UNIVERSIDADE REGIONAL DE BLUMENAU CENTRO DE CIÊNCIAS TECNÓLOGICAS PÓS GRADUAÇÃO EM ENGENHARIA DE SEGURANÇA DO TRABALHO PEDRO CARLOS GARCIA DE FREITAS ERGONOMIA EM BIBLIOTECAS UNIVERSITÁRIAS BLUMENAU 2009 PEDRO CARLOS GARCIA DE FREITAS ERGONOMIA EM BIBLIOTECAS UNIVERSITÁRIAS Monografia apresentada ao Programa de PósGraduação em Engenharia de Segurança no Trabalho do Centro Ciências Tecnológicas da Universidade Regional de Blumenau, como requisito parcial para a obtenção do título de Especialista em Engenharia de Segurança do Trabalho. Profª Alexandra Luiza Lorgus, MSc - Orientadora BLUMENAU 2009 Dedico esse trabalho a minha família por compreenderem a minha ausência; que DEUS nos dê “TEMPO” e muitos momentos felizes. Léia, Lian e Lucas eu amo vocês. A minha mãe Ecilda Garcia de Freitas, por seu amor ser incondicional. AGRADECIMENTOS Agradeço, a DEUS pela saúde, à minha orientadora Alexandra Luiza Lorgus por ter tanta paciência e dedicação na trajetória dessa orientação, a todos os colaboradores da Biblioteca Universitária da FURB, na pessoa da diretora Maria Genoveva Lemos. Aos professores do Curso na pessoa do professor Doutor Ademar Cordero, pelo apoio e incentivo, aos colegas de turma por os momentos de estudo e divertimento, e em especial ao colega Darlei de Andrade Dulesko por sua motivação nos momentos difíceis. Não clama, porventura, a sabedoria, e o entendimento não faz ouvir a sua voz? [...] Ouvi, pois falarei coisas excelentes; os meus lábios proferirão coisas retas. Porque a minha boca proclamará a verdade; os meus lábios abominam a impiedade. São justas todas as palavras da minha boca; não há nelas nenhuma coisa torta, nem perversa. Todas são retas para quem as entende e justas, para os que acham o conhecimento. Salomão - RESUMO A pesquisa realizada trata da aplicação dos conceitos de ergonomia relacionados à biomecânica, ao trabalho dos bibliotecários, de uma biblioteca universitária. Caracterizou-se por uma pesquisa qualitativa que se valeu da estratégia da análise de conteúdo, usando como instrumento de coleta de dados, um questionário com o título “censo de ergonomia” aplicado aos sujeitos da pesquisa. O objetivo geral deste trabalho é identificar se os conceitos de ergonomia, relacionados com a biomecânica são aplicados nas atividades laborais dos bibliotecários da Fundação Universidade Regional de Blumenau. Com os conceitos da fundamentação teórica constatou-se que a revolução tecnológica gerou novos conhecimentos para a biblioteconomia; com isso os profissionais bibliotecários passaram a se confrontar com novos paradigmas, entre eles as relações de trabalho, o ambiente laboral e a interação com essas novas tecnologias. Estes fatores interferem na qualidade de vida dos bibliotecários, e destacam a ergonomia e seus princípios como elementos que atuam na prevenção e na qualidade de vida dos bibliotecários no exercício de suas atividades laborais. Diante do resultado obtido a história da biblioteconomia, as atribuições dos bibliotecários paralelamente a evolução tecnológica nas bibliotecas universitárias, contribuíram para que os bibliotecários nas suas atividades laborais sofressem com essas transformações, e no contexto relacionado ao princípio ergonômico da biomecânica na biblioteca universitária da FURB, não estão sendo observados na sua totalidade. Palavras- chaves: Bibliotecário. Bibliotecas Universitárias. Ergonomia.Qualidade de Vida. - ABSTRACT The research made treats about the application of ergonomic concepts related to biomechanics, to librarians’ work, in a university library. It was characterized by a qualitative research based on contents analysis strategy, using as a data survey tool, a questionnaire with the title “censo de ergonomia” (ergonomic census) applied to the research subjects. The main purpose of this work is to identify if the ergonomic concepts, related to biomechanics, are applied to librarians’ labor activities at Fundação Universidade Regional de Blumenau. Using the concepts from the theoretical foundation, it was ascertained that the technological revolution generated new knowledge for Library and Information Science; from this statement, the librarians now have to confront with new paradigms, among those the interpersonal relationship at work, the labor environment and the interaction with these new technologies. Those factors interfere in the librarians’ quality of life, and emphasize the ergonomics and its principles as elements which act on prevention and the librarians’ quality of life during the exertion of their labor activities. Confronting the obtained results the history of Library and Information Science, the attributions of the librarians paralleling to the technological evolution in the universities libraries, it all contributed to that the librarians, in their labor activities, suffered with those transformations and, in the context related to ergonomic principles of biomechanics in the university library at FURB, those are not being observed in their totality. Keywords: Librarian. University Libraries. Ergonomics. Quality of Life. - LISTA DE ABREVIATURAS E SIGLAS ANCIB - Associação Nacional de Pesquisa em Ciência da Informação e Biblioteconomia BIREME - Centro Latino-Americano e do Caribe de Informação em Ciências da Saúde CAPES – Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior CBO – Classificação Brasileira de Ocupações CD-ROM – Disco Compacto-Memória Somente de Leitura cm – Centímetro CPU – Unidade Central de Processamento DSI – Disseminação Seletiva da Informação DORT – Distúrbios Osteomusculares Relacionados ao Trabalho FURB – Fundação Universidade Regional de Blumenau IBBD – Instituto Brasileiro de Bibliografia e Documentação IBCT – Instituto Brasileiro de Informação em Ciência e Tecnologia IES – Instituições de Ensino Superior INSS – Instituto Nacional do Seguro Social ISO – International Stander Organizacion ISSBLU – Instituto Municipal de Seguridade Social do Servidor de Blumenau Kg – Kilograma LER – Lesões por Esforços Repetitivos OCLC – Online Computer Livrary Center ONU – Organização das Nações Unidas PROBE – Programa de Biblioteca Eletrônica UNB – Universidade de Brasília UNESCO – Organização das Nações Unidas para a Educação USMARC – United States Machine Readable Cataloging USP – Universidade de São Paulo WWW – World Wide Web LISTA DE QUADROS Quadro 1 – Localização das Dores no Corpo, Provocadas Por Posturas Inadequadas..44 Quadro 2 – Número de Bibliotecários que Sentem Desconforto- Biblioteca Universitária da FURB.................................................................................................46 Quadro 3 – Dos Bibliotecários que Sentem Desconforto e em que Parte do Corpo Sentem o Desconforto..................................................................................................46 Quadro 4 – Referência de Desconforto com Trabalho.................................................47 Quadro 5 – Quanto Tempo Relacionado ao Trabalho Gerou o Desconforto?...........48 Quadro 6 – Qual o Desconforto?.................................................................................49 Quadro 7 – Como você Classifica o Que Sente?.......................................................50 Quadro 8 – O que Você Sente Aumenta com o Trabalho?........................................51 Quadro 9 – O que Você Sente Melhora com o Repouso?.........................................52 Quadro 10 – Tem Tomado Remédio ou Colocado Emplastos para Trabalhar?.........53 Quadro 11 – Já fez Tratamento Médico Alguma Vez por Distúrbio ou Lesão dos Membros Superiores ou Coluna?...............................................................................54 LISTA DE GRÁFICOS Gráfico 2 – Número de Bibliotecários que Sentem Desconforto- Biblioteca Universitária da FURB................................................................................................46 Gráfico 3 – Dos Bibliotecários que Sentem Desconforto e em que Parte do Corpo Sentem o Desconforto.................................................................................................47 Gráfico 4 – Referência de Desconforto com o Trabalho............................................48 Gráfico 5 – Quanto Tempo Relacionado ao Trabalho Gerou o Desconforto?..........49 Gráfico 6 – Qual o Desconforto?................................................................................50 Gráfico 7 – Como você Classifica o Que Sente?.......................................................51 Gráfico 8 – O que Você Sente Aumenta com o Trabalho?........................................52 Gráfico 9 – O que Você Sente Melhora com o Repouso?.........................................53 Gráfico10 – Tem Tomado Remédio ou Colocado Emplastos para Trabalhar?..........54 Gráfico11 – Já fez Tratamento Médico Alguma Vez por Distúrbio ou Lesão dos Membros Superiores ou Coluna?................................................................................55 - SUMÁRIO 1 INTRODUÇÃO..........................................................................................................13 1.1 OBJETIVOS................................................................................................................14 1.1.1 Objetivo Geral.............................................................................................................14 1.1.2 Objetivos Específicos...................................................................................................14 1.2 METODOLOGIA.....................................................................................................15 1.2.1 População e Amostra..................................................................................................15 1.3 JUSTIFICATIVA ....................................................................................................16 2 FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA...........................................................................17 2.1 A BIBLIOTECONOMIA...........................................................................................17 2.2 EVOLUÇÕES TECNOLÓGICAS NAS BIBLIOTECAS.........................................19 2.3 AS ATRIBUIÇÕES DOS BIBLIOTECÁRIOS.........................................................25 2.4 A ERGONOMIA........................................................................................................27 2.4.1 Importância dos Princípios Ergonômicos..................................................................28 2.5 O TRABALHO DOS BIBLIOTECÁRIOS: RISCOS À PROFISSÃO.....................35 2.6 PRINCIPAIS DOENÇAS OCUPACIONAIS RELACIONADAS ÀS ATIVIDADES LABORAIS DOS BIBLIOTECÁRIOS.....................................................................36 2.7 PRINCÍPIOS ERGONÔMICOS DA BIOMECÂNICA............................................38 2.7.1 Biomecânica Ocupacional e a Sobrecarga do Trabalho nas Atividades Laborais dos Bibliotecários..............................................................................................................40 2.7.2 Posturas do Corpo Humano no Trabalho.....................................................................43 2.7.3 Os Distúrbios Ocasionados pelo Uso de Computadores .............................................44 3 ANÁLISE DE DADOS..............................................................................................46 4 CONCLUSÕES E RECOMENDAÇÕES ...............................................................57 REFERÊNCIAS......................................................................................................................58 ANEXO 1 – QUESTIONÁRIO DA PESQUISA CENSO DE ERGONOMIA............59-60 13 1 INTRODUÇÃO Este trabalho apresenta os fatores relacionados com os conceitos de ergonomia aplicados na atividade laboral dos bibliotecários de uma biblioteca universitária e como esses aspectos influenciam na saúde destes trabalhadores e na eficiência da execução de suas tarefas profissionais. Considerando que o ambiente das bibliotecas universitárias está em constante adaptação às novas tecnologias, buscaram-se informações necessárias para um estudo sobre a ergonomia aplicável a esta atividade laboral. Motivado por estes fatores, este estudo resulta da preocupação que existe com a necessidade de adaptar o ambiente de trabalho aos bibliotecários. Com vistas a pesquisar se os aspectos ergonômicos relacionados à biomecânica são observados durante o exercício da atividade laboral dos bibliotecários, busca-se identificar como esses aspectos influenciam nas atividades dos trabalhadores alvo desta pesquisa. Para isso, é necessário verificar as condições ambientais e físicas e sua influência psicossocial, na percepção de seus colaboradores. A partir desses aspectos levantados, pretende-se desvelar como os conceitos de ergonomia inerentes à biomecânica são aplicados na atividade laboral dos bibliotecários de uma biblioteca universitária. 