UNIVERSIDADE REGIONAL DE BLUMENAU
CENTRO DE CIÊNCIAS TECNÓLOGICAS
PÓS GRADUAÇÃO EM ENGENHARIA DE SEGURANÇA DO TRABALHO
PEDRO CARLOS GARCIA DE FREITAS
ERGONOMIA EM BIBLIOTECAS UNIVERSITÁRIAS
BLUMENAU
2009
PEDRO CARLOS GARCIA DE FREITAS
ERGONOMIA EM BIBLIOTECAS UNIVERSITÁRIAS
Monografia apresentada ao Programa de PósGraduação em Engenharia de Segurança no
Trabalho do Centro Ciências Tecnológicas da
Universidade Regional de Blumenau, como
requisito parcial para a obtenção do título de
Especialista em Engenharia de Segurança do
Trabalho.
Profª Alexandra Luiza Lorgus, MSc - Orientadora
BLUMENAU
2009
Dedico esse trabalho a minha família por compreenderem a minha ausência; que
DEUS nos dê “TEMPO” e muitos momentos felizes. Léia, Lian e Lucas eu amo vocês. A
minha mãe Ecilda Garcia de Freitas, por seu amor ser incondicional.
AGRADECIMENTOS
Agradeço, a DEUS pela saúde, à minha orientadora Alexandra Luiza Lorgus por ter
tanta paciência e dedicação na trajetória dessa orientação, a todos os colaboradores da
Biblioteca Universitária da FURB, na pessoa da diretora Maria Genoveva Lemos. Aos
professores do Curso na pessoa do professor Doutor Ademar Cordero, pelo apoio e incentivo,
aos colegas de turma por os momentos de estudo e divertimento, e em especial ao colega
Darlei de Andrade Dulesko por sua motivação nos momentos difíceis.
Não clama, porventura, a sabedoria, e o
entendimento não faz ouvir a sua voz?
[...] Ouvi, pois falarei coisas excelentes; os meus
lábios proferirão coisas retas.
Porque a minha boca proclamará a verdade; os
meus lábios abominam a impiedade.
São justas todas as palavras da minha boca; não
há nelas nenhuma coisa torta, nem perversa.
Todas são retas para quem as entende e justas,
para os que acham o conhecimento.
Salomão
-
RESUMO
A pesquisa realizada trata da aplicação dos conceitos de ergonomia relacionados à
biomecânica, ao trabalho dos bibliotecários, de uma biblioteca universitária. Caracterizou-se
por uma pesquisa qualitativa que se valeu da estratégia da análise de conteúdo, usando como
instrumento de coleta de dados, um questionário com o título “censo de ergonomia” aplicado
aos sujeitos da pesquisa. O objetivo geral deste trabalho é identificar se os conceitos de
ergonomia, relacionados com a biomecânica são aplicados nas atividades laborais dos
bibliotecários da Fundação Universidade Regional de Blumenau. Com os conceitos da
fundamentação teórica constatou-se que a revolução tecnológica gerou novos conhecimentos
para a biblioteconomia; com isso os profissionais bibliotecários passaram a se confrontar com
novos paradigmas, entre eles as relações de trabalho, o ambiente laboral e a interação com
essas novas tecnologias. Estes fatores interferem na qualidade de vida dos bibliotecários, e
destacam a ergonomia e seus princípios como elementos que atuam na prevenção e na
qualidade de vida dos bibliotecários no exercício de suas atividades laborais. Diante do
resultado obtido a história da biblioteconomia, as atribuições dos bibliotecários paralelamente
a evolução tecnológica nas bibliotecas universitárias, contribuíram para que os bibliotecários
nas suas atividades laborais sofressem com essas transformações, e no contexto relacionado
ao princípio ergonômico da biomecânica na biblioteca universitária da FURB, não estão
sendo observados na sua totalidade.
Palavras- chaves: Bibliotecário. Bibliotecas Universitárias. Ergonomia.Qualidade de Vida.
-
ABSTRACT
The research made treats about the application of ergonomic concepts related to biomechanics, to
librarians’ work, in a university library. It was characterized by a qualitative research based on
contents analysis strategy, using as a data survey tool, a questionnaire with the title “censo de
ergonomia” (ergonomic census) applied to the research subjects. The main purpose of this work is
to identify if the ergonomic concepts, related to biomechanics, are applied to librarians’ labor
activities at Fundação Universidade Regional de Blumenau. Using the concepts from the
theoretical foundation, it was ascertained that the technological revolution generated new
knowledge for Library and Information Science; from this statement, the librarians now have to
confront with new paradigms, among those the interpersonal relationship at work, the labor
environment and the interaction with these new technologies. Those factors interfere in the
librarians’ quality of life, and emphasize the ergonomics and its principles as elements which act
on prevention and the librarians’ quality of life during the exertion of their labor activities.
Confronting the obtained results the history of Library and Information Science, the attributions of
the librarians paralleling to the technological evolution in the universities libraries, it all
contributed to that the librarians, in their labor activities, suffered with those transformations and,
in the context related to ergonomic principles of biomechanics in the university library at FURB,
those are not being observed in their totality.
Keywords: Librarian. University Libraries. Ergonomics. Quality of Life.
-
LISTA DE ABREVIATURAS E SIGLAS
ANCIB - Associação Nacional de Pesquisa em Ciência da Informação e
Biblioteconomia
BIREME - Centro Latino-Americano e do Caribe de Informação em Ciências da
Saúde
CAPES – Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior
CBO – Classificação Brasileira de Ocupações
CD-ROM – Disco Compacto-Memória Somente de Leitura
cm – Centímetro
CPU – Unidade Central de Processamento
DSI – Disseminação Seletiva da Informação
DORT – Distúrbios Osteomusculares Relacionados ao Trabalho
FURB – Fundação Universidade Regional de Blumenau
IBBD – Instituto Brasileiro de Bibliografia e Documentação
IBCT – Instituto Brasileiro de Informação em Ciência e Tecnologia
IES – Instituições de Ensino Superior
INSS – Instituto Nacional do Seguro Social
ISO – International Stander Organizacion
ISSBLU – Instituto Municipal de Seguridade Social do Servidor de Blumenau
Kg – Kilograma
LER – Lesões por Esforços Repetitivos
OCLC – Online Computer Livrary Center
ONU – Organização das Nações Unidas
PROBE – Programa de Biblioteca Eletrônica
UNB – Universidade de Brasília
UNESCO – Organização das Nações Unidas para a Educação
USMARC – United States Machine Readable Cataloging
USP – Universidade de São Paulo
WWW – World Wide Web
LISTA DE QUADROS
Quadro 1 – Localização das Dores no Corpo, Provocadas Por Posturas Inadequadas..44
Quadro 2 – Número de Bibliotecários que Sentem Desconforto- Biblioteca
Universitária da FURB.................................................................................................46
Quadro 3 – Dos Bibliotecários que Sentem Desconforto e em que Parte do Corpo
Sentem o Desconforto..................................................................................................46
Quadro 4 – Referência de Desconforto com Trabalho.................................................47
Quadro 5 – Quanto Tempo Relacionado ao Trabalho Gerou o Desconforto?...........48
Quadro 6 – Qual o Desconforto?.................................................................................49
Quadro 7 – Como você Classifica o Que Sente?.......................................................50
Quadro 8 – O que Você Sente Aumenta com o Trabalho?........................................51
Quadro 9 – O que Você Sente Melhora com o Repouso?.........................................52
Quadro 10 – Tem Tomado Remédio ou Colocado Emplastos para Trabalhar?.........53
Quadro 11 – Já fez Tratamento Médico Alguma Vez por Distúrbio ou Lesão dos
Membros Superiores ou Coluna?...............................................................................54
LISTA DE GRÁFICOS
Gráfico 2 – Número de Bibliotecários que Sentem Desconforto- Biblioteca
Universitária da FURB................................................................................................46
Gráfico 3 – Dos Bibliotecários que Sentem Desconforto e em que Parte do Corpo
Sentem o Desconforto.................................................................................................47
Gráfico 4 – Referência de Desconforto com o Trabalho............................................48
Gráfico 5 – Quanto Tempo Relacionado ao Trabalho Gerou o Desconforto?..........49
Gráfico 6 – Qual o Desconforto?................................................................................50
Gráfico 7 – Como você Classifica o Que Sente?.......................................................51
Gráfico 8 – O que Você Sente Aumenta com o Trabalho?........................................52
Gráfico 9 – O que Você Sente Melhora com o Repouso?.........................................53
Gráfico10 – Tem Tomado Remédio ou Colocado Emplastos para Trabalhar?..........54
Gráfico11 – Já fez Tratamento Médico Alguma Vez por Distúrbio ou Lesão dos
Membros Superiores ou Coluna?................................................................................55
-
SUMÁRIO
1
INTRODUÇÃO..........................................................................................................13
1.1
OBJETIVOS................................................................................................................14
1.1.1
Objetivo Geral.............................................................................................................14
1.1.2
Objetivos Específicos...................................................................................................14
1.2
METODOLOGIA.....................................................................................................15
1.2.1
População e Amostra..................................................................................................15
1.3
JUSTIFICATIVA ....................................................................................................16
2
FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA...........................................................................17
2.1
A BIBLIOTECONOMIA...........................................................................................17
2.2
EVOLUÇÕES TECNOLÓGICAS NAS BIBLIOTECAS.........................................19
2.3
AS ATRIBUIÇÕES DOS BIBLIOTECÁRIOS.........................................................25
2.4
A ERGONOMIA........................................................................................................27
2.4.1
Importância dos Princípios Ergonômicos..................................................................28
2.5
O TRABALHO DOS BIBLIOTECÁRIOS: RISCOS À PROFISSÃO.....................35
2.6
PRINCIPAIS DOENÇAS OCUPACIONAIS RELACIONADAS ÀS ATIVIDADES
LABORAIS DOS BIBLIOTECÁRIOS.....................................................................36
2.7
PRINCÍPIOS ERGONÔMICOS DA BIOMECÂNICA............................................38
2.7.1
Biomecânica Ocupacional e a Sobrecarga do Trabalho nas Atividades Laborais dos
Bibliotecários..............................................................................................................40
2.7.2
Posturas do Corpo Humano no Trabalho.....................................................................43
2.7.3
Os Distúrbios Ocasionados pelo Uso de Computadores .............................................44
3
ANÁLISE DE DADOS..............................................................................................46
4
CONCLUSÕES E RECOMENDAÇÕES ...............................................................57
REFERÊNCIAS......................................................................................................................58
ANEXO 1 – QUESTIONÁRIO DA PESQUISA CENSO DE ERGONOMIA............59-60
13
1
INTRODUÇÃO
Este trabalho apresenta os fatores relacionados com os conceitos de ergonomia
aplicados na atividade laboral dos bibliotecários de uma biblioteca universitária e como esses
aspectos influenciam na saúde destes trabalhadores e na eficiência da execução de suas tarefas
profissionais.
Considerando que o ambiente das bibliotecas universitárias está em constante
adaptação às novas tecnologias, buscaram-se informações necessárias para um estudo sobre a
ergonomia aplicável a esta atividade laboral. Motivado por estes fatores, este estudo resulta da
preocupação que existe com a necessidade de adaptar o ambiente de trabalho aos
bibliotecários.
Com vistas a pesquisar se os aspectos ergonômicos relacionados à biomecânica são
observados durante o exercício da atividade laboral dos bibliotecários, busca-se identificar
como esses aspectos influenciam nas atividades dos trabalhadores alvo desta pesquisa. Para
isso, é necessário verificar as condições ambientais e físicas e sua influência psicossocial, na
percepção de seus colaboradores.
A partir desses aspectos levantados, pretende-se desvelar como os conceitos de
ergonomia inerentes à biomecânica são aplicados na atividade laboral dos bibliotecários de
uma biblioteca universitária.
14
1.1
OBJETIVOS
Neste item apresentam-se os objetivos geral e específicos desta pesquisa, bem como
os estudos propostos a serem cumpridos e/ou concluidos e como serão explicitados.
1.1.1
Objetivo Geral:
O objetivo geral desta pesquisa é identificar se os conceitos de Ergonomia,
relacionados com a biomecânica, são aplicados no trabalho dos bibliotecários da Biblioteca
Universitária da Universidade Regional de Blumenau.
