IMPLANTAÇÃO DE UM PROGRAMA DE ERGONOMIA EM UMA FÁBRICA DO POLO INDUSTRIAL DE MANAUS Moisés Israel Belchior de Andrade Coelho1 1. Universidade Federal do Rio de Janeiro – COPPE/UFRJ Glauco Assunção Alves2 2. Universidade Federal do Amazonas – FT/UFAM RESUMO A melhoria da segurança e saúde do trabalho aumenta a produtividade e diminui os custos do produto final, pois diminui as interrupções nos processos, o absenteísmo, e os acidentes e doenças ocupacionais aumentando a satisfação dos funcionários. Neste contexto, este estudo possui como objetivo principal analisar a implantação de um programa de ergonomia em uma indústria de eletroeletrônicos do Pólo Industrial de Manaus. Esta pesquisa foi realizada no formato de pesquisa-ação, pois a partir da identificação de um problema foram implantadas ações para a sua solução. A população foi composta por uma empresa do Pólo eletroeletrônico localizada na cidade de Manaus – Amazonas. Como técnicas de pesquisa foram utilizadas a pesquisa bibliográfica e a observação direta intensiva e extensa. Na observação direta intensiva foram utilizados dois formulários: no primeiro, utilizou-se para realizar a análise ergonômica dos postos de trabalho e no segundo foi realizada a análise do fator biomecânico nos riscos para distúrbios músculos-esqueléticos de membros superiores relacionados ao trabalho. Como principais resultados encontrados têm-se o levantamento das doenças ocupacionais mais freqüentes na empresa e a identificação dos postos críticos de trabalho. Palavras-chaves: Ergonomia – Programa de ergonomia - indústria ABSTRACT Improving the safety and health at work increases productivity and lowers costs of the final product because it reduces interruptions in the process, absenteeism, and accidents and occupational diseases by increasing employee satisfaction. In this context, this study has as main objective to analyze the implementation of an ergonomics program in a consumer electronics industry of the Industrial Pole of Manaus. This research was conducted in the form of action research, as from the identification of a problem have been undertaken for their solution. The population was comprised of an electronics company in the Pole in the city of Manaus - Amazonas. As research techniques were used to search literature and direct observation intensive and extensive. In intensive direct observation were used in two forms: the first was used to perform ergonomic analysis of workstations and the second was performed to analyze the biomechanical factor in the risk for disorders of skeletal muscles work related upper limb. As main results have to survey the most common occupational diseases in the company and identification of critical posts of work. Key-words: Ergonomics – ergonomics program - industry VIII Convibra Administração – Congresso Virtual Brasileiro de Administração – www.convibra.com.br INTRODUÇÃO Os casos de lesões por esforços repetitivos (LER) têm aumentado significativamente nos últimos anos obrigando aos mais diversos atores sociais a lidarem com esse problema, dada a sua manifestação fez com que a LER seja considerada um grave problema de saúde pública, ao observar uma dupla vertente neste campo de estudo onde por um lado a LER é um campo trabalho e saúde que precisa ser debruçado, de outro lado a temos como um pretexto para que esse mesmo campo se construa e se desenvolva no Brasil (SATO, 2001). A proatividade de um ambiente relacionado à prevenção de acidentes e a proteção à saúde do trabalhador resulta do compromisso e da colaboração mútua entre os empregadores e trabalhadores no projeto e construção de novos locais de trabalho e sistemas de produção levando em consideração os fatores que comprometem determinada tarefa em função das limitações pessoais e operacionais (QUELHAS & LIMA, 2006). A busca pela qualidade é um dos objetivos primordiais nos processos de normalização e certificação ao procurar regras que sejam compatíveis com os preceitos ergonômicos. Ao tomarmos o contexto atual da produção onde as matérias-primas transformam-se em produtos de maneira geral, temos o interesse da ergonomia na participação da atividade humana neste ambiente focando nos meios e processos de trabalho. Logo, todo esse processo de transformação exige um conjunto de preceitos, procedimentos e normas (regras) para a obtenção do resultado esperado (BUCICH, 2004). A melhoria da segurança e saúde do trabalho aumenta a produtividade e diminui custos do produto final, pois diminui as interrupções nos processos, o absenteísmo, e os acidentes e doenças ocupacionais (QUELHAS & LIMA, 2006). Neste contexto, este estudo possui como objetivo principal analisar a implantação de um programa de ergonomia em uma indústria de eletro-eletrônicos do Pólo Industrial de Manaus. 