14 1.1 OBJETIVOS Neste item apresentam-se os objetivos geral e específicos desta pesquisa, bem como os estudos propostos a serem cumpridos e/ou concluidos e como serão explicitados. 1.1.1 Objetivo Geral: O objetivo geral desta pesquisa é identificar se os conceitos de Ergonomia, relacionados com a biomecânica, são aplicados no trabalho dos bibliotecários da Biblioteca Universitária da Universidade Regional de Blumenau. 1.1.2 Objetivos Específicos: Para alcançar o objetivo geral a que se propõe este trabalho, são delimitados os seguintes procedimentos: a) Descrever o histórico da evolução da biblioteconomia; b) Conhecer como a evolução tecnológica influenciou a biblioteconomia; c) Identificar quais as atribuições dos bibliotecários; d) Conceituar Ergonomia; e) Identificar quais os princípios ergonômicos, relacionados à biomecânica, aplicáveis a função do bibliotecário; f) Identificar quais as principais doenças relacionadas à atividade do bibliotecário; g) Relacionar os princípios da biomecânica ao trabalho executado pelos bibliotecários; h) Estabelecer relações entre o uso de computadores, suas conseqüências e a função de bibliotecário; i) Analisar a aplicabilidade prática dos conceitos ergonômicos estudados às funções do bibliotecário. 15 1.2 METODOLOGIA Esta pesquisa é, de acordo com Bauer e Gaskell (2003, p. 23), uma pesquisa qualitativa, “ que evita números, lida com interpretação da realidade social e é considerada pesquisa leve. “O protótipo mais conhecido é provavelmente a entrevista em profundidade.” Ainda segundo os autores(2003, p. 30) “A pesquisa qualitativa é, muitas vezes, vista como uma maneira de dar poder ou dar voz às pessoas, em vez de tratá-las como objeto, cujo comportamento deve ser quantificado e estatisticamente modelado”. 1.2.1 População e Amostra O campo para a realização desta pesquisa é a Biblioteca Universitária da Fundação Universidade Regional de Blumenau (FURB), em Santa Catarina, cujo horário de funcionamento é das 7h da manhã até 22h30min, de segunda a sexta-feira, e aos sábados das 8h até 17h, com exceção nos períodos de férias. A Biblioteca possui uma estrutura física de 6.054 m² e um acervo de 501.512 volumes. (UNIVERSIDADE REGIONAL DE BLUMENAU, 2007) A biblioteca está organizada por setores: Direção, Seção de Seleção e Aquisição, Seção de Processamento Técnico e Encadernação, Seção de Serviços ao Usuário, Seção de Documentação e Automação, que conta com um total de 88 colaboradores, sendo que 13 destes são bibliotecários, que cumprem uma jornada de trabalho de 08 horas diárias, fazendo total de 40 horas semanais. Em um primeiro momento foi realizado um contato com a diretoria da Biblioteca Universitária da FURB, oportunidade em que foram explicitados os objetivos desde estudo, informando sobre os instrumentos de coleta de dados pretendidos para este trabalho, solicitando autorização para realização da pesquisa. Como instrumento de coleta de dados, optou-se pela aplicação do questionário censo de ergonomia de autoria de Couto e Cardoso, conforme documento em anexo (anexo 1). A aplicação do questionário teve por objetivo conhecer a realidade organizacional deste setor da universidade, com o intuito de identificar a aplicabilidade da Ergonomia, no tocante aos princípios da biomecânica ocupacional, no exercício das funções pertinentes aos 16 bibliotecários, e como estes percebem a importância da observação desta aplicabilidade prática em sua atividade laboral. A partir da coleta de dados, pretendeu-se construir o perfil da amostra desta pesquisa, selecionar elementos que se repetem e/ou apresentem maior incidência, para então construir categorias de análise destes dados, que instrumentalizarão a análise propriamente dita e a construção das considerações finais da pesquisa. 1.3 JUSTIFICATIVA Melhorar a qualidade de vida dos colaboradores, aperfeiçoar a prestação de serviços nas Bibliotecas Universitárias e trabalhar sob a égide da prevenção da saúde dos colaboradores deste setor produtivo são os elementos que motivam este trabalho. A análise dos postos de trabalho dos bibliotecários constitui-se em uma oportunidade de fornecer subsídios aos gestores e aos próprios trabalhadores, no sentido de promover uma redução dos custos com assistência médica, diminuição do número de afastamentos, diminuição de processos trabalhistas por número de acidentes de trabalho, e conseqüentemente, promovendo um aumento de produção e melhora no ambiente de trabalho como um todo, o que resulta direta e proporcionalmente em uma melhora na qualidade de vida das pessoas envolvidas. Colaboradores que atuam em condições saudáveis de trabalho, através da observação dos princípios da Ergonomia, apresentam, em conseqüência, uma melhor produtividade, diminuição do estresse e redução de doenças ocupacionais, maior capacidade e aumento de resistência física, aliadas a uma maior motivação para o trabalho, melhorando o humor e a auto-estima. Conseqüentemente, há uma considerável melhora em todos os aspectos da vida deste profissional: pessoal, social e laboral. 17 2 FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA Neste capitulo apresentaremos a história da biblioteconomia, as transformações tecnólogicas nas bibliotecas, bem como, as atribuições dos bibliotecários, o conceito de ergonomia os princípios ergonômicos relacionados com a biomecânica aplicados a essas funções, e a importância da observação destes princípios ergonômicos. 2.1 A BIBLIOTECONOMIA Conforme Cysneros (2009), a biblioteconomia é a atividade profissional que compreende o conjunto de organismos, operações técnicas e princípios que dão aos documentos gráficos e não-gráficos o máximo de utilidade possível. É a ciência que se ocupa do conjunto de conhecimentos teóricos e técnicos indispensáveis para armazenar, recuperar e disseminar informações em qualquer tipo de veículo ou formato, de maneira ágil, eficaz e dinâmica. O curso de Biblioteconomia tem como objetivos formar profissionais capazes de acompanhar as transformações da sociedade, compreendendo o papel da biblioteca neste processo, identificando demandas de informação e propondo soluções inovadoras. Além disso, ser bibliotecário significa atuar como especialista no tratamento e difusão de informações, apoiados nas tecnologias da informação, em nível de planejamento, administração, assessoria e prestação de serviços em redes e sistemas, bibliotecas, centros de documentação, serviços de informação. O profissional bibliotecário está habilitado para a realização de pesquisas relativas à utilização da informação e para o planejamento, implantação e desenvolvimento de atividades de ação cultural. Segundo Baptista e Muller (2004), a Biblioteconomia no Brasil, teve seu reconhecimento como profissão de nível superior em 1962. Há indícios na história de que, na metade do século passado, forças de origem internacional tenham provocado reflexos no sistema de funcionamento da profissão do bibliotecário ,assim como na sua jurisdição, o que viria a tornar-se a padronização da Biblioteconomia. No pós-guerra, a ciência e a tecnologia já se organizavam para modernos computadores e com isso revolucionava a produção de informação científica. 18 Em 1954, por influência da Organização das Nações Unidas para a Educação (UNESCO), órgão que é dedicado à educação, vinculado à Organização das Nações Unidas (ONU), surgiu o Instituto Brasileiro de Bibliografia e Documentação (IBBD), com o objetivo de promover o desenvolvimento da informação e educação no Brasil. Este fato resultou na vinda para o país de especialistas internacionais em documentação, contribuindo assim para a estruturação do instituto, e para o início do Curso de Documentação Científica no Rio de Janeiro. O tratamento da informação e dos documentos era jurisdição da Biblioteconomia, que nessa época se encontrava em pleno reconhecimento como profissão de nível superior. Embora a Biblioteconomia abraçasse todo este campo, naquela época não havia profissionais suficientes para ocupar toda a jurisdição, que se encontrava em fase de expansão. Surge então, em 1969 um mestrado em Ciências de Informação, patrocinado pelo IBBD, resultado dos contatos com os especialistas externos, que ajudaram o instituto a estruturar o curso. Percebe-se que, no campo de atuação da informação, os parâmetros da biblioteconomia brasileira não foram contrários às tendências separatistas presentes em outros países, pois no Brasil a Biblioteconomia acolheu as idéias da nova área Ciência da Informação, trazida para os cursos de pós-graduação. Este contexto favoreceu a criação de órgãos como a CAPES (Coordenação de aperfeiçoamento de pessoal de nível superior), que atua até hoje na fiscalização e regulação dos cursos de pós-graduação stricto sensu. Estes movimentos resultaram na fundação de uma sociedade de pesquisa que integra as duas áreas: a Associação Nacional de Pesquisa em Ciência da Informação e Biblioteconomia (ANCIB). Essa associação é o resultado de reuniões entre os coordenadores dos cursos de Mestrado em Biblioteconomia, de onde em meados de 1970 resulta a criação do Instituto Brasileiro de Informação em Ciência e Tecnologia (IBCT), que veio substituir o antigo Instituto Brasileiro de Bibliografia e Documentação (IBBD). Devido à necessidade do estabelecimento de parâmetros para a função do bibliotecário, foi criada a ANCIB com o objetivo de regulamentação da função do bibliotecário, atendendo à uma lacuna não preenchida pelo IBCT na época. 19 2.2 EVOLUÇÕES TECNÓLOGICAS NAS BIBLIOTECAS Ao longo da história as Bibliotecas Universitárias passaram por transformações tecnológicas inerentes ao processo evolutivo do próprio homem. Mas, apesar das mudanças estruturais, ela manteve seu foco, que é segundo Cunha (2000), manter um a acervo de obras impressas preservando o conhecimento da civilização. Assim, sendo instituições direcionadas para construção e difusão do conhecimento, é natural que as Instituições de Ensino Superior (IES), sejam grandemente afetadas pelos rápidos progressos na tecnologia de informação, notadamente no que se referem à informática, telecomunicações e redes. Essa tecnologia é o eixo que direciona as mudanças estruturais no ensino superior e que atinge tanto as atividades acadêmicas fundamentais quanto a própria natureza do processo organizacional das IES. Segundo Cunha (2000), em 2010 quase todas as Bibliotecas Universitárias Brasileiras, estarão automatizadas, e muitas delas serão bibliotecas totalmente digitais. Em decorrência disso, necessitarão de mais recursos financeiros para a provisão de equipamentos mais potentes e modernos, também necessitarão de uma mão de obra mais especializada na área da informática. Esse desenvolvimento tecnológico será caracterizado pelo aumento da velocidade das Unidades Centrais de Processamentos (CPU), o incremento das velocidades de transmissão de dados e a redução drástica nos custos das memórias de massa baratearam os custos e aumentaram a potencialidade dos recursos informáticos. A velocidade de transmissão de dados agora começa a contar com redes de alta velocidade, que facilitam a disponibilidade de dados e também a disponibilidade de acesso à informação. Conforme Cunha (2000), até 2010 se houver a implantação nas bibliotecas brasileiras das redes de alta velocidade, os usuários terão acesso a grandes arquivos de dados, utilizarão aplicações multimídia e outros tipos de serviço que demandam alta confiabilidade e velocidade de transmissão caracterizando a substituição da documentação em papel pela documentação digital e virtual. Ainda segundo Cunha (2000), a biblioteca