UNIVERSIDADE DO EXTREMO SUL DE SANTA CATARINA – UNESC CURSO DE PÓS-GRADUAÇÃO – LATO-SENSO ESPECIALIZAÇÃO EM SAÚDE COLETIVA – PÓLO CÁTIA VALÉRIA SILVEIRA A RELAÇÃO INTERPESSOAL NO PROCESSO DE TRABALHO EM SAÚDE: O CASO DA POLICLÍNICA MUNICIPAL DE CRICIÚMA CRICIÚMA, OUTUBRO DE 2008. 1 CÁTIA VALÉRIA SILVEIRA A RELAÇÃO INTERPESSOAL NO PROCESSO DE TRABALHO EM SAÚDE: O CASO DA POLICLÍNICA MUNICIPAL DE CRICIÚMA Trabalho de conclusão do curso, apresentado para obtenção do grau de Especialista, no Curso de Especialização em Saúde Coletiva, da Universidade do Extremo Sul de Santa Catarina, UNESC. Orientadora: Profª. Esp. Vera Lúcia Vicência. CRICIÚMA, OUTUBRO DE 2008. 2 AGRADECIMENTO A Deus presença constante em todos os momentos de minha vida, que possibilitou vencer mais esta etapa. Ao meu esposo Dalnei, que com muito carinho e dedicação, não mediu esforços para me apoiar no desenvolvimento de todo o curso. A Orientadora por contribuir na reflexão de meus conhecimentos e conceitos que resultou na conclusão desta monografia. A minha família que sempre vibra com as minhas conquistas e realizações. A Eva, amiga inseparável no decorrer de todo curso, onde dividimos angustias e comemorações. Aos funcionários da Policlínica Municipal de Criciúma (PAM), pela amizade e colaboração no processo da pesquisa, que definiu este trabalho. A todos que contribuíram de forma direta ou indireta para construção deste trabalho. 3 A possibilidade de transformação dessa realidade adversa continua a ser tarefa dos homens quando organizados politicamente em torno de projetos de ruptura; nosso empenho nessa direção, também se fortalece nas pequenas batalhas cotidianas, que, embora limitadas profissionalmente, podem consolidar politicamente o agir profissional coletivo a forma de resistência objetiva mais coerente com as intenções éticas assumidas. P.J. Netto 4 RESUMO Trata-se de um estudo de abordagem qualitativa e descritiva, desenvolvida na Policlínica Municipal de Criciúma/SC, regional centro. A técnica utilizada para coleta de dados foi à entrevista semi-estruturada. Este estudo tem como objetivo analisar as relações interpessoais entre profissionais de saúde e usuários deste serviço. Observa-se que neste cenário existem adversidades entre os atores sociais, que se revelam nos campo sócio, políticos, históricos, culturais e econômicos e que são incorporados ao cotidiano das organizações no processo de trabalho. Neste contexto, são estabelecidas e construídas relações interpessoais caracterizadas pela prestação do serviço, que se consolida na assistência a saúde. O processo de mudança e reflexão dos serviços de saúde pública, busca a efetivação através dos princípios norteadores do SUS: a integralidade, a universalidade e eqüidade. Palavras chaves: Processo de trabalho em Saúde, Princípios do SUS, Relação Interpessoal, Profissionais de Saúde, Usuários do SUS. 5 ABSTRACT This is a study of qualitative and descriptive approach, developed in Faridabad Municipal Polyclinic / SC. The technique used for data collection was the semistructured interview. The study aimed to analyze the relationship between health professionals and users of services in the services provided by the Municipal Polyclinic of the Regional Center. This scenario brings together various adversities between the social actors in the fields sociopolitical, historical, cultural and economic and are incorporated into the daily lives of organizations of the work process. In the context of health work, are established and built the interpersonal relationships characterized by providing the service, which is consolidated in the health care. The process of change and reflection of public health services seeks to accomplish through the guiding principles of SUS: comprehensiveness, universality and equity. Key words: Case study of Health, Principles of SUS, interpersonal relationship, health professionals, users of SUS. 6 LISTA DE TABELAS Tabela 1 – Faixa Etária .............................................................................................30 Tabela 2 – Gênero / Profissionais .............................................................................30 Tabela 3 – Trabalho em Grupo .................................................................................33 Tabela 4 – Faixa Etária .............................................................................................37 Tabela 5 – Qualidade do Serviço da Policlínica para os Usuários. ...........................39 Tabela 6 – Capacitação para Fornecer Informação / Usuário.. .................................41 7 LISTA DE GRÁFICOS Gráfico 1 – Gênero....................................................................................................31 Gráfico 2 – Trabalho em Grupo.................................................................................33 Gráfico 3 – Qualificação Serviço da Policlínica .........................................................39 Gráfico 4 – Funcionários Capacitação / Usuários .....................................................42 8 LISTA DE SIGLAS AFASC - Associação Feminina de Assistência Social. AME - Assistência Ambulatorial Especializada. CAPS I - Centro de Atenção Psicossocial. CAPS AD - Centro de Atenção Psicossocial de Álcool e Drogas. CONEP - Comissão de Ética e Pesquisa. IBGE – Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística. PAI - Pronto Atendimento Infantil. PAM – Pronto Atendimento Médico. PSF - Programa Saúde da Família. SUS – Sistema Único de Saúde. TCLE - Termo de Consentimento Livre e Esclarecido. 9 SUMÁRIO 1.INTRODUÇÃO .......................................................................................................10 2.OBJETIVOS...........................................................................................................13 2.1 Objetivo Geral..................................................................................................13 2.2 Objetivos Específicos.......................................................................................13 3.BASE TEÓRICA ....................................................................................................14 3.1 O Trabalho em Saúde......................................................................................14 3.2 Processo de Trabalho no Sistema Único de Saúde ........................................16 3.3 Relações Interpessoais Trabalhador e Usuário do Sistema Único de Saúde..18 4.METODOLOGIA ....................................................................................................23 4.1 Trajetória Metodológica ...................................................................................24 4.2 Tipo de Estudo.................................................................................................24 4.3 Local de Estudo ...............................................................................................25 4.4 Sujeitos de Estudo ..............................................................................................27 4.5 Coleta de Dados ..............................................................................................27 4.6 Análise dos Dados...........................................................................................29 5.ANÁLISE DE DADOS............................................................................................30 6.CONSIDERAÇÕES FINAIS ...................................................................................44 REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS .........................................................................46 APÊNDICES .............................................................................................................49 Apêndice A - Entrevista com Profissional de Saúde do PAM ................................50 Apêndice B - Entrevista com O Usuário dos Serviços do PAM .............................52 Apendice C - Termo de Consentimento.................................................................54 10 1. INTRODUÇÃO A lei nº 8080 de 19 de setembro de 1990 no seu art. 2º, diz que “A saúde é um direito fundamental do ser humano, devendo o Estado prover as condições indispensáveis ao seu pleno exercício”. (Lei Orgânica da Saúde, 1990) A saúde como direito humano é uma conquista social reconhecida como um direito legal e indispensável para o exercício da cidadania. Assim, o ser humano deveria ter o direito ao acesso universal aos cuidados de saúde, com recursos necessários para prove-los, com serviços de qualidade, considerando o contexto histórico e cultural, sendo a informação o meio de reprodução social. Atualmente o modelo de saúde esta centrado numa concepção hegemônica e assistencialista. É preciso reconhecer que na realidade brasileira é bastante recente a estruturação das informações no setor saúde. A carência de informações quantitativas e qualitativas para a construção de indicadores e a disparidade das informações disponíveis, nas instituições e níveis do sistema de saúde, são problemas fundamentais para o desenvolvimento deste processo. (FEKETE, 1997) É preciso considerar também que o Sistema Único de Saúde - SUS teve sua implantação em 1990, resultado de todo um processo de construção para um modelo de saúde pública que busca não só a prevenção, mas a promoção do indivíduo. Desta forma a sociedade por meios de mecanismos de participação, busca a consolidação deste modelo que hoje se encontra em estágio de transformação. O SUS é o sistema de saúde pública vigente no país, é o único que garante à assistência integral a população. Suas ações são baseadas nos princípios da universalidade, integralidade, eqüidade, descentralização, hierarquização e controle social. A eqüidade e a integralidade são princípios norteadores