1.1.2
Objetivos Específicos:
Para alcançar o objetivo geral a que se propõe este trabalho, são delimitados os
seguintes procedimentos:
a) Descrever o histórico da evolução da biblioteconomia;
b) Conhecer como a evolução tecnológica influenciou a biblioteconomia;
c) Identificar quais as atribuições dos bibliotecários;
d) Conceituar Ergonomia;
e) Identificar quais os princípios ergonômicos, relacionados à biomecânica,
aplicáveis a função do bibliotecário;
f) Identificar quais as principais doenças relacionadas à atividade do bibliotecário;
g) Relacionar os princípios da biomecânica ao trabalho executado pelos
bibliotecários;
h) Estabelecer relações entre o uso de computadores, suas conseqüências e a função
de bibliotecário;
i) Analisar a aplicabilidade prática dos conceitos ergonômicos estudados às funções
do bibliotecário.
15
1.2
METODOLOGIA
Esta pesquisa é, de acordo com Bauer e Gaskell (2003, p. 23), uma pesquisa
qualitativa, “ que evita números, lida com interpretação da realidade social e é considerada
pesquisa leve. “O protótipo mais conhecido é provavelmente a entrevista em profundidade.”
Ainda segundo os autores(2003, p. 30) “A pesquisa qualitativa é, muitas vezes, vista
como uma maneira de dar poder ou dar voz às pessoas, em vez de tratá-las como objeto, cujo
comportamento deve ser quantificado e estatisticamente modelado”.
1.2.1
População e Amostra
O campo para a realização desta pesquisa é a Biblioteca Universitária da Fundação
Universidade Regional de Blumenau (FURB), em Santa Catarina, cujo horário de
funcionamento é das 7h da manhã até 22h30min, de segunda a sexta-feira, e aos sábados das
8h até 17h, com exceção nos períodos de férias. A Biblioteca possui uma estrutura física de
6.054 m² e um acervo de 501.512 volumes. (UNIVERSIDADE REGIONAL DE
BLUMENAU, 2007)
A biblioteca está organizada por setores: Direção, Seção de Seleção e Aquisição,
Seção de Processamento Técnico e Encadernação, Seção de Serviços ao Usuário, Seção de
Documentação e Automação, que conta com um total de 88 colaboradores, sendo que 13
destes são bibliotecários, que cumprem uma jornada de trabalho de 08 horas diárias, fazendo
total de 40 horas semanais.
Em um primeiro momento foi realizado um contato com a diretoria da Biblioteca
Universitária da FURB, oportunidade em que foram explicitados os objetivos desde estudo,
informando sobre os instrumentos de coleta de dados pretendidos para este trabalho,
solicitando autorização para realização da pesquisa.
Como instrumento de coleta de dados, optou-se pela aplicação do questionário censo
de ergonomia de autoria de Couto e Cardoso, conforme documento em anexo (anexo 1). A
aplicação do questionário teve por objetivo conhecer a realidade organizacional deste setor da
universidade, com o intuito de identificar a aplicabilidade da Ergonomia, no tocante aos
princípios da biomecânica ocupacional, no exercício das funções pertinentes aos
16
bibliotecários, e como estes percebem a importância da observação desta aplicabilidade
prática em sua atividade laboral.
A partir da coleta de dados, pretendeu-se construir o perfil da amostra desta
pesquisa, selecionar elementos que se repetem e/ou apresentem maior incidência, para então
construir categorias de análise destes dados, que instrumentalizarão a análise propriamente
dita e a construção das considerações finais da pesquisa.
1.3
JUSTIFICATIVA
Melhorar a qualidade de vida dos colaboradores, aperfeiçoar a prestação de serviços
nas Bibliotecas Universitárias e trabalhar sob a égide da prevenção da saúde dos
colaboradores deste setor produtivo são os elementos que motivam este trabalho.
A análise dos postos de trabalho dos bibliotecários constitui-se em uma
oportunidade de fornecer subsídios aos gestores e aos próprios trabalhadores, no sentido de
promover uma redução dos custos com assistência médica, diminuição do número de
afastamentos, diminuição de processos trabalhistas por número de acidentes de trabalho, e
conseqüentemente, promovendo um aumento de produção e melhora no ambiente de trabalho
como um todo, o que resulta direta e proporcionalmente em uma melhora na qualidade de
vida das pessoas envolvidas.
Colaboradores que atuam em condições saudáveis de trabalho, através da
observação dos princípios da Ergonomia, apresentam, em conseqüência, uma melhor
produtividade, diminuição do estresse e redução de doenças ocupacionais, maior capacidade e
aumento de resistência física, aliadas a uma maior motivação para o trabalho, melhorando o
humor e a auto-estima. Conseqüentemente, há uma considerável melhora em todos os
aspectos da vida deste profissional: pessoal, social e laboral.
17
2
FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA
Neste capitulo apresentaremos a história da biblioteconomia, as transformações
tecnólogicas nas bibliotecas, bem como, as atribuições dos bibliotecários, o conceito de
ergonomia os princípios ergonômicos relacionados com a biomecânica aplicados a essas
funções, e a importância da observação destes princípios ergonômicos.
2.1
A BIBLIOTECONOMIA
Conforme Cysneros (2009), a biblioteconomia é a atividade profissional que
compreende o conjunto de organismos, operações técnicas e princípios que dão aos
documentos gráficos e não-gráficos o máximo de utilidade possível. É a ciência que se ocupa
do conjunto de conhecimentos teóricos e técnicos indispensáveis para armazenar, recuperar e
disseminar informações em qualquer tipo de veículo ou formato, de maneira ágil, eficaz e
dinâmica.
O curso de Biblioteconomia tem como objetivos formar profissionais capazes de
acompanhar as transformações da sociedade, compreendendo o papel da biblioteca neste
processo, identificando demandas de informação e propondo soluções inovadoras. Além
disso, ser bibliotecário significa atuar como especialista no tratamento e difusão de
informações, apoiados nas tecnologias da informação, em nível de planejamento,
administração, assessoria e prestação de serviços em redes e sistemas, bibliotecas, centros de
documentação, serviços de informação. O profissional bibliotecário está habilitado para a
realização de pesquisas relativas à utilização da informação e para o planejamento,
implantação e desenvolvimento de atividades de ação cultural.
Segundo Baptista e Muller (2004), a Biblioteconomia no Brasil, teve seu
reconhecimento como profissão de nível superior em 1962. Há indícios na história de que, na
metade do século passado, forças de origem internacional tenham provocado reflexos no
sistema de funcionamento da profissão do bibliotecário ,assim como na sua jurisdição, o que
viria a tornar-se a padronização da Biblioteconomia. No pós-guerra, a ciência e a tecnologia já
se organizavam para modernos computadores e com isso revolucionava a produção de
informação científica.
18
Em 1954, por influência da Organização das Nações Unidas para a Educação
(UNESCO), órgão que é dedicado à educação, vinculado à Organização das Nações Unidas
(ONU), surgiu o Instituto Brasileiro de Bibliografia e Documentação (IBBD), com o objetivo
de promover o desenvolvimento da informação e educação no Brasil. Este fato resultou na
vinda para o país de especialistas internacionais em documentação, contribuindo assim para a
estruturação do instituto, e para o início do Curso de Documentação Científica no Rio de
Janeiro.
O tratamento da informação e dos documentos era jurisdição da Biblioteconomia,
que nessa época se encontrava em pleno reconhecimento como profissão de nível superior.
Embora a Biblioteconomia abraçasse todo este campo, naquela época não havia profissionais
suficientes para ocupar toda a jurisdição, que se encontrava em fase de expansão. Surge então,
em 1969 um mestrado em Ciências de Informação, patrocinado pelo IBBD, resultado dos
contatos com os especialistas externos, que ajudaram o instituto a estruturar o curso.
Percebe-se que, no campo de atuação da informação, os parâmetros da
biblioteconomia brasileira não foram contrários às tendências separatistas presentes em outros
países, pois no Brasil a Biblioteconomia acolheu as idéias da nova área Ciência da
Informação, trazida para os cursos de pós-graduação. Este contexto favoreceu a criação de
órgãos como a CAPES (Coordenação de aperfeiçoamento de pessoal de nível superior), que
atua até hoje na fiscalização e regulação dos cursos de pós-graduação stricto sensu. Estes
movimentos resultaram na fundação de uma sociedade de pesquisa que integra as duas áreas:
a Associação Nacional de Pesquisa em Ciência da Informação e Biblioteconomia (ANCIB).
Essa associação é o resultado de reuniões entre os coordenadores dos cursos de Mestrado em
Biblioteconomia, de onde em meados de 1970 resulta a criação do Instituto Brasileiro de
Informação em Ciência e Tecnologia (IBCT), que veio substituir o antigo Instituto Brasileiro
de Bibliografia e Documentação (IBBD). Devido à necessidade do estabelecimento de
parâmetros para a função do bibliotecário, foi criada a ANCIB com o objetivo de
regulamentação da função do bibliotecário, atendendo à uma lacuna não preenchida pelo
IBCT na época.
19
2.2
EVOLUÇÕES TECNÓLOGICAS NAS BIBLIOTECAS
Ao longo da história as Bibliotecas Universitárias passaram por transformações
tecnológicas inerentes ao processo evolutivo do próprio homem. Mas, apesar das mudanças
estruturais, ela manteve seu foco, que é segundo Cunha (2000), manter um a acervo de obras
impressas preservando o conhecimento da civilização.
Assim, sendo instituições direcionadas para construção e difusão do conhecimento, é
natural que as Instituições de Ensino Superior (IES), sejam grandemente afetadas pelos
rápidos progressos na tecnologia de informação, notadamente no que se referem à
informática, telecomunicações e redes. Essa tecnologia é o eixo que direciona as mudanças
estruturais no ensino superior e que atinge tanto as atividades acadêmicas fundamentais
quanto a própria natureza do processo organizacional das IES.
Segundo Cunha (2000), em 2010 quase todas as Bibliotecas Universitárias
Brasileiras, estarão automatizadas, e muitas delas serão bibliotecas totalmente digitais. Em
decorrência disso, necessitarão de mais recursos financeiros para a provisão de equipamentos
mais potentes e modernos, também necessitarão de uma mão de obra mais especializada na
área da informática.
Esse desenvolvimento tecnológico será caracterizado pelo aumento da velocidade
das Unidades Centrais de Processamentos (CPU), o incremento das velocidades de
transmissão de dados e a redução drástica nos custos das memórias de massa baratearam os
custos e aumentaram a potencialidade dos recursos informáticos. A velocidade de transmissão
de dados agora começa a contar com redes de alta velocidade, que facilitam a disponibilidade
de dados e também a disponibilidade de acesso à informação.
Conforme Cunha (2000), até 2010 se houver a implantação nas bibliotecas
brasileiras das redes de alta velocidade, os usuários terão acesso a grandes arquivos de dados,
utilizarão aplicações multimídia e outros tipos de serviço que demandam alta confiabilidade e
velocidade de transmissão caracterizando a substituição da documentação em papel pela
documentação digital e virtual.
Ainda segundo Cunha (2000), a biblioteca tradicional tem como característica a
utilização de papel como suporte de registro da informação, tanto em relação à coleção quanto
ao seu catálogo. Ultrapassando outros recursos informacionais que seus usuários precisavam,
obtê-los dependia da sua localização física e da provisão de cópias através da comutação
bibliográfica. Em decorrência disto, os instrumentos da biblioteca digital (CUNHA, 1999
apud CUNHA, 2000), são diferentes daqueles que pertenciam à biblioteca tradicional,
20
principalmente por não necessitar de um espaço físico. Como conseqüência, bibliotecas
digitais são simplesmente um conjunto de mecanismos eletrônicos que facilitam a localização
da informação, interligando recursos e usuários. Assim, segundo Milstead (apud CUNHA
2000), em vez de enfrentar os problemas das bibliotecas tradicionais, a biblioteca digital vai
existir no ciberespaço. Seus problemas estarão relacionados ao financiamento ao acesso e
padronização do caminho que leve o usuário a encontrar a informação.
Conforme Cunha (2000), embora, revolucionária a biblioteca digital representa um
processo gradual e evolutivo, como resultado da utilização do computador de forma cada vez
mais crescente nas últimas décadas. Por volta de 1970, foram implantados os catálogos em
linha e o acesso a bancos de dados. Na década de 80, com o disco compacto memória
somente de leitura (CD-ROM), tornou-se possível recuperar referências bibliográficas e textos
completos.
O autor prossegue afirmando que, diferentemente das bibliotecas universitárias
tradicionais, as bibliotecas digitais não se localizam em um determinado endereço e,
provavelmente, muitos prédios de bibliotecas irão desaparecer. Diante disto o autor levanta
um questionamento: Mas, como será o relacionamento de bibliotecas tradicionais e digitais?