tradicional tem como característica a utilização de papel como suporte de registro da informação, tanto em relação à coleção quanto ao seu catálogo. Ultrapassando outros recursos informacionais que seus usuários precisavam, obtê-los dependia da sua localização física e da provisão de cópias através da comutação bibliográfica. Em decorrência disto, os instrumentos da biblioteca digital (CUNHA, 1999 apud CUNHA, 2000), são diferentes daqueles que pertenciam à biblioteca tradicional, 20 principalmente por não necessitar de um espaço físico. Como conseqüência, bibliotecas digitais são simplesmente um conjunto de mecanismos eletrônicos que facilitam a localização da informação, interligando recursos e usuários. Assim, segundo Milstead (apud CUNHA 2000), em vez de enfrentar os problemas das bibliotecas tradicionais, a biblioteca digital vai existir no ciberespaço. Seus problemas estarão relacionados ao financiamento ao acesso e padronização do caminho que leve o usuário a encontrar a informação. Conforme Cunha (2000), embora, revolucionária a biblioteca digital representa um processo gradual e evolutivo, como resultado da utilização do computador de forma cada vez mais crescente nas últimas décadas. Por volta de 1970, foram implantados os catálogos em linha e o acesso a bancos de dados. Na década de 80, com o disco compacto memória somente de leitura (CD-ROM), tornou-se possível recuperar referências bibliográficas e textos completos. O autor prossegue afirmando que, diferentemente das bibliotecas universitárias tradicionais, as bibliotecas digitais não se localizam em um determinado endereço e, provavelmente, muitos prédios de bibliotecas irão desaparecer. Diante disto o autor levanta um questionamento: Mas, como será o relacionamento de bibliotecas tradicionais e digitais? Para responder este questionamento ele recorre a Dertouzos,(1997, p. 241 apud CUNHA, 2000, p.78 ) [...] as bibliotecas continuarão com a custódia dos materiais educativos e sólidos, com destaques para os livros. Contudo, elas se tornarão também gerenciadoras de linhas de comunicação com outros locais de conhecimento, com a condição de que as bibliotecas físicas controlem a qualidade das bibliotecas virtuais, decidindo quais conhecimentos existentes em outras instituições merecem menção pelos selecionadores e hiperorganizadores da biblioteca local. (...) O gerenciamento eficaz desses selecionadores de conhecimento será crucial para a qualidade das instituições de ensino no futuro. A partir de 2000, ainda são poucas as bibliotecas que estão equipadas para existirem com linhas, microcomputadores, leitoras de CD-ROM, cabeamento de fibra ótica, redes locais e outras tecnologias da informação que começam a fazer parte do mundo moderno e que as bibliotecas universitárias deverão se adaptar, conforme Cunha (2000). Ainda para Cunha (2000), a reforma das instalações pode custar mais do que o esperado. Os espaços liberados pelos catálogos e fichas, podem ser insuficientes para abrigar os microcomputadores e terminais necessários ao catálogo automatizado. O aspecto negativo desse quadro é que muitas bibliotecas universitárias irão descobrir que sua capacidade de possuir novas máquinas, será excedida pela necessidade de uso. 21 O esforço para recuperar as funções básicas da biblioteca universitária necessitará compreender que, mais e mais usuários resolverão suas demandas com o uso das tecnologias informacionais por meio do ciberespaço. Até 2010, para o autor, os serviços de desenvolvimento de coleções e aquisição terão grandes transformações. É o momento da integração crescente das tecnologias de informação aos acervos e serviços existentes. No final dos anos 80, coleções de periódicos, diretórios e enciclopédias passaram a estar disponíveis tanto em papel como em suporte digital. Porém, nos últimos anos, com os periódicos eletrônicos, determinados títulos tornaram-se acessíveis somente por intermédio de um terminal de computador. As bibliotecas universitárias continuarão a incorporar materiais de todas as formas às suas coleções físicas, mas a mesma importância terá a informação sobre aquilo que não está armazenado localmente, mas sim no ciberespaço. Nos anos 70, conforme Cunha (2000), com a introdução do acesso em linha aos bancos de dados comerciais, as bibliotecas passaram a ter enormes demandas de cópias de artigos de periódicos, de títulos inexistentes nos acervos locais. Nos anos 80, com a existência de centenas de bibliotecas utilizando acesso em linha dos catálogos públicos, houve um crescimento dos pedidos de empréstimo entre bibliotecas de obras disponíveis em outras regiões. Com a informação digital, a comutação bibliográfica deixou de ser um mero mecanismo de suprir faltas no acervo para se transformar em áreas básicas da organização bibliotecária. As bibliotecas universitárias utilizaram políticas de desenvolvimento de coleções que antecipavam as possíveis necessidades de informação de clientela com base na idéia de que as necessidades dos usuários seriam atendidas, tendo em vista as decisões feitas ao acervo em periódicos anteriores conforme Cunha (2000). No futuro, os setores de referência e desenvolvimento de coleções estarão interligados, pois o que irá contar não são os itens no acervo, mas as opções para acessar a informação demandada, de acordo com Demas (1994 apud CUNHA 2000). Portanto o diferencial mudará do tamanho do acervo para o tamanho das verbas para o acesso. Conforme Cunha (2000), com a chegada da Internet, surgiram outros tipos de documentos para serem processados pelos serviços técnicos, por exemplo, as páginas iniciais ou home-pages e periódicos eletrônicos. Nessa época conforme o autor (2000), os catalogadores, além de conhecer seus instrumentos de trabalho, precisam dominar outros, como metadados e marcação de textos, e também estar aptos a lidar com as características dos novos documentos. De acordo com Cunha (2000) a Biblioteca Nacional do Rio de Janeiro, 22 têm em seu registro catalográfico eletrônico todas as suas monografias incorporadas ao seu acervo após 1982. O registro pode ser copiado no formato United States Machine Readable Cataloging (USMARC), e International Stander Organizacion/ 2709 (ISO/2709). Ampliando-se as possibilidades de pontos de acesso a um determinado documento digitalizado. Nos sistemas tradicionais e mesmo nos catálogos automatizados produzidos até o final dos anos 80, as descrições são mínimas restringindo-se a dados sobre o autor, título e alguns cabeçalhos de assuntos. Atualmente podem ser incluídas dezenas de termos de indexação, e também, diversos tipos de documentos de acordo com Cunha (2000). Conforme Cunha (2000), o referencial inicial a ser seguido era a representação da unidade da informação de um livro, e não seus capítulos. Porém, em uma coleção digital heterogênea, os níveis de representação alcançam níveis inimagináveis, podendo ser um mapa, um slide, um filme, uma figura, um capítulo ou mesmo um verbete de uma obra de referência. A forma de indexar as informações em um acervo, desenvolvidas por a biblioteca é que irá delinear quais os níveis de representação da informação. Muitas mudanças ocorrerão nas tarefas de organização do acervo informacional. Como indagou Coffman (1999 apud CUNHA, 2000), o que aconteceria se abandonássemos nossos catálogos locais e permitíssemos aos nossos usuários selecionar qualquer coisa dos 40 milhões de itens no catálogo mundial do Online Computer Livrary Center? (OCLC). Suponhamos que temos só os títulos mais procurados e ficássemos dependentes de outras bibliotecas, distribuidores e editoras para suprir o restante? E se usássemos a internet, a distribuição eletrônica e a remessa de baixo custo para levar a biblioteca aos nossos usuários em lugar de exigir que eles venham até nós? São perguntas que inquietantes e provocativas que exigem reflexões por parte dos profissionais das bibliotecas universitárias (CUNHA, 2000 p.81). De acordo com CUNHA (2000), este tema, por sua relevância, provocou, em 1999, o aparecimento de um periódico especializado, o Library Consortium Management: an international journal. Também no Brasil houve a aprovação em maio de 1999 do Programa de Biblioteca Eletrônica (PROBE), um consórcio entre universidades públicas de São Paulo e o Centro Latino-Americano e do Caribe de Informação em Ciências da Saúde (BIREME),com o escopo de aquisição de assinaturas de periódicos eletrônicos. De acordo com Cunha (2000), a sociedade necessita e determina a aplicação dos conhecimentos gerados nas universidades. As universidades têm sido solicitadas a contribuir com várias atividades, desde a saúde até a proteção ambiental, da reconstrução de cidades ao entretenimento do público em geral, fazendo a ligação do ensino a pesquisa e extensão. Essas 23 atividades certamente têm reflexos nas bibliotecas universitárias, especialmente no acervo e na concepção de produtos, serviços e nas atividades laborais dos bibliotecários. Conforme Cunha (2000), nas bibliotecas universitárias, a forma de aquisição de periódicos deverá priorizar o periódico eletrônico, e o formato impresso será privilegiado nos casos em que a imagem digitalizada não seja de qualidade, ou quando as duas versões, impressa e digital, sejam de conteúdos diferentes. Com essa forma de política implantada, haverá redução no volumes encadernados e títulos nas estantes, reduzindo o número de colaboradores envolvidos nessa tarefa. Diante disso conforme Cunha (2000), anos atrás, discutiu-se o desaparecimento do bibliotecário de referência, tendo em vista o usuário ter acesso total a imensidão de informação digital. Mas, considerando a situação precária dos mecanismos de busca existentes na Word Wide Web (W.W.W), de recuperar informações relevantes, o bibliotecário de referência passa a atuar como intermediário da informação. Conforme Cunha (2000), as atividades de atendimento e ensino ao usuário, pelos serviços de referência, deverão sofrer mudanças, mas os bibliotecários ainda continuarão a ensinar as pessoas a tirar o melhor proveito dos recursos informacionais existentes na biblioteca, ou mesmo na internet. Naturalmente, os métodos utilizados para informar e instruir os usuários serão influenciados pela tecnologia da informação, que possibilitam maior eficácia nas atividades relacionadas ao treinamento do usuário no ambiente universitário. Mas, com o avanço no número de bases de dados de texto completo, ainda terão valor os índices e bibliografias correntes para a clientela das bibliotecas universitárias? As fontes secundárias, incluídas nesses tipos de documentos, podem, na biblioteca digital, agregar maior valor na forma tradicional. Essas fontes são o meio de fazer buscas na biblioteca digital, seguindo critérios específicos. Os índices digitais agora passam a conter hiper-ligações com os documentos e seus textos completos. Assim, os usuários deverão conhecer bem os índices, passando a visualizá-los como um caminho fácil de acessar a informação, desde a busca a obtenção do documento. Portanto, o valor das fontes secundárias é valorizado; elas continuam a servir de índice da literatura especializada, e também como forma de acessar o documento. De acordo com Cunha (2000), a biblioteca universitária, antes de 2010, poderá ocupar um papel importante como um suporte na provisão de informação dentro dos programas de ensino à distância. O sucesso do ensino a distância de uma universidade virtual muito dependerá de um acervo digital, pois haverá uma ligação estreita entre os programas de ensino formal e à distância. Esse novo acervo permitirá que sejam eliminadas as paredes da 24 sala de aula e o aprendizado para alunos virtuais pode realizar-se independente da distância ou localização. Conforme Cunha (2000), nas bibliotecas tradicionais, suas atividades dependia do fator humano; nas digitais, as pessoas não são tão necessárias, podendo como conseqüência ocorrer uma otimização de recursos humanos. Assim, está havendo um ressurgimento da disseminação seletiva da informação (DSI), pois, com uma grande quantidade de informações disponibilizadas via internet, a filtragem de informação e a personalização de sua disseminação têm enorme perspectiva de crescimento, com o crescente volume de dados torna-se