com alta tecnologia. Projetado pelo arquiteto Richard Rogers, sua estrutura foi concebida para durar 50 anos, o sistema de ar condicionado, 15 anos e as 8 comunicações, 5 anos. No mesmo ano, em São Paulo, foi construído o edifício do Citibank, pioneiro no Brasil nas novas tecnologias e os edifícios do Centro Empresarial Itaú Conceição (CEIC), concebidos com tecnologia nacional. Em 1992, com o fim da reserva de mercado da informática no Brasil e a entrada de novos produtos e tecnologias para a área das estruturas inteligentes, as construtoras passaram a incorporar um crescente número de funções controladas. 2.2 A Produtividade e o Conforto A tendência mundial está marcada pela busca do conforto havendo uma revalorização do indivíduo dentro do processo produtivo das indústrias,escritórios e demais estruturas. A crescente automação das tarefas vem gerando um maior tempo livre. Nos últimos edifícios de escritórios, construídos nas principais cidades do mundo, percebe-se a crescente integração com o meio ambiente produzindo áreas de lazer aplicadas, ou seja, espaços para contemplação e o encontro entre as pessoas. Mais internamente ao edifício, as áreas de trabalho apresentam transparências entre os ambientes associados a acabamentos que garantem conforto acústico, iluminação natural e integração social sem comprometer a concentração e a privacidade dos trabalhadores. Todos esses fatores visam o aumento da produtividade das pessoas e, consequentemente, das empresas. Em estudos feitos no exterior em relação ao custo normal das instalações, todo arsenal disponível para dotar as edificações de inteligência não representa mais do que 2 ou 3% do seu preço final. Em contrapartida, os países que costumam fazer avaliações estatísticas constataram que a produtividade dos seus profissionais sobe de 9 a 10%. O conforto é conceito amplo e ainda em pauta de discussão, e seu alcance pode ser notado quando analisamos as diversas necessidades dos clientes e usuários. Muitas vezes, conforto pode representar menor dispêndio de energia para uns ou aumento da segurança para outros, por exemplo, no Brasil, o desconforto pode estar na rua, quando a ineficiência do transporte público obriga os motoristas a ir para o trabalho de carro, assim o fator de conforto pode estar na ampliação das áreas de estacionamento. Se a preocupação do cliente está no fator climático, um 9 edifício bem projetado poderá valorizar a ventilação e a iluminação natural permitindo que o ar condicionado passe a ser apenas elemento auxiliar. Os ambientes podem contar ainda com revestimentos mais adequados visando um maior desempenho acústico e térmico e muitas outras possibilidades poderão surgir visando a valorização do indivíduo na edificação. 2.2 Projeto Inteligente Quando observamos um edifício com alta tecnologia notamos o cuidado de todos os detalhes construtivos e este fator depende da perfeita harmonia entre o projeto de arquitetura e os demais projetos. Aspectos como acabamento, revestimento, esquadrias, distribuição de energia, hidráulica, iluminação, condicionamento ambiental são elementos determinantes da eficiência de todo o conjunto. Mas devemos ressaltar que o que torna um edifício inteligente deve ser entendido de uma forma mais ampla, por exemplo, um edifício de escritórios que mesmo tendo seu total desenvolvimento de controle de acesso, automação, racionalização de energia, gerenciamento eletrônico, etc., não pode ser considerado inteligente se for construído em terreno localizado em uma rua cujas possibilidades de tráfego de veículos já se encontram esgotadas ou, esteja em posição inadequada em relação ao sol. Então, para dotar um edifício de inteligência é necessário especificar produtos adequados e que favoreçam uma construção funcional, principalmente quanto à flexibilidade, segurança, economia de energia e integração dos diversos recursos. Para isso devem ser considerados no projeto alguns conceitos como: 2.2.1 Projeto arquitetônico a) fachadas de grande impacto visual e melhor desempenho térmico. Devem ser estudadas a adoção de vidros reflexivos e semi-reflexivos - redutores de energia, 10 aplicações de pedras de revestimentos e sanduíches de granito/alumínio/tela de polietileno, fachadas integradas com aço inoxidável ou escovado; b) pré-lajes e lajes planas propendidas; c) estruturas de concreto pré-fabricado - que começam a viabilizar estruturas competitivas em custo e de qualidade nitidamente superior; d) edificações em aço - de montagem naturalmente racionalizada até sistemas de pré-fabricados em aço – que facilitam encaixes; e) pisos: elevados ou com pedras naturais como granito e mármore; f) forros modulares e removíveis - deverão ser revistos os conceitos de modulação até agora adotados, em conjunto com os fornecedores de luminárias,para que mais combinações sejam possíveis, visando tornar os ambientes mais confortáveis tanto em termos de luminosidade quanto de conforto térmico e isolamento acústico; g) lâmpadas fluorescentes de última geração, com reatores eletrônicos melhorando o desempenho energético dos sistemas de iluminação e evitando o efeito estroboscópico; h) o projeto deve valorizar o uso da luz natural, porém precisa evitar que o calor excessivo invada e degrade o ambiente. 2.2.2 Projeto do cabeamento i) cabeamento under-carpet: sistema de distribuição de energia elétrica em fiação achatada que pode ser instalada sob carpetes e permite grande flexibilidade nas instalações; j) barramentos bus-way: sistema de distribuição elétrica em barramentos dispostos na horizontal e vertical por uma edificação, que possui extensores e outros dispositivos e acessórios que facilitam a interligação das instalações; k) cabeamento estruturado ou pré-cablagem: sistema pré-fabricado de distribuição de linhas telefônicas e de informática, previamente distribuído pela edificação; 11 l) observação às leis do sistema autônomo para Detecção e Alarme de Incêndio e instalações elétricas de baixa potência; 2.2.3 Considerações gerais m) projeto do aterramento elétrico; n) projeto das redes internas de informática; o) integração entre os diferentes sistemas. Embora o custo da construção aumente cerca de 1 a 3% e o do cabeamento aumente de 30 a 40% em relação ao convencional, a pré-cablagem vale a pena pois consiste num sistema capaz de proporcionar como vantagens: universalidade, perenidade e flexibilidade aos usuários de sistemas de informática. 2.3 Gerenciando as diferentes linguagens Não há até hoje critérios que definam o que seja efetivamente um edifício inteligente, muito menos, há um consenso em relação aos equipamentos e sistemas que devam ser utilizados e sua agregação. O que existe de comum neste tipo de estrutura é que a edificação pode ser automatizada em muitas de suas funções e monitorada de maneira local ou remota. Sensores identificam as informações técnicas que interessam e as transmitem para centrais de controle e supervisão automáticas, capazes de captar e decodificar as mensagens com ou sem a participação humana, tomar decisões que organizem o uso e as condições das instalações e dos vários ambientes de um edifício. O problema surge quando diferentes sistemas começam a "conversar" com o sistema de gerenciamento. Este, por sua vez, deve ser capaz de decodificar os vários sinais eletrônicos e apresentá-los de forma amigável em uma tela de computador, de modo 12 a representar graficamente todas as funções por ele controladas. O gerenciamento ideal deve em tese ser capaz de integrar os vários sistemas, que por sua vez, devem ser compatíveis ou "falar" a mesma língua. Na prática isto ainda não é possível. Por exemplo, o sistema de gerenciamento eletrônico dos elevadores não possui a mesma linguagem das redes de telefonia. As empresas pelo mundo tentam estabelecer padrões para facilitar as comunicações entre os diversos sistemas de uma edificação. Até hoje nenhuma linguagem (interface) teve força suficiente para se impor como padrão internacional. Quando o mercado optar por uma linguagem comum os custos do projeto de automação se reduzirão, pois não haverá gastos com adaptações desnecessárias e dispendiosas. Em resumo, de uma estação central um operador controla e monitora todas as funções do edifício enviando comandos adequados para o mesmo. Para facilitar este trabalho o mercado está produzindo softwares para facilitar a integração homem-máquina através de desenhos (ícones), mensagens e outros dados simplificados. 