Spotlight
Edição No. 2, Fevereiro de 2008
on health workforce statistics
estatísticas da força de trabalho em saúde
estadísticas de la fuerza de trabajo en salud
statistiques sur le personnel de santé
Estatísticas sobre gênero e força de trabalho em saúde
Distribuição da força de trabalho em saúde por sexo, dados da
pesquisa sobre a força de trabalho de alguns países
Estima-se que as mulheres correspondam a, aproximadamente, 42% da população empregada em nível mundial.
No setor saúde, em muitos países, a ocupação da força de
trabalho feminino ultrapassa 75%, o que torna as mulheres
indispensáveis à prestação dos serviços de saúde.
Porém, em muitos países, ainda há uma concentração de
mulheres em ocupações de saúde de menor qualificação,
e apenas uma minoria em ocupações de qualificação
mais elevada. A distribuição de mulheres por categoria
ocupacional, tende a estar particularmente concentrada
no pessoal de enfermagem e obstetrícia (parteiras),
assim como em outras categorias de cuidados, como agentes
comunitários de saúde. De um modo geral, as mulheres
estão pouco representadas em outras categorias, como por
exemplo, medicina, odontologia, farmácia e gestão.
A baixa participação das mulheres em posições de gestão e
de liderança pode levar a uma menor atenção e compreensão
tanto dos aspectos das condições de trabalho que caracterizam
a maioria dos empregos das mulheres quanto dos cuidados
de saúde específicos para as mulheres. Em muitos contextos,
o acesso a prestadores de serviço do sexo feminino é um
fator determinante dos padrões de utilização do serviço de
saúde pelas mulheres. A omissão de considerações sobre o
gênero também pode levar ao atendimento inadequado
do sistema de saúde às necessidades dos homens:
por exemplo, os serviços de saúde reprodutiva, em geral
não são estabelecidos de modo a incentivar a participação
masculina.
A análise de gênero na força de trabalho em saúde pode
ser reveladora quanto ao fato de que os sistemas de
saúde possivelmente refletem ou mesmo exacerbam
muitas das desigualdades sociais, os quais eles próprios
deveriam procurar reduzir ou evitar. É importante que,
no planejamento, no desenvolvimento e na gestão da
força de trabalho em saúde, sejam utilizadas abordagens
participativas, envolvendo trabalhadores de saúde de ambos
os sexos, de modo a assegurar que a pesquisa em andamento
seja relevante às suas necessidades e aos seus interesses.
A realização de pesquisas, políticas e programas voltados para
a igualdade de gênero na força de trabalho em saúde deve
contribuir para o fortalecimento mais amplo dos sistemas
de saúde.
A análise de gênero da força de trabalho
em saúde
A coleção, processamento, disseminação e uso de dados
desagregados por sexo podem ajudar a planejar, monitorar
e avaliar, satisfatoriamente, as intervenções relativas a
gênero no local de trabalho. Estes dados podem ajudar a
compreender como as diferenças sociais e comportamentais
entre homens e mulheres podem levar a desigualdades nas
condições de trabalho no setor saúde e, em última análise,
a desigualdades no acesso aos serviços de saúde e aos seus
resultados. O acesso a informações fidedignas e atualizadas
sobre gênero e força de trabalho em saúde pode orientar as
etapas necessárias para se alcançar a eqüidade de gênero.
Suiça
Reino Unido
Países Baixos
Hungria
Federação da Rússia
Estados Unidos da America
Espanha
Dinamarca
Canadá
Austria
Alemanha
0
25
50
% mulheres
75
100
Fonte: Gupta et al., 2003
Uma estratégia para a análise de gênero da força de trabalho
em saúde deve incluir quatro componentes-chave:
•
A capacitação para a análise de gênero nas políticas e no
planejamento voltado para a força de trabalho, nos níveis
internacional, nacional e subnacional;
•
A implicação do gênero no desenvolvimento de
orçamentos nacionais voltados para a força de trabalho
em saúde;
•
A promoção do uso de dados desagregados por sexo
em todos os níveis de atividades de monitoramento e
avaliação; e
•
O estabelecimento de responsabilidade e transparência.
As ferramentas, métodos e abordagens existentes para a análise
da força de trabalho em saúde, inicialmente desenvolvidos
e voltados para os setores de trabalho predominantemente
masculinos, devem ser validados e ampliados para as análises
do emprego feminino. As análises das condições de trabalho
devem levar em consideração fatores que afetam de maneira
mais específica as trabalhadoras, tais como cargas físicas de
trabalho, conciliação entre trabalho e família, relacionamento
com os clientes e assédio sexual. Por exemplo, alguns
incentivos voltados para a produtividade e retenção do
trabalhador podem ser mais favoráveis às mulheres do que aos
homens, tais como a flexibilização na concessão de licenças
e os planos de interrupção na carreira. É importante que o
monitoramento, a avaliação e o registro das experiências
desses indicadores nos países sejam aperfeiçoados.
Ao mesmo tempo, deve-se tomar cuidado para evitar uma
ênfase exacerbada nas diferenças de gênero em relação a
outras características relevantes para os estudos sobre a força
de trabalho em saúde. Educação, formação, acesso a recursos,
volume de clientes, supervisão e idade se incluem também
entre outras variáveis explicativas, envolvidas nos processos
que caracterizam a produtividade e a retenção da força de
trabalho em saúde.
