O que é Fábrica de Software?
O termo “Fábrica de Software” ainda não tem um
significado definido. Saiba por que ele gera controvérsia
Por Aline Brandão
O que é Fábrica de Software? A pergunta parece simples, mas
não existe uma resposta definitiva. “O conceito ainda é meio
indefinido porque a criação de um software não é uma ciência
precisa”, diz o Diretor de Serviços da BRQ, Guilherme Müller. De
uma forma geral, é ter processos claros e depender mais deles
do que das pessoas, de forma a ter resultados mais previsíveis.
O termo software factory (fábrica de software em inglês) foi
empregado pela primeira vez em 1969, pela japonesa Hitachi,
mas só começou a ficar popular no início dos anos 90. A idéia
era aplicar conceitos da indústria em geral em ambientes de
desenvolvimento de software, de forma a aumentar a
produtividade e diminuir prazos e custos.
“Quando o mercado começou a falar disso, era algo muito
amplo, ia desde o momento em que o usuário inventava o
software até recebê-lo pronto”, acrescenta Guilherme. Hoje, no
entanto, as fábricas de software podem assumir contornos bem
variados. É possível ter uma fábrica responsável por várias
etapas do processo de produção; outras podem trabalhar
apenas em protótipos, código ou testes.
Grandes empresas de TI, como a IBM, têm suas próprias
fábricas de software. Mas o mais comum é que este serviço seja
terceirizado. A BRQ, por exemplo, possui fábricas em Curitiba,
São Paulo e Rio de Janeiro e pretende abrir mais uma em 2007,
além de dobrar o número de empregados neste setor (hoje são
cerca de 300). Em vez de “fábrica de software”, a companhia
prefere o termo “fábrica de codificação”.
“Fábrica de software, de forma geral, tem um escopo mais
amplo; inclui análise, testes. Mas a parte de codificação é onde
o conceito de ‘fábrica’ está mais maduro. Na minha opinião, o
que faz mais sentido é associar o termo fábrica a projetos ou
códigos – esclarece Guilherme.
Contínua e pontual
Para o Diretor da Fábrica de Software da Stefanini, Francisco
Silvia, o conceito de fábrica de software abrange mais do que a
codificação. Segundo ele, o que identifica uma fábrica é um
conjunto de processos e métodos bem desenvolvidos, levando a
maior maturidade e produtividade e tornando o processo mais
independente do fator humano. A Stefanini divide as fábricas de
software em dois tipos: a fábrica pontual e a contínua.
“Quando um cliente, como um banco, demanda muito serviço
de fábrica de software, nós criamos uma fábrica de software
contínua para desenvolver só para esse cliente. Existe um
conhecimento maior dos negócios do cliente, e com isso a
produtividade para ele acaba aumentando. Já nas fábricas
pontuais, nós podemos trabalhar apenas uma vez com uma
empresa e não ter nenhum envolvimento com a parte de
negócios. Esse tipo de fábrica é mais independente – explica
Francisco.
A relação com as consultorias
Tanto BRQ como Stefanini são consultorias de TI. Qual é a
relação entre estes dois serviços? Segundo Francisco, a fábrica
de softwares está sob o “guarda-chuva” da consultoria: a
primeira trata de apenas algumas etapas da área, enquanto a
segunda abrange desde planejamento estratégico até analise de
processos. “Os consultores levam as melhores práticas ao
cliente, e uma dessas práticas pode ser o uso da fábrica de
software – diz.
Guilherme acrescenta que, algumas vezes, o trabalho da
consultoria de TI é necessário antes que o cliente contrate a
fábrica de software. “É preciso que o contratante tenha um
certo nível de maturidade, saiba escrever seus requerimentos
corretamente. Não é qualquer cliente que contrata a fábrica.
Para empresas muito imaturas, nós preferimos vender primeiro
o serviço de consultoria, para ajudar a definir melhor os
objetivos e os detalhes e também para ‘falar a mesma língua’ da
fábrica – justifica.
O que não é fábrica?
Para o Coordenador de Pós-Graduação de Gestão de Qualidade
de Software do Senac-SP, Ivanir Costa, a confusão na hora de
definir o que é ou não é fábrica de software vem de uma
estratégia de marketing.
“O termo está na moda. No Brasil não há uma separação muito
certa do que é ou não é fábrica, qualquer software house que
faça algo em TI usa essa nomenclatura. Teoricamente, a fábrica
deveria entrar numa parte do projeto, participar nessa parte e
entregar para o cliente, sem se preocupar com a integração com
outros sistemas, por exemplo. Mas você vai encontrar no
mercado empresas que se denominam fábrica de software e não
são exatamente isso – afirma.
Então, o que não é fábrica de software? Podemos citar o
exemplo do CPqD (Centro de Pesquisa e Desenvolvimento em
Telecomunicações). O Centro possui unidades de produção de
software para consumo interno que não se enquadram no
conceito de fábrica, porque não há especialização.
“Aqui cada equipe de negócios cria seu próprio software e
desenvolve do começo ao fim. Numa fábrica, você tem uma
divisão de trabalho: equipes especializadas para cada parte do
desenvolvimento de um software, que trabalham como numa
linha de produção – explicam o Vice-Presidente de Tecnologia,
Cláudio Violato, e o Diretor de Sistemas de Suporte a Operações
do CPqD, Roberto Vivaldi.
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