2.3.1 Controle de energia Supervisão e controle dos principais dispositivos elétricos do edifício como transformadores, disjuntores de alta e baixa tensão, quadros de alimentação de equipamentos e centrais de medição de grandezas elétricas. Pode atuar sobre as operações de liga-desliga de luminárias, ajustar equipamentos nos períodos mais críticos, de modo a manter o nível de consumo e controlar a demanda de energia para se beneficiar de tarifas diferenciadas. 2.3.2 Iluminação A iluminação é responsável, normalmente, por 30 a 50% da carga elétrica total da edificação. Há a possibilidade de instalar sensores de presença que acionam 13 as luzes pela entrada de pessoas nos ambientes. Determinado por um sistema de gerenciamento, um escritório por exemplo, pode ter suas luminárias acesas pouco tempo antes de se iniciar o expediente. O sistema pode estar vinculado à iluminação natural a partir de sensores que avisam a hora de diminuir a luminosidade artificial. 2.3.3 Controles de acesso Controle de acesso de pessoas e veículos com o uso de cartões magnéticos, sensores de proximidade, teclado de código, leitura de íris (substituindo as impressões digitais), determinando abertura e fechamento de portas. Nos edifícios mais sofisticados, o acesso pode ser restringido a alguns horários, ou seja, a utilização de uma sala pode ser permitida em determinadas horas e situações. 2.3.4 Transporte vertical Sistemas de elevadores e escadas rolantes com gerenciamento informatizado. Por exemplo, escadas rolantes que direcionam o fluxo de pessoas, conforme necessidades estratégicas do setor de segurança e elevadores que possuem controle remoto de envio automático da cabine a um determinado ponto do edifício comandando sua retenção. Uso de cartão magnético nas portas de acesso e bloqueio de alguns pavimentos. 2.3.5 Sistemas de detecção e alarme de incêndio Para comandar alarmes de incêndio a partir de uma central de controle com a utilização de indicadores visuais e sonoros nos vários locais do edifício. Os detectores automáticos podem ser de fumaça (ópticos ou iônicos), termovelocímetros (controlam a variação de temperatura em relação ao tempo) e de chama. Ao ser interligado ao sistema gerenciador a instalação emite sinalização via monitor além de alarme sonoro. 14 2.3.6 Ar condicionado Equipamentos de última geração podem assegurar um desempenho térmico controlado, com o gerenciamento e a otimização de recursos do sistema, com economia de energia e o controle individualizado pelos usuários. A maior novidade do setor é a integração do sistema de água gelada ou gelo que acumula frio durante a noite para ser consumido ao longo do dia. 2.3.7 Sistemas gerenciadores para redes hidráulicas Sistema capaz de minimizar o consumo de água, identificar vazamentos e controlar a acumulação e o despejo de efluentes nas redes públicas. 2.3.8 Comunicação Deve ser entendido como o trânsito de qualquer tipo de informação: dados, voz, sinais ou imagens, através de cabeamento apropriado, de modo a permitir que os usuários e sistemas inteligentes possam interagir. Implica em cabos telefônicos, meios físicos ou eletromagnéticos capazes de transmitir sinais codificados, os equipamentos de emissão e recepção de sinais, e todo o instrumental para captá-los e transformá-los em linguagem inteligível. Podem ser aparelhos de fax, telefonia móvel e celular e mais inúmeros outros instrumentos. Os cabos de fibra ótica estão revolucionando os critérios de dimensionamento da rede e do volume de sinais que transmitem e, nos próximos anos, substituirão os cabos metálicos da telefonia pública. 