para a prática dos profissionais no desenvolvimento da rotina de suas ações, já que a finalidade do processo de trabalho em saúde é atender as necessidades do usuário e a satisfação dos profissionais através da assistência. O processo de trabalho em saúde em sua essência se dá de forma abstrata, é caracterizada pela execução na aplicação técnica, numa dinâmica de 11 inter-relação entre sujeito e profissional. O serviço se realiza sobre pessoas no cotidiano, e mais ainda, com base na interação que acontece neste encontro entre o profissional e o usuário. O usuário contribui no processo de trabalho como ator social que detém a informação em relação a sua história e a sua queixa. (Nogueira, 1997) Esse encontro é permeado pelo referencial histórico, de afetividade e solidariedade internalizadas ao longo da vida, que se manifesta na relação desses atores. O trabalho se traduz numa experiência rica que envolve sentimentos, compreensão e respeito, e neste cenário se revela novas formas de entender, de agir numa perspectiva de mudança, numa visão de mundo, a fim de transformar a relação com o outro. (MERHY, 1997) Cabe ressaltar a necessidade da realização do trabalho de qualidade voltado para promoção em saúde, e centrado na relação interpessoal entre profissional de saúde e o usuário do serviço. Todavia no cotidiano das relações há profissionais que rompem esta prática e acabam estruturando o seu trabalho como desenvolvimento “em linha de montagem”. (OLIVEIRA, 2007) Mas para mudar esta concepção, fragmentada, mecanicista é necessário mudar as práticas dos serviços por meio da política institucional, da postura profissional, adotando medidas para estabelecer relações humanizadas e acolhedoras no processo de trabalho. A abordagem busca refletir sobre a inter-relação deste processo de trabalho em saúde, na sensibilização para concretizar as políticas de humanização nos atendimentos, na melhoria da qualidade do serviço à população, e desta forma melhorar o processo de relação entre o usuário e o profissional de saúde. O trabalho em saúde possui como eixo norteador, a qualificação profissional, que contribui para a transformação das práticas e da organização do trabalho, a fim de melhorar qualitativamente e proporcionar melhor atendimento dos serviços, deve também estabelecer e estreitar os vínculos entre usuários e profissionais de saúde, promovendo a resolutividade do serviço. É nesta perspectiva que a “Educação Permanente em Saúde”, vem contribuir na formação do profissional para transformação de sua prática de forma reflexiva . 12 Segundo o Ministério da Saúde (2004, p. 10) “A Educação Permanente é a realização do encontro entre o mundo de formação e o mundo de trabalho, onde o aprender e o ensinar se incorporam ao cotidiano das organizações e ao trabalho”. Este estudo teve como cenário a Policlínica Municipal de Criciúma da regional centro, que é uma Unidade de Referência de Especialidades, com grande demanda entre oferta e procura de serviços de saúde. E se reflete num processo de relação que se desenvolve no cotidiano das ações, e num espaço de geração de conflitos. A abordagem teórica deste trabalho tem como primeiro momento conceituar e diferenciar o trabalho em saúde dos demais trabalhos. Em seguida procura fazer uma explanação do processo de trabalho no Sistema Único de Saúde, como uma prestação de serviço baseada na inter-relação. E finalmente busca contextualizar as relações interpessoais entre trabalhador e usuários numa linha de humanização, vínculo e interação. 13 2.OBJETIVOS 2.1 Objetivo Geral Analisar as relações interpessoais entre o profissional de saúde e o usuário do SUS, no atendimento realizado na Policlínica Municipal da Regional do Centro (PAM). 2.2 Objetivos Específicos - Reconhecer a organização dos serviços oferecidos pela Policlínica Municipal; - Identificar se os profissionais de saúde que atuam na Policlínica receberam capacitação para o atendimento ao público; - Identificar os fatores que interferem na relação entre o profissional de saúde e usuário da Policlínica Municipal; - Refletir sobre a inter-relação entre o profissional de saúde e usuário na produção do serviço no processo saúde-doença. 14 3. BASE TEÓRICA 3.1 O Trabalho em Saúde A finalidade da organização de um trabalho é produzir bens ou prestar serviços para a sociedade, com o objetivo de satisfazer as necessidades de seus indivíduos. Assim definimos trabalho como o modo de desenvolver as ações, utilizando-se dos instrumentos que são necessários e que temos acesso para chegar ao produto final. Para muitos economistas o trabalho é a fonte de toda riqueza gerando a economia da sociedade e a condição básica e fundamental de toda vida humana. (ANTUNES, 2004). É claro, que as várias funções executadas pelos diversos elementos envolvidos têm de ser coordenadas ou reunidas de tal forma que contribuam conjuntamente para um bom resultado. Sendo assim as empresas, indústrias, instituições e outros que desenvolvem o processo de trabalho diferem umas das outras pelos seguintes aspectos: organização institucional; bens que produzem e tecnologia que adotam para realização de suas atividades. Por meio da realização do trabalho acontece o processo de desenvolvimento, em relação ao produto apresentado e a ação do homem. O resultado é uma expressão da atividade do ser social e da determinação do próprio homem, já que ele cria e busca por intermédio do trabalho sua sobrevivência e satisfação. Por isso as ações do homem são guiadas socialmente. (PEREIRA, 2005) Muitas vezes o homem é impedido de realizar ou agir dentro de suas convicções e essências, por fazer parte de uma conjuntura com valores diferentes dos seus, tendo assim que se adaptar a esta realidade. Para Aranha (1993, p.5) “O trabalho, ao mesmo tempo em que transforma a natureza adaptando-a as necessidades humanas, altera o próprio homem, desenvolvendo suas faculdades. Isto significa que, pelo trabalho, o homem se auto produz”. 15 E neste processo o homem acaba estabelecendo determinadas relações necessárias e independentes de sua vontade, que são as chamadas relações de produção. O trabalho em saúde caracteriza-se pela prestação do serviço de assistência a saúde, sendo que a realização é oferecida através de consulta, procedimento cirúrgico, exames, aplicação de medicações, ações preventivas, atendimento individual, coletivo e outros. “O trabalho em saúde é um trabalho essencial para a vida humana e é parte do setor de serviços. É um trabalho da esfera da produção não-material, que se completa no ato da sua realização. Não tem como resultado um produto material, independente do processo de produção e comercializável no mercado. O produto é indissociável do processo que o produz, é a própria realização da atividade”. (PIRES, 1999, p.29) Na abordagem do trabalho em saúde queremos ressaltar alguns aspectos que consideramos fundamentais para poder contextualizar o trabalho em saúde dos demais trabalhos. O trabalho em saúde é considerado um processo de trabalho com características comuns como outros processos que acontecem nas indústrias ou em outros setores da economia. Caracteriza-se como um serviço pela prestação de atividades desenvolvidas como acontece em todo processo de trabalho. E, finalmente porque é um serviço que acontece num processo de inter-relação pessoal entre o profissional de saúde e o usuário do serviço. Sendo que este último é o aspecto fundamental do trabalho em saúde, pelo fato desse serviço não se realizar sobre coisas, sobre objetos, como acontece no caso de um serviço de mecânica de automóveis; dá-se, ao contrário, sobre pessoas, e, mais ainda, com base numa inter-relação em que o usuário contribui ao processo de trabalho, é parte desse processo. (Desenvolvimento Gerencial, 1997) A idéia de processo de trabalho em saúde é muito abstrata, pelo fato de existirem várias formas técnicas e também particulares de realizar a assistência à saúde aos usuários, sem contar o fato de que cada profissional faz sua intervenção dentro da sua área de atuação específica. É neste espaço de interação que vai sendo construído o processo de trabalho, que deve ter a participação ativa e atuante do usuário. Devemos considerar estes momentos de interação não como um 16 simples procedimento técnico, mas como um espaço rico no relacionamento interpessoal. Temos que considerar também que o usuário é quem detém informações em relação a sua queixa principal, e ele está inserido em um contexto cultural, social, econômico e existencial. Em contra partida são os trabalhadores de saúde que dominam os conhecimentos e técnicas para realização da atuação profissional. “O ato assistencial institucional em saúde envolve um trabalho do tipo profissional, isto é, realizado por trabalhadores que dominam os conhecimentos e técnicas especiais para assistir o indivíduo ou grupos com problemas de saúde ou com risco de adoecer, em atividades de cunho investigativo, preventivo, curativo ou com objetivo de reabilitação.” (PIRES, 1999. p.30) 3.2 Processo de Trabalho no Sistema Único de Saúde Repassando pela evolução histórica da organização do trabalho, podemos dizer que nas últimas décadas o trabalho passa a assumir uma crescente valorização intelectual em relação ao trabalho físico-manual. Cabe ressaltar que o trabalho manual era o sistema de produção que predominava no século XX, baseado no modelo Taylorista / Fordista. Frederick W. Taylor fundamenta a sua teoria na ciência positivista, racional e metódica, pois seu objetivo era alcançar a máxima produtividade. Nesta teoria predominava a fragmentação e hierarquização do trabalho, onde este era dividido em partes mais simples para facilitar a racionalidade e a padronização. Já Henri Ford defende a teoria da aplicabilidade mecanicista das linhas de montagem na fabricação de automóveis. Esta teoria é marcada pela organização da produção através da mecanização. Podemos citar também a teoria de Fayol, que propõem a racionalização da estrutura administrativa, onde a empresa passa a ser vista dentro de sua totalidade estrutural. E para complementar, a teoria burocrática criada por Max Weber, que identifica características da organização formal, esta voltada principalmente para a racionalidade e para a eficiência. (OLIVEIRA et al Trabalho em Equipe, 2007). 