1. LESÕES POR ESFORÇO REPETITIVO (LER) E DISTÚRBIOS OSTEOMUSCULARES (DORT) As lesões por LER/DORT são “um conjunto de doenças que afetam músculos, tendões, nervos e vasos dos membros superiores [...] e inferiores [...] e que tem relação direta com as exigências físicas das tarefas, ambientes físicos, e com a organização do trabalho” (CHIAVEGATO FILHO & PEREIRA JR., 2004, p. 150). No Brasil tais lesões receberam a denominação de LER a partir da portaria 4.062 do INSS (6/8/87) levando a muita complicação no meio médico principalmente porque (COUTO, 2000): 1. O quadro de dor nos membros superiores é composto de uma série de lesões, cada qual com um tratamento específico e cada qual com um prognóstico específico, o que é anulado quando se firma o diagnostico de LER; 2. O termo LER no Brasil assumiu um outro significado problemático, que foi o de ser utilizado indistintamente como o nome de uma doença, e isso, naturalmente, VIII Convibra Administração – Congresso Virtual Brasileiro de Administração – www.convibra.com.br ocasionando confusão entre médicos e trabalhadores; denominou-se LER como um mecanismo de lesão e não uma doença; 3. A aceitação de repetitividade como mecanismo causador das lesões induz à conclusão de que a redução na incidência de novos casos seria obtida com a redução da repetitividade do movimento, sendo uma grande simplificação de algo muito mais complexo. As LER/DORT constituem um grave problema a saúde pública, de alta e crescente incidência, que apresentam dificuldades na forma de abordagem, na reabilitação e na prevenção. No Brasil não existem banco de dados epidemiológicos que cubra a totalidade dos trabalhadores, segundo os órgãos oficiais não existem levantamentos que retratem o quadro real de como adoecem os trabalhadores e sem mencionar a subnotificação dos acidentes de trabalho e de doenças profissionais (CHIAVEGATO FILHO & PEREIRA JR., 2004). Diferente das doenças profissionais a LER não respeita as fronteiras entre as categorias profissionais levando ao questionamento das entidades de representação dos trabalhadores sobre a sua política em saúde do trabalhador. Essas doenças demandam a criação de práticas no serviço público por parte de diversos profissionais da área obrigando-os a criar uma linguagem de interface para trabalharem com as LER, sem perder a especificidade de sua formação de origem (SATO, 2001). Quanto os fatores de riscos para o desenvolvimento de LER estão relacionados ao posto de trabalho, manutenção de posturas inadequadas, carga osteomuscular, carga estática, invariabilidade da tarefa, exigências cognitivas e fatores organizacionais e psicossociais. Em termos psicossociais a LER está associada atualmente ao medo de perder o emprego provocado pela atual instabilidade mundial, dessa forma, o sofrimento físico e mental oriundo do adoecimento torna-se uma dor moral impossibilitando projetos de vida gerando um comprometimento da vida pessoal e familiar (GRAVINA, 2002). A LER/DORT abrange inúmeros quadros sintomáticos e síndromes, alguns difusos e outros delimitados anatomicamente ou fisiopatologicamente, apesar de ser caso único de doenças ósteo-muscular ao se agruparem quadros difusos corre-se o risco de se incluir nos casos um percentual de falso-positivos e também de doenças e sintomas com gêneses distintas, diluindo e distorcendo as associações investigadas. Os quadros músculo-esquelético de membros superiores não são exclusivamente ocupacionais, podendo ter suas origens associadas a outros fatores como esporte, postura fora do trabalho, fatores psicossociais, entre outros. O que se tem observado é o aumento de causos potenciais relacionados ao trabalho, para isto, faz-se necessário identificar os fatores ocupacionais ou extra-ocupacionais específicos e dimensionar a importância de cada um desses fatores para a ocorrência da doença na população de estudo (SANTOS FILHO & BARRETO, 1998). 2. MÉTODOS E TÉCNICAS EM ERGONOMIA 2.1 ANÁLISE ERGONÔMICA DO TRABALHO VIII Convibra Administração – Congresso Virtual Brasileiro de Administração – www.convibra.com.br A análise ergonômica do trabalho tem por objetivo aplicar os conhecimentos da ergonomia para analisar, diagnosticar e corrigir uma situação real de trabalho, desenvolvida por pesquisadores franceses se constitui em um exemplo de ergonomia de correção. O método de análise ergonômica do trabalho está dividido em cinco etapas (LIDA, 2005): 1. Análise da demanda, 2. Análise da tarefa, 3. Análise da atividade, 4. Diagnóstico e 5. Recomendações. O trabalho é a unidade de três realidades que são as condições de trabalho, o resultado do trabalho ou a própria atividade de trabalho, ou seja, a análise do trabalho é uma análise deste sistema e do seu funcionamento. A tarefa mantém uma relação estreita com o trabalho por meio das condições determinadas e dos resultados antecipados, onde as condições determinadas não são as condições reais e os resultados antecipado não é o resultado efetivo, com isso, deve-se concluir que a tarefa não pode ser confundida com o trabalho (GUÉRIN et al., 2001). Torna-se importante distinguir três realidades claras (GUÉRIN et al., 2001): 1. A tarefa como resultado antecipado fixado em condições predeterminadas; 2. A atividade de trabalho como realização de tarefas; 3. O trabalho como unidade da atividade de trabalho, das condições reais e dos resultados efetivos