impossível acompanhar. A DSI não ficará restrita aos documentos tradicionais, como livros e artigos científicos; poderá incluir noticiários em linha das agências de notícias, jornais, rádio e televisão, mercado de bolsas de valores, programação cinematográfica e futuros produtos informacionais não disponíveis no mercado de acordo com Cunha (2000), com isso, a biblioteca universitária extrapolará os assuntos técnico-científicos e colaborando com as necessidades informacionais diárias de sua clientela. Isso valoriza suas atividades e, se seus serviços forem comercializados para um público externo à IES, poderão gerar recursos financeiros para a biblioteca. No caso da biblioteca universitária, é necessário examinar as possibilidades do futuro e entender que o desafio crítico será remover os obstáculos que a impedem de responder às necessidades de uma clientela em mudança, transformar os processos e estruturas administrativas e físicas que caducaram e questionar as premissas existentes para o bom funcionamento da biblioteca e a qualidade de vida dos bibliotecários. Como vimos, a rápida introdução de novas tecnologias, e sistemas de informação fez com que muitas variáveis fossem adaptadas ao sistema da biblioteconomia, o que leva a constantes alterações de ambientes de trabalho. Estas mudanças, introduzidas aos poucos na atividade laboral do bibliotecário fizeram com que este, conseqüentemente, passasse a sofrer com as mudanças, devido ao despreparo para executá-las com segurança e exatidão, no contexto da observância dos princípios ergonômicos. Concluímos, preliminarmente, que a evolução das tecnologias nas bibliotecas universitárias é um fator relevante a ser observado em relação às questões ergonômicas, pois a ergonomia é a adaptação do trabalho ao homem. Com tantas transformações, o trabalho dos bibliotecários pode hoje ser realizado, obedecendo aos critérios ergonômicos, que tornam essa atividade laboral segura e produtiva? É o que pretendemos desvelar nesse trabalho. 25 2.3 ATRIBUIÇÕES DOS BIBLIOTECÁRIOS Conforme (Brasil 2008), a Classificação Brasileira de Ocupações – CBO/2002, portaria nº 397, de 09 de outubro de 2002 do Ministério do Trabalho e Emprego, as atribuições do Bibliotecário são: a) Disponibilizar informação de qualquer suporte; b) Gerenciar unidades redes, sistemas de informação; c) Tratar tecnicamente recursos informacionais; d) Desenvolver recursos informacionais; e) Disseminar informação; f) Desenvolver estudos e pesquisas; g) Prestar serviços de assessoria e consultoria; h) Realizar difusão cultural; i) Desenvolver ações educativas; j) Demonstrar competências pessoais. Os bibliotecários trabalham em bibliotecas e centros de documentação e informação, na administração pública e nas mais variadas atividades do comércio, indústria e serviços, com predominância nas áreas de educação e pesquisa. Trabalham como assalariados, sendo que na administração pública são estatutários, na administração privada atuam sob a égide do regime celetista, ou ainda atuam como autônomos, desenvolvendo suas atividades de forma individual ou em equipe de projetos, com supervisão ocasional, em ambientes fechados e com rodízio de turnos. Podem executar suas funções tanto de forma presencial como a distância. As condições de trabalho são heterogêneas, variando desde locais com pequeno acervo e sem recursos informacionais a locais que trabalham com tecnologia de ponta. Conforme tratado até então, o advento da revolução tecnológica foi o que ditou o ritmo do desenvolvimento da biblioteconomia, ou seja, com a produção do conhecimento foram geradas novas tecnologias, que modernizaram os mecanismos de integração e pesquisa, facilitando aos novos pesquisadores a busca deste conhecimento, ampliando também as ferramentas de busca para aqueles que não têm acesso a essas tecnologias. De certa forma, a sociedade que antes compôs sua Biblioteca é a mesma atualmente que a têm, da mesma forma que hoje a produz, ou seja, as bibliotecas, assim como a sociedade, estão passando por transformações, principalmente tecnológicas. Com isso, os 26 serviços em biblioteconomia ganharam diversos aspectos relevantes a serem estudados, pois se tornaram rápidos, eficientes, e com grande demanda. Para isso é necessário que os bibliotecários acompanhem esse processo de evolução exigido pelo contexto. 27 2.4 A ERGONOMIA Pelo ponto de vista de Souza e Silva (2007), atualmente, no Brasil, a ergonomia predomina, no campo das engenharias, desenvolvendo métodos e técnicas de análise dos ambientes de trabalho. Entretanto essas análises são realizadas quase exclusivamente nas chamadas profissões de “grande massa” de trabalhadores, como por exemplo, da agricultura, medicina, educação, dentre outras. Conforme Souza e Silva (2007), no campo da biblioteconomia há raros textos sobre o emprego dos princípios ergonômicos relacionados diretamente à análise dos postos e ambientes de trabalho com as atividades biblioteconômicas. Isso está relacionado com o pequeno número de profissionais atuantes, se comparado a outras profissões de “grande massa”. Neste sentido, o ambiente de trabalho do bibliotecário não tem sido objeto de muitos estudos, com o objetivo de proporcionar bem estar ocupacional em todas as circunstâncias que envolvem as atividades laborais dos bibliotecários. De acordo com Souto (2006), as novas tecnologias da Informação, na velocidade de transmissão da informação, provocam mudanças nos ambientes das bibliotecas universitárias, e cotidiano dos profissionais. Contudo, sabemos que temos que enfrentar os desafios surgidos da necessidade de uma infra-estrutura adequada. Jastrezebowisky em 1857 foi o pioneiro em publicar um artigo intitulado Ensaios de ergonomia ou Ciência do trabalho. Somente após quase cem anos o tema foi retomado, em 1949, por um grupo de cientistas e pesquisadores interessados em formalizá-lo como um novo ramo de aplicação interdisciplinar da ciência. No ano de 1950, esse mesmo grupo reuniu-se novamente, objetivando adotar o neologismo “Ergonomia”, palavra esta formada pelos termos gregos ergon (trabalho) e nomos (regras). A respeito desse esforço, ainda hoje há controvérsias quanto à conceituação final de ergonomia, não apenas pela sua relativa diversidade, mas também porque não há consenso quanto ao seu status: se ciência ou se tecnologia (SOUZA e SILVA, 2007). As definições sobre o conceito de ergonomia são muitas. Para entendermos mais sobre este tema serão apresentadas algumas definições conforme Souza e Silva (2007): para ele IIDA foi o primeiro pesquisador brasileiro a defender uma tese de doutorado na Escola Politécnica da Universidade de São Paulo (USP), nessa área do conhecimento, em que definiu a Ergonomia como um “[...] estudo da adaptação do trabalho ao ser humano”. (IIDA, 1971 apud SOUZA e SILVA, 2007, p. 137) 28 Em seu trabalho, Souza e Silva (2007) cita que, de acordo com o site www.ergonomia.com.br, as definições de ergonomia mais acessadas são a de Montmollin (1971), que diz que a Ergonomia é a tecnologia das comunicações homem-máquina, a de Grandjean (1968), que identifica a Ergonomia como uma ciência interdisciplinar que compreende a Fisiologia e a Psicologia do Trabalho, e a Antropometria, como a sociedade no trabalho; a de Leplat (1972), para quem a Ergonomia é uma tecnologia e não uma ciência, cujo objeto é a organização dos sistemas homem-máquina; a de Murrel (1965), que a define como o estudo científico das relações entre o homem e o seu ambiente de trabalho; a de Self, o qual afirma que a Ergonomia reúne os conhecimentos da Fisiologia e Psicologia e das ciências vizinhas aplicadas ao trabalho humano na perspectiva de uma melhor adaptação dos métodos, meios e ambientes de trabalho ao homem; e de Wisner (1987), que a define como o conjunto de conhecimentos científicos relativos ao homem e necessários a concepção de instrumentos, máquina e dispositivos que possam ser utilizados com o máximo de conforto e eficácia. Outros dois autores são citados por Santos(2006) como importantes para compor o levantamento acima: Singleton (1972), que definiu a Ergonomia como uma “[...] tecnologia da concepção do trabalho baseada nas ciências da biologia humana” e Laville (1977) que define a Ergonomia como “[...] o conjunto de conhecimentos a respeito do desempenho do ser humano em atividade, a fim de aplicá-los à concepção de tarefas, dos instrumentos, das máquinas e dos sistemas de produção” (tradução Souza e Silva 2007 ). 2.4.1 Importância dos Princípios Ergonômicos Há uma preocupação em afirmar que os aspectos relacionados com a ergonomia têm custo elevado para as organizações. Conforme Couto (2002), na maioria das vezes, a aplicação dos princípios ergonômicos é um dos processos mais baratos que as empresas desenvolvem e de melhor relação custo/benefício. Para isso, basta conhecer com clareza diversos tipos de solução ergonômica e quando, como e por que implementar cada um deles. Entre as implementações mais importantes, destacam-se: Em um primeiro momento a eliminação do movimento crítico ou da postura crítica. Trata-se de procurar uma nova forma de se fazer aquele trabalho, em que aquela ação técnica, de alta sobrecarga ergonômica, não necessite ser feita. 29 Segundo Couto (2002), nem sempre é possível eliminar o esforço crítico, mas muitas vezes é possível reduzir a freqüência dos movimentos críticos ao longo da jornada de trabalho, de acordo com pequenas melhorias que são: atuações mais eficazes da Ergonomia, principalmente quando envolve a participação dos trabalhadores. Incluem-se aqui: a) Mudança na altura de máquinas e balcões, visando reduzir os problemas de coluna; b) Mudança da altura de pallets, e prateleiras que se encontram no nível do piso, colocando-os a 50 cm de altura; c) Instalação de puxadores em gavetas e pistões que reduzem o esforço humano; d) Pequenas mudanças no braço de alavanca de determinado esforço, o que propicia redução do esforço humano. De acordo com estudos específicos, estima-se que cerca de 50% dos problemas ergonômicos existentes numa empresa podem ser resolvidos com pequenas melhorias, para as quais certamente sempre não exigirá recursos financeiros muito elevados, pois a partir da análise de Couto (2002), a ergonomia desenvolveu equipamentos e acessórios específicos de acordo com a necessidade do trabalho como se apresenta a seguir: • Talhas elétricas, ventosas e outros meios de manuseio de cargas entre dois postos de trabalho; • Paleteiras elétricas para manuseio de cargas de mais de 700 kg; • Mesas elevadoras no caso de paletização, para evitar que as costas do trabalhador venham a sofrer de sobrecarga ao manusear as cargas situadas mais situadas próximas do nível do piso; • Equipamentos diversos de manuseio de cargas em manuseio em ambientes de armazém; • Mesas de escritórios dotadas de regulagem para trabalho com computador; • Cadeiras ergonomicamente corretas; • Suporte de documentos, facilitando a leitura do texto-fonte; • Balancins, reduzindo o peso de uma ferramenta manual e facilitando a operação; • Diversos outros. (COUTO, 2002, p.26 ) Em relação aos projetos ergonômicos, Couto (2002) aponta que a solução costuma envolver esforços diversos de Engenharia, de Administração de processo, manutenção, estudo de alternativas com fornecedores de produtos e serviços, estudo de equipamentos disponíveis no mercado. Também devem ser vistos impactos com a logística e interferências (ar comprimido, tubulação de gases, rede elétrica, etc.). 