17 Outras teorias foram surgindo para se contrapor a lógica das teorias citadas, pois tinham como ideal um trabalho mais humanizado, democrático e flexível, onde o mundo do trabalho fosse visto como um espaço de conflitos e convivências. O trabalho em saúde é um trabalho que se desenvolve numa perspectiva coletivo institucional, dentro da lógica Taylorista de organização e gestão do trabalho. Por isso muitas atividades ainda acontecem de forma fragmentada e parcelada, isto é, o processo é dividido em operações mínimas, e os trabalhadores perdem a compreensão da totalidade do processo de trabalho. Para Pires (1999, p. 32) “O trabalho em saúde é, hoje majoritariamente, um trabalho coletivo, realizado por diversos profissionais ou trabalhadores treinados para realizar uma série de atividades necessárias para a manutenção da estrutura institucional”. Com o crescimento dos setores, dos serviços e das informações, já é possível perceber a busca por um trabalho de integralidade e totalidade, onde o profissional tenha visão de todo processo de trabalho e possa dar continuidade no atendimento numa perspectiva de globalidade e interação. O processo de trabalho em saúde tem como finalidade a ação a ser desenvolvida voltada para o paciente ou grupos que estão sadios ou em situação de risco, tem como instrumento de trabalho as condutas que representam o conhecimento técnico do profissional, e o produto final é a própria prestação da assistência de saúde, onde o processo de produção e consumo dá-se no mesmo momento. (PIRES, 1999). Política Nacional de Humanização - PNH “o trabalho é tudo que efetivamente se realiza e o esforço que se despende nas atividades do diadia profissional para o trabalhador dar conta do que acordou com o gestor da área em que está alocado e com os demais companheiros de trabalho”. (Ministério da Saúde, 2004, p.6) No contexto do trabalho em saúde a realidade é muito complexa, e está em constante mudança, que são rápidas e bastante significativas, até em função do objeto alvo de atuação, que é o homem. Sendo assim, os profissionais de saúde precisam acompanhar esta evolução de forma a criar, improvisar e construir ações 18 para encontrar o melhor modo de trabalhar e entender os contextos específicos. (CARTILHA PNH, 2004). “O trabalho como atividade humana é por natureza, relação entre sujeito e objeto, cuja conseqüência não é uma modificação unilateral, mas uma mútua transformação que se torna imediatamente movimento, de complexidade crescente”. (LEOPARDI, 1999, p.9) Os trabalhadores adotam modos de organização de trabalho como forma de desenvolver suas atividades profissionais, manter o relacionamento estabelecido com os colegas, bem como o cumprimento de regras específicas na divisão de tarefas neste processo de trabalho. 3.3 Relações Interpessoais entre Trabalhador e Usuário do Sistema Único de Saúde Inúmeras transformações estão ocorrendo no mundo do trabalho. Isso se deve também a era da globalização, onde estão acontecendo acelerados desenvolvimentos de ordem tecnológica, gerando a automação das tarefas e dos serviços. A forma de organização do trabalho passa por alterações significativas. Também na produção do trabalho constatam-se mudanças de ordem estrutural, voltada para o profissional, muitas vezes tornando o espaço de trabalho até mais adequado e flexível. Hoje em função do desemprego e da concorrência, pensa-se que a palavra de ordem no mundo do trabalho é investimento, onde o profissional deve investir na qualificação profissional, tendo em vista a manutenção de seu trabalho bem como a conquista por seu espaço neste contexto. As políticas de gestão de pessoal delineiam um novo perfil de trabalhadores, que saibam atuar de forma ativa, criativa e crítica. Mas muitas vezes as atitudes esbarram em ações contraditórias. Pois o perfil traçado revela a 19 contradição e a incompatibilidade dos comportamentos entre si, como por exemplo: ser competitivo e ao mesmo tempo cooperativo, ser individualista, mas também saber trabalhar em equipe, ser crítico saber tomar iniciativa e também saber cumprir as regras estabelecidas. Mas além do profissional ter o saber técnico, é necessário também o aperfeiçoamento através de cursos e treinamentos, possibilitando maior conhecimento para intervir nas situações interpessoais manifestadas, permitindo ampliar seus conceitos de competência técnica e a relação interpessoal. “A competência interpessoal é a habilidade de lidar eficazmente com as relações interpessoais, de lidar com outras pessoas de forma adequada às necessidades de cada uma e às exigências da situação. Perceber de forma apurada uma situação e suas variáveis permite que o sujeito desempenhe melhor o seu trabalho, tanto na dimensão técnica requerida pela natureza dessa atividade quanto na de ser capaz de se posicionar de forma habilidosa na rede de relações interpessoais, interna e externa, no local de trabalho”. (MOSCOVICI, 1985). Como já foi falado anteriormente, o trabalho em saúde diferencia-se dos demais trabalhos por constituir-se num processo de relação entre profissional e usuário do sistema de saúde. Este processo acontece num espaço de construção, convivência e principalmente conflito. Segundo Leopardi (1999, p. 9) “O trabalho, como atividade humana, é, por natureza, relação entre sujeito e objeto, cuja conseqüência não é uma modificação unilateral, mas uma mútua transformação que se torna imediatamente movimento, de complexidade crescente”. A implantação do SUS, e posteriormente o Programa Saúde da Família (PSF), que são políticas de assistência à saúde instituída pelo Ministério da Saúde, busca mudar o modelo de saúde, através de ações voltadas para promover um atendimento mais humanizado para a população. Nesta perspectiva são criadas políticas e estratégias de ação voltadas para a humanização na saúde e a efetivação dos princípios do SUS: a universalidade, a integralidade e a eqüidade. A humanização enquanto prática de atuação não pode esta vinculada a idéia de assistencialismo e paternalismo, mas como resultado de um trabalho de qualidade, que busca melhoria de vida aos usuários e melhores condições de 20 trabalho aos profissionais de saúde. Também não deve ser entendida como mais um programa a ser aplicado nos serviços de saúde, visando atingir índices ou metas, mas como uma política de ação conduzida de forma horizontal, preocupada com a resolutividade e a qualidade. “Humanização é a valorização dos diferentes sujeitos implicados no processo de produção de saúde. Os valores que norteiam esta política são a autonomia e o protagonismo dos sujeitos, a co-responsabilidade entre eles, o estabelecimento de vínculos solidários, a participação coletiva no processo de gestão e a indissociabilidade entre atenção e gestão”. (MINISTÉRIO DA SAÚDE,2004, p.04) Acreditamos que a política de humanização só se efetiva com o trabalho de integração, sustentado nas ações concretas do cotidiano, quando conseguir unificar o que fazer com o como fazer, o conhecimento com a transformação da realidade. (BENEVIDES, 2005) Sendo assim, neste processo de produção é inevitável que a transformação social se realize, tendo em vista a interação que acontece na relação. Por isso podemos afirmar que as relações humanas têm grande influência no desenvolvimento do processo de trabalho. A saúde se faz com pessoas e entre pessoas, mas também com a ajuda da tecnologia e com o conhecimento popular, num processo de relação entre sujeitos, com seus limites, saberes e potencialidades. Tanto pode ser numa perspectiva de prevenção ou recuperação de agravo ou doença, ou numa perspectiva de promoção da saúde, essa produção realiza-se numa interação, pois envolve o indivíduo a família, a equipe de saúde e o sistema de saúde. O profissional de saúde é visto como aquele que tem o ofício de promover a vida, contribuir para manter saudáveis as crianças, os jovens, os adultos e os idosos para ter uma melhor qualidade de vida. É claro que o profissional de saúde pode contribuir, mas não o fará sozinho, o usuário também precisa comprometer-se com a sua saúde. Temos que considerar que o profissional tem o saber técnico, mas o usuário também tem o seu saber cotidiano e precisa participar para sua recuperação. 