dessa atividade. A análise do trabalho é a análise do conjunto desse sistema onde os ergonomistas não são os únicos a fazerem a análise do trabalho, existindo outras maneiras de fazê-las e onde nem todas incluem a análise das atividades. Nesse caso reduzem-se a análise do trabalho prescrito sendo incapazes de descortinar possibilidades de transformação, pois ignora, constrange e autoriza a atividade concreta do operador. A tarefa neste caso, não é o trabalho, mas o que foi prescrito pela empresa ao operador sendo imposta, externa, determinando e constrangendo a sua atividade (GUÉRIN et al., 2001). A atividade do trabalho é o conjunto dos fenômenos (fisiológicos, psicológicos, psíquicos) que caracterizam o ser vivo cumprindo atos. O resultado da atividade de um trabalhador é única, seja ele um objeto, ou um serviço cujas características concretas dependem inteiramente da atividade desenvolvida para executá-lo, o significado de sua atividade impregna de sentido sua relação com o mundo, fator determinante da construção de sua personalidade e de sua socialização. Trabalhar não é somente ganhar a vida é sobretudo ter um lugar e desempenhar um papel (DEJOURS, 2009). Análise da demanda A análise da demanda visa (FALZON, 2007): VIII Convibra Administração – Congresso Virtual Brasileiro de Administração – www.convibra.com.br Identificar a história da demanda e do contexto, os atores envolvidos alem do demandante que entrou em contato, e as tentativas de respostas feitas; Identificar os desafios que a questão coloca abrange, uma diversidade de áreas (econômica, gestão de recursos humanos, saúde), e as pessoas capazes de tomar a iniciativa de permitir a intervenção; Recolher informações permitindo objetivar os problemas levantados, mas também identificar as representações existentes. Análise da tarefa A análise da tarefa analisa as diferenças entre o prescrito e o que é executado realmente, isso acontece devido às condições efetivas são diferentes das previstas ou porque nem todos os trabalhadores seguem rigidamente o método prescrito. A análise ergonômica do trabalho não pode basear-se somente nas tarefas devendo observar como as mesmas distanciam-se da realidade (LIDA, 2005). Análise da atividade Na análise da atividade a observação precisa levar em consideração o comportamento do trabalhador, a maneira como o trabalhador procede para alcançar os objetivos que lhe foram atribuídos, resultando de um processo de adaptação e regulação entre os fatores envolvidos no trabalho (LIDA, 2005). Deve-se verificar através de observações mais sistemáticas: (1) as observações sistemáticas decorrem de hipóteses emitidas no pré-diagnóstico, o ergonomista focaliza as observações com o objetivo de validá-las, para ele mesmo e para difusão na empresa. As observações sistemáticas e sua validação permitem que o pré-diagnóstico se torne um diagnóstico, com a vocação de ser difundido na empresa; e a (2) observação no quadro de um projeto abrangendo um grande número de postos, neste caso o ergonomista procura caracterizar para cada situação analisada, ao menos os seguintes elementos (FALZON, 2007): 1. Os fluxos e operações prescritos, e sua configuração real; 2. As fontes de variabilidade; 3. Os períodos ou incidentes críticos; 4. As formas de regulação individuais e coletivas; 5. As formas de custo para os operadores. Diagnóstico O diagnostico ergonômico não consiste em relacionar o problema particular a uma classe de problemas já conhecida, ele é uma criação original que tenta dar conta da integração na atividade dos operadores dos constrangimentos da situação particular (GUÉRIN et al., VIII Convibra Administração – Congresso Virtual Brasileiro de Administração – www.convibra.com.br 2001). “A formulação do diagnóstico é uma tomada de posição em relação a representações anteriores da situação de trabalho que não permitiam explicar os problemas encontrados” (GUÉRIN et al., 2001, p. 177). A análise ergonômica do trabalho orienta-se para permitir uma transformação das situações de trabalho, não tendo o objetivo principal de descrever as situações existentes. Tradicionalmente as análises ergonômicas do trabalho terminavam apresentando recomendações, entretanto esta prática apresenta inúmeras dificuldades (GUÉRIN et al., 2001): Os resultados das análises dos trabalhos e das recomendações que os acompanham atinjam exatamente aqueles que podem ter um papel efetivo na transformação da situação do trabalho; A transformação mais simples de um posto de trabalho precisa sempre de um trabalho de concepção. Recomendações Nas recomendações decorre das providencias que serão tomadas para resolver o problema diagnosticado, elas devem ser claramente especificadas descrevendo todas as etapas para solução do problema (IIDA, 2005). A ação ergonômica deve contribuir (1) para a estruturação de um ponto de vista sobre o trabalho que provoque questões de uma outra natureza e faça emergir novos problemas; e (2) tratar dos problemas de maneira conjunta e negociada, contribuindo assim para fazer evoluir as relações sociais na empresa (GUÉRIN et al., 2001). 