Spotlight: estatísticas da força de trabalho em saúde é produzida pelo Departamento de Recursos Humanos para a Saúde, Organização Mundial
da Saúde. Visite nosso website: www.who.int/hrh/statistics
Estatísticas selecionadas
Foram identificadas três dimensões principais como ponto
de partida para o estudo da igualdade de gênero na força
de trabalho: ocupação, horário de trabalho e remuneração.
A segregação ocupacional por gênero pode corresponder
tanto a um agrupamento vertical (diferenciais na razão por
sexo de acordo com o status relativo de emprego) quanto a
um agrupamento horizontal (diferenciais de sexo de acordo
com a especialização). O horário de trabalho pode afetar
a posição econômica do trabalhador, sobretudo quando
resulta em menor remuneração ou na não compensação
financeira entre os trabalhadores em regime de tempo
parcial, comparativamente com os trabalhadores em regime
de tempo integral, assim como menor segurança de emprego
e menores oportunidades de promoção. Considerando
que as condições e as oportunidades de trabalho variam
significativamente entre as ocupações e os países, a equidade
de gênero pode ser caracterizada pela ausência de diferenças
observadas por gênero.
Apresentamos aqui algumas estatísticas relevantes para a
análise de gênero da força de trabalho em saúde em países
selecionados, em economias de mercado desenvolvidas e em
economias em transição. Estas estatísticas foram compiladas
a partir de levantamentos de dados nacionais sobre a força
de trabalho e emprego, arquivados pelo Luxemburg Income
Study [www.lisproject.org]. As pesquisas sobre a força de
trabalho oferecem uma vantagem para as análises sobre
gênero e trabalho, pois elas fornecem dados nacionalmente
representativos de uma série de variáveis do mercado de
trabalho que podem ser desagregadas por sexo.
De um modo geral, as ocupações da área de saúde nos
países selecionados evidenciaram desequilíbrios por gênero,
tanto vertical quanto horizontalmente. A proporção de
mulheres foi consideravelmente maior para as ocupações de
nível auxiliar, em comparação com as de nível profissional,
assim como a proporção de profissionais de enfermagem e
obstetrícia (parteiras) em comparação com médicos e outros
Distribuição da força de trabalho em saúde por sexo e categoria
Reino Unido
profissionais de saúde. Em alguns países, a proporção de
mulheres em ocupações de enfermagem e de obstetrícia
(parteiras) foi superior a 90%.
Foram observadas, em alguns países, importantes diferenças
de gênero no horário de trabalho, o qual foi quantificado
como o número de horas usualmente trabalhadas por
semana, incluindo horas-extras e um segundo emprego.
Em média, as mulheres apresentaram menos horas do que
os homens.
Foram encontradas diferenças significativas por gênero na
média de salários. Em todas as categorias profissionais, havia
uma tendência de as mulheres ganharem significativamente
menos do que os homens. Na Federação da Rússia, contudo,
foram encontradas exceções para certas ocupações. Em comparação com os países de economia de mercado desenvolvida,
era esperado que os desequilíbrios por gênero fossem menos
acentuados nos países de economia em transição, devido à
maior tradição de participação da força de trabalho feminino
nesses países, associada a políticas sociais que enfatizam
a igualdade e que apóiam as mulheres trabalhadoras e
suas famílias.
Diferenças de horas trabalhadas entre gêneros, por categoria
Outros profissionais e tecnicos
associados de saúde
Reino
Unido
Pessoal técnico e auxiliar de
enfermagem e parteiras
Outros profissionais de saúde
Países
Baixos
Medicos
Federação
da Rússia
Estados
Unidos da
America
0.0
0.2
0.4
0.6
0.8
1.0
1.2
Razão entre a média de horas trabalhadas
pelas mulheres e homens
1.4
Diferença de remuneração entre gêneros, por categoria
Outros profissionais e tecnicos
associados de saúde
Reino Unido
Pessoal técnico e auxiliar de
enfermagem e parteiras
Países Baixos
Federação da
Rússia
Pessoal de enfermagem e parteiras
Países Baixos
Estados Unidos da
America
Medicos
Estados
Unidos da
America
Dinamarca
0
25
Outros profissionais e tecnicos associados de saúde
Pessoal técnico e auxiliar de enfermagem e parteiras
50
75
100
Dinamarca
% mulheres
Outros profissionais de saúde
0.0
Pessoal de enfermagem e parteiras
Medicos
0.2
0.4
0.6
0.8
1.0
1.2
1.4
Razão entre a remuneração média das mulheres e dos homens
Referências e leituras sugeridas
•
Sen G, Ostlin P, George A. Gender inequity in health: why it exists and how we can change it. Report prepared for the WHO Commission
on the Social Determinants of Health. Genebra, Organização Mundial da Saúde, 2007 [www.who.int/social_determinants/
resources/csdh_media/wgekn_final_report_07.pdf ].
•
George A. Human resources for health: a gender analysis. Review paper prepared for the WHO Commission on the Social Determinants
of Health. Genebra, OMS, 2007 [www.who.int/social_determinants/resources/human_resources_for_health_wgkn_2007.pdf ].
•
Gender equality, work and health: a review of the evidence. Genebra, OMS, 2006 [www.who.int/gender/documents/
Genderworkhealth.pdf ].
•
Gupta N, Diallo K, Zurn P, Dal Poz MR. Assessing human resources for health: what can be learned from labour force surveys?
Human Resources for Health, 2003, 1(5) [www.human-resources-health.com/content/1/1/5].
•
Standing H. Gender–a missing dimension in human resource policy and planning for health reforms. Human Resources
Development Journal, 2000, 4(1) [www.who.int/hrh/en/HRDJ_4_1_04.pdf ].
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