Para responder este questionamento ele recorre a Dertouzos,(1997, p. 241 apud
CUNHA, 2000, p.78 )
[...] as bibliotecas continuarão com a custódia dos materiais educativos e
sólidos, com destaques para os livros. Contudo, elas se tornarão também
gerenciadoras de linhas de comunicação com outros locais de conhecimento,
com a condição de que as bibliotecas físicas controlem a qualidade das
bibliotecas virtuais, decidindo quais conhecimentos existentes em outras
instituições merecem menção pelos selecionadores e hiperorganizadores da
biblioteca local. (...) O gerenciamento eficaz desses selecionadores de
conhecimento será crucial para a qualidade das instituições de ensino no
futuro.
A partir de 2000, ainda são poucas as bibliotecas que estão equipadas para existirem
com linhas, microcomputadores, leitoras de CD-ROM, cabeamento de fibra ótica, redes locais
e outras tecnologias da informação que começam a fazer parte do mundo moderno e que as
bibliotecas universitárias deverão se adaptar, conforme Cunha (2000).
Ainda para Cunha (2000), a reforma das instalações pode custar mais do que o
esperado. Os espaços liberados pelos catálogos e fichas, podem ser insuficientes para abrigar
os microcomputadores e terminais necessários ao catálogo automatizado. O aspecto negativo
desse quadro é que muitas bibliotecas universitárias irão descobrir que sua capacidade de
possuir novas máquinas, será excedida pela necessidade de uso.
21
O esforço para recuperar as funções básicas da biblioteca universitária necessitará
compreender que, mais e mais usuários resolverão suas demandas com o uso das tecnologias
informacionais por meio do ciberespaço.
Até 2010, para o autor, os serviços de desenvolvimento de coleções e aquisição terão
grandes transformações. É o momento da integração crescente das tecnologias de informação
aos acervos e serviços existentes. No final dos anos 80, coleções de periódicos, diretórios e
enciclopédias passaram a estar disponíveis tanto em papel como em suporte digital.
Porém, nos últimos anos, com os periódicos eletrônicos, determinados títulos
tornaram-se acessíveis somente por intermédio de um terminal de computador.
As bibliotecas universitárias continuarão a incorporar materiais de todas as formas
às suas coleções físicas, mas a mesma importância terá a informação sobre aquilo que não
está armazenado localmente, mas sim no ciberespaço.
Nos anos 70, conforme Cunha (2000), com a introdução do acesso em linha aos
bancos de dados comerciais, as bibliotecas passaram a ter enormes demandas de cópias de
artigos de periódicos, de títulos inexistentes nos acervos locais. Nos anos 80, com a existência
de centenas de bibliotecas utilizando acesso em linha dos catálogos públicos, houve um
crescimento dos pedidos de empréstimo entre bibliotecas de obras disponíveis em outras
regiões. Com a informação digital, a comutação bibliográfica deixou de ser um mero
mecanismo de suprir faltas no acervo para se transformar em áreas básicas da organização
bibliotecária.
As bibliotecas universitárias utilizaram políticas de desenvolvimento de coleções
que antecipavam as possíveis necessidades de informação de clientela com base na idéia de
que as necessidades dos usuários seriam atendidas, tendo em vista as decisões feitas ao acervo
em periódicos anteriores conforme Cunha (2000). No futuro, os setores de referência e
desenvolvimento de coleções estarão interligados, pois o que irá contar não são os itens no
acervo, mas as opções para acessar a informação demandada, de acordo com Demas (1994
apud CUNHA 2000). Portanto o diferencial mudará do tamanho do acervo para o tamanho
das verbas para o acesso.
Conforme Cunha (2000), com a chegada da Internet, surgiram outros tipos de
documentos para serem processados pelos serviços técnicos, por exemplo, as páginas iniciais
ou home-pages e periódicos eletrônicos. Nessa época conforme o autor (2000), os
catalogadores, além de conhecer seus instrumentos de trabalho, precisam dominar outros,
como metadados e marcação de textos, e também estar aptos a lidar com as características dos
novos documentos. De acordo com Cunha (2000) a Biblioteca Nacional do Rio de Janeiro,
22
têm em seu registro catalográfico eletrônico todas as suas monografias incorporadas ao seu
acervo após 1982. O registro pode ser copiado no formato United States Machine Readable
Cataloging (USMARC), e International Stander Organizacion/ 2709 (ISO/2709).
Ampliando-se as possibilidades de pontos de acesso a um determinado documento
digitalizado. Nos sistemas tradicionais e mesmo nos catálogos automatizados produzidos até o
final dos anos 80, as descrições são mínimas restringindo-se a dados sobre o autor, título e
alguns cabeçalhos de assuntos. Atualmente podem ser incluídas dezenas de termos de
indexação, e também, diversos tipos de documentos de acordo com Cunha (2000).
Conforme Cunha (2000), o referencial inicial a ser seguido era a representação da
unidade da informação de um livro, e não seus capítulos. Porém, em uma coleção digital
heterogênea, os níveis de representação alcançam níveis inimagináveis, podendo ser um
mapa, um slide, um filme, uma figura, um capítulo ou mesmo um verbete de uma obra de
referência. A forma de indexar as informações em um acervo, desenvolvidas por a biblioteca
é que irá delinear quais os níveis de representação da informação.
Muitas mudanças ocorrerão nas tarefas de organização do acervo informacional.
Como indagou Coffman (1999 apud CUNHA, 2000), o que aconteceria se abandonássemos
nossos catálogos locais e permitíssemos aos nossos usuários selecionar qualquer coisa dos 40
milhões de itens no catálogo mundial do Online Computer Livrary Center? (OCLC).
Suponhamos que temos só os títulos mais procurados e ficássemos
dependentes de outras bibliotecas, distribuidores e editoras para suprir o
restante? E se usássemos a internet, a distribuição eletrônica e a remessa de
baixo custo para levar a biblioteca aos nossos usuários em lugar de exigir
que eles venham até nós? São perguntas que inquietantes e provocativas que
exigem reflexões por parte dos profissionais das bibliotecas universitárias
(CUNHA, 2000 p.81).
De acordo com CUNHA (2000), este tema, por sua relevância, provocou, em 1999,
o aparecimento de um periódico especializado, o Library Consortium Management: an
international journal. Também no Brasil houve a aprovação em maio de 1999 do Programa de
Biblioteca Eletrônica (PROBE), um consórcio entre universidades públicas de São Paulo e o
Centro Latino-Americano e do Caribe de Informação em Ciências da Saúde (BIREME),com o
escopo de aquisição de assinaturas de periódicos eletrônicos.
De acordo com Cunha (2000), a sociedade necessita e determina a aplicação dos
conhecimentos gerados nas universidades. As universidades têm sido solicitadas a contribuir
com várias atividades, desde a saúde até a proteção ambiental, da reconstrução de cidades ao
entretenimento do público em geral, fazendo a ligação do ensino a pesquisa e extensão. Essas
23
atividades certamente têm reflexos nas bibliotecas universitárias, especialmente no acervo e
na concepção de produtos, serviços e nas atividades laborais dos bibliotecários.
Conforme Cunha (2000), nas bibliotecas universitárias, a forma de aquisição de
periódicos deverá priorizar o periódico eletrônico, e o formato impresso será privilegiado nos
casos em que a imagem digitalizada não seja de qualidade, ou quando as duas versões,
impressa e digital, sejam de conteúdos diferentes. Com essa forma de política implantada,
haverá redução no volumes encadernados e títulos nas estantes, reduzindo o número de
colaboradores envolvidos nessa tarefa.
Diante disso conforme Cunha (2000), anos atrás, discutiu-se o desaparecimento do
bibliotecário de referência, tendo em vista o usuário ter acesso total a imensidão de
informação digital. Mas, considerando a situação precária dos mecanismos de busca
existentes na Word Wide Web (W.W.W), de recuperar informações relevantes, o bibliotecário
de referência passa a atuar como intermediário da informação.
Conforme Cunha (2000), as atividades de atendimento e ensino ao usuário, pelos
serviços de referência, deverão sofrer mudanças, mas os bibliotecários ainda continuarão a
ensinar as pessoas a tirar o melhor proveito dos recursos informacionais existentes na
biblioteca, ou mesmo na internet. Naturalmente, os métodos utilizados para informar e instruir
os usuários serão influenciados pela tecnologia da informação, que possibilitam maior
eficácia nas atividades relacionadas ao treinamento do usuário no ambiente universitário.
Mas, com o avanço no número de bases de dados de texto completo, ainda terão valor os
índices e bibliografias correntes para a clientela das bibliotecas universitárias? As fontes
secundárias, incluídas nesses tipos de documentos, podem, na biblioteca digital, agregar maior
valor na forma tradicional. Essas fontes são o meio de fazer buscas na biblioteca digital,
seguindo critérios específicos. Os índices digitais agora passam a conter hiper-ligações com
os documentos e seus textos completos. Assim, os usuários deverão conhecer bem os índices,
passando a visualizá-los como um caminho fácil de acessar a informação, desde a busca a
obtenção do documento. Portanto, o valor das fontes secundárias é valorizado; elas continuam
a servir de índice da literatura especializada, e também como forma de acessar o documento.
De acordo com Cunha (2000), a biblioteca universitária, antes de 2010, poderá
ocupar um papel importante como um suporte na provisão de informação dentro dos
programas de ensino à distância. O sucesso do ensino a distância de uma universidade virtual
muito dependerá de um acervo digital, pois haverá uma ligação estreita entre os programas de
ensino formal e à distância. Esse novo acervo permitirá que sejam eliminadas as paredes da
24
sala de aula e o aprendizado para alunos virtuais pode realizar-se independente da distância ou
localização.
Conforme Cunha (2000), nas bibliotecas tradicionais, suas atividades dependia do
fator humano; nas digitais, as pessoas não são tão necessárias, podendo como conseqüência
ocorrer uma otimização de recursos humanos. Assim, está havendo um ressurgimento da
disseminação seletiva da informação (DSI), pois, com uma grande quantidade de informações
disponibilizadas via internet, a filtragem de informação e a personalização de sua
disseminação têm enorme perspectiva de crescimento, com o crescente volume de dados
torna-se impossível acompanhar. A DSI não ficará restrita aos documentos tradicionais, como
livros e artigos científicos; poderá incluir noticiários em linha das agências de notícias,
jornais, rádio e televisão, mercado de bolsas de valores, programação cinematográfica e
futuros produtos informacionais não disponíveis no mercado de acordo com Cunha (2000),
com isso, a biblioteca universitária extrapolará os assuntos técnico-científicos e colaborando
com as necessidades informacionais diárias de sua clientela. Isso valoriza suas atividades e, se
seus serviços forem comercializados para um público externo à IES, poderão gerar recursos
financeiros para a biblioteca.
No caso da biblioteca universitária, é necessário examinar as possibilidades do
futuro e entender que o desafio crítico será remover os obstáculos que a impedem de
responder às necessidades de uma clientela em mudança, transformar os processos e
estruturas administrativas e físicas que caducaram e questionar as premissas existentes para o
bom funcionamento da biblioteca e a qualidade de vida dos bibliotecários.
Como vimos, a rápida introdução de novas tecnologias, e sistemas de informação fez
com que muitas variáveis fossem adaptadas ao sistema da biblioteconomia, o que leva a
constantes alterações de ambientes de trabalho. Estas mudanças, introduzidas aos poucos na
atividade laboral do bibliotecário fizeram com que este, conseqüentemente, passasse a sofrer
com as mudanças, devido ao despreparo para executá-las com segurança e exatidão, no
contexto da observância dos princípios ergonômicos.
Concluímos, preliminarmente, que a evolução das tecnologias nas bibliotecas
universitárias é um fator relevante a ser observado em relação às questões ergonômicas, pois a
ergonomia é a adaptação do trabalho ao homem. Com tantas transformações, o trabalho dos
bibliotecários pode hoje ser realizado, obedecendo aos critérios ergonômicos, que tornam essa
atividade laboral segura e produtiva? É o que pretendemos desvelar nesse trabalho.
25
2.3
ATRIBUIÇÕES DOS BIBLIOTECÁRIOS
Conforme (Brasil 2008), a Classificação Brasileira de Ocupações – CBO/2002,
portaria nº 397, de 09 de outubro de 2002 do Ministério do Trabalho e Emprego, as
atribuições do Bibliotecário são:
a) Disponibilizar informação de qualquer suporte;
b) Gerenciar unidades redes, sistemas de informação;
c) Tratar tecnicamente recursos informacionais;
d) Desenvolver recursos informacionais;
e) Disseminar informação;
f) Desenvolver estudos e pesquisas;
g) Prestar serviços de assessoria e consultoria;
h) Realizar difusão cultural;
i) Desenvolver ações educativas;
j) Demonstrar competências pessoais.