30 Assim percebe-se que, geralmente, as soluções que envolvem projetos ergonômicos têm que ser amadurecidas, de acordo com as necessidades específicas de cada organização, uma vez que a precipitação em solucioná-las costuma trazer resultados piores. Outra implementação apontada pelo autor, em um segundo momento, é o rodízio de tarefas, que funciona como uma forma de reduzir a sobrecarga existente nas diversas operações. Operações feitas sem rodízio, caso sejam biomecanicamente críticas, costumam trazer lesões para as pessoas. Assim as mesmas atividades rotineiras, com um rodízio eficiente, acarretam menos lesões. Para que os rodízios funcionem bem, é necessário que se tenha em mente os seguintes cuidados: a) Deve existir uma isonomia salarial entre todos; b) Deve-se cuidar para que não tenham problemas de qualidade; c) Deve-se prestar atenção no tipo de rodízio, para que o trabalhador tenha padrões diferentes de movimentos; d) Deve-se cuidar para que todos passem pelas posições mais difíceis; e) Deve-se sinalizar o rodízio, em alguns casos para indicar a próxima tarefa que o trabalhador irá executar. Ainda para Couto (2002), deve se destacar que o rodízio dá uma carga extra de trabalho administrativo à gerência da área que, com grande facilidade, se opõe ao mesmo, principalmente no início. No entanto, deve-se ter em mente que são gerados grandes benefícios também para a organização, decorrentes de um rodízio adequado aos trabalhadores, especialmente relativos à versatilidade funcional. Historicamente, a experiência mostra que as empresas, e áreas em que o rodízio foi instituído não voltam mais ao modo habitual, sendo considerado como muito positivo, tanto pelos trabalhadores como pela gerência, pois mesmo exigindo um comprometimento maior da gerência e dos trabalhadores, ambos saem ganhando, pois os custos da produção serão reduzidos e haverá um melhora na qualidade de vida dos trabalhadores. Também é apontado o aspecto da melhoria na organização do trabalho. Conforme esta sendo elencado nos itens anteriores, uma série de condições não ergonômicas tem origem em falhas na organização do trabalho. Uma vez identificado o problema ergonômico, como 31 dessa natureza, a solução também deve ser adequada (corrigindo o fator de organização do trabalho). Assim, segundo Couto (2002), as organizações devem adotar estas melhorias: Se houver horas extras em excesso por falta de pessoal, a solução envolve um efetivo adequadamente dimensional e adequadamente treinado; Se as horas extras forem devido a um excesso de trabalho de retirada de rebarbas de peças produzidas em moldes inadequados, a solução deve envolver o trabalho de melhoria de moldes e uso de tecnologia adequada naquele processo industrial; Se a sobrecarga for devido a esforços excessivos porque determinados comandos não estão sendo submetidos a manutenção adequada, o programa adequado de manutenção é a solução correta.(COUTO 2002, p. 27) Um dos aspectos mais importantes apontados por Couto é o condicionamento físico para o trabalho e distensionamento, pois determinadas atividades industriais exigem dos trabalhadores padrões de movimentos musculares específicos, que não se adquirem num curto espaço de tempo. Outras tarefas são feitas em posições forçadas, que exigem ginásticas compensatórias; e muitas têm um alto componente de esforço muscular estático, que exigem distensionamento. Assim, para o autor trabalhar a condição física das pessoas é de grande importância e envolve pelo menos cinco momentos fundamentais: Preparação física para o trabalho - em atividades de alta repetitividade, que envolvem padrões de movimentos automatizados, há que se ter um tempo adequado de treinamento (que pode variar de 3 semanas a 3 meses, conforme a complexidade da tarefa). Aqui, o melhor sistema consiste em ter um profissional que conheça bem a tarefa e seu modo operatório e que se responsabilize por um treinamento do tipo corpo a corpo, ensinando, acompanhando a execução e corrigindo a postura do aprendiz. Nesse tipo de função, o treinador gradativamente vai aumentando o ritmo do aprendiz, acompanhando a produtividade em gráficos, até que o mesmo esteja totalmente apto para a tarefa. Ginástica de aquecimento e de alongamento - está indicada especialmente para mecânicos e para outras que executam atividades físicamente pesadas. O aquecimento é uma - seqüência de exercícios com grandes grupos musculares, porém com pouca força, que tem dois grandes objetivos principais aquecer os diversos grupamentos musculares para que o deslizamento dos filamentos contráteis seja mais fácil e menos susceptível a distensões e aumentar gradativamente o metabolismo do corpo, de forma a se evitar o esforço anaeróbio. O alongamento visa, fundamentalmente, garantir que na execução de esforços intensos, os músculos estejam devidamente preparados, evitando-se distensões e outros transtornos musculares dolorosos. Ginástica de distensionamento – está indicada em tarefas em que o corpo fica em posição estática ou tensionada. É o caso do trabalho comum em escritórios, com computadores, e também em linhas de montagem em que o corpo deve ficar constantemente sob tensão para execução correta da operação. Nesse caso, predominam os exercícios de alongamento. É também 32 indicada para gerentes e executivos, cuja atividade é tipicamente acompanhada de alto nível de tensão. Em trabalhos em que o indivíduo permanece muito tempo em postura sentada, é importante que sejam realizados exercícios de alongamentos e mobilização dos membros inferiores. Ginástica compensatória – está indicada em situações de alta exigência em postura forçada. Tal é o caso de mecânicos que costumam ter que ficar apoiados sobre apenas um dos pés. Também é ocaso de operadores de ponte rolantes que freqüentemente têm que curvar o tronco para visualizar o campo de trabalho embaixo da cabine de comando. Os exercícios aqui recomendados são aqueles que envolvem um padrão contrário ao exigido na tarefa. Ginástica de condicionamento muscular para a tarefa – embora saibamos muito bem que o grande objetivo da Ergonomia é minimizar os esforços físicos, estamos ainda muito distantes desse intento em todo o mundo e um grande número de tarefas ainda dependem de esforços físicos importantes do ser humano. Para essas situações, é indicado que haja uma análise do esforço feito no trabalho, do uso de grupamentos musculares e, idealmente, deveria haver na empresa um processo de treinamento físico dos trabalhadores para garantir a eficácia muscular para esse tipo de exigência. (COUTO 2002, p. 2829) Portanto, conclui o autor que é de suma importância haver a percepção de que os exercícios de condicionamento físico e ginástica na empresa sejam moderados, adequados às necessidades das tarefas e até mesmo características e necessidades individuais. Não se justifica um formato geral para todas elas. Segue o autor indicando como solução ergonômica a orientação ao trabalhador e cobrança de atitudes corretas, por parte da gerência. Como exemplo o autor cita: Pessoas sentadas de forma imprópria, pessoas fazendo esforços manuais indevidamente quando existem recursos nos postos de trabalho para utilização correta do corpo, pessoas usando ferramentas incorretas na existência daquelas mais corretas, pessoas pegando recipientes pesados do alto de prateleiras sem colocar uma escada adequada existente na área, pessoas colocando monitor de vídeo de forma a exigir a adoção de posturas torcidas no posto de trabalho, tudo isso se constitui em risco ergonômico dependente do comportamento humano. Muitas vezes, a solução ergonômica é uma postura adequada do trabalhador no seu posto de trabalho. Outras vezes é o uso correto de um recurso ergonômico existente no posto de trabalho. Ainda; outras vezes, está na orientação quanto à técnica correta para se fazer um determinado esforço (COUTO 2002, p.29). Nesse sentido, segundo o autor, é muito importante conscientizar a necessidade da informação aos trabalhadores, passando para os mesmos o porquê de se fazer o esforço da forma correta, considerando-se então as más práticas como não conformidade, portanto, sujeitas às devidas medidas administrativas de correção e desempenho. 33 Conforme destacado anteriormente, um dos princípios e objetivos da Ergonomia é a adaptação do trabalho ao homem, juntamente com a utilização de técnicas de seleção em itens que não dependem da qualificação para o trabalho como idade sexo, compleição física, altura. Estes devem ser segundo o autor, minimizados. Mas, com alguma freqüência, existem situações em que não se consegue adaptar o trabalho à maioria das pessoas e, nesses casos, torna-se necessário apelar para o princípio da adaptação do homem ao trabalho. Com base nisso Couto (2002), estabelece que a seleção deva ser o último recurso a ser estabelecido, somente depois de esgotadas todas as possibilidades acima colocadas. A seleção deve ser mínima em qualquer organização. Quando não se consegue a neutralização dos riscos ergonômicos com as medidas colocadas devem se estabelecer pausas de recuperação. Conforme Couto (2002), as pausas devem ser estabelecidas de forma inteligente, somente quando houver, efetivamente, um número alto de repetitividade e não existirem mecanismos que regulem o próprio trabalho. Por exemplo, em linhas de montagem, durante alguns acertos de processos, por falta de material, irregularidade de encomendas, e quando as atividades não são constantes; no entanto, quando as atividades se tornarem constantes, as pausas poderão vir a ser necessárias. Nos operadores de caixas de supermercados, em dias mais tranqüilos, costuma não ser necessária a pausa, pois costuma haver intervalo de descanso suficiente entre um cliente e outro; mas em fins de semana ou em épocas especiais de final de ano ou de início de mês, são necessárias. Finalmente, é importante destacar que uma solução ergonomicamente adequada deve levar em consideração seis fatores: produtividade, incidência epidemiológica, fatores biomecânicos, fisiológicos, psicofísicos e vaidade. Para entendermos melhor Couto (2002), coloca: A solução ergonômica nunca reduz a produtividade, em seu sentido maior de relação entre faturamento e custo; A solução ergonômica, para ser considerada adequada, deve reduzir as queixas de dor, desconforto, fadiga e dificuldade na realização do trabalho; Numa solução ergonomicamente correta, é possível demonstrar que o corpo está trabalhando em posição biomecanicamente mais confortável; A solução ergonômica gera menor cansaço na realização do trabalho; Numa situação ergonomicamente correta, o trabalhador a aceita e a pratica; E por fim, compatível com a atenção à complexidade do ser humano, tem-se que considerar o fator vaidade é importante saber que, muitas vezes, pelo fator vaidade, o indivíduo boicota uma solução que deveria ser a mais correta. (Couto 2002, p. 30) 34 Nem sempre se consegue um acerto completo dessas seis áreas, mas a melhor solução é aquela em que esses diversos aspectos são analisados e considerados. Assim, podemos perceber que, caso esses passos não sejam seguidos, podemos ter como conseqüência implicações diretas na qualidade de vida dos trabalhadores em relação às doenças adquiridas em decorrências da prática laboral. 35 2.5 TRABALHOS DOS BIBLIOTECÁRIOS: RISCOS A PROFISSÃO Para uma análise ergonômica que envolve as práticas laborais de um bibliotecário, podemos relacionar, segundo Souza e Silva (2007), riscos ocupacionais tradicionais: os riscos biológicos, causados por microorganismos, um dos fatores que contribuem para os riscos ocupacionais, pois do mesmo modo que uma biblioteca ou unidade de informação sofre com a agressão de agentes biológicos, o profissional bibliotecário está exposto também a esses agressores. Principalmente o profissional responsável pela preservação e conservação destas áreas de trabalho, ou seja, ao manusear os materiais ele pode entrar em contato com esses agentes biológicos. Além dos riscos biológicos existem os riscos químicos, ou seja, para eliminar os agentes biológicos é necessária a utilização de produtos químicos que podem afetar a saúde dos bibliotecários, pois os produtos de origem química são utilizados para exterminar fungos, roedores e insetos do local ou área de trabalho, no caso, depósitos de bibliotecas, pinacotecas etc., usados para preservação e conservação dos materiais e documentos. Os riscos de origem física ou ergonômicos resultam da não oferta dos equipamentos ou utensílios de segurança necessários para a proteção e prevenção na execução das atividades laborais dos bibliotecários. Em muitos casos, também porque seus ambientes de trabalho não estão adequados às necessidades humanas, conforme Souza e Silva (2007). Além dos riscos ocupacionais tradicionais (ergonômicos, químicos e biológicos), poderíamos incluir também outros fatores como os sociais, econômicos, tecnológicos e organizacionais. Esses fatores influenciam na carga mental de trabalho dos bibliotecários, que em suas atividades laborais vêem incluídas atividades relacionadas à tomadas de decisões, interação homem computador, processos de comunicação, atendimento ao público, organização temporal do trabalho, trabalho em grupo, trabalho cooperativo e em equipe, à organização de operações em rede, ao tele-trabalho quando houver e, à gestão de qualidade. 