2.2 PROGRAMA DE ERGONOMIA Os programas de ergonomia e as atuações dos comitês no Brasil ainda estão na fase embrionária. É importante registrar que a legislação brasileira, em particular a NR 17 prevê a realização de análises ergonômicas do trabalho, o que certamente pode estimular esse movimento dentro das empresas (DUARTE et al., 1999). As atuações dos comitês ocorreram, principalmente, em recomendações e projetos de iluminação, de mobiliário e de layout, conscientização postural e ginástica laboral, transporte e movimentação de cargas. Em geral, estas atuações são feitas com a contratação de consultorias externas (DUARTE et al., 1999). A prática ergonômica isolada, em que um ergonomista realiza a análise do trabalho e recomenda as soluções para que posteriormente sejam implantadas, geralmente não se concretiza pelo não envolvimento dos trabalhadores no primeiro momento (diagnóstico), torna-se muito difícil envolvê-los em um segundo momento (a implantação). Pode-se dizer VIII Convibra Administração – Congresso Virtual Brasileiro de Administração – www.convibra.com.br que a prática ergonômica não ocorre sem o estabelecimento de um processo participativo (DUARTE et al., 1999). A demanda de um programa de ergonomia pode ser classificada como sendo macroergonômica, uma vez que esta trata de questões organizacionais visando promover uma gestão participativa, com objetivos de melhoria de resultado e conseqüente aumento de competitividade (CAMPOS, 2000). A participação dos cargos de direção é fundamental para a motivação e o envolvimento das pessoas servindo de exemplo para que todos percebam a importância do programa. Um programa de ergonomia deve caracterizar-se por uma visão sistêmica e uma abordagem multidisciplinar, além de levar em consideração a produtividade e os aspectos humanos. A abordagem multidisciplinar deve ser considerada para a formação do time que irá atuar no processo, bem como deve levar em conta as experiências e conhecimentos de cada um de seus componentes (TOMASINI, 2001). Em Tomasini (2001) ocorre a apresentação de um modelo para um programa de ergonomia dividido em três fases: (1) fase 1: alta direção e os trabalhadores; (2) fase 2: programa de ergonomia piloto; e (3) fase 3: expandir o programa em toda organização. Na fase 1 a alta direção e os trabalhadores devem estar de acordo com a importância deste programa para a organização; na fase 2 é necessário dispor de um tempo considerável para iniciar o programa piloto e a sua completa sedimentação para a sua posterior ampliação a toda a empresa; por fim, na fase 3 ocorre uma revisão para uma adequação de tempo e recursos disponíveis o que provocará a variação do programa na empresa. Em relação ao programa de ergonomia piloto Tomasini (2001) apresenta uma série de etapas para a sua implantação: 1. Identificar o problema: as razões para iniciar os programas de ergonomia são as mais diversas possíveis e se diferem em fatores de produtividade e saúde humana, entretanto, existem algumas técnicas para auxiliar na identificação dos problemas, tais com, fotos e vídeos e brainstorming não devendo se restringir somente aos aspectos físicos, mas também, a análise dos métodos de trabalho, fluxo de produção, manutenção de ferramentas, meio ambiente, e todos os aspectos de uma abordagem macro-ergonômica; 2. Analisar o problema: inclui a análise de todos os componentes do problema, incluindo, a análise das conseqüências caso o problema persista e os obstáculos remanescentes para a solução. A análise da tarefa é muito importante nesta etapa para relatar os problemas do trabalho como para o futuro desenvolvimento do produto. A análise deve conter um objetivo e um critério para solução, os objetivos devem, melhor, ser expressos quantitativamente e operacionais; 3. Desenvolver soluções: as soluções serão mais facilmente encontradas quanto mais corretamente à análise for realizada, as soluções podem ser subdivididas em abordagens da engenharia e da administração. Na abordagem da engenharia acontece pelo redesenho de uma máquina, de uma estação de trabalho ou de uma ferramenta, na VIII Convibra Administração – Congresso Virtual Brasileiro de Administração – www.convibra.com.br abordagem administrativa decorre do enriquecimento do processo de trabalho, rodízio de funções e/ou tarefas, condutas que influenciam a tarefa e capacitação; 4. Implantar soluções: em alguns casos esta fase é a mais crítica necessitando de tempo e condições especiais, todos os projetos incluem mudanças organizacionais que muitas vezes não são bem aceitas por ameaçar a segurança do trabalho, o nível social, as relações sociais e a liberdade de ir e vir. Por isso, elas devem ser consideradas para não provocar o fracasso do programa; 5. Avaliar os resultados: a avaliação dos resultados na ergonomia deve incluir produtividade, economia e os aspectos de saúde, esta avaliação será facilitada por um departamento de ergonomia responsável pelo programa e por um sistema de monitoramento. O equilíbrio dos custos de implantação das mudanças, dos investimentos, da redução dos acidentes e afastamentos, o aumento da produtividade e da qualidade e a redução do turn over é o caminho mais fácil para esta análise; 6. Utilizar os resultados e experiências para o próximo processo: o enorme banco de dados criados pelo processo de intervenção deve ser utilizado para processos futuros, onde todas as sugestões e soluções devem ser arquivadas para ser facilmente encontradas para uma futura tarefa. 