Os bibliotecários trabalham em bibliotecas e centros de documentação e informação,
na administração pública e nas mais variadas atividades do comércio, indústria e serviços,
com predominância nas áreas de educação e pesquisa.
Trabalham como assalariados, sendo que na administração pública são estatutários,
na administração privada atuam sob a égide do regime celetista, ou ainda atuam como
autônomos, desenvolvendo suas atividades de forma individual ou em equipe de projetos,
com supervisão ocasional, em ambientes fechados e com rodízio de turnos.
Podem executar suas funções tanto de forma presencial como a distância. As
condições de trabalho são heterogêneas, variando desde locais com pequeno acervo e sem
recursos informacionais a locais que trabalham com tecnologia de ponta.
Conforme tratado até então, o advento da revolução tecnológica foi o que ditou o
ritmo do desenvolvimento da biblioteconomia, ou seja, com a produção do conhecimento
foram geradas novas tecnologias, que modernizaram os mecanismos de integração e pesquisa,
facilitando aos novos pesquisadores a busca deste conhecimento, ampliando também as
ferramentas de busca para aqueles que não têm acesso a essas tecnologias.
De certa forma, a sociedade que antes compôs sua Biblioteca é a mesma atualmente
que a têm, da mesma forma que hoje a produz, ou seja, as bibliotecas, assim como a
sociedade, estão passando por transformações, principalmente tecnológicas. Com isso, os
26
serviços em biblioteconomia ganharam diversos aspectos relevantes a serem estudados, pois
se tornaram rápidos, eficientes, e com grande demanda. Para isso é necessário que os
bibliotecários acompanhem esse processo de evolução exigido pelo contexto.
27
2.4
A ERGONOMIA
Pelo ponto de vista de Souza e Silva (2007), atualmente, no Brasil, a ergonomia
predomina, no campo das engenharias, desenvolvendo métodos e técnicas de análise dos
ambientes de trabalho. Entretanto essas análises são realizadas quase exclusivamente nas
chamadas profissões de “grande massa” de trabalhadores, como por exemplo, da agricultura,
medicina, educação, dentre outras.
Conforme Souza e Silva (2007), no campo da biblioteconomia há raros textos sobre
o emprego dos princípios ergonômicos relacionados diretamente à análise dos postos e
ambientes de trabalho com as atividades biblioteconômicas. Isso está relacionado com o
pequeno número de profissionais atuantes, se comparado a outras profissões de “grande
massa”. Neste sentido, o ambiente de trabalho do bibliotecário não tem sido objeto de muitos
estudos, com o objetivo de proporcionar bem estar ocupacional em todas as circunstâncias
que envolvem as atividades laborais dos bibliotecários.
De acordo com Souto (2006), as novas tecnologias da Informação, na velocidade de
transmissão da informação, provocam mudanças nos ambientes das bibliotecas universitárias,
e cotidiano dos profissionais. Contudo, sabemos que temos que enfrentar os desafios surgidos
da necessidade de uma infra-estrutura adequada.
Jastrezebowisky em 1857 foi o pioneiro em publicar um artigo intitulado Ensaios de
ergonomia ou Ciência do trabalho. Somente após quase cem anos o tema foi retomado, em
1949, por um grupo de cientistas e pesquisadores interessados em formalizá-lo como um novo
ramo de aplicação interdisciplinar da ciência. No ano de 1950, esse mesmo grupo reuniu-se
novamente, objetivando adotar o neologismo “Ergonomia”, palavra esta formada pelos termos
gregos ergon (trabalho) e nomos (regras). A respeito desse esforço, ainda hoje há
controvérsias quanto à conceituação final de ergonomia, não apenas pela sua relativa
diversidade, mas também porque não há consenso quanto ao seu status: se ciência ou se
tecnologia (SOUZA e SILVA, 2007).
As definições sobre o conceito de ergonomia são muitas. Para entendermos mais
sobre este tema serão apresentadas algumas definições conforme Souza e Silva (2007): para
ele IIDA foi o primeiro pesquisador brasileiro a defender uma tese de doutorado na Escola
Politécnica da Universidade de São Paulo (USP), nessa área do conhecimento, em que definiu
a Ergonomia como um “[...] estudo da adaptação do trabalho ao ser humano”. (IIDA, 1971
apud SOUZA e SILVA, 2007, p. 137)
28
Em seu trabalho, Souza e Silva (2007) cita que, de acordo com o site
www.ergonomia.com.br, as definições de ergonomia mais acessadas são a de Montmollin
(1971), que diz que a Ergonomia é a tecnologia das comunicações homem-máquina, a de
Grandjean (1968), que identifica a Ergonomia como uma ciência interdisciplinar que
compreende a Fisiologia e a Psicologia do Trabalho, e a Antropometria, como a sociedade no
trabalho; a de Leplat (1972), para quem a Ergonomia é uma tecnologia e não uma ciência,
cujo objeto é a organização dos sistemas homem-máquina; a de Murrel (1965), que a define
como o estudo científico das relações entre o homem e o seu ambiente de trabalho; a de Self,
o qual afirma que a Ergonomia reúne os conhecimentos da Fisiologia e Psicologia e das
ciências vizinhas aplicadas ao trabalho humano na perspectiva de uma melhor adaptação dos
métodos, meios e ambientes de trabalho ao homem; e de Wisner (1987), que a define como o
conjunto de conhecimentos científicos relativos ao homem e necessários a concepção de
instrumentos, máquina e dispositivos que possam ser utilizados com o máximo de conforto e
eficácia.
Outros dois autores são citados por Santos(2006) como importantes para compor o
levantamento acima: Singleton (1972), que definiu a Ergonomia como uma “[...] tecnologia
da concepção do trabalho baseada nas ciências da biologia humana” e Laville (1977) que
define a Ergonomia como “[...] o conjunto de conhecimentos a respeito do desempenho do ser
humano em atividade, a fim de aplicá-los à concepção de tarefas, dos instrumentos, das
máquinas e dos sistemas de produção” (tradução Souza e Silva 2007 ).
2.4.1
Importância dos Princípios Ergonômicos
Há uma preocupação em afirmar que os aspectos relacionados com a ergonomia têm
custo elevado para as organizações. Conforme Couto (2002), na maioria das vezes, a
aplicação dos princípios ergonômicos é um dos processos mais baratos que as empresas
desenvolvem e de melhor relação custo/benefício. Para isso, basta conhecer com clareza
diversos tipos de solução ergonômica e quando, como e por que implementar cada um deles.
Entre as implementações mais importantes, destacam-se:
Em um primeiro momento a eliminação do movimento crítico ou da postura crítica.
Trata-se de procurar uma nova forma de se fazer aquele trabalho, em que aquela ação técnica,
de alta sobrecarga ergonômica, não necessite ser feita.
29
Segundo Couto (2002), nem sempre é possível eliminar o esforço crítico, mas muitas
vezes é possível reduzir a freqüência dos movimentos críticos ao longo da jornada de
trabalho, de acordo com pequenas melhorias que são: atuações mais eficazes da Ergonomia,
principalmente quando envolve a participação dos trabalhadores. Incluem-se aqui:
a)
Mudança na altura de máquinas e balcões, visando reduzir os problemas de
coluna;
b)
Mudança da altura de pallets, e prateleiras que se encontram no nível do piso,
colocando-os a 50 cm de altura;
c)
Instalação de puxadores em gavetas e pistões que reduzem o esforço humano;
d)
Pequenas mudanças no braço de alavanca de determinado esforço, o que
propicia redução do esforço humano.
De acordo com estudos específicos, estima-se que cerca de 50% dos problemas
ergonômicos existentes numa empresa podem ser resolvidos com pequenas melhorias, para as
quais certamente sempre não exigirá recursos financeiros muito elevados, pois a partir da
análise de Couto (2002), a ergonomia desenvolveu equipamentos e acessórios específicos de
acordo com a necessidade do trabalho como se apresenta a seguir:
•
Talhas elétricas, ventosas e outros meios de manuseio de cargas entre
dois postos de trabalho;
•
Paleteiras elétricas para manuseio de cargas de mais de 700 kg;
•
Mesas elevadoras no caso de paletização, para evitar que as costas do
trabalhador venham a sofrer de sobrecarga ao manusear as cargas situadas
mais situadas próximas do nível do piso;
•
Equipamentos diversos de manuseio de cargas em manuseio em
ambientes de armazém;
•
Mesas de escritórios dotadas de regulagem para trabalho com
computador;
•
Cadeiras ergonomicamente corretas;
•
Suporte de documentos, facilitando a leitura do texto-fonte;
•
Balancins, reduzindo o peso de uma ferramenta manual e facilitando a
operação;
•
Diversos outros. (COUTO, 2002, p.26 )
Em relação aos projetos ergonômicos, Couto (2002) aponta que a solução costuma
envolver esforços diversos de Engenharia, de Administração de processo, manutenção, estudo
de alternativas com fornecedores de produtos e serviços, estudo de equipamentos disponíveis
no mercado. Também devem ser vistos impactos com a logística e interferências (ar
comprimido, tubulação de gases, rede elétrica, etc.).
30
Assim percebe-se que, geralmente, as soluções que envolvem projetos ergonômicos
têm que ser amadurecidas, de acordo com as necessidades específicas de cada organização,
uma vez que a precipitação em solucioná-las costuma trazer resultados piores.
Outra implementação apontada pelo autor, em um segundo momento, é o rodízio de
tarefas, que funciona como uma forma de reduzir a sobrecarga existente nas diversas
operações. Operações feitas sem rodízio, caso sejam biomecanicamente críticas, costumam
trazer lesões para as pessoas. Assim as mesmas atividades rotineiras, com um rodízio
eficiente, acarretam menos lesões.
Para que os rodízios funcionem bem, é necessário que se tenha em mente os
seguintes cuidados:
a) Deve existir uma isonomia salarial entre todos;
b) Deve-se cuidar para que não tenham problemas de qualidade;
c) Deve-se prestar atenção no tipo de rodízio, para que o trabalhador tenha padrões
diferentes de movimentos;
d) Deve-se cuidar para que todos passem pelas posições mais difíceis;
e) Deve-se sinalizar o rodízio, em alguns casos para indicar a próxima tarefa que o
trabalhador irá executar.
Ainda para Couto (2002), deve se destacar que o rodízio dá uma carga extra de
trabalho administrativo à gerência da área que, com grande facilidade, se opõe ao mesmo,
principalmente no início. No entanto, deve-se ter em mente que são gerados grandes
benefícios também para a organização, decorrentes de um rodízio adequado aos trabalhadores,
especialmente relativos à versatilidade funcional. Historicamente, a experiência mostra que as
empresas, e áreas em que o rodízio foi instituído não voltam mais ao modo habitual, sendo
considerado como muito positivo, tanto pelos trabalhadores como pela gerência, pois mesmo
exigindo um comprometimento maior da gerência e dos trabalhadores, ambos saem ganhando,
pois os custos da produção serão reduzidos e haverá um melhora na qualidade de vida dos
trabalhadores.
Também é apontado o aspecto da melhoria na organização do trabalho. Conforme
esta sendo elencado nos itens anteriores, uma série de condições não ergonômicas tem origem
em falhas na organização do trabalho. Uma vez identificado o problema ergonômico, como
31
dessa natureza, a solução também deve ser adequada (corrigindo o fator de organização do
trabalho). Assim, segundo Couto (2002), as organizações devem adotar estas melhorias:
Se houver horas extras em excesso por falta de pessoal, a solução envolve
um efetivo adequadamente dimensional e adequadamente treinado;
Se as horas extras forem devido a um excesso de trabalho de retirada de
rebarbas de peças produzidas em moldes inadequados, a solução deve
envolver o trabalho de melhoria de moldes e uso de tecnologia adequada
naquele processo industrial;
Se a sobrecarga for devido a esforços excessivos porque determinados
comandos não estão sendo submetidos a manutenção adequada, o programa
adequado de manutenção é a solução correta.(COUTO 2002, p. 27)
Um dos aspectos mais importantes apontados por Couto é o condicionamento físico
para o trabalho e distensionamento, pois determinadas atividades industriais exigem dos
trabalhadores padrões de movimentos musculares específicos, que não se adquirem num curto
espaço de tempo. Outras tarefas são feitas em posições forçadas, que exigem ginásticas
compensatórias; e muitas têm um alto componente de esforço muscular estático, que exigem
distensionamento.
