De “fábrica de padres” à Subprefeitura
O prédio onde funciona hoje
a Subprefeitura do Ipiranga, na
rua Lino Coutinho, chegou a ser
uma indústria até meados da
década de 70. Uma indústria
diferente, que não produzia bens
materiais ou de consumo, mas
uma indústria de fé, de esperança
e que alimentava a alma: ali funcionava o Seminário da Ordem
Nossa Senhora do Sion e, na
opinião do padre Antonio Brito,
“uma fábrica que produzia sacerdotes”. “Aquele seminário
era uma fábrica indispensável
para a igreja para a formação de
ministros (diáconos e padres)”,
esclarece ele que, aos 21 anos
iniciou sua formação religiosa
no Seminário e guarda boas recordações do local.
Uma das preocupações dos
Padres de Sion, além de manter
a Paróquia, lembra o padre Brito,
era a de garantir sucessores para
o futuro. A área, adquirida em
1916, no entanto, só iria se
transformar em Seminário em
1945 quando, por iniciativa do
padre Arnaldo Dante, então vigário da Paróquia São José do
Ipiranga, foi dado início às
obras. O seminário foi sendo
construído devagar por falta de
recursos financeiros. Além disso, o terreno era todo um brejo
e exigiu muitas fundações. Primeiro foi concluído a parte de
cima, onde tinha os quartos. Na
parte da frente da Lino Coutinho
o prédio tem 3 pavimentos por
causa do desnível do terreno.
Geraldo Marques Rezende, 72
anos, ex-seminarista que freqüentou o local, lembra bem do
começo das obras e sua conclusão.
O Seminário abrigava em
média 50 alunos procedentes do
interior de São Paulo, Paraná e
04
Minas Gerais. Tinha 40 quartos, três salas de aulas, copa,
cozinha, salão de festas e demais dependências. Sua entrada principal era pela rua Brigadeiro Jordão, mas o terreno se
limitava também com a
Cisplatina, Agostinho Gomes e
Lino Coutinho.
Da mesma forma que inúmeras indústrias instaladas no bairro fecharam suas portas, encerrando suas atividades ou mudaram para outros centros, o Seminário de Sion também teve
que encerrar suas atividades
naquele imóvel e partir para outro de menor porte. A razão,
segundo o padre Brito, foi o
Concílio Vaticano II decidir que
a formação do sacerdote fosse
mais personalista e visasse não
quantidade, mas qualidade. Diante disso a direção entendeu
que não tinha cabimento manter um número de 15 a 20 seminaristas num imóvel tão grande. Optou-se pela mudança. Primeiro para uma casa na Moreira
e Costa e atualmente na Xavier
Curado, 42.
Padre Brito nasceu no Ceará
e chegou em São Paulo em 1959
. “Naquela época o seminário já
existia e participei do
cinqüentenário dos padres de
Sion no Brasil”, lembra. O sacerdote diz que entrou para o
seminário em março de 1963,
mas antes já participava dos retiros promovidos pelos padres.
No seminário recebeu aulas de
filosofia, teologia, entre outras.
Passou por algumas igrejas até
ser ordenado padre, assumindo,
alguns anos depois como pároco da Igreja de São José.
Hoje, passado tantos anos que
o seminário foi desativado, padre Brito acredita que o imóvel
Nos tempos em que o prédio abrigava o seminário, a paisagem do entorno era toda horizontalizada
Padre Brito e Geraldo Rezende
Atualmente, edíficios se destacam ao redor da Subprefeitura
vem correspondendo na prestação de serviços à comunidade, pois na sua opinião, a finalidade da Subprefeitura é ser
serva do povo. “Eu acho que
ela vem prestando um serviço
extraordinário e sagrado. O bem
que esse prédio faz por estar
sendo ocupado por uma instituição chamada Prefeitura, cuja
finalidade é o bem do povo, é
maravilhoso”, diz o religioso.
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