3. METODOLOGIA O presente estudo, em termos de abordagem do seu problema, será uma pesquisa de caráter qualitativa (SILVA & MENEZES, 2005), com isso busca-se o entendimento idiossincrático dos fenômenos relacionados a implantação de um programa de ergonomia na empresa estudada. Em relação aos seus objetivos, este trabalho será uma pesquisa-ação (GIL, 2002; TRIPP, 2005; THIOLLENT, 2007), pois se preocupa com a resolução dos problemas organizacionais mediante a aplicação de ferramentas de análise ergonômica na prática. Nesta pesquisa a população foi composta por uma empresa do Pólo eletroeletrônico localizada na cidade de Manaus – Amazonas. Ao todo foram entrevistados 36 funcionários do nível operacional, da área definida como mais crítica. Estas entrevistas permitiram identificar demandas de melhorias nos processos internos da empresa. Como técnicas de pesquisa foram utilizadas a pesquisa bibliográfica e a observação direta intensiva e extensa. Na observação direta intensiva foram utilizados dois formulários: o primeiro denominado Formulário de Análise ergonômica foi utilizado para realizar a análise ergonômica dos postos de trabalho; e segundo denominado Check list de Couto foi utilizado para realizar a análise do fator biomecânico nos riscos para distúrbios músculos-esqueléticos de membros superiores relacionados ao trabalho. 4. RESULTADOS O programa de ergonomia foi desenvolvido visando assistir a empresa no sentido de se estabelecer um sistema eficiente de controle ergonômico, que tem como princípios a VIII Convibra Administração – Congresso Virtual Brasileiro de Administração – www.convibra.com.br eliminação dos riscos ergonômicos ou redução a níveis aceitáveis, implantando uma metodologia de controle em toda a organização. Primeiramente, os colaboradores pré-selecionados para fazer parte do grupo de implantação foram classificados por critérios de seleção, de acordo com o campo de conhecimento, atuação, conforme a função e nível de escolaridade. Após a fase de seleção, os colaboradores passaram por treinamento, com aulas relacionadas a vários campos de estudo de LER e DORT e também sobre a OSHAS18000. Outro ponto a ser destacado em relação aos treinamentos é o sistema de multiplicadores de área, então denominados “Comitê de Ergonomia”, e a formação de um "grupo de apoio", denominado “força tarefa”, responsável pela supervisão de ações nas áreas. A partir do treinamento dos colaboradores, o processo de implantação teve várias etapas, as quais serão dispostas ao longo desta seção. 4.1 IDENTIFICAR O PROBLEMA Foi estabelecido um planejamento das atividades, com objetivo principal de mapear todos os postos de trabalho e operações. Foram levantados dados de afastamento e principais causas para identificar a situação da empresa antes das atividades do Comitê de Ergonomia e para comparações de dados após a implementação do comitê. Constatou-se um elevado grau de afastamentos de funcionários nos últimos três anos e a partir desta demanda realizou-se análises ergonômicas nos postos de trabalho para detectar as possíveis causas de tal incidência, bem como os postos mais críticos, para que assim, fosse possível serem tomadas ações imediatas. Ao serem feitas às análises, foram detectados como os postos mais críticos, os de natureza mecânica, como mostra a tabela 1 abaixo. Distribuição percentual por processo Mecânico 60% Prep. TRC 14% Elétrico 11% Abastecedor 5% Técnico 4% Embalagem 4% Cabine da qualidade 2% Fonte: Autor Tabela 1 - Distribuição percentual por processo A partir do mapeamento por processo, o comitê deu mais foco aos processos mecânicos onde nos 60% dos casos analisados, o principal foco de problemas ergonômicos foi detectado na atividade da quebra do painel da área de televisores com maior grau de afastamento conforme pode ser observar na tabela 2. VIII Convibra Administração – Congresso Virtual Brasileiro de Administração – www.convibra.com.br Distribuição percentual por atividade Quebra do painel 44% Labirinto 32% Alto falante 15% Chupeta 9% Fonte: Autor Tabela 2 - Distribuição percentual por atividade Pode-se verificar, por meio da tabela 3, que o maior índice de afastamento por doença foi relacionado à bursite, com 36%; tendinite, com 31%, e cisto sinovial, com 17% dos casos. Os demais casos de doenças ocasionadas por LER/DORT não podem ser menosprezados. Diante destas informações, verificou-se que a empresa necessitava de ações que objetivassem a redução dos índices apresentados. Índice de afastamento por doenças Bursite 35% Tendinite 31% Cisto sinovial 17% Epicondilite 5% Sinovite do punho 4% Síndrome do impacto 3% Outros 5% Fonte: Autor Tabela 3 - Índice de afastamento por doenças Assim, o trabalho focou-se no aprofundamento dos estudos nestes três aspectos identificados nas tabelas acima: processo mecânico, na atividade de quebra do painel da área dos televisores que provocaram afastamentos por bursite, tendinite e cisto sinovial, principalmente. 