36 2.6 PRINCIPAIS DOENÇAS OCUPACIONAIS RELACIONADAS ÀS ATIVIDADES LABORAIS DOS BIBLIOTECÁRIOS Segundo autores especialistas em atividades laborais, é muito comum o surgimento de doenças ocupacionais em bibliotecários, principalmente relativas à coluna vertebral, devido à postura no local de trabalho, peso dos livros, estantes muito altas e prateleiras muito baixas. Apresentaremos, a seguir, algumas doenças ocupacionais que podem atingir os bibliotecários em suas atividades laborais entre as quais as Lesões por Esforço Repetitivo (LER), os Distúrbios Osteomusculares Relacionados ao Trabalho (DORT), as doenças por agentes biológicos e doenças psicológicas e estresse. Segundo Browner (apud LIMA, 2007) as Lesões por Esforços Repetitivos (LER), podem ser definidas como: Doenças músculo-tendinosas dos membros superiores, ombro e pescoço, causadas pela sobrecarga de um grupo muscular particular, devido ao uso repetitivo ou permanência de posturas contraídas, que resultam em dor, fadiga e decadência do desempenho do profissional. Segundo Tersariolli et. al. (2005 apud LIMA, 2007), os Distúrbios Osteomusculares Relacionados ao Trabalho (DORT), são conhecidos pela sua grande diversidade causal. Contemplam quadros clínicos caracterizados pela ocorrência de vários sintomas correlatos ou não, tais como dor, parestesia, sensação de peso e de fadiga. Associações neuro-ortopédicas definidas como tenossinovites, sinovites e compressões de nervos periféricos podem ser identificadas ou não, sendo comum a ocorrência de mais de uma dessas associações neuro-ortopédicas e a coexistência com quadros mais inespecíficos como a síndrome miofascial, processo doloroso localizado, onde se agrava todas as estruturas do organismo até mesmo os tecidos e ao nível das células. As doenças causadas por agentes biológicos no trabalho dos bibliotecários são as oriundas do contato do homem com os microorganismos (uma forma de vida que não pode ser vista sem auxílio de um microscópio). Estes agentes podem ser encontrados no ar, no solo, e inclusive, no homem, assim essas exposições afetam a saúde desses trabalhadores na medida em que esses microorganismos se proliferam de acordo com a estrutura do ambiente. São agentes biológicos, que influenciam nas atividades laborais dos bibliotecários, as bactérias, fungos e levedura. Dessa forma, esse tema tem uma atenção particular por serem os bibliotecários uma população de trabalhadores exposta ocupacionalmente a riscos biológicos decorrentes de climatização artificial, nos ambientes de acervo bibliográfico, depósitos, espaços de conservação de obras de arte, documentos históricos e obras raras. Ao contrário da 37 biblioteca pesquisada, muitas vezes as bibliotecas estão instaladas em áreas adaptadas, em subsolos de edifícios, salas para aula, com problemas crônicos de manutenção, contribuindo para aumento dessas enfermidades. De acordo com Strausz (2007), em relação a esses aspectos há uma situação de aumento nos casos de doenças respiratórias leves e alergias respiratórias e de pele. Esse efeito dermatológico é considerado específico para um contexto de contaminação fúngica. Conforme Souza e Silva (2007), as doenças relacionadas ao stress e à fadiga física e mental também são apontadas por especialistas como as que mais afetam os trabalhadores apesar da sub-notificação dos casos. É o que aponta uma pesquisa realizada em 2002 pelo Laboratório de Saúde do Trabalhador na Universidade de Brasília (UNB), a partir de dados fornecidos pelo Instituto Nacional do Seguro Social (INSS). O estudo mostrou que bibliotecários e profissionais de saúde são os que mais se afastam por causa de doenças mentais. (SOUZA e [...] SILVA 2007, p. 132) Como se observa uma gama muito grande de doenças ocupacionais a que os bibliotecários estão sujeitos, esta pesquisa, conforme relatado no item metodologia, esta pesquisa ater-se-á aos constrangimentos posturais que possam vir a ocasionar lesões músculoesqueléticas nos trabalhadores que constituem os sujeitos desta pesquisa. 38 2.7 PRINCÍPIOS ERGONÔMICOS DA BIOMECÂNICA Segundo Iida (1993), a biomecânica ocupacional é a ciência que estuda as interações entre o trabalho e o homem sob o ponto de vista dos movimentos músculo-esqueletais envolvidos, e as suas conseqüências. Esta ciência enfoca principalmente as posturas do corpo durante a realização de um trabalho, e como o ser humano usa sua força e realiza seus movimentos. Nesse item, observam-se quais os princípios que devem ser levados em conta para analisar a qualidade de vida na atividade laboral dos bibliotecários, apesar de Couto elencar vários princípios, escolheu-se o princípio da biomecânica ocupacional conforme Couto (2002), o ser humano, em muitos aspectos, pode ser comparado a uma máquina, na medida em que executa no seu dia-a-dia movimentos repetitivos que podem exigir mais esforços de alguns componentes do corpo humano. Entre eles, os músculos, ossos, tendões e ligamentos que são os componentes que fazem essa máquina se movimentar. Grande parte das descobertas da ergonomia aplicada à atividade laboral advém da observação do funcionamento mecânico da máquina humana. Podemos exemplificar com a implementação da linha de montagem cronometrada do engenheiro Taylor na produção de automóveis no inicio do século 20. De acordo com Couto (2002), a biomecânica humana caracteriza-se por instintivamente o ser humano acreditar que tem possibilidades físicas de suportar e exercer grande força física no trabalho mecânico, mas de acordo com estudo do mesmo autor, o ser humano tem pouca capacidade de desenvolver força física no trabalho. O sistema osteomuscular do ser humano o habilita a desenvolver movimentos de grande velocidade e de grande amplitude, porém contra pequenas resistências. Essa característica é uma decorrência direta do tipo de alavanca predominante no sistema osteomuscular. No corpo humano existem três tipos de alavancas: uma alavanca de 1º grau (denominada pelo autor de interfixa), em especial no pescoço e na coluna vertebral. A alavanca de 2º grau (também denominada interresistente), que capacita ao esforço físico, praticamente não existe no corpo humano. O maior número de alavancas presente no corpo humano são as interpotentes, nas quais a amplitude do movimento e a velocidade do mesmo são muito grandes. Porém nestas alavancas o esforço físico que se pode fazer é muito pequeno. O autor também afirma que o ser humano ao se movimentar, está condicionado a fazer contrações musculares dinâmicas, em função da força necessária para o deslocamento do esforço exigido pelos músculos do corpo humano. Já nas contrações musculares estáticas o 39 ser humano é mal condicionado, isso leva ao aparecimento de dores musculares intensas e cansaço precoce. Devido ao acúmulo de ácido lático e outros metabólicos. Para minimizar o cansaço e as dores causados pelas contrações musculares estáticas é necessário o relaxamento do músculo, e de acordo com Grandjean (1998), o músculo que faz uma grande parte de trabalho estático não recebe açúcar nem oxigênio do sangue, e se vale de suas próprias reservas. Nesse mesmo sentido, Grandjean (1998), afirma que ao abordar os esforços físicos musculares, o trabalho muscular estático é o trabalho postural. Por exemplo, segurar um peso parado com o braço estendido. O trabalho dinâmico é aquele que exige movimento dos músculos, por exemplo, girar uma roda com as mãos, e tem por característica um ritmo de contração extensa. Por isso, há um tensionamento e relaxamento da musculatura em trabalho. Nas atividades dinâmicas com o encurtamento dos músculos e a força pode ser desenvolvida de acordo com a altura que o peso é levantado. No trabalho estático ocorre o oposto: é um estado prolongando da musculatura, não há alongamento do músculo no total e fica em alta tensão, produzindo força durante o tempo da atividade. Independente das movimentações do corpo humano serem dinâmicas ou estáticas os músculos tem propriedades específicas que serão apresentadas abaixo conforme Couto: Força - é a potência máxima que pode ser exercida numa única contração voluntária. Resistência - que é a capacidade de persistir; e é definida e medida como a capacidade de repetir as contrações além da máxima ou o tempo de sustentação do esforço máximo. Flexibilidade - é a amplitude de movimentos através da qual os membros são capazes de mover-se. Depende não só do músculo, mas também das cápsulas articulares, dos ligamentos e até mesmo das articulações. Velocidade - que inclui o tempo de reação e o tempo de movimento. Potência - é a combinação de força e velocidade (é a distância percorrida pelo músculo em determinada carga em determinado tempo). Agilidade - é a capacidade de mudar de direção e posição rapidamente, com precisão e sem perda de equilíbrio. Equilíbrio - é a capacidade de manter o posicionamento correto do corpo durante movimentos vigorosos. Depende não só do músculo, mas também da capacidade de integrar os estímulos visuais com a informação dos órgãos do equilíbrio existentes nos canais semicirculares e também depende dessa integração com receptores do próprio músculo. Coordenação - é a relação harmoniosa entre os movimentos repetitivos e a alta velocidade que é fundamental em tarefas automatizadas. (COUTO, 2002, p.31-32) Pretende-se a partir do estudo dessas propriedades específicas, identificá-las nas atividades laborais dos bibliotecários, pra que sirvam de aporte teórico à análise realizada nesta pesquisa. 40 Para poder haver melhor aproveitamento racional do ser humano no trabalho, Couto propõe essas medidas: nunca fazer um esforço excessivo de uma só vez. Procurar, fazer o esforço adaptando-se pouco a pouco a tarefa exigida, ou seja, criar pausas para interromper os movimentos excessivos e relaxar os músculos e deixar os músculos se adaptarem ao esforço dando-lhe um prazo mais longo. No início da jornada de trabalho praticar a ginástica de alongamento e distencionamento, dando ênfase para aqueles movimentos que serão mais exigidos durante a atividade. Couto (2002) recomenda também usar em um esforço físico isolado o máximo de 50% de sua força limite. Acima desse valor, aumenta a incidência de distúrbios e lesões. Portanto, a utilização da capacidade de força próxima de 100%, e acima de 100%, indica que a incidência de lesões é muito alta. Quanto mais freqüente é o esforço, menor é a porcentagem da força máxima que pode ser usada. Para esforços dinâmicos, e esforços repetidos freqüentemente, o valor seguro é de 1/3 da força máxima do grupamento muscular. No entanto, quando se trata de esforços estáticos, esforços de 15% da força máxima podem ser problemáticos se forem de longa duração. Segundo estudos de Grandjean (1998), durante o trabalho muscular estático a irrigação sanguínea é reduzida de acordo com a maior força de produção. Se a força apresenta 60% da força total, a irrigação sangüínea fica quase que totalmente interrompida. Em esforços menores, uma pequena circulação é possível, devido ao estado menos contraído do músculo. No uso de 15% a 20% da força máxima, a circulação sanguínea da musculatura trabalhando estaticamente será praticamente normal. (GRANDJEAN 1998, p.20-21) Os principais estudos sobre ergonomia apontam que a melhor postura para trabalhar é aquela em que o corpo alterna as posições: sentado, de pé, e andando. As características de uma delas serão apresentadas posteriormente no item posturas do corpo humano no trabalho. 