Assim, para o autor trabalhar a condição física das pessoas é de grande importância
e envolve pelo menos cinco momentos fundamentais:
Preparação física para o trabalho - em atividades de alta repetitividade,
que envolvem padrões de movimentos automatizados, há que se ter um
tempo adequado de treinamento (que pode variar de 3 semanas a 3 meses,
conforme a complexidade da tarefa). Aqui, o melhor sistema consiste em ter
um profissional que conheça bem a tarefa e seu modo operatório e que se
responsabilize por um treinamento do tipo corpo a corpo, ensinando,
acompanhando a execução e corrigindo a postura do aprendiz. Nesse tipo de
função, o treinador gradativamente vai aumentando o ritmo do aprendiz,
acompanhando a produtividade em gráficos, até que o mesmo esteja
totalmente apto para a tarefa.
Ginástica de aquecimento e de alongamento - está indicada especialmente
para mecânicos e para outras que executam atividades físicamente pesadas.
O aquecimento é uma - seqüência de exercícios com grandes grupos
musculares, porém com pouca força, que tem dois grandes objetivos
principais aquecer os diversos grupamentos musculares para que o
deslizamento dos filamentos contráteis seja mais fácil e menos susceptível a
distensões e aumentar gradativamente o metabolismo do corpo, de forma a
se evitar o esforço anaeróbio. O alongamento visa, fundamentalmente,
garantir que na execução de esforços intensos, os músculos estejam
devidamente preparados, evitando-se distensões e outros transtornos
musculares dolorosos.
Ginástica de distensionamento – está indicada em tarefas em que o corpo
fica em posição estática ou tensionada. É o caso do trabalho comum em
escritórios, com computadores, e também em linhas de montagem em que o
corpo deve ficar constantemente sob tensão para execução correta da
operação. Nesse caso, predominam os exercícios de alongamento. É também
32
indicada para gerentes e executivos, cuja atividade é tipicamente
acompanhada de alto nível de tensão. Em trabalhos em que o indivíduo
permanece muito tempo em postura sentada, é importante que sejam
realizados exercícios de alongamentos e mobilização dos membros
inferiores.
Ginástica compensatória – está indicada em situações de alta exigência em
postura forçada. Tal é o caso de mecânicos que costumam ter que ficar
apoiados sobre apenas um dos pés. Também é ocaso de operadores de ponte
rolantes que freqüentemente têm que curvar o tronco para visualizar o
campo de trabalho embaixo da cabine de comando. Os exercícios aqui
recomendados são aqueles que envolvem um padrão contrário ao exigido na
tarefa.
Ginástica de condicionamento muscular para a tarefa – embora saibamos
muito bem que o grande objetivo da Ergonomia é minimizar os esforços
físicos, estamos ainda muito distantes desse intento em todo o mundo e um
grande número de tarefas ainda dependem de esforços físicos importantes do
ser humano. Para essas situações, é indicado que haja uma análise do esforço
feito no trabalho, do uso de grupamentos musculares e, idealmente, deveria
haver na empresa um processo de treinamento físico dos trabalhadores para
garantir a eficácia muscular para esse tipo de exigência. (COUTO 2002, p. 2829)
Portanto, conclui o autor que é de suma importância haver a percepção de que os
exercícios de condicionamento físico e ginástica na empresa sejam moderados, adequados às
necessidades das tarefas e até mesmo características e necessidades individuais. Não se
justifica um formato geral para todas elas.
Segue o autor indicando como solução ergonômica a orientação ao trabalhador e
cobrança de atitudes corretas, por parte da gerência. Como exemplo o autor cita:
Pessoas sentadas de forma imprópria, pessoas fazendo esforços manuais
indevidamente quando existem recursos nos postos de trabalho para
utilização correta do corpo, pessoas usando ferramentas incorretas na
existência daquelas mais corretas, pessoas pegando recipientes pesados do
alto de prateleiras sem colocar uma escada adequada existente na área,
pessoas colocando monitor de vídeo de forma a exigir a adoção de posturas
torcidas no posto de trabalho, tudo isso se constitui em risco ergonômico
dependente do comportamento humano. Muitas vezes, a solução ergonômica
é uma postura adequada do trabalhador no seu posto de trabalho. Outras
vezes é o uso correto de um recurso ergonômico existente no posto de
trabalho. Ainda; outras vezes, está na orientação quanto à técnica correta
para se fazer um determinado esforço (COUTO 2002, p.29).
Nesse sentido, segundo o autor, é muito importante conscientizar a necessidade da
informação aos trabalhadores, passando para os mesmos o porquê de se fazer o esforço da
forma correta, considerando-se então as más práticas como não conformidade, portanto,
sujeitas às devidas medidas administrativas de correção e desempenho.
33
Conforme destacado anteriormente, um dos princípios e objetivos da Ergonomia é a
adaptação do trabalho ao homem, juntamente com a utilização de técnicas de seleção em
itens que não dependem da qualificação para o trabalho como idade sexo, compleição física,
altura. Estes devem ser segundo o autor, minimizados. Mas, com alguma freqüência, existem
situações em que não se consegue adaptar o trabalho à maioria das pessoas e, nesses casos,
torna-se necessário apelar para o princípio da adaptação do homem ao trabalho. Com base
nisso Couto (2002), estabelece que a seleção deva ser o último recurso a ser estabelecido,
somente depois de esgotadas todas as possibilidades acima colocadas. A seleção deve ser
mínima em qualquer organização.
Quando não se consegue a neutralização dos riscos ergonômicos com as medidas
colocadas devem se estabelecer pausas de recuperação.
Conforme Couto (2002), as pausas
devem ser estabelecidas de forma inteligente, somente quando houver, efetivamente, um
número alto de repetitividade e não existirem mecanismos que regulem o próprio trabalho.
Por exemplo, em linhas de montagem, durante alguns acertos de processos, por falta de
material, irregularidade de encomendas, e quando as atividades não são constantes; no
entanto, quando as atividades se tornarem constantes, as pausas poderão vir a ser necessárias.
Nos operadores de caixas de supermercados, em dias mais tranqüilos, costuma não ser
necessária a pausa, pois costuma haver intervalo de descanso suficiente entre um cliente e
outro; mas em fins de semana ou em épocas especiais de final de ano ou de início de mês, são
necessárias.
Finalmente, é importante destacar que uma solução ergonomicamente adequada deve
levar em consideração seis fatores: produtividade, incidência epidemiológica, fatores
biomecânicos, fisiológicos, psicofísicos e vaidade. Para entendermos melhor Couto (2002),
coloca:
A solução ergonômica nunca reduz a produtividade, em seu sentido maior
de relação entre faturamento e custo;
A solução ergonômica, para ser considerada adequada, deve reduzir as
queixas de dor, desconforto, fadiga e dificuldade na realização do trabalho;
Numa solução ergonomicamente correta, é possível demonstrar que o corpo
está trabalhando em posição biomecanicamente mais confortável;
A solução ergonômica gera menor cansaço na realização do trabalho;
Numa situação ergonomicamente correta, o trabalhador a aceita e a pratica;
E por fim, compatível com a atenção à complexidade do ser humano, tem-se
que considerar o fator vaidade é importante saber que, muitas vezes, pelo
fator vaidade, o indivíduo boicota uma solução que deveria ser a mais
correta. (Couto 2002, p. 30)
34
Nem sempre se consegue um acerto completo dessas seis áreas, mas a melhor
solução é aquela em que esses diversos aspectos são analisados e considerados.
Assim, podemos perceber que, caso esses passos não sejam seguidos, podemos ter
como conseqüência implicações diretas na qualidade de vida dos trabalhadores em relação às
doenças adquiridas em decorrências da prática laboral.
35
2.5
TRABALHOS DOS BIBLIOTECÁRIOS: RISCOS A PROFISSÃO
Para uma análise ergonômica que envolve as práticas laborais de um bibliotecário,
podemos relacionar, segundo Souza e Silva (2007), riscos ocupacionais tradicionais: os riscos
biológicos, causados por microorganismos, um dos fatores que contribuem para os riscos
ocupacionais, pois do mesmo modo que uma biblioteca ou unidade de informação sofre com a
agressão de agentes biológicos, o profissional bibliotecário está exposto também a esses
agressores. Principalmente o profissional responsável pela preservação e conservação destas
áreas de trabalho, ou seja, ao manusear os materiais ele pode entrar em contato com esses
agentes biológicos.
Além dos riscos biológicos existem os riscos químicos, ou seja, para eliminar os
agentes biológicos é necessária a utilização de produtos químicos que podem afetar a saúde
dos bibliotecários, pois os produtos de origem química são utilizados para exterminar fungos,
roedores e insetos do local ou área de trabalho, no caso, depósitos de bibliotecas, pinacotecas
etc., usados para preservação e conservação dos materiais e documentos.
Os riscos de origem física ou ergonômicos resultam da não oferta dos equipamentos
ou utensílios de segurança necessários para a proteção e prevenção na execução das atividades
laborais dos bibliotecários. Em muitos casos, também porque seus ambientes de trabalho não
estão adequados às necessidades humanas, conforme Souza e Silva (2007).
Além dos riscos ocupacionais tradicionais (ergonômicos, químicos e biológicos),
poderíamos incluir também outros fatores como os sociais, econômicos, tecnológicos e
organizacionais. Esses fatores influenciam na carga mental de trabalho dos bibliotecários,
que em suas atividades laborais vêem incluídas atividades relacionadas à tomadas de decisões,
interação homem computador, processos de comunicação, atendimento ao público,
organização temporal do trabalho, trabalho em grupo, trabalho cooperativo e em equipe, à
organização de operações em rede, ao tele-trabalho quando houver e, à gestão de qualidade.
36
2.6
PRINCIPAIS DOENÇAS OCUPACIONAIS RELACIONADAS ÀS ATIVIDADES
LABORAIS DOS BIBLIOTECÁRIOS
Segundo autores especialistas em atividades laborais, é muito comum o surgimento
de doenças ocupacionais em bibliotecários, principalmente relativas à coluna vertebral,
devido à postura no local de trabalho, peso dos livros, estantes muito altas e prateleiras muito
baixas.
Apresentaremos, a seguir, algumas doenças ocupacionais que podem atingir os
bibliotecários em suas atividades laborais entre as quais as Lesões por Esforço Repetitivo
(LER), os Distúrbios Osteomusculares Relacionados ao Trabalho (DORT), as doenças por
agentes biológicos e doenças psicológicas e estresse.
Segundo Browner (apud LIMA, 2007) as Lesões por Esforços Repetitivos (LER),
podem ser definidas como: Doenças músculo-tendinosas dos membros superiores, ombro e
pescoço, causadas pela sobrecarga de um grupo muscular particular, devido ao uso repetitivo
ou permanência de posturas contraídas, que resultam em dor, fadiga e decadência do
desempenho do profissional. Segundo Tersariolli et. al. (2005 apud LIMA, 2007), os
Distúrbios Osteomusculares Relacionados ao Trabalho (DORT), são conhecidos pela sua
grande diversidade causal. Contemplam quadros clínicos caracterizados pela ocorrência de
vários sintomas correlatos ou não, tais como dor, parestesia, sensação de peso e de fadiga.
Associações neuro-ortopédicas definidas como tenossinovites, sinovites e compressões de
nervos periféricos podem ser identificadas ou não, sendo comum a ocorrência de mais de uma
dessas associações neuro-ortopédicas e a coexistência com quadros mais inespecíficos como a
síndrome miofascial, processo doloroso localizado, onde se agrava todas as estruturas do
organismo até mesmo os tecidos e ao nível das células.
As doenças causadas por agentes biológicos no trabalho dos bibliotecários são as
oriundas do contato do homem com os microorganismos (uma forma de vida que não pode ser
vista sem auxílio de um microscópio). Estes agentes podem ser encontrados no ar, no solo, e
inclusive, no homem, assim essas exposições afetam a saúde desses trabalhadores na medida
em que esses microorganismos se proliferam de acordo com a estrutura do ambiente.
São agentes biológicos, que influenciam nas atividades laborais dos bibliotecários, as
bactérias, fungos e levedura. Dessa forma, esse tema tem uma atenção particular por serem os
bibliotecários uma população de trabalhadores exposta ocupacionalmente a riscos biológicos
decorrentes de climatização artificial, nos ambientes de acervo bibliográfico, depósitos,
espaços de conservação de obras de arte, documentos históricos e obras raras. Ao contrário da
37
biblioteca pesquisada, muitas vezes as bibliotecas estão instaladas em áreas adaptadas, em
subsolos de edifícios, salas para aula, com problemas crônicos de manutenção, contribuindo
para aumento dessas enfermidades.