2.3.9 Outros subsistemas Gerenciamento acústico, sonorização ambiente, teleconferências, etc. 15 2.4 Materiais e sistemas construtivos Não é possível pensar em projetar um edifício de alta tecnologia preenchendo-o de sofisticação eletrônica e depois construí-lo convencionalmente, com todos os problemas de perdas de materiais e desajustes apresentados pela construção civil. O aumento da alta tecnologia coincide com o aumento da busca da qualidade do setor da construção. Aliás, qualidade e racionalidade são palavras-chave para a edificação inteligente. Os produtos construtivos devem ser adequados e funcionais e o projeto deve apresentar flexibilidade, conforto ambiental, segurança e economia de energia. O ideal é que as empresas de materiais de construção informem seus usuários das possibilidades e componentes de seus produtos para uma melhor escolha e que estes tenham uma vida mais longa sob o ponto de vista mercadologico. O que ocorre no momento é que quando se aprende a usar um produto, este já não está mais disponível, ou seja, os fabricantes já fizeram outra versão alterando dimensões e, principalmente, preços. A falta de apoio técnico para novos materiais tem feito com que os profissionais utilizem materiais mais antigos, porém conhecidos em sua propriedades, mesmo em projetos sofisticados. A Associação Brasileira da Construção Industrializada (ABCI) vem trabalhando para organizar alguns produtos e já conseguiu relacionar conceitos dimensionais para caixilharia, ferros, pisos e componentes de alvenaria. Outros produtos como lâmpadas e luminárias que deveriam se compor com forros, pisos modulares e dimensões das salas também não têm sido desenvolvidos com padrões compatíveis pelos seus fabricantes. Quando o problema está no método construtivo, várias alternativas têm surgido nos últimos anos em substituição ao tradicional e artesanal pilar , viga e laje de concreto armado no local. Observa-se um crescente uso de pré-lajes, lajes planas protendidas e estruturas de concreto pré-fabricadas, que começam a viabilizar edifícios competitivos em custo e de qualidade superior. As estruturas em aço têm se tornado comuns, surgindo aos poucos sistemas pré-fabricados em aço que facilitam os encaixes e promovem muitas possibilidades 16 construtivas ao mesmo tempo em que se tornam mais baratas. Com a abertura das importações, o mercado da construção no Brasil tem sido obrigado a se modernizar tornando-se mais sofisticado. 17 3 APLICAÇÕES POTENCIAIS Seguidamente são apresentados dois cenários em que se ilustram, com situações concretas, a ocorrência de múltiplas interações entre serviços. Os exemplos apresentados demonstram claramente os benefícios da integração. 3.1 Cenário 1 Uma determinada pessoa (a Visita) dirige-se ao responsável pela portaria do edifício (o Porteiro) e indica que pretende falar com um certo funcionário (o Visitado). Recorrendo ao Serviço de Apoio à Portaria o Porteiro constata existirem três pessoas com o nome indicado pela Visita. Recorrendo a informação fornecida sobre os possíveis visitados (por exemplo, nomes adicionais, organização em que trabalha, título, cargo desempenhado), o Porteiro inquire a Visita e identifica univocamente o Visitado. Em seguida, o Porteiro verifica que não existem mensagens do Visitado para a Visita e efetuar uma chamada telefônica para a extensão indicada pelo serviço. Após aguardar algum tempo sem haver resposta, o Porteiro deduz que o Visitado não se encontra no seu local de trabalho e desencadeia a sua localização. Para tal, é contactado automaticamente o Serviço de Localização o qual indicará onde o Visitado se encontra e qual a melhor forma de contactar com ele. De notar que, se o Serviço de Localização fosse incapaz de localizar o Visitado, poderia ser contactado o Serviço de Gestão de Presenças que verificaria se o Visitado já havia concluído o seu dia de trabalho ou se ele se encontra de férias. Seguidamente o Porteiro contacta o Visitado e confirma se este deseja receber a Visita. Em caso afirmativo, é solicitada a geração de um cartão de identificação para a Visita e é pedida (ao Serviço de Controlo de Acessos) as autorizações de acesso necessárias para que a Visita se possa dirigir ao local em que o Visitado se encontra (ou, em alternativa, a um local de encontro pré-definido). Por último, e caso a Visita desconheça o edifício, o Porteiro pode desencadear o fornecimento de informação de encaminhamento que pode ser gráfica ou textual. 