Uma trajetória no jornalismo
Jorge Seadi Júnior
Texto do jornalista escrito como
personagem da própria história
Ter trabalhado como repórter, chefe de redação, apresentador de programa de
rádio foram funções que, Jorge garante, são hoje fundamentais para entender
as necessidades que a função atual exige. O ritmo não é mais tão frenético, é
verdade, mas se tem algo que destaca é ter a oportunidade de trabalhar com
todas as áreas da Comunicação e começar a entender “um pouco de tudo”, já
que o Sebrae atende ao micro e ao pequeno empresário nas áreas de Comércio,
Indústria, Agronegócio e Serviços. “Apesar de ser bem diferente de veículo, a
experiência está sendo ótima. Gosto do que faço e ainda mais de não ter rotina.”
Atuar em Jornalismo sempre foi uma vontade, desde que via o avô escutando
radionovela, uma lembrança marcante de infância. Além disso, teve o privilégio
de ter acesso a jornais diariamente, o que facilitou o encantamento pela futura
profissão. A certeza de seguir neste caminho, porém, demorou para chegar: o
primeiro vestibular foi prestado para Engenharia e o segundo para Direito. O
motivo? Nem ele sabe dizer. “Até hoje tento entender por que fiz isso”, brinca.
A importância dos desafios
A vida profissional proporcionou a Jorge atuar em diversos veículos de
comunicação do Estado e fora dele. Grupo RBS, TVE, TV Difusora (hoje, Rede
Bandeirantes) e Caldas Júnior (hoje, Grupo Record RS) foram alguns destes
pousos.
Após a formatura na Famecos, em 1972, Política, Geral e Esportes foram as
editorias que já receberam a cobertura do jornalista. A última durou mais de 10
anos. E quando muitos poderiam apostar que ele se aposentaria na imprensa,
vem o convite para atuar com Como a maioria das observações que faz, a
conclusão é objetiva: “Foi uma questão de oportunidade. Desafio é para isso
mesmo, né? Encarar coisas novas”.
A palavra desafio ainda é usada em outros momentos da conversa. Como
quando conta a experiência de cobrir a partida final do Campeonato Brasileiro
de 1975, quando o Internacional enfrentou o Cruzeiro, no Estádio Beira-Rio.
Outra situação destacada foi o trabalho que realizou pela Rede Globo, na Copa
do Mundo da Espanha. “Foi realmente muito gratificante acompanhar a Seleção
Brasileira como segundo maior responsável pela cobertura”, recorda. Ainda
como desafio importante, Jorge registra a passagem pela TV Cultura, de São
Paulo, onde acredita ter crescido muito profissionalmente.
Por outro lado, ele lembra: “Pessoalmente, foi um período difícil. Nunca é bom
ficar longe da família”, diz em referência à ausência da esposa, Consuelo, que
não o acompanhou por já ter carreira sólida em Porto Alegre. O jeito de driblar
a solidão foi um acordo com a emissora de vir para Capital gaúcha ao menos a
cada 15 dias.
Na Rádio Gaúcha, onde permaneceu por 11 anos, também teve um momento
marcante em que precisou de grandes esforços: passar da editoria de Geral para
a de Esportes. “Quando se fala em futebol, estamos lidando com emoção, por
isso a luta pela imparcialidade tem que ser constante, caso contrário o trabalho
pode ser comprometido”, afirma. Colorado, ele sempre achou mais fácil criticar
o próprio time do que o rival Grêmio, pois, para falar do tricolor, o cuidado em
não demonstrar a cor clubística era maior.
Um homem caseiro
O filho do comerciante Jorge Seadi e da dona de casa Odila Sastri Seadi – já
falecida – é “um homem de família”, literalmente. Combinando com o constante
ar sereno, a tranquilidade é presente inclusive no dia a dia, o que inclui os finais
de semana. Após o horário de trabalho, ele gosta mesmo é de ler jornais e livros
e a televisão é assistida basicamente em busca de filmes e seriados policiais.
Sempre que dá, também procura manter a frequência nas aulas de inglês.
Sábado e domingos não são muito diferentes. Se não for encontrado em casa,
certamente estará visitando algum familiar.
“Um bom prato de comida” também está entre os prazeres da vida. Até mesmo
os que ele próprio prepara. Apesar de não destacar nenhuma especialidade
culinária, só garante que não gosta do trivial. Na literatura, a preferência por
biografias e, em tempos de comemorações aos 50 anos do Movimento da
Legalidade, o livro de cabeceira atual é sobre o ex-presidente da República, João
Goulart, o Jango. “Um espetáculo de livro”, elogia.
Jorge é casado com a farmacêutica Consuelo e, apesar da decisão de não terem
filhos, ele define a esposa como “uma excelente companheira, que esteve ao
meu lado nos momentos em que mais precisei”. Além dos elogios, lembra que,
após anos de interesse um pelo outro, Jorge bateu na porta da casa dela para
pedi-la em namoro. A coragem rendeu um matrimônio que dura 32 anos.
Com o pé na estrada
O filho mais velho de cinco irmãos (a irmã mais nova também já é falecida) gosta
de Música Popular Brasileira (MPB) e de Beatles. Apesar da preferência, não foi
ao show do ex-beatle Paul McCartney, realizado em Porto Alegre em novembro
de 2010. “Sabe aqueles arrependimentos que não se esquece? Esse é um
deles.” O mesmo ele diz sobre a vinda do Papa João Paulo II, quando, rebelde,
“fugiu para Canela, na Serra gaúcha. “Anos depois, fui atrás dele em Roma”,
conta.
O desejo de, no futuro, ter condições de viajar bastante não é à toa. A prática já
permitiu conhecer boa parte da Europa, a Argentina, o Uruguai, o Chile e quase
todas as capitais brasileiras. Apesar de todos os privilégios, os Estados Unidos
são a maior paixão de Jorge, que ainda quer conhecer Nova Yorque.
Do país norte-americano, o jornalista guarda muitas lembranças, em especial a
de um acidente. Em certa oportunidade, passou 20 dias viajando de carro por
diversos lugares. Na companhia de Consuelo, indo para o Grand Canyon, pegou
muita neve na estrada e rodou com o carro, colidindo com um guard-rail. Apesar
do susto, não houve ferimentos e ele ainda teve que seguir viagem até Las
Vegas, para fazer a troca do carro com a seguradora. A experiência foi o
suficiente para Consuelo não querer mais retornar ao local, apesar da grande
vontade de Jorge.
Privilégios
Com quatro décadas de profissão, foram muitas histórias vividas, pessoas com
quem conviveu, desafios que enfrentou e vitórias que foram muito
comemoradas. Uma das melhores sensações já experimentadas na carreira ele
garante ter sido o carinho dos colegas. Quando deixou a TV Difusora, recebeu
um envelope com recados, bilhetes e cartas dos colegas. O mimo é guardado
até hoje.
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