4.2 ANALISAR O PROBLEMA Descrição Geral da Tarefa - O posto escolhido para fazer a análise ergônomica foi o posto da Quebra de Painel, da linha 5, tendo em vista que foi a atividade detectada como a mais prejudicial e com maior índice de afastamento, na qual apresenta 11 trabalhadores expostos. A principal atividade é fazer a quebra do painel da TV. VIII Convibra Administração – Congresso Virtual Brasileiro de Administração – www.convibra.com.br Principais Aspectos de Dificuldades - São dois os principais aspectos de dificuldades descritos pelo operador. O primeiro é quando se retira o painel da esteira, pois o mesmo é fornecido em baixo e à direita através de uma rampa. E pela posição, se faz um esforço em alavanca incorreta (o braço de potência é junto do ponto de apoio e o tamanho da placa afasta o braço de resistência), como mostra as Figuras 3 e 4 isso faz com que cause desconforto em seu braço direito. O segundo é no momento da quebra do painel, conforme mostra a Figura 5, pois o antebraço fica sustentado causando dor nos ombros. Fatores Complementares - Podem ser citados como alguns dos fatores complementares: os colaboradores do outro turno e outras linhas trabalham da mesma forma, exceto da Linha 2; o time da linha é de 13.7 segundos, para uma produção de 2300 aparelhos de TV de 14”, 20”, porém o tempo realizado é de 11 segundos; o trabalho é realizado em 9 horas e 7 minutos (acordo coletivo), durante 5 dias da semana; a iluminação é boa, com 312 lux, em média; existem esporádicas horas extras por dobra de turno, com antecipação de jornada de 1hora e 20 minutos; a taxa de ocupação é de 80% a 90%. Evidências - Para evidenciar este estudo, foram tiradas fotos com câmera digital e câmera de vídeo. Identificador - Os fatores de riscos das atividades encontradas neste posto de trabalho foram identificados pelo médico do trabalho, através do laudo médico. Instrumento de Avaliação Complementar - Nesta análise ergonômica, foram utilizados dois instrumentos de avaliação complementar, o Check-list de Couto e a Análise Semi-Quantitativa de Moore e Gard, verificadas a seguir: a) Avaliação simplificada do fator biomecânico para distúrbios músculos-esqueléticos de membros superiores relacionados ao trabalho (COUTO, 2000). Item Sobrecarga física Força com as mãos Postura Posto de trabalho Repetitividade Ferramenta de trabalho Pontos 3 0 3 2 3 1 Fonte: Autor Tabela 4 - Avaliação do fator biomecânico Resultados obtidos conforme o modelo de avaliação simplificada do fator biomecânico no risco para distúrbios músculo-esqueléticos de membros superiores relacionados ao trabalho constante no Formulário de análise ergonômica dos postos de trabalho. RESULTADO - Total de 12 pontos, ou seja, o fator biomecânico é significativo. b) Índice de sobrecarga mecânica (tabela 5): VIII Convibra Administração – Congresso Virtual Brasileiro de Administração – www.convibra.com.br Critério de interpretação: FIT x FDE x FFE x FPMPO x FRT x FDT 3 x 1.5 x 3 x 2 x 1 x 0.5 = 13.5 Ou seja, é decididamente, alto risco de lesão. Conclusão Quanto ao Risco Ergonômico - Quanto ao risco ergonômico pode-se concluir que existe risco de lesão para membros superiores, uma vez que o esforço em alavanca feito com o braço direito necessita aplicação de força e é longe do corpo; na Análise de COUTO foi identificado como Fator biomecânico significativo; de acordo com Moore & Gard, existe alto risco de lesão; Critério de Prioridade - Quanto ao critério de prioridade, pôde-se analisar que a avaliação do risco ergonômico é moderada (2); há dados históricos de preocupações ergonômicas freqüentes (4); há queixas médicas comprovadas (1); e há casos de afastamentos ou restrições do trabalho (1). RESULTADO - Total de pontos são oito, ou seja, deve-se ter uma alta prioridade e a atuação deve ser imediata. Tabela 3 Semiquantitativo de Moore e Gard – 1995 - Índice de sobrecarga FATOR CLASSIFICAÇÃO CARACTERIZAÇÃO MULTIPLICADOR FIE - Fator Intensidade do Esforço Algo pesado FDE - Fator Duração do Esforço 30 - 49 % do Ciclo 1.5 FFE - Fator frequência do esforço =>20 por minuto 3 FPMPOC - Fator da mão, punho, ombro e coluna Ruim Desvio nítido 2 FRT - Fator ritmo de trabalho Razoável 91 – 100 % 1 FDT - Fator duração do trabalho Percebe-se algum esforço 1–2 3 0.5 Fonte: Adaptado de Moore e Gard (1995) Tabela 5 – Índice de sobrecarga mecânica 4.3 DESENVOLVER SOLUÇÕES VIII Convibra Administração – Congresso Virtual Brasileiro de Administração – www.convibra.com.br Sugestões de Medidas de Melhorias Ergonômicas - As medidas de melhoria ergonômica seriam: 1. A adoção de medida urgente (instalação de plataforma hidráulica), retirando assim esteira e eliminando esforço em alavanca, conforme Linha 2, assim o painel é fornecido diretamente na esteira; 2. Estudo