De acordo com Strausz (2007), em relação a esses aspectos há uma situação de
aumento nos casos de doenças respiratórias leves e alergias respiratórias e de pele. Esse efeito
dermatológico é considerado específico para um contexto de contaminação fúngica.
Conforme Souza e Silva (2007),
as doenças relacionadas ao stress e à fadiga física e mental também são
apontadas por especialistas como as que mais afetam os trabalhadores apesar
da sub-notificação dos casos. É o que aponta uma pesquisa realizada em
2002 pelo Laboratório de Saúde do Trabalhador na Universidade de Brasília
(UNB), a partir de dados fornecidos pelo Instituto Nacional do Seguro
Social (INSS). O estudo mostrou que bibliotecários e profissionais de saúde
são os que mais se afastam por causa de doenças mentais. (SOUZA e
[...]
SILVA 2007, p. 132)
Como se observa uma gama muito grande de doenças ocupacionais a que os
bibliotecários estão sujeitos, esta pesquisa, conforme relatado no item metodologia, esta
pesquisa ater-se-á aos constrangimentos posturais que possam vir a ocasionar lesões músculoesqueléticas nos trabalhadores que constituem os sujeitos desta pesquisa.
38
2.7
PRINCÍPIOS ERGONÔMICOS DA BIOMECÂNICA
Segundo Iida (1993), a biomecânica ocupacional é a ciência que estuda as interações
entre o trabalho e o homem sob o ponto de vista dos movimentos músculo-esqueletais
envolvidos, e as suas conseqüências. Esta ciência enfoca principalmente as posturas do corpo
durante a realização de um trabalho, e como o ser humano usa sua força e realiza seus
movimentos.
Nesse item, observam-se quais os princípios que devem ser levados em conta para
analisar a qualidade de vida na atividade laboral dos bibliotecários, apesar de Couto elencar
vários princípios, escolheu-se o princípio da biomecânica ocupacional conforme Couto
(2002), o ser humano, em muitos aspectos, pode ser comparado a uma máquina, na medida
em que executa no seu dia-a-dia movimentos repetitivos que podem exigir mais esforços de
alguns componentes do corpo humano. Entre eles, os músculos, ossos, tendões e ligamentos
que são os componentes que fazem essa máquina se movimentar. Grande parte das
descobertas da ergonomia aplicada à atividade laboral advém da observação do
funcionamento mecânico da máquina humana. Podemos exemplificar com a implementação
da linha de montagem cronometrada do engenheiro Taylor na produção de automóveis no
inicio do século 20.
De acordo com Couto (2002), a biomecânica humana caracteriza-se por
instintivamente o ser humano acreditar que tem possibilidades físicas de suportar e exercer
grande força física no trabalho mecânico, mas de acordo com estudo do mesmo autor, o ser
humano tem pouca capacidade de desenvolver força física no trabalho. O sistema
osteomuscular do ser humano o habilita a desenvolver movimentos de grande velocidade e de
grande amplitude, porém contra pequenas resistências. Essa característica é uma decorrência
direta do tipo de alavanca predominante no sistema osteomuscular. No corpo humano existem
três tipos de alavancas: uma alavanca de 1º grau (denominada pelo autor de interfixa), em
especial no pescoço e na coluna vertebral. A alavanca de 2º grau (também denominada interresistente), que capacita ao esforço físico, praticamente não existe no corpo humano. O maior
número de alavancas presente no corpo humano são as interpotentes, nas quais a amplitude do
movimento e a velocidade do mesmo são muito grandes. Porém nestas alavancas o esforço
físico que se pode fazer é muito pequeno.
O autor também afirma que o ser humano ao se movimentar, está condicionado a
fazer contrações musculares dinâmicas, em função da força necessária para o deslocamento
do esforço exigido pelos músculos do corpo humano. Já nas contrações musculares estáticas o
39
ser humano é mal condicionado, isso leva ao aparecimento de dores musculares intensas e
cansaço precoce. Devido ao acúmulo de ácido lático e outros metabólicos. Para minimizar o
cansaço e as dores causados pelas contrações musculares estáticas é necessário o relaxamento
do músculo, e de acordo com Grandjean (1998), o músculo que faz uma grande parte de
trabalho estático não recebe açúcar nem oxigênio do sangue, e se vale de suas próprias
reservas.
Nesse mesmo sentido, Grandjean (1998), afirma que ao abordar os esforços físicos
musculares, o trabalho muscular estático é o trabalho postural. Por exemplo, segurar um peso
parado com o braço estendido. O trabalho dinâmico é aquele que exige movimento dos
músculos, por exemplo, girar uma roda com as mãos, e tem por característica um ritmo de
contração extensa. Por isso, há um tensionamento e relaxamento da musculatura em trabalho.
Nas atividades dinâmicas com o encurtamento dos músculos e a força pode ser
desenvolvida de acordo com a altura que o peso é levantado. No trabalho estático ocorre o
oposto: é um estado prolongando da musculatura, não há alongamento do músculo no total e
fica em alta tensão, produzindo força durante o tempo da atividade.
Independente das movimentações do corpo humano serem dinâmicas ou estáticas os
músculos tem propriedades específicas que serão apresentadas abaixo conforme Couto:
Força - é a potência máxima que pode ser exercida numa única contração
voluntária. Resistência - que é a capacidade de persistir; e é definida e
medida como a capacidade de repetir as contrações além da máxima ou o
tempo de sustentação do esforço máximo. Flexibilidade - é a amplitude de
movimentos através da qual os membros são capazes de mover-se. Depende
não só do músculo, mas também das cápsulas articulares, dos ligamentos e
até mesmo das articulações. Velocidade - que inclui o tempo de reação e o
tempo de movimento. Potência - é a combinação de força e velocidade (é a
distância percorrida pelo músculo em determinada carga em determinado
tempo). Agilidade - é a capacidade de mudar de direção e posição
rapidamente, com precisão e sem perda de equilíbrio. Equilíbrio - é a
capacidade de manter o posicionamento correto do corpo durante
movimentos vigorosos. Depende não só do músculo, mas também da
capacidade de integrar os estímulos visuais com a informação dos órgãos do
equilíbrio existentes nos canais semicirculares e também depende dessa
integração com receptores do próprio músculo.
Coordenação - é a relação harmoniosa entre os movimentos repetitivos e a
alta velocidade que é fundamental em tarefas automatizadas. (COUTO,
2002, p.31-32)
Pretende-se a partir do estudo dessas propriedades específicas, identificá-las nas
atividades laborais dos bibliotecários, pra que sirvam de aporte teórico à análise realizada
nesta pesquisa.
40
Para poder haver melhor aproveitamento racional do ser humano no trabalho, Couto
propõe essas medidas: nunca fazer um esforço excessivo de uma só vez. Procurar, fazer o
esforço adaptando-se pouco a pouco a tarefa exigida, ou seja, criar pausas para interromper os
movimentos excessivos e relaxar os músculos e deixar os músculos se adaptarem ao esforço
dando-lhe um prazo mais longo. No início da jornada de trabalho praticar a ginástica de
alongamento e distencionamento, dando ênfase para aqueles movimentos que serão mais
exigidos durante a atividade.
Couto (2002) recomenda também usar em um esforço físico isolado o máximo de
50% de sua força limite. Acima desse valor, aumenta a incidência de distúrbios e lesões.
Portanto, a utilização da capacidade de força próxima de 100%, e acima de 100%, indica que
a incidência de lesões é muito alta.
Quanto mais freqüente é o esforço, menor é a porcentagem da força máxima que
pode ser usada. Para esforços dinâmicos, e esforços repetidos freqüentemente, o valor seguro
é de 1/3 da força máxima do grupamento muscular. No entanto, quando se trata de esforços
estáticos, esforços de 15% da força máxima podem ser problemáticos se forem de longa
duração. Segundo estudos de Grandjean (1998), durante o trabalho muscular estático a
irrigação sanguínea é reduzida de acordo com a maior força de produção.
Se a força apresenta 60% da força total, a irrigação sangüínea fica quase que
totalmente interrompida. Em esforços menores, uma pequena circulação é
possível, devido ao estado menos contraído do músculo. No uso de 15% a
20% da força máxima, a circulação sanguínea da musculatura trabalhando
estaticamente será praticamente normal. (GRANDJEAN 1998, p.20-21)
Os principais estudos sobre ergonomia apontam que a melhor postura para trabalhar
é aquela em que o corpo alterna as posições: sentado, de pé, e andando. As características de
uma delas serão apresentadas posteriormente no item posturas do corpo humano no trabalho.
2.7.1
Biomecânica Ocupacional e a Sobrecarga do Trabalho nas Atividades do Bibliotecário
Estudos apontam para a necessidade de se avaliar o excesso de sobrecarga no
aumento de doenças ocupacionais. Segundo Iida (1993), existem dois tipos de situações em
que o trabalhador exerce o levantamento de peso: o primeiro diz respeito ao levantamento
temporário de cargas que está relacionado com a capacidade para levantar a carga, e o
segundo, está relacionado ao trabalho repetitivo de levantamento de cargas influenciado pelo
41
tempo de duração do trabalho de acordo da capacidade energética do trabalhador e a fadiga
física.
Já Couto (2002), afirma que todas as situações em que o trabalhador tenha que
exercer grande esforço físico, mesmo naqueles indivíduos dotados de maior capacidade de
força muscular, trarão conseqüências inadequadas e anti-ergonômicas, pois afetarão a saúde
do trabalhador. As conseqüências são distensões músculo-ligamentares, compressão de
estruturas nervosas e desinserção da extremidade de fixação do tendão no osso.
Conforme Grandjean (1998), o deslocamento e o levantamento de cargas durante as
atividades laborais, tem que ser considerado como trabalho pesado, pois a carga das costas é
sobrecarregada freqüentemente, contribuindo para que surjam patologias futuras, como a
hérnia de disco, onde o problema é o desgaste e degeneração dos discos intervertebrais.
Ainda para Couto (2002), todas as situações de esforço estático no trabalho, como
por exemplo: - corpo fora do eixo vertical;
- sustentação de cargas com os membros
superiores evitando seu deslocamento; - postura de pé, parado, durante grande parte da
jornada de trabalho;
-postura de pé, apoiado sobre um dos pés, trabalhos feitos com os
braços acima do nível dos ombros; - movimentação, manuseio e levantamento de cargas
pesadas; - pequenas contrações musculares estáticas, como as que geralmente ocorrem ao se
trabalhar com computador; - braços suspensos; - antebraços suspensos; - uso da mão como
morsa, contribuem para aumentar o índice de doenças laborais entre os trabalhadores.
De acordo com Couto (1998), as situações desfavoráveis, em que, fazer uma
contração muscular ou esforço físico usando as articulações como alavancas, devem-se ter
cuidados com a distância da potência (articulações e/ou membros superiores), ao ponto de
apoio (corpo), quando a distância está muito pequena há uma sobrecarga muito grande; e a
distância da resistência for grande do ponto de apoio (corpo), também há uma sobrecarga
muito grande. Por exemplo, levantar peso distante do corpo; a contração muscular ou esforço
é feito pelos músculos mais próximos do apoio (corpo), que são os músculos das costas, e o
peso distante faz uma sobrecarga maior que o valor do mesmo.
Conforme Iida (1993) deve-se evitar levantar peso distante do corpo, que tendem a
realizar momento, ou seja, um deslocamento da força no ponto de apoio (corpo), fazendo com
isso uma sobrecarga nos músculos do dorso e costas para manter-se ereto na posição vertical.
Durante a ação de controle, quando é necessário fazer um esforço lento,
normalmente existe uma tendência no ser humano de fazê-lo de forma mais rápida, na
intenção de se livrar logo do peso , quando na verdade o recomendável seria fazê-lo de forma
42
mais lenta, de acordo com Couto (2002), isso é importante para não ocasionar uma situação
de desagregação muscular.
É necessário também um aquecimento ou ginástica de condicionamento, antes de
qualquer atividade que exija uma sobrecarga dos músculos. Segundo Iida (1993), é
aconselhável um pré- aquecimento de dois a três minutos ou iniciar com menos intensidade
contribuindo para adaptação do organismo.
Deve-se levar em conta, também, os trabalhadores recentemente contratados, pois
diante de tarefas que necessitam de esforços que ele não estava habituado a fazer também
segundo Couto (2002), é necessário um devido tempo de adequação de seus músculos e
ligamentos, para que não venha a sofrer doenças ocupacionais
Outro aspecto relevante é aquele relacionado às atividades que envolvem
movimentos repetitivos dos trabalhadores: quando não existe um preparo prévio para a
execução do trabalho, Iida (1993) aponta para a observância da precisão dos movimentos em
relação ao punho cotovelo e ombros, pois se os envolvermos sucessivamente na realização
dos movimentos, aumentará a necessidade do uso de força em detrimento da precisão.