21 No serviço público o profissional de saúde está inserido num sistema que tem regras e limitações de ordem operacionais, administrativas, tecnológicas e financeiras. Mesmo tendo como modelo um sistema público como é o caso do Brasil que tem como princípio de atuação a universalidade, a eqüidade e a integralidade, ainda tem sérios problemas no que diz respeito ao acesso de serviços, disponibilidade de recursos humanos e limitações de recursos financeiros. Quando o usuário procura o serviço de saúde é por que está com alguma carência, ou limitação de ordem física ou psíquica, e espera encontrar no serviço de saúde a solução para o seu problema. Cabe então ao profissional que tem uma formação específica acolhê-lo, demonstrar respeito e atendê-lo na medida do possível. É neste momento que o profissional tem o papel principal de criar o espaço de troca de interação com o outro e torná-lo participante no processo. Colocá-lo em situação de igualdade, estabelecer uma linha de comunicação acessível. O profissional precisa ter ou desenvolver habilidades para saber ouvir e respeitar, possibilitando criar um vínculo de confiança. Segundo Oliveira (2005) “Ouvir é acolher sem julgar; é, junto com o outro, construir o sentido daquilo que está sendo vivido”. Neste processo de interação temos também que considerar quem é o usuário? É acima de tudo um cidadão, alguém com autonomia para decisões, é um sujeito histórico e político, inserido em um contexto sócio-cultural, um ator participativo e atuante, o ponto central deste processo. Sabemos que nem sempre as expectativas do usuário são superadas em função do profissional não ser capaz de preenchê-la. Incapacidade esta que pode ser de nível pessoal ou estrutural. “O movimento de formação de parcerias para a transformação só acontece em um espaço onde os sujeitos envolvidos estão engajados numa forma de relação dialética, na qual, pelo próprio caráter de troca e movimento, produz mudança e favorece a produção de novas subjetividades”. (OLIVEIRA et al., 2005, p.142). O profissional de saúde, e em particular o profissional médico, é visto como o detentor do conhecimento científico no que diz respeito à saúde e a doença. Assim os termos técnicos utilizado por esse profissional nem sempre é 22 compreendido e conhecido pelo usuário do serviço. Nesta interação o profissional precisa também considerar o conhecimento popular como um conhecimento que possa vir a contribuir para o processo de compreensão da situação da pessoa que esta sendo atendida, mas muitas as vezes acontece o contrário ignora esses conhecimentos. No serviço público ainda é comum esta dificuldade de compreensão e aproximação, em função das desigualdades de condição social e de escolaridade, acentuando esta situação pela condição de superioridade em que muitas vezes o profissional se coloca. Esta dificuldade também se dá pela formação dos profissionais de saúde que são preparados para trabalhar com a doença, o paciente, sem a questão de vínculo e relação interpessoal. Com as mudanças no sistema de saúde nas últimas décadas, pode-se perceber claramente a necessidade de também mudar do perfil do profissional de saúde, principalmente os que desenvolvem suas atividades no sistema de saúde da rede pública. Estes teriam que responder as necessidades geradas pelo sistema e pelas mudanças sociais. Percebe-se que esta modificação passa primeiramente pela formação dos profissionais, numa visão voltada para a atenção integral e o trabalho em equipe, pois o que se vê atualmente no serviço de saúde é o trabalho fragmentado, a dificuldade de realizar trabalho multiprofissional, de integração com a comunidade e de inter-relação profissional. Esperamos que nas mudanças que vão sendo produzidas na formação do profissional e nos serviços de saúde, exista espaço para o desenvolvimento do trabalho compartilhado nas equipes de saúde, que as relações favoreçam a construção de novas possibilidades, que os diferentes saberes e práticas sejam respeitados e que cada ator desse processo seja o centro das atenções. (HENRIQUES, 2005) 23 4. METODOLOGIA Metodologia é a explicação detalhada de toda ação desenvolvida no método do trabalho de pesquisa. A metodologia é um conjunto de procedimentos para alcançar os fins propostos para uma investigação. Para Demo (1987, p.19) “metodologia é uma preocupação instrumental. Trata das formas de se fazer ciência. Cuida dos procedimentos, das ferramentas, dos caminhos”. Este processo acontece através do conhecimento científico, caracterizado pela forma de compreender e explicar a realidade apresentada e os fatores que determinam sua existência. Neste sentido são utilizados os métodos, que demonstra e relata os caminhos percorridos para alcançar o resultado esperado. Esta construção de conhecimento é baseada em referenciais teóricos, que se refere aos pressupostos que fundamentam o modo de pesquisar e estudar os fatos, que são constantemente confrontados com a situação vivenciada e existencial. Para Minayo (2004, p.22) “a metodologia inclui as concepções teóricas de abordagem, o conjunto de técnicas que possibilitam a apreensão da realidade e também o potencial criativo do pesquisador”. Gonçalves (2001) “atribui aos procedimentos metodológicos às concepções teóricas de abordagem da realidade e o conjunto de técnicas que possibilitam a construção da realidade. A questão metodológica é ampla e indica um processo de construção, um movimento que o pensamento humano realiza para compreender a realidade social”. Os passos metodológicos representam e indicam o caminho concreto a ser percorrido, delineando as várias partes do estudo. Define também os métodos e as técnicas utilizadas, bem como a construção do referencial teórico que fundamento o estudo apresentado. 24 4.1 Trajetória Metodológica O estudo foi desenvolvido numa abordagem qualitativa e tem como finalidade obter informações dos usuários e profissionais de saúde frente aos conflitos vivenciados no cotidiano da relação interpessoal. Neste cenário compreendemos a relação entre o mundo, o objeto de pesquisa e o contexto em que este sujeito esta inserido, levando em conta seu processo histórico, entendendo sua cultura, valores, bem como suas necessidades em relação a sua subjetividade. Sendo que a subjetividade representa o modo em que a pessoa se apresenta, suas experiências, culturas e valores internalizados ao longo da sua trajetória de vida. (MERHY, 2006, p.68) De acordo com Chizzotti (2001, p.79) “A abordagem qualitativa parte do fundamento de que há uma relação dinâmica entre o mundo real e o sujeito, uma interdependência viva entre o mundo objetivo e a subjetividade do sujeito”. A pesquisa qualitativa é aquela quando o interesse não esta focalizado em contar o número de vezes em que uma variável aparece, mas sim, a qualidade em que ela se apresenta. Com esse tipo de pesquisa, tenta-se compreender o problema na perspectiva dos sujeitos que o vivenciam, ou seja, parte de sua vida diária, sua satisfação, desapontamentos, surpresas e outras emoções, sentimentos e desejos. Atenta-se, portanto ao contexto social no qual o evento ocorre. (LEOPARDI, 2001, p.135) 4.2 Tipo de Estudo A pesquisa do presente estudo é descritiva por tentar descrever as características dos usuários que utilizam os serviços de saúde e dos profissionais de saúde da Policlínica Municipal, e como acontece a inter-relação destes atores sociais no contexto de prestação de serviço e processo de trabalho. Chizzotti (2001, p.79) diz que “O Objeto não é um dado inerte e neutro, está possuído de significados e relações que sujeitos concretos criam em suas ações”. 25 Este estudo possui uma abordagem descritiva que envolve aspectos importantes na comparação e interpretação dos fatos, e revela o sujeito como parte integrante do processo de construção do conhecimento. Para Leopardi (2002, p.120) a pesquisa descritiva é definida como “estudos caracterizados pela necessidade de se explorar uma situação não conhecida, da qual se tem necessidade de maiores informações. Explorar uma realidade significa identificar suas características, sua mudança ou regularidade”. Na pesquisa descritiva os fatos são observados, registrados, analisados, classificados e interpretados sem a interferência do pesquisador. (HARADA, 2004, p.07) 4.3 Local de Estudo A pesquisa foi desenvolvida na Policlínica Municipal de Criciúma (PAM), situada à Rua João Pessoa nº 187 no bairro do centro da cidade de Criciúma. Em face do número de população do município, 170.420 habitantes, e o grande número de serviços de saúde disponível, a Secretaria Municipal de Saúde dividiu o município em 06 regionais de saúde, com o objetivo de organizar os serviços e a própria produção do trabalho que é a assistência. A Policlínica Municipal compõem a região central do município de Criciúma, juntamente com outros serviços de referência como: Vigilância Epidemiológica, Assistência Ambulatorial Especializada (AME), Pronto Atendimento Infantil (PAI), Unidade de Referência Criança Saudável, PAM, Centro de Saúde, Unidade de Referência Saúde da Mulher, Centro de Atenção Psicossocial (CAPS I) e Centro de Atenção Psicossocial de Álcool e Drogas (CAPS AD). A Policlínica Municipal é a maior unidade de referência, possui em média de 17.000 atendimentos mês nas diversas especialidades multiprofissionais existentes, as quais descrevemos a seguir: 01 gerente da unidade (assistente social), 07 recepcionistas, 02 atendentes no prontuário, 03 técnicos de enfermagem (sala de procedimento de enfermagem), 04 profissionais na realização de RX, 01 atendente no agendamento de consultas especializadas, 06 atendentes na farmácia básica, 05 atendentes na 26 farmácia do Programa de Medicação de Alto Custo, 01 farmacêutico, 02 fonoaudiólogas, 02 telefonistas, 03 auxiliares de odontologia, 01 enfermeira no Programa de diabéticos, 01 enfermeira no programa de hipertensão, 01 assistente social, 01 vigilante diurno, 03 funcionárias nos serviços gerais, 03 cardiologistas, 02 angiologistas, oftalmologistas, 02 02 reumatologistas, nefrologistas, 02 02 pediatras, 01 pneumologistas, endocrinologista, 03 02 02 ortopedistas, dermatologistas, 04 urologistas, 04 oncologistas, 05 clínicos gerais, 08 residentes de medicina, 01 hematologista, 01 gastroenterologista, 03 otorrinolaringologistas, 01 neurologista, 01 neurocirurgião, 02 proctologistas, 01 nutricionista, 08 dentistas, 01 auxiliar dos profissionais médicos e 01 psicóloga. Na Policlínica existe uma diversidade de profissionais que possuem vários vínculos empregatícios: contratados, concursados e cedidos pela Associação Feminina de Assistência Social - AFASC e pelo Ministério da Saúde e Secretaria Estadual de Saúde. De acordo com o vínculo a que pertence o profissional de saúde, é atribuída carga horária e remuneração diferenciada dos demais trabalhadores gerando desta forma conflitos e sentimento de baixa auto-estima no processo na produção da assistência. Percebemos que existem vários fatores que interferem no processo de trabalho destes profissionais tais como: horário diferenciado, falta de interesse e comprometimento, realização de cursos de capacitações, políticas de incentivos e estímulos aos profissionais. Desta forma, os serviços precisam ser constantemente avaliados para garantir seu funcionamento e a busca pela melhoria na qualidade dos serviços oferecidos. Sendo que a prestação destes serviços interfere diretamente na qualidade de vida dos usuários. Nesta perspectiva devem ser implantadas ações voltadas à melhoria da formação profissional, como a educação permanente em saúde. Segundo o Ministério da Saúde (2004, p.10) “A Educação Permanente é a realização do encontro entre o mundo de formação e o mundo de trabalho, onde o aprender e o ensinar se incorporam ao cotidiano das organizações e ao trabalho”. Nesta dimensão a educação permanente é uma ferramenta que deve ser utilizada para contribuir com a qualificação dos trabalhadores em saúde, com o objetivo de transformação das práticas profissionais e a organização do trabalho. 