18 3.2 Cenário 2 O funcionário F necessita marcar uma reunião que irá envolver diversas pessoas da sua organização e pessoas de outras organizações (externas ao edifício). Para atingir esse objetivo, F recorre ao Serviço de Informação e seleciona uma sala de reuniões adequada para o número de pessoas envolvidas. Efetua então a sua reserva para o dia e hora desejados. De notar que, no caso de a sala já se encontrar reservada para a altura indicada, o Serviço de Informação pode sugerir alternativas e permitir a consulta de todas as reservas existentes em torno da data pretendida. Efetuada a reserva, F indica quais as pessoas que irão estar presentes. A lista de todos os indivíduos externos ao edifício é automaticamente enviada para o Serviço de Apoio à Portaria, juntamente com uma mensagem indicando qual o local da reunião. Adicionalmente, é também enviada automaticamente informação para os serviços de Controlo de Acessos e AVAC, para que no dia da reunião todas as pessoas envolvidas possam aceder à sala e para que esta esteja convenientemente climatizada. No dia da reunião, e algum tempo antes da hora marcada, F solicita ao Serviço de Comunicações e Distribuição de Áudio e Vídeo que efetue o encaminhamento de todas as chamadas telefônicas a ele destinadas, para o local em que ele se encontrar. Assim, F poderá ultimar os preparativos para a reunião, deslocando-se livremente pelo edifício, sem ficar incomunicável. À medida que F se for deslocando pelo edifício a sua posição irá sendo identificada (pelo Serviço de Localização e, eventualmente, também pelo Serviço de Controlo de Acessos) e fornecida ao Serviço de Comunicações e Distribuição de Áudio e Vídeo, o qual interatuará com o PPCA de modo a efetuar o encaminhamento automático de chamadas para a extensão mais próxima do local em que F se encontra. Algum tempo antes do início da reunião o Serviço de AVAC inicia a climatização da sala, ajustando os fluxos de ventilação ao número de pessoas que irão estar presentes. 19 A primeira pessoa que aceder à sala de reuniões desencadeará o ligar automático da iluminação (ação realizada pelo Serviço de Iluminação no seguimento de informação fornecida pelo Serviço de Controlo de Acessos). 20 4 APLICAÇÕES PRÁTICAS Vamos em seguida apresentar um conjunto de serviços para edifícios inteligentes e descrever uma súmula das funções de alguns deles. Pretende-se deste modo abordar o edifício inteligente sob o ponto de vista funcional, oferecendo uma visão diversificada e abrangente que cobre múltiplas áreas de interesse e não apenas as tradicionalmente associadas à Gestão Técnica. Segue-se o conjunto de serviços para edifícios inteligentes, indicando-se entre parênteses uma designação abreviada de cada serviço: · Apoio à Portaria (Portaria) · Aquecimento, Ventilação e Ar Condicionado (AVAC) · Comunicações e Distribuição de Áudio e Vídeo (Comunica. Audio-Video) · Controlo de Acessos (Acessos) · Controlo de Estacionamento de Veículos (Estacionam.) · Controlo de Irrigação (Irrigação) · Detecção de Situações de Emergência (Emergência) · Diagnóstico de Falhas e Manutenção de Sistema (Diagnóstico e Manutenção) · Elevadores (Elevadores) · Gestão de Cablagem (Cablagem) · Gestão de Presenças (Gestão de Presenças) · Gestão e Administração de Sistema (Gestão e Administração) · Gestão Energética (Gestão Energética) · Iluminação (Iluminação) · Informação (Informação) · Inventariação e Gestão Patrimonial (Gestão Patrimonial) · Localização de Pessoas e Equipamentos (Localização) · Manutenção do Edifício (Manutenção) 21 · Vigilância e Detecção de Intrusão (Vigilância) Antes de iniciar a descrição de alguns serviços, convém salientar diversas capacidades que são comuns a todos eles: · Configuração e gestão do serviço, permitindo a sua adequação a cada caso de aplicação (deverá ser possível, por exemplo, definir que equipamentos estão associados ao serviço e qual o seu tipo, definir quais as suas identificações, locais do edifício em que estão instalados, etc); · Monitorização e teste do estado de funcionamento