Podemos observar isso em operações altamente repetitivas como é o caso da atividade laboral
dos bibliotecários.
De acordo com estudos de especialistas em biomecânica ocupacional chegou-se a
conclusão que as tarefas que exigem do trabalhador ficar de pé por muito tempo, ficar sentado
durante longa jornada de trabalho ou qualquer posição forçada com duração longa exigem
uma necessidade de mudança para aliviar a sobrecarga muscular. Por isso, é necessária uma
preocupação com hábitos de posturas corretas nos locais de trabalhos e as bibliotecas
universitárias não fogem dessas regras.
2.7.2
Posturas do Corpo Humano no Trabalho
De maneira geral existem três formas de postura no corpo humano; a deitada,
sentada e de pé. Quando o corpo permanece na posição deitada, segundo Iida (1993), não há
concentração de tensão em nenhuma parte do corpo, porque o organismo muscular não está
sendo exigido, ou seja, o consumo energético assume o valor mínimo, o funcionamento
metabólico é direcionado apenas as funções básicas. Esta é a posição mais favorável para a
recuperação da fadiga. Na posição sentada, o organismo exige um esforço muscular do dorso
e do ventre para manter a posição. Segundo Grandjean (1998), existem vantagens e
desvantagens nas atividades laborais que exigem uma posição sentada as vantagens são:
43
“alívio das pernas, possibilidade de evitar posições forçadas do corpo, consumo de energia
reduzido e alívio da circulação sanguínea.” (GRANDJEAN, 1998, p. 62). Já as desvantagens,
segundo a autora são: flacidez dos músculos da barriga, desenvolvimento da cifose, que são
doenças ligadas ao desvio da coluna, em função do sentar-se inclinado, contribuindo também
para afetar os órgãos internos, ligados a digestão e respiração, pois pressiona o diafragma.
De acordo com Grandjean (1998), nas posturas sentadas, vários problemas de coluna
e musculatura das costas são ocasionados devido ao excesso de peso nos músculos, pois em
várias posições sentadas indevidamente, essas musculaturas não são aliviadas, pois são mais
exigidas. Segundo a autora, os discos intervertebrais podem ser comparados a um
amortecedor, pois serviriam para absorver os impactos que ocorrem entre os ossos das
vértebras, coordenando os movimentos. Os discos intervertebrais contêm internamente um
líquido viscoso e um anel de fibra interno resistente que envolve o disco. Quando algum disco
intervertebral perde a rigidez, pode haver um achatamento e com isso perder o líquido viscoso
interno, fazendo com que os movimentos da coluna vertebral não funcionem bem, ocorrendo
“[...] distensões e compressões de tecidos e nervos, que causam doenças ciáticas e lumbago,
ou até paralisia nas pernas”. (GRANDJEAN, 1998, p. 62).
Em relação à postura de pé Iida (1993), afirma que é a uma posição extremamente
fatigante porque mantém a musculatura ereta exigindo muito trabalho estático, assim o
coração bombeia sangue para os extremos do corpo com maior dificuldade, isso pode
provocar dores nos pés e pernas (varizes).
Há ainda uma preocupação em relação a postura inadequada quando o trabalho exige
uma alternância entre sentado e de pé. Nesse sentido segundo Grandjean (1998), os músculos
exigidos para as posturas de pé e sentada não são as mesmas, assim um trabalho que busque
uma alternância de postura vai colaborar para o alívio de certos músculos, pois não força um
grupo de músculos específicos colaborando para eliminação da fadiga e a proteção dos discos
intervertebrais.
Iida (1993) elenca a partir do estudo das posturas inadequadas do corpo pela
utilização inadequada dos instrumentos de trabalho, relacionando as principais conseqüências
e as dores ocasionadas por elas no quadro abaixo.
44
Em pé: ....................................................................dores nos pés e pernas (varizes)
Sentado sem encosto:................................ dores nos músculos extensores do dorso
Assento muito alto: ......constrangimento da parte inferior das pernas, joelhos e pés
Assento muito baixo: ........................................................afetam o dorso e pescoço
Braços esticados:........................................... ocasionam dores em ombros e braços
Pegas inadequadas em ferramentas:....................... constrangimento aos antebraços
Quadro 1- Localização das Dores no Corpo, Provocadas Por Posturas Inadequadas
Fonte: Iida (1993, p.85)
2.7.3
Os Distúrbios Ocasionados pelo Uso de Computadores
Com o avanço da tecnologia mudaram os instrumentos de trabalho, assim também
aconteceu com as bibliotecas universitárias, que passou do uso da máquina de escrever para o
computador, porém, essa transformação não eliminou as questões relacionadas a saúde dos
trabalhadores em relação a postura e doenças ocupacionais.
Conforme Couto (2002), o uso intensivo do computador, exigido por uma sociedade
cada vez mais dinâmica e integrada globalmente, é uma realidade dos últimos anos no mundo
do trabalho mantendo-se, os diversos problemas de natureza ergonômica como: tendinites,
tenossinovites, distúrbios osteomusculares diversos, fadiga visual, desconforto devido aos
reflexos.
Em um primeiro momento, os problemas com a utilização do computador estavam
relacionados à freqüência de digitação, ou seja, movimentos repetitivos, sendo diagnosticados
entre os digitadores. Atualmente, esses problemas entre digitadores são bem menos freqüentes
porque surgiram novas doenças relacionadas ao uso do computador, e uma maior ocorrência
de novos distúrbios existe, entre aqueles que fazem uso regular do computador no trabalho,
pois aumentou a necessidade de utilização do computador para todo tipo de atividade laboral,
conseqüentemente surgiram outras doenças relacionadas às posturas, distúrbios músculosesqueléticos, transtornos da visão, fadiga. Como vimos anteriormente, a revolução tecnológica
e a introdução de sistemas de informação, tiveram muita influência nas atividades laborais dos
bibliotecários, pois muitos processos foram mudados e em decorrência dessas transformações,
houve mudanças nas estruturas do ambiente de trabalho. Essas mudanças fizeram com que os
bibliotecários passassem a sofrer riscos de saúde que antes não sofriam, ou seja, doenças
relacionadas a biomecânica ocupacional podem ter aumentado. Conforme apresentamos, os
estudos de biomecânica ocupacional, a história da biblioteconomia e a evolução tecnológica
45
nas bibliotecas, indicam a necessidade de um enfoque maior em relação ao contexto da
ergonomia no ambiente laboral dos bibliotecários.
Passaremos a apresentar, a partir do próximo capítulo, os dados estratificados de
acordo com o questionário aplicado aos bibliotecários do campo desta pesquisa, analisando-os
quantitativamente, para, a seguir, realizar uma análise qualitativa dos dizeres dos sujeitos da
pesquisa. Estes dados serão também corroborados pelas informações do Instituto Municipal
de Seguridade Social do Servidor de Blumenau (ISSBLU), para posterior análise e
comparação com a realidade da biblioteca universitária pesquisada nesse trabalho, através da
amostra coletada.
46
3
ANÁLISE DE DADOS
Assim, passaremos a apresentar os dados quantitativos da pesquisa, estratificados em
quadros e gráficos referentes aos questionários realizados entre os bibliotecários. Participaram
dessa pesquisa 13 bibliotecários em 27 e 28 de maio de 2009.
Você Sente Algum Desconforto?
Sim
Não
Total
7
6
13
53,84%
46,16%
100%
Quadro 2- Número de Bibliotecários que Sentem Desconforto- Biblioteca
Universitária da FURB.
Fonte : Questionário Aplicado nos Bibliotecários da Biblioteca Universitária da FURB.
Você Sente Algum Desconforto?
Você Sente Algum Desconforto
Sim
53,84%
Sim
Não
Não
46,16%
Total
Total 100%
0%
20%
40%
60%
80%
100%
120%
Gráfico 2- Você Sente Algum Desconforto?
Fonte: Questionário Aplicado nos Bibliotecários da Biblioteca Universitária da FURB.
Dos Bibliotecários que Sentem Desconforto e em que Parte do Corpo Sentem o
Desconforto.
Se Sim
Onde
Punho Pescoço
Sentem
Desconforto
Partes
2
4
do
Corpo
Total
7
7
de
Bibliotecários
Braço
Ombro
1
3
0
7
7
7
Mão
Coluna
Outros
Lombar
1
0
4
2
7
7
7
7
Cotovelo Antebraço
Quadro 3- Dos Bibliotecários que Sentem Desconforto e em que Parte do Corpo
Sentem o Desconforto.
Fonte: Questionário Aplicado nos Bibliotecários da Biblioteca Universitária da FURB.
47
Dos Bibliotecários que Sentem Desconforto e em que Parte do Corpo Sentem o
Desconforto.
Se Sim Aonde Sente
Desconforto
7
Outros/ Lombar e tendinite Braço
2
7
Coluna
4
7
Mão
0
7
Antebraço/pte inferior
1
7
Cotovelo
0
T otal
'
Partes
7
Ombro
3
7
Braço/Superior
1
7
Pescoço
4
7
Punho
2
0
1
2
3
4
5
6
7
8
Fonte : o Autor
Gráfico 3- Dos Bibliotecários que Sentem Desconforto e em que Parte do Corpo
Sentem o Desconforto.
Fonte: Questionário Aplicado nos Bibliotecários da Biblioteca Universitária da FURB.
Referência de Desconforto com o Trabalho.
Relacionado ao Trabalho
Sim
5
Relacionado ao Trabalho
Não
2
Sentem
Total
7
Quadro 4- Referência de Desconforto com o Trabalho
Fonte: Questionário Aplicado nos Bibliotecários da Biblioteca Universitária da FURB
48
Referência de Desconforto com o Trabalho
7
Sentem Total
Relacionado ao
Trabalho Não
2
5
Relacionado ao
Trabalho Sim
0
5
Gráfico 4- Referência de Desconforto com o Trabalho.
Fonte: Questionário Aplicado nos Bibliotecários da Biblioteca Universitária da FURB
Quanto Tempo Relacionado ao Trabalho Gerou o Desconforto?
1 ano
Há QuantoTempo?
mais de 1 ano
em branco
2
2
1
Quadro 5-Quanto Tempo Relacionado ao Trabalho Gerou o Desconforto?
Fonte: Questionário Aplicado nos Bibliotecários da Biblioteca Universitária da FURB
49
Quanto Tempo Relacionado ao Trabalho Gerou o Desconforto?
Tempo de Desconforto
Há
QuantoTempo?
em branco
1
2
2
2
2
Há
QuantoTempo?
mais de 1 ano
Há
QuantoTempo?
1 ano
0
1
2
Gráfico 5-Quanto Tempo Relacionado ao Trabalho Gerou o Desconforto?
Fonte: Questionário Aplicado nos Bibliotecários da Biblioteca Universitária da FURB
Qual o Desconforto?
Qual o
Desconforto?
Bibliotecários
Total
cansaço
Choques
Estalos
Dolorimento
Dor
1
0
0
1
4
Formigamento/a
dormecimento
3
5
5
5
5
5
5
Quadro 6- Qual o Desconforto?
Fonte: Questionário Aplicado nos Bibliotecários da Biblioteca Universitária da FURB
0
Perda da
Força
2
5
5
Peso
50
Qual o Desconforto?
Qual o Desconforto
5
Perda da Força
2
5
Peso
0
5
Formigamento/adormecimento
3
5
Dor
4
T otal
5
,
Bibliotecários
Dolorimento
1
5
Estalos
0
5
Choques
0
5
cansaço
1
0
1
2
3
4
5
6
Gráfico 6- Qual o Desconforto?
Fonte: Questionário Aplicado nos Bibliotecários da Biblioteca Universitária da FURB
Como você Classifica o Que Sente?
Como Você Classifica o que Sente?
Intensidade
Número de Bibliotecários
Total
Muito forte/forte
Moderado
Leve/muito leve
1
3
1
5
5
5
Quadro 7- Como você classifica o que Sente?
Fonte: Questionário Aplicado nos Bibliotecários da Biblioteca Universitária da FURB
51
Como Você Classifica o que Sente?
Como Você Classifica o que Sente?
5
Leve/muito
leve
1
5
Total
Moderado
Número de
Bibliotecários
3
5
Muito
forte/forte
1
0
2
4
6
Gráfico 7- Como Você Classifica o que Sente?
Fonte: Questionário Aplicado nos Bibliotecários da Biblioteca Universitária da FURB
O que Você Sente Aumenta com o Trabalho?
