A Comissão Especial de Patrimônio Cultural e seus desafios Vereadora Sonia Rabello* Finalmente nasce no Rio de Janeiro uma comissão especial do Poder Legislativo municipal que dê conta da apuração, do acompanhamento, da divulgação, em uma palavra, da publicização, do estado em que se encontra nosso Patrimônio Cultural. A antiga capital do Brasil-Colônia (1763-1808), do Reino Unido de Portugal, Brasil e Algarves (1815-1822), do Império do Brasil (1822-1889) e da República dos Estados Unidos do Brasil (1889-1960) vê se constituir um “órgão técnico destinado a proceder a estudos, realizar investigações e representar a Câmara Municipal” (art. 56 do Regimento Interno da CMRJ) e cujas competências são: apresentar proposições à Câmara; discutir e dar parecer às proposições a ela submetidas; realizar audiências públicas com entidades da sociedade civil; receber petições, reclamações, representações ou queixas de qualquer pessoa contra atos ou omissões das autoridades públicas; colher depoimentos de qualquer autoridade ou cidadão. A Cidade Maravilhosa, cantada em prosa e verso por tantos poetas e musicistas, vive a situação extremamente paradoxal de estar sendo escolhida para sediar importantíssimos eventos desportivos de caráter mundial (Jogos Militares de 2011, Copa do Mundo da Fifa de 2014 e Olimpíadas de 2016), ao passo em que grande parte de seu patrimônio histórico-cultural encontra-se ao léu. Contra esse nefasto “império das circunstâncias” — parafraseando Dom Pedro II quando da proclamação da República (1889) —, propus ao Vereador-Presidente Jorge Felippe a criação da Comissão de Patrimônio Cultural, em caráter temporário. Instituiu-a a Resolução 1206/2011. Para compô-la foram designados, pelos partidos, os Vereadores Andrea Gouvea Vieira (PSDB), Tio Carlos (DEM), Reimont (PT), Roberto Monteiro (PCdoB). Nossa tarefa é árdua e por que não dizer hercúlea. Cabe-nos cobrar do Poder Executivo municipal uma atuação enfática na preservação e conservação do Patrimônio Cultural localizado no Rio de Janeiro, seja ele federal, estadual ou municipal — definido pelas APACs (Áreas de Proteção do Ambiente Cultural). Cabe-nos cobrar das mais variadas autoridades constituídas seu compromisso com a causa da memória histórica, algo sem o que a cidadania inexiste. Cabenos, ainda, envolver a população nessa luta, buscando sua participação ativa na identificação de eventuais patrimônios desconhecidos do Poder Público. A Comissão pretende listar os principais pontos conflitivos ou de dificuldade para a proteção do patrimônio; preparar um projeto de lei transformando o Decreto nº. 22872/2003, do Prefeito Cesar Maia, em lei de obrigatoriedade da pesquisa arqueológica em intervenções urbanas e, por fim, elaborar uma legislação que determine diretrizes para a efetiva proteção do Patrimônio Cultural existente no Município do Rio de Janeiro. Que todos laboremos juntos! *Sonia Rabello é vereadora da Cidade do Rio de Janeiro; líder do Partido Verde na CMRJ e presidente da Comissão Especial de Patrimônio Cultural.