de caso junto ao fornecedor, para que a placa venha sem o fenolite, evitando assim o destaque do PCB; 3. Puxar Stop para frente, para que o aparelho possa parar em frente do operador; 4. Certificar que sempre haja, pelo menos 20% de folga na linha, para compensar os fatores de dificuldades e os problemas ergonômicos das posições mais críticas; 5. Substituir as cadeiras por cadeiras acolchoadas; 6. Promover melhores rodízios nas tarefas, de tal forma que o operador não acumule movimentos repetitivos; 7. Contratar uma pessoa para ficar de reserva, tendo assim alternativas para falta de pessoal; 8. No caso de se trabalhar em horas extras, reduzir o ritmo; 9. Estabelecer um sistema de sinalização para se evitar a falta de material, pois isso acarreta em práticas abusivas para compensar o atraso de produção, como aumento da velocidade da esteira, horas extras e antecipação da jornada. 4.4 IMPLANTAR SOLUÇÕES E AVALIAÇÀO DOS RESULTADOS Durante a fase de desenvolvimento foram, também, elaboradas atividades e ações para dar sustentação ao processo de implantação da OHSAS 18000. Tais atividades serão descritas a seguir. 1. Manual do Gerenciamento Ergonômico (GE) Foi desenvolvido, em conjunto com o multiplicador do GE, o Manual do Gerenciamento Ergonômico, documento no qual contém a Metodologia Estratégica, Fundamentação Teórica, Análise Ergonômica do Trabalho, Ferramentas para o Sistema, Procedimentos Técnicos, Projetos e Resultados. O manual deve periodicamente passar por auditoria pela coordenação do GE. 2. Ginástica de Aquecimento e de Alongamento De acordo com as definições apresentadas por Couto (2002), a Ginástica de aquecimento e de alongamento está indicada especialmente para mecânicos e para outros que executam atividades fisicamente pesadas. O aquecimento é uma seqüência de exercícios com grandes grupos musculares, porém com pouca força, que tem dois objetivos principais: VIII Convibra Administração – Congresso Virtual Brasileiro de Administração – www.convibra.com.br aquecer os diversos grupamentos musculares para que o deslizamento dos filamentos contráteis seja mais fácil e menos susceptível a distensões e aumentar gradativamente o metabolismo do corpo, de forma a se evitar esforço anaeróbico. O alongamento visa, fundamentalmente, garantir que na execução de esforços intensos, os músculos estejam devidamente preparados, evitando-se distensões e outros transtornos musculares dolorosos. Seguindo o contexto, a ginástica foi implementada, todos os dias, com a finalidade de compensar as estruturas físicas mais utilizadas durante o trabalho e ativar as que não são requeridas. A atividade deve ser realizada diariamente no próprio local de trabalho, seguindo seqüências, orientações e protocolos técnicos elaborados pelo multiplicador do GE. A atividade deve ser desenvolvida, ainda, de acordo com a necessidade e realidade de cada setor e controlada pelas planilhas de Acompanhamento da Ginástica Ocupacional dos Facilitadores. 3. Análises de Equipamentos e Soluções Conhecidas De acordo com Couto (2002), desde a instituição dos primórdios da Ergonomia, uma série de equipamentos e acessórios foi desenvolvida visando facilitar a vida do trabalhador e muitos deles são conhecidos. Com base nestas orientações, foi efetuado um mapeamento de todo o processo produtivo, com o objetivo de identificar todos os equipamentos, postos e ferramentas, as quais necessitavam de alteração, substituição ou melhoria. 4. Análises Ergonômicas Foram implementadas as Análises Ergonômicas normativas, as quais são relacionadas aos setores e funções, visando identificar possíveis riscos ergonômicos à saúde do trabalhador, procurando atender aos critérios legais e normativos, sendo estas consolidadas através da Análise Ergonômica do Trabalho, parte do Manual do Gerenciamento Ergonômico da fábrica, desenvolvido por multiplicadores do GE, e de responsabilidade de implantação do grupo de apoio e responsáveis pelo SST. A Área de Eficiência deverá ter critérios de prioridade para a análise. Será feito um mapeamento através de cronometragem de 5 ciclos, em situação de produção normal. Os postos em que o índice for superior a 90% deverão ser analisados pela área de Eficiência. Cada análise feita pela equipe poderá originar Planos de Ação, se não forem apenas questão de balanceamento simples. 5. Educação e Treinamento: Os colaboradores receberam periodicamente orientações relativas ao GE, com assuntos preventivos, de acordo com especificações no Manual do Gerenciamento Ergonômico, sendo o multiplicador do GE responsável pela elaboração do material que deve ser repassado a gerentes e responsáveis nas áreas. 6. Curva de Aprendizagem e Liberação Gradativa para a Operação VIII Convibra Administração – Congresso Virtual Brasileiro de Administração – www.convibra.com.br Quando se inicia a montagem de um novo produto, instala-se uma nova linha ou se reestrutura o layout da curva de aprendizado, devem seguir as seguintes etapas: Integração geral - 1 dia, Treinamento Operacional Geral - 4 dias, Curva de aprendizagem personalizada, conforme proposto pela área de Engenharia para cada situação de trabalho. 