de dispositivos mecânicos e respectivos equipamentos de controlo, com vista a detectar a ocorrência de falhas e a registar tempos de funcionamento (esta informação será de grande utilidade para a realização de acções de manutenção); · gestão e controlo dos privilégios dos vários tipos de utilizadores; · Interacção com os utilizadores, possibilitando a realização de tarefas de configuração, parametrização e gestão do serviço, ou simples consulta de informação (de notar que determinadas tarefas estarão restringidas apenas aos utilizadores com os privilégios adequados); · Realização de registros de informação relevante e sua gestão (com vista a possibilitar, por exemplo, a sua análise estatística ou a sua transferência para outras aplicações). Seguidamente, e apenas a título ilustrativo, apresenta-se uma descrição muito sucinta das funcionalidades associadas a cinco dos serviços indicados. Relativamente aos restantes serviços, espera-seque a sua designação seja suficiente para dar uma indicação do correspondente âmbito de intervenção. Para o leitor mais interessado nos aspectos funcionais sugere-se a leitura do apêndice 1 da referência [nune95]. 22 Nele é apresentada uma descrição mais pormenorizada de cada serviço, com a identificação das funções e capacidades inovadoras que se destacam das funcionalidades habitualmente disponíveis nos sistemas de automação atuais. · Serviço de Apoio à Portaria Este serviço tem por objetivo tornar mais eficaz e facilitar as tarefas a cargo das pessoas responsáveis pela(s) portaria(s) de um edifício. De entre as suas funções destacam-se o controlo e registo de entradas e saídas no edifício por parte de pessoas e de equipamentos, o fornecimento de informação de encaminhamento de visitas, o registro de mensagens de visitas para visitados e vice-versa, etc. · Serviço de Manutenção do Edifício Este serviço tem a seu cargo a supervisão de todas as tarefas relacionadas com ações de manutenção (preventiva ou corretiva) associadas ao próprio edifício e às suas instalações técnicas. De entre as suas funções destacam-se as associadas à supervisão de pedidos de reparação e indicações de falhas, ao processamento desses pedidos (agrupamento por especialidades, atribuição de prioridades, estimativa de tempos de execução), à coordenação e escalonamento de ações de manutenção (incluindo a atribuição de tarefas às pessoas adequadas, contabilização da duração das operações executadas, registro das ações realizadas, contabilização de custos), ao controlo e gestão de contratos de manutenção, etc. · Serviço de Detecção de Situações de Emergência Este serviço tem a seu cargo tarefas de detecção e combate de situações de emergência tais como incêndio, fugas de gases tóxicos e inundações. De entre as suas funções salientam-se as associadas ao encaminhamento de pessoas e à previsão da evolução e propagação de sinistros. 23 · Serviço de Gestão de Presenças Este serviço tem como principal missão registar os tempos de presença dos funcionários das várias organizações existentes no edifício e fornecer informação pormenorizada que permita, por exemplo, efectuar o processamento de vencimentos. De entre as múltiplas funções que desempenha, destacam-se as relativas à aceitação de justificações de faltas ou ausências, à marcação de férias e ao processamento estatístico de informação e controlo de assiduidade. · Serviço de Informação Este serviço conglomera em si múltiplas funções, que se caracterizam, na sua generalidade, por permitir o acesso a informação útil sobre o edifício e sobre as organizações que o ocupam, e oferecer facilidades de gestão de determinados recursos associados ao edifício. De entre as funções que desempenha referem-se o registro de reclamações e de sugestões, a recolha de solicitações diversas (por exemplo, pedidos de reparações, de instalação de equipamentos, de resolução de problemas), o armazenamento e o acesso a documentação diversa (manuais de equipamentos, procedimentos vários, estatutos, legislação, contratos de manutenção, etc), a gestão de recursos comuns do edifício (tais como salas de reunião, auditórios e