Região Autónoma da Madeira + Assembleia Legislativa VIII Legislatura I Sessão Legislativa (2004/2005) Número: 19 Terça-feira, 08 de Março de 2005 Suplemento Sumário Requerimento propondo a constituição de uma comissão de inquérito parlamentar: - “Deficientes condições de segurança e limitações ao funcionamento das infraestruturas marítimoportuárias” (PCP). Suplemento da Sessão nº 19 Diário da Assembleia Legislativa VIII Legislatura, I Sessão Legislativa (2004/2005) Terça-feira, 08 de Março de 2005 Sua Excelência Senhor Presidente da Assembleia Legislativa da Região Autónoma da Madeira Funchal, 1 de Março de 2004 Assunto: Realização de Inquérito Parlamentar O Grupo Parlamentar do PCP-Madeira vem, por este meio, requerer a realização de um inquérito parlamentar, nos termos do disposto nos artigos 225° e 226°, nº 1alínea b) do Regimento da Assembleia, sobre as infraestruturas marítimo-portuárias deficientes, o que faz pelos fundamentos seguintes: As acessibilidades externas, dadas as condições de insularidade e ultraperiferia da Região Autónoma da Madeira, são factor estruturante para o desenvolvimento. As infraestruturas marítimo-portuárias assumem, neste contexto da insularidade distante, um papel essencial para a garantia do abastecimento da Região, em condições adequadas de segurança, regularidade e qualidade. Na Região Autónoma da Madeira, no âmbito da política portuária, foram desenvolvidas diversas intervenções no sentido de incrementar a actividade portuária. Em Câmara de Lobos foi inaugurada um infraestrutura marítima para apoio à actividade piscatória e de construção naval, a qual terá implicado, segundo declarações dos responsáveis governativos, um investimento público na ordem dos cinco milhões de euros. Precisamente no ambiente de précampanha eleitoral, aconteceu a inauguração do Estaleiro de Reparação Naval de Câmara de Lobos, com equipamentos preparados para a colocação de embarcações em doca seca, existindo uma rampa, a qual, através de um “travelift”, permitiria o melhor enquadramento para as reparações navais. No entanto, esta infraestrutura permanece inoperacional, com difícil e perigoso acesso marítimo para as embarcações que deveriam procurar aquele estaleiro, em consequência de erros graves na concepção e construção da nova infraestrutura. Há muitos anos, o Governo Regional estipulou que o Porto do Funchal, a partir de 2004, deveria ser apenas afectado aos cruzeiros, sendo as operações de carga e descarga de mercadorias efectuadas no Porto do Caniçal, que assim, há muito, deveria ter ficado como suporte do tráfego comercial, libertando o Funchal para o turismo. O Porto do Caniçal teve obras com três empreitadas em simultâneo, a primeira consistiu no alargamento e no prolongamento do molhe sul e outras duas no molhe norte para aumentar o comprimento do mesmo. Na sequência das obras em questão deveria permitir fazer, inclusivamente, uma rampa “roll-on/rool-off’ para possibilitar a carga e descarga através de “ferries” de transporte. Com a construção do molhe exterior, integrada na empreitada da chamada 3.8 fase, visava-se criar condições de “operacionalidade total” naquele porto. Em 2005, é possível constatar, para além do incumprimento dos prazos previstos, que não estão, de facto, garantidas as indispensáveis condições de operacionalidade total. O Porto do Caniçal apresenta, enquanto infraestrutura marítima de carga e descarga, em determinados contextos, condicionamentos operacionais. Aliás, aos próprios agentes de navegação já foi enviado pelas entidades oficias o aviso preventivo de que por razões operacionais, em algumas ocasiões determinadas operações com carga poderão não ser efectuadas no Caniçal. Com tudo isto, a obra de ampliação do porto comercial do Caniçal terá representado, segundo as indicações oficiais, um investimento na ordem dos 50 milhões de euros. Ainda no Caniçal voltou a ser adiada a inauguração do terminal de combustíveis devido a problemas de ordem técnica, uma vez que, segundo os técnicos competentes, não estavam garantidas as condições necessárias a uma segura operacionalidade naquele terminal. No concelho da Ponta do Sol, no Lugar de Baixo, foi recentemente inaugurada uma marina, a qual foi apresentada pelas entidades públicas da Região Autónoma da Madeira como investimento que visava incrementar a descentralizada actividade portuária, com especial vocação para favorecer as actividades marítimo-turíticas. No entanto, diversos peritos, apesar de alguns alertas em tempo útil, hoje consideram que faltaram estudos profundos sobre as predominâncias dos ventos e das marés, apontando para inaceitáveis deficiências na já construída marina do Lugar de Baixo, cuja funcionalidade é questionada devido à alegada falta de rigor técnico na preparação e construção daquela infraestrutura. Assim, o Grupo Parlamentar do PCP-M considera que, face á gravidade dos factos, se justifica a constituição de uma Comissão de Inquérito Parlamentar sobre as deficientes condições de segurança e limitações ao funcionamento das infraestruturas marítimo-portuárais. Recentes acontecimentos têm demonstrado como, devido aos erros e falhas de planificação e execução de diversas infraestruturas marítimo-portuárias, as quais implicaram significativos investimentos públicos, esses equipamentos apresentam-se inoperacionais, nuns casos, e com graves problemas para a segurança, noutros casos. Estas são situações que requerem um rigoroso apuramento de responsabilidade técnicas e políticas. Nestas infraestruturas com deficiências várias, os prejuízos daqui resultantes são, não só financeiros, mas também penalizantes para o desenvolvimento regional. É neste sentido que se requer que a Assembleia Legislativa da Região Autónoma da Madeira se decida pela realização do inquérito parlamentar sobre as infraestruturas marítimo-portuárias Pede Deferimento O Grupo Parlamentar do PCP-M, Ass.: Leonel Nunes, Edgar Silva.****** Pág. 2