7. Administração da Hora-Extra Foi determinada pelo comitê a implantação do controle e administração das horasextras da fábrica, com levantamento da estatística mensal da área e por linha, identificação de trabalhadores com mais de 16 horas extras/mês e as principais causas de horas extras e ações sobre as causas. Principais motivos de horas-extras levantados pelos colaboradores: a. Falta de material - Atualmente é o principal fator. O material que não é entregue geralmente é JIT; deveria ser entregue às 16 horas e acaba sendo entregue depois; a grande maioria é por problema de painel (54%) é a falta de placas (PCBs); a segunda causa foi o atraso no envio do kit por compras; b. Balanceamento das curvas em processos iniciais; c. Má qualidade de material importado, gerando retrabalho com Hora-Extra; d. Perdas no processo acima do dimensionado; e. Aumento de produção solicitado pelo comercial; f. Diferença entre o prescrito (pela eficiência) e o possível de ser realizado; g. Atraso na entrega de material - questão de greve nos órgãos federais (esporádico). 8. Administração do Job Rotation Em seus estudos, Couto (2002), descreve que o rodízio funciona como uma forma de reduzir a sobrecarga existente nas diversas operações. Operações feitas sem rodízio, caso sejam biomecanicamente críticas, costumam trazer lesões para as pessoas. As mesmas operações, com um rodízio eficiente, costumam ser feitas sem lesões. Os postos os quais foram mapeados durante a análise ergonômica como posto críticos deverão, obrigatoriamente, sofrer a substituição do colaborador a cada 3 horas de trabalho, determinado pelos consultores e comitê. O gerente da área de produção em conjunto com a Engenharia deverá informar ao comitê as linhas e os postos de trabalho que, obrigatoriamente, devem sofrer job rotation. E a cada produto novo, a Engenharia deverá informar à divisão de montagem, atualizar o mapeamento dos rodízios, por linha de produção, e definir a porcentagem atual de rodízio, por linha. A sinalização aplicada ao suporte da Instrução de Montagem significa que o posto necessita de revezamento - job rotation. O rodízio também é indicado para o controle dos colaboradores que retornam de licença médica por Doença Ocupacional, para a reintegração ao processo produtivo. Uma vez ao mês, todo colaborador que retornar de Licença Médica por Doença Ocupacional deverá retornar ao Médico do trabalho para acompanhamento. VIII Convibra Administração – Congresso Virtual Brasileiro de Administração – www.convibra.com.br CONSIDERAÇÕES FINAIS O histórico da prática da ergonomia nas organizações permitiu ao estudo analisar os objetivos e contribuições relacionados a este assunto no decorrer do tempo como forma de um acompanhamento histórico do processo evolutivo dos programas de ergonomia e de suas respectivas fases de implementação. Como ponto positivo evidenciou-se que às etapas para implementação do programa de ergonomia (conforme revisão da literatura) foram postas em ação por intermédio do comitê de ergonomia que passou a atuar na identificação dos postos críticos e no treinamento de multiplicadores internos para estudos ergonômicos. Outro aspecto positivo diz respeito à mudança de mentalidade em toda a organização a partir das intervenções nos locais mais críticos onde todos passaram a ter uma maior preocupação com os aspectos relacionados à ergonomia em suas atividades, tais como, ginástica laboral e utilização de equipamentos mais adequados. O programa de ergonomia promoveu a redução de afastamentos por LER/DORT a partir de sua implantação atingindo números em torno 99%, todos estes resultados geraram benefícios de prevenção, de melhoria da imagem organizacional, melhoria do meio-ambiente interno e gerou a filosofia da melhoria contínua e do trabalho em grupo na organização. Como recomendação para futuros estudos torna-se relevante a continuidade desta pesquisa com o foco nos custos necessários para a implementação, investimentos e os retornos obtidos após a mesma pela organização. Outra recomendação diz respeito à realização de uma pesquisa avaliando o antes e depois na percepção pelos empregados das mudanças ocorridas em todos os níveis organizacionais. Em síntese, evidenciou-se o cumprimento das diversas etapas de implantação, bem como, às mudanças ocorridas após a implantação do mesmo. Logo, a adoção de um programa deste tipo não somente reduzirá os custos organizacionais, por intermédio da diminuição dos afastamentos, como também melhorará o clima organizacional e a imagem da organização perante a sociedade. REFERÊRENCIAS BUCICH, Clóvis. A imposição da regra na produção industrial: ergonomia nos processos de normalização e certificação. Ação ergonômica, v. 2, n. 1, p. 29-46, 2004. CAMPOS, Marcelo L. A gestão participativa como uma proposta de reorganização do trabalho em um sistema de produção industrial: uma estratégia de ampliação da eficácia sob a ótica da ergonomia. Florianópolis: UFSC, 2000. 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