27 Este processo se dá através da reflexão das ações, que passa da rotina e do hábito para a relação teoria/prática, é a reflexão crítica sobre a práxis, interferindo positivamente na qualidade do processo de trabalho. Mesmo com a oferta de maior número de especialidades num mesmo espaço de trabalho, esta ocorre de forma fragmentada, mecanicista modelo hegemônico centrado no profissional médico e na medicalização, sem comprometimento e preocupação com o processo histórico dos sujeitos. Cabe salientar que a assistência em saúde tem como objeto o usuário na busca da prestação do cuidado a partir das práticas do profissional de saúde que não pode deixar de valorizar o ser humano enquanto ser integral. Para Leopardi (1999, p.32) “Os diversos profissionais de saúde desenvolvem parte do trabalho que tem como resultado, como produto, a assistência de saúde. Trata-se de atividades diferenciadas, que estudadas em suas especificidades, permitem identificar produtos distintos”. 4.4 Sujeitos de Estudo A entrevista teve como atores sociais 10 (dez) usuários que utilizam os serviços da Policlínica, sendo que foi escolhido 01 (um) usuário dos serviços que são oferecidos à população e 10 (dez) profissionais, sendo escolhido 01 (um) funcionário de alguns setores de prestação de serviço. 4.5 Coleta de Dados O instrumento utilizado na coleta de dados desta pesquisa foi à entrevista semi estruturada aplicada aos usuários e profissionais de saúde da Policlínica Municipal. 28 “Podemos entender por entrevista semi - estruturada, em geral, aquela que parte de certos questionamentos básicos, apoiados em teorias e hipóteses, que interessam à pesquisa, e que, em seguida, oferecem amplo campo de interrogativas, fruto de novas hipóteses que vão surgindo à medida que se recebem as respostas do informante. Desta maneira, o informante seguindo espontaneamente a linha de seu pensamento e de suas experiências dentro do foco principal colocado pelo investigador, começa a participar da elaboração do conteúdo da pesquisa”.(TRIVIÑOS,1987, p.146) A coleta de dados foi realizada seguindo as etapas de acordo com os momentos abaixo relacionados: Inicialmente foi realizada a apresentação do projeto a gerente da Policlínica e solicitado a autorização para aplicação da entrevista com os usuários e os profissionais de saúde. No decorrer deste processo foi realizado levantamento do número de usuários que utilizam os serviços e dos profissionais que trabalham na Policlínica. Na etapa seguinte a pesquisadora relacionou os serviços disponíveis na Policlínica, e de algum destes serviços foi escolhido 01 (um) usuário, e também foram selecionados os profissionais que trabalham em alguns dos setores de prestação de serviços. Os usuários foram escolhidos conforme os seguintes serviços: farmácia do programa de alto custo, grupo de hipertensos, grupo de diabéticos, consulta médica, farmácia básica, administração, serviço social, serviço de enfermagem e agendamento de consultas. Cabe salientar que os profissionais de saúde escolhidos trabalham nos seguintes serviços: agendamento de consultas especializadas, programa de diabéticos, serviços gerais, sala de enfermagem, programa de medicação de alto custo, auxiliar dos médicos, farmácia básica e profissionais médicos especialistas. Em seguida foi aplicada a entrevista aos profissionais de saúde (apêndice A) e aos usuários (apêndice B) que aceitaram participar da pesquisa mediante a assinatura do Termo de Consentimento Livre Esclarecido (apêndice C). Leopardi (2001, p.202) “diz que a entrevista é a técnica em que o investigador está presente junto ao informante e formula questões relativas ao seu problema. Na investigação qualitativa é um recurso importante e pode ser construído de diferentes maneiras, porém sempre vista como um encontro social”. 29 E finalmente, os dados obtidos a partir das entrevistas foram organizados e analisados criticamente na perspectiva de reflexão sobre as práticas de saúde e superação de práticas ultrapassadas, criando modelos de relações entre sujeitos transformando estas práticas em co-responsabilização no processo de trabalho. 4.6 Análise dos Dados A análise dos dados foi realizada seguindo os passos de operacionalização apresentado por MINAYO (2002, p.78). Ordenação dos dados: Nesta etapa realizamos o mapeamento de todos os dados obtidos na entrevista, através da leitura e releitura do material e organização dos relatos. Classificação dos dados: Os dados foram analisados num contexto de construção, baseado em referenciais teóricos. Neste processo são elaboradas as categorias específicas das informações obtidas, que permitem estabelecer a relação entre o concreto e o abstrato, o geral e o particular, a teoria e a prática. 30 5.ANÁLISE DE DADOS A coleta de dados teve como atores sociais 10 (dez) profissionais de saúde da Policlínica Municipal, sendo que foram escolhidos de alguns dos setores de prestação de serviço. A pesquisa foi aplicada no período de funcionamento da instituição, nos meses de abril e maio de 2008. Utilizamos como instrumento de coleta de dados a entrevista. Descreveremos a seguir o perfil dos profissionais entrevistados: IDADE 23 25 26 37 43 46 51 57 61 Nº PROFISIONAIS 01 01 01 01 01 02 01 01 01 Tabela 1 – Faixa Etária Fonte: Dados do Pesquisador Dos profissionais acima relacionados 08 são do sexo feminino e 02 do sexo masculino, conforme demonstrado abaixo: GÊNERO Masculino Feminino Total Tabela 2 – Gênero / Profissionais Fonte: Dados do Pesquisador PROFISSIONAIS 02 08 10 31 GENERO 20% M a s c u lin o F e m in in o 80% Gráfico 1 – Gênero Fonte: Dados do pesquisador Podemos constatar que no serviço de saúde da Policlínica a maioria dos profissionais é do sexo feminino, com exceção dos profissionais médicos, onde predomina o sexo masculino. A participação da mulher é cada vez maior no mercado de trabalho, compondo a população economicamente ativa. Com a revolução industrial e o avanço do capitalismo a população brasileira vem sofrendo mudanças no contexto familiar, provocando a alteração e modificação de papéis no seio da sociedade. Isto se deve ao fato da mulher ter que contribuir com as despesas domésticas para garantir a sobrevivência da família. No mercado de trabalho a busca da mulher é por profissões que se aproximam das características femininas, assim como o magistério e a enfermagem por parecer com funções de cuidado e ensino e que são remetidas ao universo familiar. Portanto, o trabalho de enfermagem (auxiliar de enfermagem, técnico de enfermagem e enfermeiro) é essencialmente integrado por pessoas do sexo feminino. Estas profissionais conseguem conviver com a dinâmica das organizações no desenvolvimento de suas atividades e gerenciar sua vida como pessoa, esposa e mãe. A mulher ao assumir sua vida profissional não se desvincula das atividades da vida privada, ainda estão muito arraigadas estas obrigações domésticas no seu cotidiano. Assim, assumindo diversas atividades que se 32 apresentam no dia a dia, passa a contribuir para a sobrecarga de trabalho, e com isso ocasionar distúrbio no organismo e desequilíbrio mental. (SPINDOLA, 2003, p.1-8) Quanto à escolaridade dos profissionais pesquisados obtivemos o seguinte resultado: 01(um) funcionário tem o ensino fundamental incompleto, 02(dois) concluíram o ensino médio, 03(três) destes têm o curso superior incompleto, 03(três) com formação em curso superior e 01(um) funcionário realizou o mestrado. Os profissionais entrevistados foram escolhidos, conforme os diversos setores de prestação de serviço ao público, os mesmos apresentam formação escolar e contratação diferenciada: Médico, enfermeira, técnico de enfermagem, auxiliar de enfermagem, auxiliar administrativo, técnico ocupacional administrativo e serviços gerais. Quando perguntado se os profissionais gostam de sua profissão, a maioria respondeu de forma afirmativa, Observa-se que este questionamento está relacionado à formação profissional do entrevistado, com isso percebemos que a maioria está satisfeita com sua escolha profissional. Isto nos leva a refletir que os profissionais não reduzem mais o trabalho a uma forma de mercadoria ou emprego, onde é despendida a força de trabalho em troca de um salário, mas preocupa-se com a satisfação e realização que sua atividade profissional, e o impacto que esta causa na relação com o usuário e com sua vida social. (Ramos, 1999. p 107). Na pergunta em relação ao profissional gostar do que faz, obtivemos as seguintes respostas: 01(um) profissional respondeu não gostar do que faz, justificando não ter disponível todos os recursos necessários para o desempenho de sua competência, se sentido impotente. E 09 (nove) profissionais responderam que gostam da atividade que desempenham. Temos que considerar que nem todos os profissionais aqui entrevistados desempenham sua função de acordo com sua formação. Tendo em vista que alguns ainda estão estudando no nível médio (técnico) ou graduação, outros foram contratados para uma determinada função e desenvolvem outras. Na Policlínica esta prática acontece em função da rotatividade de profissionais, ocasionados por afastamento do serviço para licenças para tratamento de saúde, demissões, transferência, aposentadoria ou morte. 