2.7.1 Biomecânica Ocupacional e a Sobrecarga do Trabalho nas Atividades do Bibliotecário Estudos apontam para a necessidade de se avaliar o excesso de sobrecarga no aumento de doenças ocupacionais. Segundo Iida (1993), existem dois tipos de situações em que o trabalhador exerce o levantamento de peso: o primeiro diz respeito ao levantamento temporário de cargas que está relacionado com a capacidade para levantar a carga, e o segundo, está relacionado ao trabalho repetitivo de levantamento de cargas influenciado pelo 41 tempo de duração do trabalho de acordo da capacidade energética do trabalhador e a fadiga física. Já Couto (2002), afirma que todas as situações em que o trabalhador tenha que exercer grande esforço físico, mesmo naqueles indivíduos dotados de maior capacidade de força muscular, trarão conseqüências inadequadas e anti-ergonômicas, pois afetarão a saúde do trabalhador. As conseqüências são distensões músculo-ligamentares, compressão de estruturas nervosas e desinserção da extremidade de fixação do tendão no osso. Conforme Grandjean (1998), o deslocamento e o levantamento de cargas durante as atividades laborais, tem que ser considerado como trabalho pesado, pois a carga das costas é sobrecarregada freqüentemente, contribuindo para que surjam patologias futuras, como a hérnia de disco, onde o problema é o desgaste e degeneração dos discos intervertebrais. Ainda para Couto (2002), todas as situações de esforço estático no trabalho, como por exemplo: - corpo fora do eixo vertical; - sustentação de cargas com os membros superiores evitando seu deslocamento; - postura de pé, parado, durante grande parte da jornada de trabalho; -postura de pé, apoiado sobre um dos pés, trabalhos feitos com os braços acima do nível dos ombros; - movimentação, manuseio e levantamento de cargas pesadas; - pequenas contrações musculares estáticas, como as que geralmente ocorrem ao se trabalhar com computador; - braços suspensos; - antebraços suspensos; - uso da mão como morsa, contribuem para aumentar o índice de doenças laborais entre os trabalhadores. De acordo com Couto (1998), as situações desfavoráveis, em que, fazer uma contração muscular ou esforço físico usando as articulações como alavancas, devem-se ter cuidados com a distância da potência (articulações e/ou membros superiores), ao ponto de apoio (corpo), quando a distância está muito pequena há uma sobrecarga muito grande; e a distância da resistência for grande do ponto de apoio (corpo), também há uma sobrecarga muito grande. Por exemplo, levantar peso distante do corpo; a contração muscular ou esforço é feito pelos músculos mais próximos do apoio (corpo), que são os músculos das costas, e o peso distante faz uma sobrecarga maior que o valor do mesmo. Conforme Iida (1993) deve-se evitar levantar peso distante do corpo, que tendem a realizar momento, ou seja, um deslocamento da força no ponto de apoio (corpo), fazendo com isso uma sobrecarga nos músculos do dorso e costas para manter-se ereto na posição vertical. Durante a ação de controle, quando é necessário fazer um esforço lento, normalmente existe uma tendência no ser humano de fazê-lo de forma mais rápida, na intenção de se livrar logo do peso , quando na verdade o recomendável seria fazê-lo de forma 42 mais lenta, de acordo com Couto (2002), isso é importante para não ocasionar uma situação de desagregação muscular. É necessário também um aquecimento ou ginástica de condicionamento, antes de qualquer atividade que exija uma sobrecarga dos músculos. Segundo Iida (1993), é aconselhável um pré- aquecimento de dois a três minutos ou iniciar com menos intensidade contribuindo para adaptação do organismo. Deve-se levar em conta, também, os trabalhadores recentemente contratados, pois diante de tarefas que necessitam de esforços que ele não estava habituado a fazer também segundo Couto (2002), é necessário um devido tempo de adequação de seus músculos e ligamentos, para que não venha a sofrer doenças ocupacionais Outro aspecto relevante é aquele relacionado às atividades que envolvem movimentos repetitivos dos trabalhadores: quando não existe um preparo prévio para a execução do trabalho, Iida (1993) aponta para a observância da precisão dos movimentos em relação ao punho cotovelo e ombros, pois se os envolvermos sucessivamente na realização dos movimentos, aumentará a necessidade do uso de força em detrimento da precisão. Podemos observar isso em operações altamente repetitivas como é o caso da atividade laboral dos bibliotecários. De acordo com estudos de especialistas em biomecânica ocupacional chegou-se a conclusão que as tarefas que exigem do trabalhador ficar de pé por muito tempo, ficar sentado durante longa jornada de trabalho ou qualquer posição forçada com duração longa exigem uma necessidade de mudança para aliviar a sobrecarga muscular. Por isso, é necessária uma preocupação com hábitos de posturas corretas nos locais de trabalhos e as bibliotecas universitárias não fogem dessas regras. 2.7.2 Posturas do Corpo Humano no Trabalho De maneira geral existem três formas de postura no corpo humano; a deitada, sentada e de pé. Quando o corpo permanece na posição deitada, segundo Iida (1993), não há concentração de tensão em nenhuma parte do corpo, porque o organismo muscular não está sendo exigido, ou seja, o consumo energético assume o valor mínimo, o funcionamento metabólico é direcionado apenas as funções básicas. Esta é a posição mais favorável para a recuperação da fadiga. Na posição sentada, o organismo exige um esforço muscular do dorso e do ventre para manter a posição. Segundo Grandjean (1998), existem vantagens e desvantagens nas atividades laborais que exigem uma posição sentada as vantagens são: 43 “alívio das pernas, possibilidade de evitar posições forçadas do corpo, consumo de energia reduzido e alívio da circulação sanguínea.” (GRANDJEAN, 1998, p. 62). Já as desvantagens, segundo a autora são: flacidez dos músculos da barriga, desenvolvimento da cifose, que são doenças ligadas ao desvio da coluna, em função do sentar-se inclinado, contribuindo também para afetar os órgãos internos, ligados a digestão e respiração, pois pressiona o diafragma. De acordo com Grandjean (1998), nas posturas sentadas, vários problemas de coluna e musculatura das costas são ocasionados devido ao excesso de peso nos músculos, pois em várias posições sentadas indevidamente, essas musculaturas não são aliviadas, pois são mais exigidas. Segundo a autora, os discos intervertebrais podem ser comparados a um amortecedor, pois serviriam para absorver os impactos que ocorrem entre os ossos das vértebras, coordenando os movimentos. Os discos intervertebrais contêm internamente um líquido viscoso e um anel de fibra interno resistente que envolve o disco. Quando algum disco intervertebral perde a rigidez, pode haver um achatamento e com isso perder o líquido viscoso interno, fazendo com que os movimentos da coluna vertebral não funcionem bem, ocorrendo “[...] distensões e compressões de tecidos e nervos, que causam doenças ciáticas e lumbago, ou até paralisia nas pernas”. (GRANDJEAN, 1998, p. 62). Em relação à postura de pé Iida (1993), afirma que é a uma posição extremamente fatigante porque mantém a musculatura ereta exigindo muito trabalho estático, assim o coração bombeia sangue para os extremos do corpo com maior dificuldade, isso pode provocar dores nos pés e pernas (varizes). Há ainda uma preocupação em relação a postura inadequada quando o trabalho exige uma alternância entre sentado e de pé. Nesse sentido segundo Grandjean (1998), os músculos exigidos para as posturas de pé e sentada não são as mesmas, assim um trabalho que busque uma alternância de postura vai colaborar para o alívio de certos músculos, pois não força um grupo de músculos específicos colaborando para eliminação da fadiga e a proteção dos discos intervertebrais. Iida (1993) elenca a partir do estudo das posturas inadequadas do corpo pela utilização inadequada dos instrumentos de trabalho, relacionando as principais conseqüências e as dores ocasionadas por elas no quadro abaixo. 44 Em pé: ....................................................................dores nos pés e pernas (varizes) Sentado sem encosto:................................ dores nos músculos extensores do dorso Assento muito alto: ......constrangimento da parte inferior das pernas, joelhos e pés Assento muito baixo: ........................................................afetam o dorso e pescoço Braços esticados:........................................... ocasionam dores em ombros e braços Pegas inadequadas em ferramentas:....................... constrangimento aos antebraços Quadro 1- Localização das Dores no Corpo, Provocadas Por Posturas Inadequadas Fonte: Iida (1993, p.85) 2.7.3 Os Distúrbios Ocasionados pelo Uso de Computadores Com o avanço da tecnologia mudaram os instrumentos de trabalho, assim também aconteceu com as bibliotecas universitárias, que passou do uso da máquina de escrever para o computador, porém, essa transformação não eliminou as questões relacionadas a saúde dos trabalhadores em relação a postura e doenças ocupacionais. Conforme Couto (2002), o uso intensivo do computador, exigido por uma sociedade cada vez mais dinâmica e integrada globalmente, é uma realidade dos últimos anos no mundo do trabalho mantendo-se, os diversos problemas de natureza ergonômica como: tendinites, tenossinovites, distúrbios osteomusculares diversos, fadiga visual, desconforto devido aos reflexos. Em um primeiro momento, os problemas com a utilização do computador estavam relacionados à freqüência de digitação, ou seja, movimentos repetitivos, sendo diagnosticados entre os digitadores. Atualmente, esses problemas entre digitadores são bem menos freqüentes porque surgiram novas doenças relacionadas ao uso do computador, e uma maior ocorrência de novos distúrbios existe, entre aqueles que fazem uso regular do computador no trabalho, pois aumentou a necessidade de utilização do computador para todo tipo de atividade laboral, conseqüentemente surgiram outras doenças relacionadas às posturas, distúrbios músculosesqueléticos, transtornos da visão, fadiga. Como vimos anteriormente, a revolução tecnológica e a introdução de sistemas de informação, tiveram muita influência nas atividades laborais dos bibliotecários, pois muitos processos foram mudados e em decorrência dessas transformações, houve mudanças nas estruturas do ambiente de trabalho. Essas mudanças fizeram com que os bibliotecários passassem a sofrer riscos de saúde que antes não sofriam, ou seja, doenças relacionadas a biomecânica ocupacional podem ter aumentado. Conforme apresentamos, os estudos de biomecânica ocupacional, a história da biblioteconomia e a evolução tecnológica 45 nas bibliotecas, indicam a necessidade de um enfoque maior em relação ao contexto da ergonomia no ambiente laboral dos bibliotecários. Passaremos a apresentar, a partir do próximo capítulo, os dados estratificados de acordo com o questionário aplicado aos bibliotecários do campo desta pesquisa, analisando-os quantitativamente, para, a seguir, realizar uma análise qualitativa dos dizeres dos sujeitos da pesquisa. Estes dados serão também corroborados pelas informações do Instituto Municipal de Seguridade Social do Servidor de Blumenau (ISSBLU), para posterior análise e comparação com a realidade da biblioteca universitária pesquisada nesse trabalho, através da amostra coletada. 46 3 ANÁLISE DE DADOS Assim, passaremos a apresentar os dados quantitativos da pesquisa, estratificados em quadros e gráficos referentes aos questionários realizados entre os bibliotecários. Participaram dessa pesquisa 13 bibliotecários em 27 e 28 de maio de 2009. Você Sente Algum Desconforto? Sim Não Total 7 6 13 53,84% 46,16% 100% Quadro 2- Número de Bibliotecários que Sentem Desconforto- Biblioteca Universitária da FURB. Fonte : Questionário Aplicado nos Bibliotecários da Biblioteca Universitária da FURB. Você Sente Algum Desconforto? Você Sente Algum Desconforto Sim 53,84% Sim Não Não 46,16% Total Total 100% 0% 20% 40% 60% 80% 100% 120% Gráfico 2- Você Sente Algum Desconforto? Fonte: Questionário Aplicado nos Bibliotecários da Biblioteca Universitária da FURB. Dos Bibliotecários que Sentem Desconforto e em que Parte do Corpo Sentem o Desconforto. Se Sim Onde Punho Pescoço Sentem Desconforto Partes 2 4 do Corpo Total 7 7 de Bibliotecários Braço Ombro 1 3 0 7 7 7 Mão Coluna Outros Lombar 1 0 4 2 7 7 7 7 Cotovelo Antebraço Quadro 3- Dos Bibliotecários que Sentem Desconforto e em que Parte do Corpo Sentem o Desconforto. Fonte: Questionário Aplicado nos Bibliotecários da Biblioteca Universitária da FURB. 47 Dos Bibliotecários que Sentem Desconforto e em que Parte do Corpo Sentem o Desconforto. Se Sim Aonde Sente Desconforto 7 Outros/ Lombar e tendinite Braço 2 7 Coluna 4 7 Mão 0 7 Antebraço/pte inferior 1 7 Cotovelo 0 T otal ' Partes 7 Ombro 3 7 Braço/Superior 1 7 Pescoço 4 7 Punho 2 0 1 2 3 4 5 6 7 8 Fonte : o Autor Gráfico 3- Dos Bibliotecários que Sentem Desconforto e em que Parte do Corpo Sentem o Desconforto. Fonte: Questionário Aplicado nos Bibliotecários da Biblioteca Universitária da FURB. Referência de Desconforto com o Trabalho. Relacionado ao Trabalho Sim 5 Relacionado ao Trabalho Não 2 Sentem Total 7 Quadro 4- Referência de Desconforto com o Trabalho Fonte: Questionário Aplicado nos Bibliotecários da Biblioteca Universitária da FURB 48 Referência de Desconforto com o Trabalho 7 Sentem Total Relacionado ao Trabalho Não 2 5 Relacionado ao Trabalho Sim 0 5 Gráfico 4- Referência de Desconforto com o Trabalho. Fonte: Questionário Aplicado nos Bibliotecários da Biblioteca Universitária da FURB Quanto Tempo Relacionado ao Trabalho Gerou o Desconforto? 