áreas de lazer),etc. 4.1 Exemplos de interações entre serviços Uma análise cuidada das funções desempenhadas pelos diversos serviços permite concluir que a generalidade deles pode beneficiar significativamente da cooperação com outros serviços. Na figura 1 estão ilustrados os vários serviços e as interações mais representativas. Da análise da figura ressalta a existência de dois tipos de serviços: os que possuem um conjunto de interações específicas (que ocupam a maior parte da figura e estão interligados através de uma complexa rede de ligações) e aqueles 24 que interatuam com a generalidade dos restantes serviços (e que, para não complicar excessivamente a figura, foram representados apenas com um conjunto de ligações para o exterior). Figura 1 - Interações entre serviços 25 5 PAÍSES MAIS AVANÇADOS NO DESENVOLVIMENTO DESTE ESTUDO. Vemos que em países da Europa, Japão e nos Estados Unidos, o uso desta tecnologia já está incorporada no meio da construção civil e existe certificação para os edifícios, o que agrega mais um valor a construção e incentiva novas construções. 5.1 Situação do Brasil. No mundo todo, a construção é responsável por em torno de 30% das emissões de gases de efeito estufa e pela utilização de ¾ de todos os recursos naturais. No Brasil, a construção tem crescido a taxas superiores às do PIB e é responsável por algo em torno de 2 milhões de empregos formais diretos. Estes números devem crescer ainda mais nos próximos anos, ajudando em grande parte a estimular o crescimento do PIB do país. Os edifícios são ainda responsáveis por algo em torno de 45% do consumo de energia elétrica no Brasil, 20 % do consumo de água e suas construções por 2/3 da produção de resíduos sólidos urbanos. Estes números deixam claro, portanto, que estamos falando de uma atividade de alto impacto ambiental. 26 Eldorado Office Tower, primeiro certificado LEED platina da América Latina Construções sustentáveis são aquelas que são projetadas, construídas e operadas de maneira a aperfeiçoar o uso de materiais, água e energia, bem como gerar menos resíduos e impactos ambientais, além de oferecer melhor qualidade dos espaços e do ar interior. Com isto melhoram o nível de conforto e de qualidade de vida, proporcionando maior eficiência e produtividade, além de valorização comercial e menor impacto ambiental. Ou seja, temos que fazer construções sustentáveis. O mundo todo está tentando fazer isto. Para fazer edifícios sustentáveis, é preciso, necessariamente, partir de um processo de projeto integrado. Todos os envolvidos, não apenas projetistas, mas também proprietários, usuários, administradores, construtores, fornecedores, devem estar comprometidos em buscar os melhores resultados. Em se tratando de projeto, não é mais possível seguir o processo tradicional, unidirecional, que parte do arquiteto, vai para o estruturalista, para o projetista de instalações, ar condicionado, etc. É preciso que todos trabalhem juntos, em um processo de alimentação mútua contínuo. Para isto, é fundamental melhor capacitação técnica de todos, não só para que entendam em que condições cada um pode melhor colaborar para o melhor desempenho do edifício como um todo, como até mesmo para conseguir desenvolver projetos que podem requerer detalhamentos profundos e simulações computacionais de desempenho. 27 6 CONCLUSÃO O inteligente pode ser aquele que tirar o máximo proveito da concepção estética em favor da satisfação ambiental de seus usuários e do uso ecologicamente correto dos recursos naturais como, energia, água, vegetação, ventilação, insolação e sombreamento. Assim, o futuro parece reservar um lugar de destaque as edificações que estejam preparadas para receber a automação, economizando os vários tipos de energia e se integrando de maneira satisfatória a todo o entorno urbano ao mesmo tempo em que desempenham seu papel na comunidade. 28 7 BIBLIOGRAFIA Wikipédia. Disponível em: http://pt.wikipedia.org/wiki/Edif%C3%ADcio_inteligente. Acesso em: 25/11/ 2011 Edifício inteligente. Disponível em: http://www.edificiointeligente.com.br/artigosframe.htm. Acesso em: 20/11 2011 29