33 Este processo de remanejamento de pessoal não pode interferir na garantia do atendimento à população em níveis satisfatórios de qualidade, quantidade, eficácia e resolutividade. Para Castro (1997, p.218) “O principal determinante de um quadro de lotação deve ser a necessidade da população local. A demanda do trabalho e as condições epidemiológicas são alguns dos indicadores desta necessidade. Outros fatores também devem ser considerados no estabelecimento da lotação de pessoal nos serviços de saúde, tais como: atividades desenvolvidas pela unidade de atendimento, capacidade instalada da unidade, existência de outras unidades de atendimento local e seus serviços e produtos ofertados”. No que diz respeito ao profissional desempenhar sua atividade no contexto de trabalho em grupo, o resultado foi o seguinte: 01 (um) profissional respondeu que não consegue trabalhar em grupo e 09 (nove) profissionais disseram que conseguem trabalhar em grupo, conforme esta demonstrada nas figuras abaixo: PROFISSIONAL Consegue Não consegue Total QUANTIDADE 9 1 10 Tabela 3 – Trabalho em Grupo Fonte: Dados do Pesquisador TR AB ALHO EM GR U PO P R O F IS S IO N A IS 10% consegue Não consegue 90% Gráfico 2 – Trabalho em Grupo Fonte: Dados do Pesquisador 34 Em 1994, com a criação e implantação do Programa Saúde da Família (PSF), e a necessidade de redefinir o modelo de saúde pública, o trabalho em equipe passa a ser o objetivo fundamental de toda esta mudança. A ação interdisciplinar pressupõe a possibilidade da prática de um profissional se construir na prática do outro buscando a transformação para intervenção na realidade em que estão inseridos. Neste contexto faz-se necessário, portanto um processo de formação e capacitação permanente de todos os profissionais envolvidos. O processo de trabalho em saúde está fundamentado numa inter-relação pessoal, onde os conflitos também são uma constante no cotidiano da equipe. Deve-se considerar que uma equipe é composta por pessoas que tem suas especificidades próprias como: tempo e vinculo de trabalho diferenciado, experiências profissionais e de vida, formação e capacitação, diferenças salariais e interesses particulares. Acredita-se que o trabalho desenvolvido em equipe contribui para a quebra da divisão do processo de trabalho, para a responsabilização e superação pelos problemas apresentados, para mudar a visão de hegemonia do poder técnico dos profissionais médicos e valorizar todos os profissionais de saúde independente de sua formação e categoria salarial. (Araújo, Rocha, 2007) Para Peduzzi (2000, p. 53) “No processo de produção em saúde, a denominação “equipe” sempre fará referência a uma situação de trabalho, e este, referindo-se a obtenção de bens e produtos para a atenção às necessidades humana”. Ao serem questionadas sobre a dificuldade que enfrentam no processo de trabalho, as respostas foram variadas: limitação para realizar o trabalho, falta de informação, realizar várias atividades, falta de médicos especialistas, falta de material. Cabe salientar que as limitações aqui citadas referem-se à falta de equipamentos, materiais e recursos necessários para o desempenho adequado do trabalho. Quanto à falta de informação, demonstra dos profissionais a necessidade de reuniões, capacitações e cursos constantes para atualizações e reavaliação do serviço. As várias atividades desenvolvidas por um mesmo profissional, e a falta de médicos especialistas revelam a necessidade de contratação de outros profissionais. 35 Estas dificuldades dizem respeito às ações de produção de serviços, onde as necessidades são levantadas nos serviços de referência, mas o planejamento e a decisão acontecem no nível central, na Secretaria Municipal de Saúde. Cabe ressaltar que o município muitas vezes acaba sendo órgão executor das políticas de saúde traçadas pelo Ministério da Saúde. Estas ações são as chamadas Políticas Públicas. Para Luchese (2004) “As políticas públicas é definida como conjuntos de disposição, medidas e procedimentos que traduzem a orientação política do Estado”. No Brasil desde 1988, conforme estabelecido na Constituição Federal às políticas públicas passaram a ser orientadas pelos princípios de Universalidade e Eqüidade no acesso às ações e serviços e guiadas pelas diretrizes de descentralização e integralidade referente à organização do Sistema Único de Saúde. Na Policlínica Municipal estas ações são desenvolvidas através de serviços e programas existentes, para suprir as necessidades da demanda. A maior preocupação do serviço está voltada para a atenção básica, que abrangem a promoção, proteção e a prevenção de agravos, o diagnóstico, o tratamento, a reabilitação e a manutenção da saúde. Estas ações são desenvolvidas por meio de planejamento e desenvolvimento, voltado para o trabalho em equipe direcionado a população. (Ministério da Saúde, 2006) Os profissionais de saúde da Policlínica em sua maioria afirmaram não ter dificuldade em relacionar-se com os usuários, dos 10(dez) entrevistados somente 01(um), respondeu que possui dificuldade em manter um contato mais próximo, fazer questionamentos, direcionar o diálogo para conduzir ao processo de interrelação usuário e profissional. Atualmente o serviço de saúde está focado em desenvolver suas ações voltadas para um trabalho de acolhimento, mais humanizado. Esta nova concepção implica em mudanças estruturais no modelo de saúde que deve considerar os vários atores envolvidos como: os profissionais, usuários e gestores. Nesta ação todos os sentidos e as atenções devem estar voltados para aquele usuário que no momento está buscando o serviço de saúde. É percebê-lo de forma integral, no seu contexto pessoal, familiar e social, com suas dificuldades e suas necessidades, e a partir daí buscar alternativa para seu problema. 36 A humanização no serviço de saúde é uma política de serviço que atravessa as diferentes ações e instâncias gestoras do SUS. A humanização é a valorização dos diferentes sujeitos implicados no processo de produção de saúde, autonomia desses sujeitos, aumento do grau de co-responsabilidade na produção de saúde, estabelecer vínculos, participação coletiva no processo de gestão, mudanças nos modelos de atenção, foco nas necessidades do cidadão, melhoria das condições de trabalho e de atendimento. (MINISTÉRIO DA SAÚDE, 2004). Quando questionado de que forma a Secretaria Municipal de Saúde pode contribuir para melhorar o processo de trabalho, obtivemos as seguintes respostas: melhorar o espaço físico, mais agilidade nas resoluções de forma geral, informatização dos serviços, contratação de mais profissionais, repassar mais informações, valorizar os profissionais e melhor remuneração. Estes itens demonstram os anseios e as necessidades demonstradas pelos profissionais da Policlínica no sentido de melhorar a produção no processo de trabalho e em contrapartida oferecer um trabalho de qualidade, recompensado talvez com a melhora das condições de salários. Mas a Policlínica enquanto espaço de trabalho não tem autonomia para solucionar questões em relação à contratação de pessoal, compras de insumos e material diversos e na organização dos serviços. Estas ações são de competência da Gestão Municipal de Saúde. Em relação aos usuários que utilizam os serviços da Policlínica, também foi aplicada a entrevista, sendo escolhido 01 (um) usuário dos seguintes serviços: grupo de diabéticos, grupo de hipertensos, farmácia básica, serviço de enfermagem, farmácia do programa de alto custo, serviço social, agendamento de consultas especializadas, administração e consulta médica. 37 A seguir descreveremos o perfil dos usuários entrevistados: IDADE 23 36 48 50 52 54 55 58 76 Nº USUÁRIOS 01 01 01 01 01 01 01 02 01 Tabela 4 – Faixa Etária Fonte: Dados do Pesquisador Cabe salientar que a maior demanda atendida na Policlínica é de pessoas com idade superior a 50 anos. O resultado nos revela que o público infantil, na sua grande maioria está sendo atendido no serviço de Referência Criança Saudável, e nas demais Unidades de Saúde com os profissionais da área de pediatria. Percebemos que cada vez mais as pessoas têm procurado os serviços de saúde em busca de atendimento em função de seu processo saúde doença. Compreendemos que em função do processo de trabalho do usuário, este tem procurado com freqüência os serviços de saúde na busca de prevenir e tratar situações problemas que decorrem da relação de trabalho/produção. Entendemos que o modelo capitalista concebe o trabalho, numa visão voltada na lógica da produção objetivando somente o lucro. Esta situação tem como conseqüência a precarização do trabalho dificultando ainda mais as relações trabalhista e não contemplando o trabalhador no que diz respeito a sua cidadania e desta forma legitimando seus direitos. Observamos que a maior demanda de atendimento de saúde na Policlínica encontra-se na terceira idade. Este número não está demonstrado no resultado da pesquisa, mas é constatado no cotidiano das ações do serviço de saúde. Estudos revelam que atualmente a população idosa possui uma expectativa de vida maior, neste caso está vivendo mais, e proporcionalmente utiliza mais os serviços de saúde. 