1 ano Há QuantoTempo? mais de 1 ano em branco 2 2 1 Quadro 5-Quanto Tempo Relacionado ao Trabalho Gerou o Desconforto? Fonte: Questionário Aplicado nos Bibliotecários da Biblioteca Universitária da FURB 49 Quanto Tempo Relacionado ao Trabalho Gerou o Desconforto? Tempo de Desconforto Há QuantoTempo? em branco 1 2 2 2 2 Há QuantoTempo? mais de 1 ano Há QuantoTempo? 1 ano 0 1 2 Gráfico 5-Quanto Tempo Relacionado ao Trabalho Gerou o Desconforto? Fonte: Questionário Aplicado nos Bibliotecários da Biblioteca Universitária da FURB Qual o Desconforto? Qual o Desconforto? Bibliotecários Total cansaço Choques Estalos Dolorimento Dor 1 0 0 1 4 Formigamento/a dormecimento 3 5 5 5 5 5 5 Quadro 6- Qual o Desconforto? Fonte: Questionário Aplicado nos Bibliotecários da Biblioteca Universitária da FURB 0 Perda da Força 2 5 5 Peso 50 Qual o Desconforto? Qual o Desconforto 5 Perda da Força 2 5 Peso 0 5 Formigamento/adormecimento 3 5 Dor 4 T otal 5 , Bibliotecários Dolorimento 1 5 Estalos 0 5 Choques 0 5 cansaço 1 0 1 2 3 4 5 6 Gráfico 6- Qual o Desconforto? Fonte: Questionário Aplicado nos Bibliotecários da Biblioteca Universitária da FURB Como você Classifica o Que Sente? Como Você Classifica o que Sente? Intensidade Número de Bibliotecários Total Muito forte/forte Moderado Leve/muito leve 1 3 1 5 5 5 Quadro 7- Como você classifica o que Sente? Fonte: Questionário Aplicado nos Bibliotecários da Biblioteca Universitária da FURB 51 Como Você Classifica o que Sente? Como Você Classifica o que Sente? 5 Leve/muito leve 1 5 Total Moderado Número de Bibliotecários 3 5 Muito forte/forte 1 0 2 4 6 Gráfico 7- Como Você Classifica o que Sente? Fonte: Questionário Aplicado nos Bibliotecários da Biblioteca Universitária da FURB O que Você Sente Aumenta com o Trabalho? Intensidade números de bibliotecários Total O que você Sente Aumenta com o Trabalho ? durante a jornada durante as horas extras normal 5 0 à noite não 0 0 5 Quadro 8- O que Você Sente Aumenta com o Trabalho? Fonte: Questionário Aplicado nos Bibliotecários da Biblioteca Universitária da FURB 52 O que você Sente Aumenta com o Trabalho? O que Você Sente Aumenta com o Trabalho? não 0 à noite Total 0 números de bibliotecários durante as horas extras 0 durante 5 jornada normal 5 0 2 4 6 Gráfico 8- O que Você Sente Aumenta com o Trabalho? Fonte: Questionário Aplicado nos Bibliotecários da Biblioteca Universitária da FURB O que Você Sente Melhora com o Repouso? Intensidade à noite número de bibliotecários 2 Total O que Você Sente Melhora com Repouso? nos fins de revezamento em semana tarefas 0 2 férias não melhora 0 2 5 Quadro 9- O que Você Sente Melhora com o Repouso? Fonte: Questionário Aplicado nos Bibliotecários da Biblioteca Universitária da FURB 53 O que Você Sente Melhora Com o Repouso? O Que Você Sente Melhora com o Repouso? não melhora 2 0 férias Total em tarefas 2 número de bibliotecários revezamento nos fins de semana 0 5 à noite 2 6 2 4 Gráfico 9- O que Você Sente Melhora Com o Repouso? Fonte: Questionário Aplicado nos Bibliotecários da Biblioteca Universitária da FURB Tem Tomado Remédio ou Colocado Emplastos para Trabalhar? Sim Tem tomado Remédio ou colocado Emplastos para Trabalhar? Não Ás vezes Total 1 4 0 5 Quadro 10- Tem Tomado Remédio ou Colocado Emplastos para Trabalhar? Fonte: Questionário Aplicado nos Bibliotecários da Biblioteca Universitária da FURB 54 Tem Tomado Remédio ou Colocado Emplastos para Trabalhar? Tem Tomado Remédio ou Colocado Emplastos para Trabalhar? 5 Total 0 ás vezes 4 Não 1 0 Sim 2 4 6 Gráfico 10- Tem Tomado Remédio ou Colocado Emplastos para Trabalhar? Fonte: Questionário Aplicado nos Bibliotecários da Biblioteca Universitária da FURB Quantos dos bibliotecários que respondeu o questionário já fez tratamento médico alguma vez por distúrbio ou lesão dos membros superiores ou coluna? Já fez Tratamento Médico Alguma vez por Distúrbio ou Lesão dos Membros Superiores ou Coluna? Bibliotecários Bibliotecários Bibliotecários Sim Não Total 5 8 13 Quadro 11- Já fez Tratamento Médico Alguma Vez por Distúrbio ou Lesão dos Membros superiores ou Coluna? Fonte: Questionário Aplicado nos Bibliotecários da Biblioteca Universitária da FURB 55 Já fez Tratamento Médico Alguma Vez por Distúrbio ou Lesão dos Membros Superiores ou Coluna? Ja fez Tratamento Médico Alguma Vez Por Distúrbios ou Lesão dos Membros Superiores ou Coluna? 13 Total 8 Não Sim 5 0 5 10 Gráfico 11- Já fez Tratamento Médico Alguma Vez por Distúrbio ou Lesão dos Membros Superiores ou Coluna? Fonte: Questionário Aplicado nos Bibliotecários da Biblioteca Universitária da FURB Diante dos dados estratificados quantitativamente apresentados, conclui-se preliminarmente que existe um quadro de desconforto e/ou dor e que estes sintomas estão relacionados ao trabalho. Após a exposição dos resultados quantitativos da pesquisa, passa-se a realizar a abordagem qualitativa da análise dos dados colhidos. A estratégia utilizada para a realização dessa etapa é a análise de conteúdo, onde se busca por repetitividades e expressões não comuns nos dizeres dos sujeitos da pesquisa. Percentualmente, 54% dos sujeitos manifestaram a necessidade de adequação do mobiliário, para maior conforto, redução dos riscos ergonômicos, bem como a redução dos sintomas apontados nos resultados quantitativos. Isso se manifesta em expressões como “mobiliário inadequado” (sujeito 01, questão 10); “as cadeiras são altas para o meu tamanho” (sujeito 03, questão 10); “na digitação os móveis não são adequados” (sujeito 05, questão 10); “acho que os móveis ajudam a piorar os problemas de dores musculares e afins, pois ergonomicamente não condizem com o tipo de trabalho” ( sujeito 07, questão 10). 56 Estes dizeres conduzem a concluir preliminarmente que o mobiliário utilizado na biblioteca universitária da FURB não atende aos requisitos ergonômicos, o que provoca constrangimentos biomecânicos. Na seqüência a questão 11 do questionário pede por sugestões para melhorar ao posto de trabalho. Nesse item, aparecem dizeres diretamente relacionados com a questão do mobiliário. O sujeito 01 refere “móveis ergonomicamente adequados”; “urgentemente móveis adequados” (sujeito 05), “melhorar/adequar móveis” (sujeito 06), “móveis, luminosidade de acordo com a função” (sujeito 07). Conclui-se diante dos dados obtidos com a questão 11, que as sugestões giram em torno da necessidade de mobiliário ergonomicamente adequado. Referências às condições adequadas de luminosidade, necessidade de rodízio e outros foram insignificantes. Complementando os dados até agora estratificados, apresentam-se a seguir os dados corroborados pelo Instituto Municipal de Seguridade Social do Servidor de Blumenau (ISSBLU), que vêm demonstrar o número de afastamentos dos bibliotecários da biblioteca universitária da FURB e dos bibliotecários da Prefeitura Municipal de Blumenau, que desempenham a mesma função. Na biblioteca pesquisada houve, no período de janeiro de 2005 à 25 de junho de 2009, 20 afastamentos com CID (Classificação Internacional de Doenças), de até 15 dias, e 32 afastamentos sem CID, até 5 dias no qual o Instituto não exige o CID, num total de 52 afastamentos. Já nas bibliotecas municipais de ensino os bibliotecários sofreram, no mesmo período, 8 afastamentos com CID, de até 15 dias, e 21 afastamentos sem CID, de até 5 dias no qual o Instituto não exige o CID, num total de 29 afastamentos. 57 4 CONCLUSÕES E RECOMENDAÇÕES FINAIS Os estudos realizados levam a concluir que os conceitos de Ergonomia relacionados à biomecânica não são observados em sua totalidade nas atividades laborais dos bibliotecários, na biblioteca universitária da FURB. O capitulo teórico permitiu conhecer com maior profundidade os conceitos relacionados à Biblioteconomia, às atribuições relativas a esta função, bem como definir o que é ergonomia e identificar os princípios relacionados à biomecânica que são aplicáveis às atribuições do bibliotecário. A análise dos dados levou a concluir que existem constrangimentos posturais na atividade laboral dos bibliotecários da biblioteca universitária da FURB, e que esta situação gera desconforto e dor em parcela significativa dos sujeitos da pesquisa. A relação do desconforto e/ou dor com a atividade laboral fica evidente na relação direta que os sujeitos estabelecem entre os sintomas e a inadequação ergonômica do mobiliário que utilizam em seu posto de trabalho. Recomenda-se novos estudos, verifica-se a necessidade da realização de análise ergonômica do trabalho que se possam apresentar soluções práticas para os problemas constatados nesta pesquisa, bem como considerar os fatores psico-sociais decorrentes da situação observada, como por exemplo, condições de stress decorrentes do desconforto e/ou dor, e como conseqüência a necessidade de afastamentos. 58 REFERÊNCIAS BAPTISTA, Sofia Galvão; MUELLER, Suzana Pinheiro Machado (Org). Profissional da informação: o espaço de trabalho. Brasília: Thesaurus, 2004. 241p. (Estudos avançados em ciência da informação, v.3) BAUER, Martin W. GASKELL, George. Pesquisa qualitativa com texto, imagem e som: um manual prático. Rio de Janeiro: Vozes, 2002. 517p. BRASIL. Ministério do Trabalho e Emprego. Classificação brasileira de ocupações. Brasília. Disponível em: <http://www.mtecbo.gov.br > Acesso 18 nov. 2008. 9:08 hs. COUTO, Hudson de Araújo. 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Acesso 04 fev. 2009. 14:31 hs. 59 Anexo 1 CENSO DE ERGONOMIA Função: ___________________ 1- Você sente atualmente algum desconforto nos membros superiores ou coluna relacionado ao trabalho? Pescoço Ombro Braço (parte superior) Cotovelo Antebraço (parte inferior do braço) Punho Mão Coluna Outros Não sinto – nesse caso, vá direto à questão 9. 2- O que você sente e que referiu na questão anterior está relacionado ao trabalho no setor atual? Sim Não 3- Há quanto tempo? ______ 4- Qual é o desconforto? Cansaço Choques Estalos Dolorimento Dor Formigamento ou adormecimento Peso Perda da força 5- O que você sente, você classifica como Muito forte/forte Moderado Leve/muito leve 6- O que você sente aumenta com o trabalho? Durante a jornada normal Durante as horas extras À noite Não 60 7- O que você sente melhora com o repouso? À noite Nos finais de semana Durante o revezamento em outras tarefas Férias Não melhora 8- Tem tomado remédio ou colocado emplastros ou compressas para poder trabalhar? Sim Não Às vezes 9- Já fez tratamento médico alguma vez por algum distúrbio ou lesão em membros superiores ou coluna? Sim Não 10- Quais são as situações de trabalho ou postos de trabalho, tarefas ou atividades que, em sua opinião, contém dificuldade importante ou desconforto importante; ou causam fadiga ou mesmo dor? ____________________________________________________________________ ____________________________________________________________________ ____________________________________________________________________ 11- Qual é a sua sugestão para melhorar o problema desse posto de trabalho ou dessa atividade ou tarefa? ____________________________________________________________________ ____________________________________________________________________ ____________________________________________________________________ ____________________________________________________________________