Intensidade
números de
bibliotecários
Total
O que você Sente Aumenta com
o Trabalho ?
durante a jornada
durante as horas extras
normal
5
0
à noite
não
0
0
5
Quadro 8- O que Você Sente Aumenta com o Trabalho?
Fonte: Questionário Aplicado nos Bibliotecários da Biblioteca Universitária da FURB
52
O que você Sente Aumenta com o Trabalho?
O que Você Sente Aumenta com o
Trabalho?
não
0
à noite
Total
0
números de
bibliotecários
durante
as horas
extras
0
durante
5
jornada
normal
5
0
2
4
6
Gráfico 8- O que Você Sente Aumenta com o Trabalho?
Fonte: Questionário Aplicado nos Bibliotecários da Biblioteca Universitária da FURB
O que Você Sente Melhora com o Repouso?
Intensidade
à noite
número de
bibliotecários
2
Total
O que Você Sente Melhora com Repouso?
nos fins de
revezamento em
semana
tarefas
0
2
férias
não melhora
0
2
5
Quadro 9- O que Você Sente Melhora com o Repouso?
Fonte: Questionário Aplicado nos Bibliotecários da Biblioteca Universitária da FURB
53
O que Você Sente Melhora Com o Repouso?
O Que Você Sente Melhora com
o Repouso?
não melhora
2
0
férias
Total
em tarefas
2
número de
bibliotecários
revezamento
nos fins de
semana
0
5
à noite
2
6
2
4
Gráfico 9- O que Você Sente Melhora Com o Repouso?
Fonte: Questionário Aplicado nos Bibliotecários da Biblioteca Universitária da FURB
Tem Tomado Remédio ou Colocado Emplastos para Trabalhar?
Sim
Tem tomado Remédio ou colocado
Emplastos para Trabalhar?
Não
Ás
vezes
Total
1
4
0
5
Quadro 10- Tem Tomado Remédio ou Colocado Emplastos para Trabalhar?
Fonte: Questionário Aplicado nos Bibliotecários da Biblioteca Universitária da FURB
54
Tem Tomado Remédio ou Colocado Emplastos para Trabalhar?
Tem Tomado Remédio ou
Colocado Emplastos para
Trabalhar?
5 Total
0
ás vezes
4
Não
1
0
Sim
2
4
6
Gráfico 10- Tem Tomado Remédio ou Colocado Emplastos para Trabalhar?
Fonte: Questionário Aplicado nos Bibliotecários da Biblioteca Universitária da FURB
Quantos dos bibliotecários que respondeu o questionário já fez tratamento médico
alguma vez por distúrbio ou lesão dos membros superiores ou coluna?
Já fez Tratamento Médico Alguma vez
por Distúrbio ou Lesão dos Membros
Superiores ou Coluna?
Bibliotecários
Bibliotecários
Bibliotecários
Sim
Não
Total
5
8
13
Quadro 11- Já fez Tratamento Médico Alguma Vez por Distúrbio ou Lesão dos
Membros superiores ou Coluna?
Fonte: Questionário Aplicado nos Bibliotecários da Biblioteca Universitária da FURB
55
Já fez Tratamento Médico Alguma Vez por Distúrbio ou Lesão dos Membros Superiores ou
Coluna?
Ja fez Tratamento Médico Alguma Vez
Por Distúrbios ou Lesão dos Membros
Superiores ou Coluna?
13
Total
8
Não
Sim
5
0
5
10
Gráfico 11- Já fez Tratamento Médico Alguma Vez por Distúrbio ou Lesão dos
Membros Superiores ou Coluna?
Fonte: Questionário Aplicado nos Bibliotecários da Biblioteca Universitária da FURB
Diante
dos
dados
estratificados
quantitativamente
apresentados,
conclui-se
preliminarmente que existe um quadro de desconforto e/ou dor e que estes sintomas estão
relacionados ao trabalho.
Após a exposição dos resultados quantitativos da pesquisa, passa-se a realizar a
abordagem qualitativa da análise dos dados colhidos. A estratégia utilizada para a realização
dessa etapa é a análise de conteúdo, onde se busca por repetitividades e expressões não
comuns nos dizeres dos sujeitos da pesquisa.
Percentualmente, 54% dos sujeitos manifestaram a necessidade de adequação do
mobiliário, para maior conforto, redução dos riscos ergonômicos, bem como a redução dos
sintomas apontados nos resultados quantitativos. Isso se manifesta em expressões como
“mobiliário inadequado” (sujeito 01, questão 10); “as cadeiras são altas para o meu
tamanho” (sujeito 03, questão 10); “na digitação os móveis não são adequados” (sujeito
05, questão 10); “acho que os móveis ajudam a piorar os problemas de dores musculares
e afins, pois ergonomicamente não condizem com o tipo de trabalho” ( sujeito 07, questão
10).
56
Estes dizeres conduzem a concluir preliminarmente que o mobiliário utilizado na
biblioteca universitária da FURB não atende aos requisitos ergonômicos, o que provoca
constrangimentos biomecânicos.
Na seqüência a questão 11 do questionário pede por sugestões para melhorar ao posto
de trabalho. Nesse item, aparecem dizeres diretamente relacionados com a questão do
mobiliário. O sujeito 01 refere “móveis ergonomicamente adequados”; “urgentemente
móveis adequados” (sujeito 05), “melhorar/adequar móveis” (sujeito 06), “móveis,
luminosidade de acordo com a função” (sujeito 07).
Conclui-se diante dos dados obtidos com a questão 11, que as sugestões giram em
torno da necessidade de mobiliário ergonomicamente adequado. Referências às condições
adequadas de luminosidade, necessidade de rodízio e outros foram insignificantes.
Complementando os dados até agora estratificados, apresentam-se a seguir os dados
corroborados pelo Instituto Municipal de Seguridade Social do Servidor de Blumenau
(ISSBLU), que vêm demonstrar o número de afastamentos dos bibliotecários da biblioteca
universitária da FURB e dos bibliotecários da Prefeitura Municipal de Blumenau, que
desempenham a mesma função.
Na biblioteca pesquisada houve, no período de janeiro de 2005 à 25 de junho de
2009, 20 afastamentos com CID (Classificação Internacional de Doenças), de até 15 dias, e 32
afastamentos sem CID, até 5 dias no qual o Instituto não exige o CID, num total de 52
afastamentos.
Já nas bibliotecas municipais de ensino os bibliotecários sofreram, no mesmo
período, 8 afastamentos com CID, de até 15 dias, e 21 afastamentos sem CID, de até 5 dias no
qual o Instituto não exige o CID, num total de 29 afastamentos.
57
4
CONCLUSÕES E RECOMENDAÇÕES FINAIS
Os estudos realizados levam a concluir que os conceitos de Ergonomia relacionados
à biomecânica não são observados em sua totalidade nas atividades laborais dos
bibliotecários, na biblioteca universitária da FURB. O capitulo teórico permitiu conhecer com
maior profundidade os conceitos relacionados à Biblioteconomia, às atribuições relativas a
esta função, bem como definir o que é ergonomia e identificar os princípios relacionados à
biomecânica que são aplicáveis às atribuições do bibliotecário.
A análise dos dados levou a concluir que existem constrangimentos posturais na
atividade laboral dos bibliotecários da biblioteca universitária da FURB, e que esta situação
gera desconforto e dor em parcela significativa dos sujeitos da pesquisa.
A relação do desconforto e/ou dor com a atividade laboral fica evidente na relação
direta que os sujeitos estabelecem entre os sintomas e a inadequação ergonômica do
mobiliário que utilizam em seu posto de trabalho.
Recomenda-se novos estudos, verifica-se a necessidade da realização de análise
ergonômica do trabalho que se possam apresentar soluções práticas para os problemas
constatados nesta pesquisa, bem como considerar os fatores psico-sociais decorrentes da
situação observada, como por exemplo, condições de stress decorrentes do desconforto e/ou
dor, e como conseqüência a necessidade de afastamentos.
58
REFERÊNCIAS
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informação: o espaço de trabalho. Brasília: Thesaurus, 2004. 241p. (Estudos avançados em
ciência da informação, v.3)
BAUER, Martin W. GASKELL, George. Pesquisa qualitativa com texto, imagem e som:
um manual prático. Rio de Janeiro: Vozes, 2002. 517p.
BRASIL. Ministério do Trabalho e Emprego. Classificação brasileira de ocupações. Brasília.
Disponível em: <http://www.mtecbo.gov.br > Acesso 18 nov. 2008. 9:08 hs.
COUTO, Hudson de Araújo. Como implantar ergonomia na empresa: a prática dos
comitês de ergonomia. 2.ed. Belo Horizonte: Ergo, 2002. 336p.
CUNHA, Murilo Bastos da. Construindo o futuro: a biblioteca universitária brasileira em
2010. Ciência e Informação, Brasília, v. 29, n. 1, p. 71-89, jan./abr. 2000.
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<http://bibliosite.vilabol.uol.com.br/biblioteconomia2.html> Acesso 06 fev. 2009. 15:05 hs
IIDA, Itiro. Ergonomia: projeto e produção. 2. ed. São Paulo: Edgard Blücher, 1993. 465p.
GRANDJEAN, Etienne. Manual de ergonomia: adaptando o trabalho ao homem. 4. ed. Porto
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da informação. 2007. 56p. Monografia (Especialização em Gestão de Recursos Humanos).
Universidade Candido Mendes, Niterói, 2007. Disponível em
<http://www.ndc.uff.br/textos/nahara_qualidade.pdf > Acesso em 05 mar. 2009.
SOUTO, Leonardo Fernandes; FERREIRA, Danielle Thiago. O profissional da informação
em tempo de mudanças. São Paulo: Alínea, 2005. 102p.
STRAUSZ, Maria Cristina. MACHADO, Jorge Mesquita Huert. BRICKUS Leila de Souza
Rocha. Análise de um acidente por contaminação fúngica em uma biblioteca pública do Rio
de Janeiro. Revista Brasileira de Saúde Ocupacional, São Paulo, v.32, n. 115, p. 69-78,
2007.
SOUZA, Francisco das Chagas de; SILVA, Paula Sanhudo da. O trabalho do bibliotecário e
os riscos potenciais a sua saúde integral: considerações em torno do campo da ergonomia. Em
Questão, Porto Alegre, v. 13, p.127-146, jan./jun. 2007.
Disponível em: <http://www.seer.ufrgs.br/index.php/EmQuestao/article/viewFile/34/1088>.
Acesso 07 jun. 2009.
UNIVERSIDADE REGIONAL DE BLUMENAU. Relatório de atividades: exercício 2007.
Blumenau: Furb, 2007. 54p. Disponível em:
<http://www.bc.furb.br/mambo/biblioteca/relatorios/rel2007.pdf>. Acesso 04 fev. 2009. 14:31
hs.
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Anexo 1
CENSO DE ERGONOMIA
Função: ___________________
1- Você sente atualmente algum desconforto nos membros superiores ou coluna relacionado
ao trabalho?
Pescoço
Ombro
Braço (parte superior)
Cotovelo
Antebraço (parte inferior do braço)
Punho
Mão
Coluna
Outros
Não sinto – nesse caso, vá direto à questão 9.
2- O que você sente e que referiu na questão anterior está relacionado ao trabalho no setor
atual?
Sim
Não
3- Há quanto tempo? ______
4- Qual é o desconforto?
Cansaço
Choques
Estalos
Dolorimento
Dor
Formigamento ou adormecimento
Peso
Perda da força
5- O que você sente, você classifica como
Muito forte/forte
Moderado
Leve/muito leve
6- O que você sente aumenta com o trabalho?
Durante a jornada normal
Durante as horas extras
À noite
Não
60
7- O que você sente melhora com o repouso?
À noite
Nos finais de semana
Durante o revezamento em outras tarefas
Férias
Não melhora
8- Tem tomado remédio ou colocado emplastros ou compressas para poder trabalhar?
Sim
Não
Às vezes
9- Já fez tratamento médico alguma vez por algum distúrbio ou lesão em membros superiores
ou coluna?
Sim
Não
10- Quais são as situações de trabalho ou postos de trabalho, tarefas ou atividades que, em sua
opinião, contém dificuldade importante ou desconforto importante; ou causam fadiga ou
mesmo dor?
____________________________________________________________________
____________________________________________________________________
____________________________________________________________________
11- Qual é a sua sugestão para melhorar o problema desse posto de trabalho ou dessa
atividade ou tarefa?
____________________________________________________________________
____________________________________________________________________
____________________________________________________________________
____________________________________________________________________
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