38 De acordo com dados do IBGE (2006) “a média nacional deverá refletir a realidade dos estados de maior desenvolvimento econômico e social. Em 2030, quando os estados do Maranhão e de Alagoas poderão chegar à expectativa de vida um pouco acima de 75 anos, Santa Catarina, Distrito Federal e Rio Grande do Sul deverão passar de 79.50 anos”. Os idosos constituem o segmento que mais cresce da população brasileira. Sendo que em 1991 e 2000 o número de habitantes com 60 ou mais anos de idade aumentou duas e meia vezes mais do que o resto da população do país. (IBGE. 1992, 2002). Dos usuários entrevistados, 07 (sete) são do sexo feminino e 03 (três) são do sexo masculino. Este resultado demonstra que as mulheres procuram mais os serviços para informação, prevenção e tratamento, enquanto os homens buscam o serviço em função do tratamento e reabilitação, e neste caso pode refletir na possibilidade de um resultado de diagnóstico da doença já instalada. Conforme pesquisa realizada pelo Ministério da Saúde (2006), obtivemos a seguinte informação, “De uma forma geral, as mulheres brasileiras são mais cuidadosas com a saúde do que os homens. Elas se alimentam melhor, fumam menos, bebem menos, procuram mais os serviços médicos para exames preventivos e sofrem menos com excesso de peso. Essa foi uma das conclusões de uma pesquisa feita pelo Ministério da Saúde, que entrevistou 54 mil brasileiros nas 27 capitais do país”. Quanto à escolaridade, 08 (oito) usuários têm o ensino fundamental incompleto, 01 (um) têm o ensino fundamental completo e 01 (um) têm o ensino médio completo. Em relação à atividade profissional notamos uma diversidade de ocupações exercida pelos usuários: pensionista, aposentado, apicultor, passadeira, costureira, vendedora, do lar, desempregado, auxiliar administrativo e 01 (um) está no seguro desemprego. Ao realizar o comparativo entre o nível de escolaridade e as profissões, o resultado demonstra que as profissões são compatíveis com as escolaridades, pois muitas delas não exigem qualificação profissional, talvez só a experiência para desempenhar a atividade. 39 Ao questionar os usuários sobre a opinião em relação à qualidade do atendimento, as respostas foram: 01 (um) usuário afirmou que achava o serviço péssimo, mas justificou que estava referindo-se somente ao serviço prestado pelo profissional médico, 01 (um) usuário respondeu que às vezes o serviço é bom outras vezes não, referindo-se ao setor e ao atendimento de determinados profissionais, 01 (um) usuário, afirmou ser ótimo, e 07 (sete) usuários responderam achar “bom”. Conforme tabela abaixo. QUALIDADE DO SERVIÇO Ótimo Bom Péssimo Às vezes bom Total OPINIÃO DO USUÁRIO 1 7 1 1 10 Tabela 5 – Qualidade do Serviço da Policlínica para os Usuários. Fonte: Dados do Pesquisador Q U A L IF IC A Ç Ã O S E R V IÇ O D A P O L IC L ÍN IC A 10% 10% 10% Ó t im o Bom P e s s im o A s vezes bom 70% Gráfico 3 – Qualificação Serviço da Policlínica Fonte: Dados do Pesquisador Desta forma podemos constatar que os profissionais cada vez mais estão preocupados em oferecer um serviço de qualidade, apesar de ter pouco incentivo, investimento e recursos. O incentivo diz respeito ao reconhecimento do trabalho, realização de cursos e capacitações. O investimento abrange os equipamentos e 40 materiais necessários para a realização da atividade profissional. E o recurso refere à remuneração salarial digna. Os usuários também procuram fazer valer seus direitos, sua cidadania, estão mais exigentes, participativos e atuantes no processo de promover uma saúde com melhor qualidade. Em relação ao acesso dos serviços oferecidos pela Policlínica notamos que os usuários possuem sua rotina conforme o serviço utilizado: 01 (um) usuário relatou que procura quinzenalmente, 02 (dois) trimestralmente, 01 (um) anualmente e 06 (seis) entrevistados afirmaram ir mensalmente. Os usuários que freqüentam a Policlínica uma vez por mês, estão cadastrados em grupos operativos como, tais como: hipertenso e diabético. Cabe salientar que os programas que realizam o fornecimento de medicação tais como: farmácia de alto custo, e Serviço Social, são serviços procurados mensalmente por muitos usuários, que fazem uso de medicações contínuas. Quanto ao atendimento do serviço oferecido: 09 (nove) usuários responderam que são bem atendidos e 01(um) respondeu “pelo médico de forma grosseira”. Esta denúncia vem acontecendo verbalmente e se tornou rotina da Unidade. Cabe destacar que o usuário muitas vezes encontra-se numa posição de impotência frente a este profissional. Sentindo-se impedido de interagir no processo de intervenção e na participação da solução da situação problema, o que torna esta relação unilateral, sendo que o profissional médico com base no conhecimento científico algumas vezes pode com esta conduta levar ao condicionamento ou e inibição deste usuário. Tendo em vista ainda o atual modelo hegemônico e biomédico da saúde no país, é evidente que o médico anseia preservar o seu estado de autonomia social e técnica. E o reflexo se traduz na insatisfação dos usuários e no plano das relações interpessoais. Uma relação que não seja baseada no acolhimento, vínculo e escuta não se constitui nem se constrói de forma dinâmica, fazendo com que os profissionais fiquem enclausurados em seus saberes predefinidos, em suas práticas individualizadas, fundamentados pela arrogância e negando o outro como sujeito de sua saúde. (GOMES et.al. 2005) Com a implementação do SUS e posteriormente do PSF, surge à necessidade de formação e capacitação de novos profissionais, que venham de 41 encontro às novas demandas geradas pelo sistema e, ao mesmo tempo, às demandas geradas pelas mudanças sociais. Estes profissionais teriam de responder às diretrizes do modelo do sistema de saúde vigente: a atenção integral à saúde e o trabalho em equipe. Mas ainda é visível a dificuldade de muitos profissionais de saúde em trabalhar numa relação integrada com objetivo comum que é a assistência á saúde, e que na ação com o usuário possa estabelecer a interação no processo saúdedoença. Neste cenário a prática do profissional de saúde se reflete de forma fragmentada, coloca o usuário na condição de protagonista do processo, desconsidera sua subjetividade e seu contexto histórico. A sociedade traduz uma imagem peculiar da prática médica, que é construída e sustentada por estes profissionais, que exalta a intervenção e a medicação como objetos restauradores da saúde, o que garante ao paciente passividade no cuidado de sua própria saúde, transferindo ao médico esta responsabilidade. (NEGRI, et.al,2002) Como resultado desta significativa falta de integração, compreendemos que os profissionais médicos quando não estimulados nas ações de prevenção e promoção à saúde tem como reflexo baixa adesão ao tratamento pelo usuário. Em relação à capacitação dos funcionários em orientar e informar os usuários obteve-se as seguintes respostas: 09 (nove) responderam que acham os funcionários capacitados para informar e orientar o público e 01 (um) respondeu que os funcionários não informam corretamente. Capacitação dos Profissionais Capacitados Não capacitados Total Opinião dos Usuários 09 01 10 Tabela 6 – Capacitação para Fornecer Informação / Usuário.. Fonte: Dados do Pesquisador 42 F U N C IO N Á R IO S C A P A C IT A D O S /U S U A R IO S 10% C a p a c it a d o s N ã o c a p a c it a d o s 90% Gráfico 4 – Funcionários Capacitação / Usuários Fonte: Dados do Pesquisador A organização do trabalho na área da saúde deveria ter como foco a capacitação dos profissionais no sentido de estimular os trabalhadores na busca de conhecimento e habilidades na concepção de melhorar a prestação de serviço e como conseqüência maior preparação para escuta e acolhimento do usuário. Muitas vezes a aparente necessidade de saúde mascara a real necessidade pela busca de outra resposta para seus problemas que pode ser social, emocional ou econômico. Para Cecílio (2006, p.18),“ quando alguém procura um serviço de saúde, está trazendo uma “cesta de necessidades de saúde” e caberia à equipe ter sensibilidade e preparo para decodificar e saber entender da melhor forma possível”. Deste modo o profissional de saúde precisa ter perfil para desempenhar a função e desenvolver a habilidade de ouvir, condição básica para o surgimento de vínculos que permite estabelecer a confiança necessária para que haja troca de experiências pessoais que levem ao crescimento das pessoas envolvidas. Ouvir é acolher sem julgar, é construir junto com o outro, o sentido daquilo que está sendo vivido. (GOMES, 2005) A capacitação aqui referida não está somente voltada à formação profissional, realização de cursos e treinamentos que constitui o referencial teórico e o aperfeiçoamento do profissional, mas a relação dialética construída na educação em saúde, ao processo de construção do conhecimento, intervenção na realidade e conseqüentemente a transformação. Ação esta baseada num caráter de troca, 43 movimento e produção de novas subjetividades. Assim o usuário passa a ser ator do processo, passa a interagir e participa na escolha das ações de saúde. Dos serviços de saúde existente na Policlínica os quais o usuário não utiliza estes responderam: 02 (dois) falaram que não conhecem e 08 (oito) falaram que acham “bom”, tendo em vista que só conhecem por informações de outros usuários. Em relação às sugestões do que precisa ser melhorado no serviço da Policlínica, as respostas foram: menor tempo de espera para agendamento com especialistas, pintura e reforma no prédio, atendimento dos clínicos com demanda espontânea, melhorar as condições dos banheiros utilizados pelo público, instalação de um elevador para oferecer acesso aos idosos e os portadores de necessidades especiais, que os médicos tenham mais requisições de exames e que seja ampliado a lista de medicações. E 02 (dois) usuários acham que não precisa melhorar. As sugestões que apontam para as melhorias no prédio são perfeitamente compreensíveis, tendo em vista que o atual estado de conservação do ambiente está precário, construção antiga e arquitetura totalmente ultrapassada. Em relação às sugestões que se refere às questões de ordem administrativa, estas decisões acontecem no nível central, na Secretaria da Saúde conforme abordado anteriormente. 44 6. CONSIDERAÇÕES FINAIS As relações interpessoais que ocorrem nos serviços públicos entre profissionais de saúde e usuários requer reflexão sobre as práticas de saúde e do atual modelo hegemônico. È necessário avaliar nossas ações no processo de trabalho, no sentido de trazer perspectivas de mudança em detrimento de uma herança histórica que condiciona o trabalhador a esta forma mecanicista de realizar seu processo de fazer a saúde. Com a emergência do capitalismo e a característica do sistema que é produtivista, os trabalhadores foram submetidos a pressões de ordem físicas e psíquicas, provenientes da ação direta das cargas de trabalho, das condições no ambiente, dos salários insuficientes para manter uma vida digna. (Leopardi, 99) Este cenário acentuou a fragmentação da produção do cuidado, permitiu a fragilidade do sistema, e ao provocar a mecanização do trabalho, fez revelar a comercialização a partir da troca na prestação de serviço x remuneração. Percebemos então que a falta de motivação, a baixa auto-estima por parte dos trabalhadores tem refletido nos espaços dos serviços de saúde e os resultados se traduzem muitas vezes na relação com o sujeito, não permitindo sua participação como ator no processo de decisão na produção do cuidado. No atual contexto percebemos que o processo de trabalho vem assumindo uma nova roupagem, sendo que, a satisfação, a valorização e a qualificação são competências que gestores e trabalhadores têm considerado na busca da integralidade em saúde. Nesta perspectiva, percebemos que a partir deste processo em relação aos serviços de saúde, algumas transformações já ocorrem reflexos das discussões de vários atores sociais envolvidos neste contexto, na busca de sua cidadania dentre os vários papéis que muitos deles estabelecem nesta relação do cotidiano do cuidado em saúde. Compreendemos que na atual conjuntura ainda predomina o modelo hegemônico, tecnicista, que coloca o profissional médico como o detentor do saber e do monopólio deste processo descaracterizando muitas vezes o SUS, e prioriza os recursos tecnológicos e farmacêuticos ao invés do atendimento mais humanizado, 45 voltado para a inter-relação, desconsiderando todos os aspectos existenciais do usuário. Neste sentido a participação dos sujeitos neste processo de reflexão na produção do cuidado tem resultado em significativas mudanças e, é possível perceber que profissionais de saúde e usuários, lutam por uma saúde de qualidade. De um lado o usuário que busca um tratamento digno e respeitoso, com qualidade, acolhimento e vínculo, e de outro o profissional que busca melhores condições de trabalho, valorização profissional e conseqüentemente melhor remuneração. Isto implica em alterar o modo de fazer, de trabalhar, de produzir e de transformar a realidade. 46 REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS ANTUNES, Ricardo L. C.; MARX, Karl; ENGELS, Friedrich. A dialética do trabalho: escritos de Marx e EE e Engels. 2. ed São Paulo: Expressão popular, 2005. 195 p. ISBN 8587394479 ARANHA, Maria Lúcia de Arruda; MARTINS, Maria Helena Pires. Filosofando: introdução à filosofia. 2. ed. rev. e atual. São Paulo: Ed. Moderna, 1993. 395 p. ISBN 85-16-00826-6 BENEVIDES, Regina e PASSOS, Eduardo, Humanização na Saúde: um novo modismo? 2005, Departamento de Psicologia/ UFF Gragoatá, Niterói, RJ. CASTRO, Janete Lima de. Atribuições do Sistema de Administração de Pessoal Instrumentos e Procedimentos. In: SANTANA, José Paranaguá de. 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ISBN 85224-0273-6. 49 APÊNDICES 50 Apêndice A - Entrevista com Profissional de Saúde do PAM 1 - Idade: ____________________ Sexo: ________________________________ Escolaridade: __________________________________________________________________ Profissão: ___________________________________________________________________ 2 – Você gosta da sua Profissão? _______________________________________________________________________ _______________________________________________________________________ 3 – Você gosta do que faz? _______________________________________________________________________ _______________________________________________________________________ 4 – Qual setor você trabalha? _______________________________________________________________________ _______________________________________________________________________ 5 – Você é um trabalhador que consegue trabalhar em grupo ou possui dificuldade nesta relação? _______________________________________________________________________ _______________________________________________________________________ 6 – Quais dificuldades que você enfrenta no processo de seu trabalho? _______________________________________________________________________ _______________________________________________________________________ 7 – Você sente dificuldades em sua relação com o usuário do serviço? _______________________________________________________________________ _______________________________________________________________________ 51 8 – Como você acha que a Secretaria Municipal de Saúde pode contribuir para a melhoria do processo de trabalho no PAM ? _______________________________________________________________________ _______________________________________________________________________ 9 – Que sugestões você daria para melhorar o serviço? _______________________________________________________________________ _______________________________________________________________________ 52 Apêndice B - Entrevista com O Usuário dos Serviços do PAM 1- Idade_____________________ Sexo: __________________________________ Escolaridade: ___________________________________________________________________ Profissão: ____________________________________________________________________ 2 – Como você vê o serviço da Policlínica? ( ) ótimo ( ) bom ( ) péssimo Outros: _______________________________________________________________________ 3 – Você vem no PAM com que freqüência? _______________________________________________________________________ _______________________________________________________________________ 4 – Quando você utiliza o PAM como você é atendido? _______________________________________________________________________ _______________________________________________________________________ _______________________________________________________________________ 5 - Em sua opinião, você acha que o profissional está capacitado para fornecer informações e/ou orientações? _______________________________________________________________________ _______________________________________________________________________ _______________________________________________________________________ 6 – Qual o tipo de atendimento que você utiliza no PAM? _______________________________________________________________________ _______________________________________________________________________ _______________________________________________________________________ 53 7 – Qual sua opinião em relação aos outros atendimentos? _______________________________________________________________________ _______________________________________________________________________ _______________________________________________________________________ 8 – O que você acha que precisa ser melhorado no PAM? _______________________________________________________________________ _______________________________________________________________________ _______________________________________________________________________ 54 Apêndice C - Termo de Consentimento Termo de consentimento livre e informado aos Profissionais de Saúdes e Usuários Participantes do Estudo. UNESC – Universidade do Extremo Sul Catarinense Av. Universitária, 1105 – Bairro Universitário – C.P. 3167 – CEP: 88806-000 Fone: (48) 3431-2500 – Fax: (48) 3431-2750 E-mail: www.unesc.net Termo de Consentimento Livre e Esclarecido É de meu conhecimento que a acadêmica de Pós-Graduação do curso de Especialização em Saúde Coletiva da UNESC, Cátia Valéria Silveira, orientanda da Profª Vera Lúcia Vicência está desenvolvendo uma pesquisa para analisar as relações interpessoais entre o trabalhador de saúde e o usuário do SUS no atendimento realizado na policlínica Municipal de Criciúma. Dessa forma, eu, ______________________________________, concordo em participar nesta pesquisa, de forma livre e espontânea, em seus momentos de coleta de informações, podendo desistir a qualquer momento. Estou informado que tenho garantida a confiabilidade e o sigilo das informações coletadas. Também estou de acordo que as informações obtidas sejam utilizadas e divulgadas para fins de estudo e aprimoramento do conhecimento profissional. Estou ciente que posso desistir a qualquer momento da pesquisa e que não receberei qualquer forma de pagamento por minha participação. Criciúma, ____ de _______________ de 2007. Nome: _____________________________________ Assinatura: _____________________________________ Pesquisador responsável: _____________________________________ Telefones para contato: Acadêmica de Pós-Graduação: Cátia Valéria Silveira: (048) 99353619 Orientadora: Prof.ª Vera Lúcia Vicência: (048) 99647825 Comitê de Ética em Pesquisa - UNESC: (048) 3431 2678